(128) Sentindo o “Tornar-se Mulher”, de Simone de Beauvoir.

Sendo leitor da Revista Filosofia, publicada no Brasil pela Editora Escala, encontrei na Edição 120, Ano X, o artigo “Tornar-se MULHER”, da Doutora em Filosofia pela PUC-SP, Monica Aiub, Filósofa Clínica, Professora e Pesquisadora do Interseção-Instituto de Filosofia Clínica de São Paulo. A sua abordagem começa com esta introdução:

– “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Com esta frase, Simone de Beauvoir (1908-1986) inicia o primeiro capítulo do segundo volume de seu livro O segundo sexo, publicado em 1949 e considerado a obra que funda o feminismo contemporâneo. Nesta obra Beauvoir defende que: “A mulher não se define nem por seus hormônios nem por misteriosos instintos e sim pela maneira por que reassume, através de consciências estranhas, o seu corpo e sua relação com o mundo”.

Referindo-se à questão da “igualdade, identidade e diferença”, afirma a Doutora Monica Aiub na sua análise do livro de Simone de Beauvoir:

– Historicamente, há a construção de um imaginário e de práticas sociopolíticas que discriminam as mulheres – considerando-as inferiores e, por isso, restringindo-lhes a atuação – a partir de várias perspectivas: biológica, fisiológica, intelectual, psicológica, comportamental…
– O texto de Simone de Beauvoir, O segundo sexo, não é um marco do feminismo contemporâneo apenas por colocar a questão. Ela aborda o “tornar-se mulher” por diferentes perspectivas, examinando, uma a uma, as justificativas apresentadas em sua época para as relações de denominação e sujeição.

Agora vamos adequar a essência do “Tornar-me Mulher” de Simone de Beauvoir à proposta deste espaço virtual (ler na coluna ao lado, a mensagem postada com o título “Sensibilidade da Alma”):

Para Simone de Beauvoir, em plena metade do século passado, a mulher se define “pela maneira por que reassume, através de consciências estranhas, o seu corpo e sua relação com o mundo”.

De acordo com o meu “sentir”, esse seu entendimento está condicionado à “manifestação sensória” de um “estado de interiorização” da mulher, subjetivamente moldado pela sua “autoavaliação” decorrente das prevalecentes imposições machistas. Configura-se, assim, o “mosaico sensório” da influência recebida da então (e ainda hoje) rotulação de sujeição da mulher, ao homem.

Em mensagens anteriores citei o livro “O caminho da sabedoria”, lido e relido por mim várias vezes. Lançado no Brasil pela Editora Alaúde, foi escrito por três amigos que, segundo eles, se reuniram para “falar com o coração”: o monge budista Matthieu Ricard, o filósofo Alexandre Jollien e o psiquiatra Christophe André.
Para esta mensagem, destaco este ensinamento de Matthieu, contido no título “O eu, a pessoa e o ego”:

– Consideramos nosso eu como uma entidade única, autônoma e durável. (…) A noção de pessoa reflete nossa história. É um continuum que se estende à nossa existência como um todo, que integra aspectos corporais, mentais e sociais. Sua continuidade no tempo permite que vinculemos as representações de nós mesmos que pertencem ao passado àquelas relativas ao futuro. Ainda há o ego. Espontaneamente, consideramos que ele constitui o próprio cerne do nosso ser. Nós o concebemos como um todo indivisível e permanente que nos caracteriza da infância à morte. O ego é dono do “meu corpo”, da minha consciência”, do “meu nome”. (…) chegamos com frequência à conclusão de que o ego é nossa consciência. Contudo, essa consciência também é um fluxo inapreensível: o passado morreu, o futuro ainda não nasceu e o presente não tem duração.

Por sua vez, peço a sua atenção para este “pensar” de Joseph Campbell, citado na mensagem “Sentindo a transcendência da nossa “elevação interior”:

– O maior privilégio da vida é ser quem você é.

Certo é que “nós somos o que sentimos ser”, independente de gênero, raça, cor, etc. No entanto, de acordo com a proposta deste espaço virtual, a essência da “Sensibilidade da Alma” é a singularidade do ser humano. É a digital da “subjetividade humana”.

Em 1949 o “Tornar-se Mulher” de Simone de Beauvoir, foi ouvido como um grito de “Necessidade de Libertação”. Com esta mensagem, desejo que em harmonização interior com a essência da sua “Sensibilidade da Alma”, o “Sentir-se Mulher” ou o “Sentir o que você sente ser”, sejam novos gritos de “Independência”, de “Liberdade” e de respeito à “Dignidade Humana”.

Notas:
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3.As transcrições do texto “Tornar-se MULHER” foram autorizadas pela Doutora Monica Aiub.
4.Vídeo youtube: “Simone de Beauvoir, Uma Mulher Atual (Promo)”

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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2 respostas para (128) Sentindo o “Tornar-se Mulher”, de Simone de Beauvoir.

  1. José Valente Ferreira disse:

    Meu caro Edson,
    para mim, a frase lapidar desta sua mensagem é a seguinte:
    “O maior privilégio da vida é ser quem você é.”

    É não pretender ser igual, mais ou melhor do que ninguém. Procurar ser apenas, cada vez mais e melhor, você (eu) mesmo.
    Continue nos brindando com suas belas reflexões.
    Abraço,
    Valente

    • Valente,
      Cada comentário seu tem sido fonte interior de renovação da vontade de poder ajudar as pessoas refletirem sobre a maravilhosa experiência do nosso “viver”, principalmente “voltando-se para si mesmo” e serem beneficiadas com o “autoconhecimento” da potencialidade dos seus valores. Com estas palavras, manifesto o meu reconhecimento sobre o nosso atual “privilégio existencial”, pelo ciclo de transcendência da nossa evolução espiritual. Edson.

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