(163) Sentindo o “escutar silencioso”, da nossa “Sensibilidade da Alma”.

Esta não é a primeira mensagem em que, neste espaço virtual, faço referência a um dos meus livros preferidos – “O caminho da sabedoria” -, lançado no Brasil pela Editora Alaúde, com tradução de Eric Heneault, que recomendo como leitura obrigatória. Nele encontramos enriquecedoras incursões sobre a “arte de viver”, através de contagiantes conversas entre um monge, um filósofo e um psiquiatra. Abrindo ao acaso, a minha atenção foi voltada para o capítulo sobre “A Arte da Escuta”:

1. Christophe André, o psiquiatra, assim explica o “escutar”:

– É uma atitude complexa, em que se dá e se recebe. A escuta é uma abordagem de humildade, em que colocamos o outro antes de nós mesmos. (…) Na escuta encontram-se três mecanismos fundamentais: o respeito pela palavra alheia, o deixar vir e a capacidade de se deixar tocar.
Respeitar a palavra é primeiramente não julgar o que o outro diz enquanto o escutamos. É muito difícil!
O outro movimento da escuta, o deixar vir, foram meus pacientes que me ensinaram. (…) Na verdadeira escuta, não devemos preparar a resposta, mas somente escutar, deixando vir.
Esse deixar vir é também a condição para uma escuta sincera e verdadeira, em que estamos prontos a nos deixar tocar, comover, sem julgamento, sem controle, sem desejo de dominar, sem nenhuma intenção, enfim.

2. Matthieu Ricard, o monge budista, complementa:

– A escuta é uma doação que fazemos ao outro. Para escutar bem, é preciso não somente ser paciente com o outro, mas também estar sinceramente interessado nele.

3. Alexandre Jollien, o filósofo, ensina:

– O silêncio se aprende. (…) Rezar é mergulhar totalmente no silêncio, calar-se e escutar (…) Rezar, meditar, quer dizer renunciar progressivamente a falar, a pensar o tempo todo.

4. Matthieu, acrescenta:

– O silêncio externo abre as portas do silêncio interno.

Muito cedo, por educação, aprendi anteceder o meu “escutar” ao meu “falar”. Aliás, no meu desempenho profissional fui muito beneficiado por esse comportamento. Agora estou muito mais envolvido pelo meu “escutar interior”, que é o escutar do nosso “coração”, dos “sentimentos” e das nossas “emoções”, porque é o escutar do sentir com a “Sensibilidade da Alma”.

Gosto de ouvir a silenciosa sonoridade da leveza poética da “Canção da Escuta”, de Lya Luft, para quem, por sintonia de “Identidade de Almas”, dediquei este espaço virtual (mensagem 0001):

O sonho na prateleira
me olha com seu ar
de boneco quebrado.

Passo diante dele muitas vezes
e sorrimos um para o outro,
cúmplices de nossos desastres cotidianos.

Mas quando o pego no colo
(como às bonecas tão antigamente)
para avaliar se tem conserto
ou se ficará para sempre como está,
sinto sem estranheza
que dentro dele ainda bate
um pequeno tambor obstinado
e marca – timidamente –
um doce ritmo nos meus passos.

Termino esta mensagem com o “BELO” desta interpretação de Caetano Veloso (“Eu e a Brisa”, de Johnny Alf), pedindo para a brisa esperar alguém que queira te escutar.

Notas:

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3. Video do youtube (“Caetano Veloso – Eu e a Brisa” – vevo).

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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