(446) Sentindo a necessidade de sublimar nossas vidas.

Nunca é tarde para velar o passado e lhe conferir um sentido, um destino para ser preciso, que não é o do apagamento e do silêncio, mas o da reflexão.

São palavras do filósofo e psicanalista Érico Andrade, na sua coluna sobre cinema, na Edição 141 da Revista humanitas, publicação da Editora Escala, comentando o documentário “Emicida: AmarElo – É tudo Pra Ontem”, dirigido por Fred Ouro Preto. Ele inicia com esta introdução:

TUDO QUE NÓS TEMOS É NÓS
A história só existe quando é contada. E existem diversas formas de contar uma história. Para quem foi vedado o caminho das letras se conta história com o corpo. Com o movimento da boca, das pernas e mesmo a herança de um batuque. É possível também contar história desviando o corpo do destino puramente relativo e, completamente compreensível, para lhe entregar à arte.
Algumas e alguns diriam que é possível sublimar o sofrimento e produzir arte. Sublimar, para alguém desavisado, não é esquecer o sofrimento ou fingir que ele não existiu, porque, no final das contas, a gente nunca esquece. Trata-se de elaborar. Sentir, repetir e refletir. Caminhar, apesar de todos os grilhões que nos prendem.
Sublimar é quando podemos fazer um longo, árido e necessário trabalho de luto. É só aí que podemos atingir o passado com o presente.
Os iorubás, na sua ancestral sabedoria, diriam que “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só lançou hoje”. É isso. Nunca é tarde para velar o passado e lhe conferir um sentido, um destino para ser preciso, que não é o do apagamento e do silêncio, mas o da reflexão.

PERGUNTO

COMO VOCÊ, SILENCIOSAMENTE, CONTARIA PARA SI MESMO A SUA HISTÓRIA DE VIDA?

Certo é que com o passar do tempo, tudo que acontece em nossas vidas é resultado de causalidades que, nem sempre, permanecerão conhecidas por nós. Por essa razão, existem imprevisibilidades que nos surpreendem, mas outras não. Sob uma perspectiva subjetiva, já pensei muito a respeito. Atualmente não mais, porque me parece existir uma espécie de necessidade de todos nós, nesta dimensão de vida, termos que vivenciar essa experiências como sendo fontes de aprendizados. Em uma avaliação temporal, no meu caso, não esqueço muitos dos meus momentos difíceis e indesejados.

Resumindo: Como “sublimar” também significa “tornar sublime“, termino este nosso encontro respondendo a pergunta acima com estas minhas palavras:

– O que for lembrado da história da minha vida, sempre será por mim contado com a perpetuação das matizes subjetivas de todos os meus sentimentos sublimes.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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