(449) Sentindo uma subjetiva percepção, com o passar do tempo em nossas vidas.

O tempo passa e percebemos por que deixamos nossas marcas pelo caminho, como o náufrago na ilha deserta que vai riscando a pedra para evitar esquecer que foi esquecido pelo mundo.

São palavras do doutor em Educação Histórica pelo UFPR, Daniel Medeiros, na sua coluna Ideia & Eventos, com o título “Um ano para a História”, referindo-se ao ano da pandemia, publicada na Edição 158 da Revista humanitas, da Editora Escala. Ele inicia com estas palavras:

– “Todo ano que termina nos faz respirar aliviados, principalmente por ainda estarmos respirando, apesar de tudo. E isso quer dizer que até aqui vai tudo bem. Afinal, ainda estar por aqui implica a possibilidade de refazer os caminhos abandonados, reiniciar as promessas esquecidas, recuperar os prejuízos ocorridos, reformar as decisões mal pensadas, recalcular os rumos da jornada. Ou seja, continuar vivendo.”

Pouco depois, Daniel Mederios complementa citando Freud:

Freud já lembrava, em seu Luto e Melancolia, a importância de deixarmos o tempo atuar sobre nossas energias psíquicas até que elas resolvam aceitar a perda do objeto de desejo e voltar-se para outro, pois sempre há um objeto desejo largado por aí, nesse mundão. A doença, lembrava o mestre vienense, é continuar a amar o objeto perdido e ignorar sua partida, seu desfazimento no Letes, o rio do esquecimento necessário.

A subjetiva analogia da percepção da passagem do tempo feita pelo náufrago na ilha deserta, me fez lembrar deste ensinamento transmitido em 2011, com o filme “Medianeras”, dirigido por Gustavo Taretto:

– “A estrutura de pensamento é como nos constituímos em nossa relação com o mundo, ela é composta por tópicos que identificam algumas características de nossa singularidade: como vejo o mundo, como me vejo, minhas emoções, e mais alguns outros tópicos (…). O filme Medianeras faz uma análise da solidão, não uma solidão traumática, mas “uma solidão a que já estamos acostumados. De todos os dias. Solidão urbana. A solidão que sentimos quando estamos rodeados de desconhecidos”, como disse Taretto. Uma solidão que vamos construindo cotidianamente e, como no caso de Martin (Javier Drolas), identifica na sua cidade traços de si” (Referindo-se ao crescimento descontrolado da cidade de Buenos Aires).

Pensem nisso.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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