(287) Sentindo, nesta pandemia, a necessidade de um “sentido” para as nossas vidas.

“A INCAPACIDADE DE DAR SENTIDO AOS EVENTOS QUE PERMEIAM O NOSSO COTIDIANO PODE SER CONSIDERADA A MAIOR FONTE DE ANSIEDADE QUE UM SER HUMANO EXPERIMENTA NA VIDA”
São palavras de Fernando Savaglia, psicanalista, pós-graduando em Psicologia Existencial Humanista e renomado baixista. Não é a primeira vez que ele enriquece a nossa jornada para o “autoconhecimento”. Em 28/04/2016 conhecemos o seu interesse pela relação da música com a psicanálise (mensagem 099). Foi quando manifestou este seu “sentir”: A música nos ajuda namorar com a vida! Está mensagem tem por objetivo (principalmente para nós em isolamento social) despertar a nossa atenção para os “estados de ansiedades”, decorrentes das incertezas que estamos vivenciando e também, como desejo, nós ajudar controlar as sensações de insegurança de um nosso futuro “pós-pandemia”.

São muitas as conhecidas manifestações de “ansiedade”. Destaco, em síntese, estas informações da psicóloga e psicoterapeuta Andreia Calçada, selecionadas do seu esclarecedor artigo sobre “ansiedade profissional nas relações de trabalho”, publicado em dezembro de 2011:
1.A ansiedade também pode ser causada por alterações em nosso ambiente.
2.É uma emoção normal. No seu aspecto cognitivo, as reações e/ou sintomas podem ser caracterizados por sentimentos subjetivos como apreensão, tensão, medo, tremores indefinidos, impaciência, entre outros. No aspecto somático, por alterações fisiológicas nos vários sistemas do organismo, como taquicardia, vômitos, diarreias, cefaleia, insônia e outros. Estes sintomas não são prejudiciais ao organismo; são benéficos, porque a função da ansiedade é protegê-lo e não prejudicá-lo. No entanto, podem adquirir contornos patológicos e variar em frequência, duração ou intensidade, de pessoa para pessoa.
3. No estado incontrolado de ansiedade, o indivíduo torna-se extremamente atento às sensações internas e apresenta dificuldade em racionalizar e interpretar os fatos circundantes de forma realista e adequada. O medo o domina e os pensamentos negativos passam a ser seus guias.
4. A forma como um indivíduo pensa sobre si mesmo e o mundo que o cerca determina o que sente e a forma como reage.

Considerando a possibilidade da “ansiedade” também ser causada por alterações em nosso ambiente (como está acontecendo, com a pandemia do covid-19), pergunto:

– DEFINIDO ACIMA O SEU OBJETIVO, O QUE PODEMOS APRENDER E COLOCAR EM PRÁTICA MOTIVADOS PELAS PALAVRAS DO INÍCIO DESTA MENSAGEM?

Antes de você responder, peço a sua atenção para esta explicação do psicanalista Fernando Savaglia, reproduzida do seu excelente artigo “Você está ficando louco?, publicado em dezembro de 2011 na edição 72 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– Devido à arquitetura do nosso cérebro capaz de criar mais perguntas que respostas, a falta de sentido é de longe o maior gerador de ansiedade que um ser humano pode vivenciar, seja na busca de um macro ou de um micro-significado, isto é, desde atribuir uma lógica a um sintoma até buscar um sentido para a própria existência.
O processo é reforçado ainda por uma sociedade que valoriza exageradamente a busca e geração do maior número de estímulos em forma de informações. É natural, assim, que nos deparemos com inúmeras situações onde precisamos fazer escolhas no menor tempo possível, e que, em não raras vezes, mal temos tempo de significar ou dar a elas um real sentido. Importante frisar que toda escolha, por mais insignificante que possa parecer, causa estresse.
Não são poucos filósofos e profissionais psi que atribuem a descoberta de um sentido existencial à profilaxia para as angústias humanas. Pensadores como Heidegger e sua visão ontológica do existir. Viktor Frankl e sua Logoterapia, Winnicott, Gabriel Honoré Marcel e tantos outros ressaltaram a força determinante que o sentido exerce na existência humana.
Modernos psicofármacos têm se mostrado eficientes em conter os sintomas, que tendem a ser retroalimentados pela própria ansiedade com que os pensamentos tentam dar, sem sucesso, um sentido a essas crises. Isto é, quanto mais eu tento desvendar como funciona o processo da ansiedade, mais eu não encontro respostas, o que, por sua vez, alimenta cada vez mais o desconforto.
Gosto das palavras de Nichan Dichtchekenian, um dos mais brilhantes terapeutas existenciais do Brasil, que ao tratar do tema já agrega à angústia um porquê: “O pânico causado pela ansiedade nada mais é do que o prenúncio de uma transformação. É o anúncio de uma nova possibilidade de ser, no sentido em que efetivamente essa nova possibilidade anuncia um risco real que é o de eu abandonar a familiaridade em relação a quem eu já sou”.

Chegamos ao que, para este nosso encontro, considero ter sido a “essência espiritual” dos meus sentimentos humanistas de “união” e “solidariedade” que me intuíram para escrever esta mensagem. Assim por mim “sentida” e explicada:

– Concordo que nestes momentos difíceis de isolamento social, para aliviar ou até mesmo acabar com as nossas “ansiedades” e sentimentos de angústias indefinidas, precisamos nos fortalecer “criando para nós mesmos” um novo “SENTIDO” para o nosso presente e futuro “viver emocional”. Isto porque o nosso “sentido existencial” é atemporal, é transcendente, é de natureza espiritual, é parte da nossa condição humana. Observe que Fernando Savaglia expressamente disse ter gostado das palavas de um dos mais respeitados terapeutas da atualidade (aqui, já citado em duas oportunidades – mensagens 107 e 283). Também me tocaram muito esta afirmação do doutor Nichan Dichtchekenian:

– O pânico causado pela ansiedade nada mais é que o prenúncio de uma transformação. (…) no sentido em que efetivamente essa nova possibilidade anuncia um risco real que é o de eu abandonar a familiaridade em relação a quem eu já sou.

Realmente seremos todos transformados, porque nenhum de nós continuaremos “ser o que somos” ou o que “desejamos ser” no nosso “pós-pandemia”.

Com sentimento de DEUS no coração, termino esta mensagem com este meu “sentir”:

A VIDA SEMPRE, EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS DO NOSSO EXISTIR, PRECISA TER PARA NÓS UM “SENTIDO”, UM “PROPÓSITO”. QUANDO A GENTE CONSEGUE PARA NÓS MESMOS, SIGNIFICAR O NOSSO EXISTIR ESPIRITUAL, O NOSSO VIVER, SUPERAMOS TODAS AS ADVERSIDADES, INCLUSIVE AS DE UM FUTURO DESCONHECIDO.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As sínteses das partes do artigo da psicóloga e psicoterapeuta Andreia Calçada, foram feitas da sua publicação na edição 84, Ano VI, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Busca Interior. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *