(334) Sentindo como devemos entender as necessidades de mudanças em nossas vidas. (Parte III da 332)

“TU SENTES O QUE PESSOALMENTE SEJAS CAPAZ DE EXPERIMENTAR, PORQUE ESSE SERIA O ALCANCE DE TUA PERCEPÇÃO, MAS TAMBÉM TU SENTES A SÍNTESE DE TODOS OS SENTIMENTOS HUMANOS, POIS, A CADA MOMENTO SÃO PRODUZIDAS TODAS AS VARIEDADES DE SENTIMENTOS, CUJO SOMATÓRIO RESULTA NA “ALMA DO MUNDO”.

“QUANDO TU SENTES O QUE SENTES, TENTAS TE APROPRIAR DO SENTIMENTO QUE SENTES, MAS EM ALGUNS CASOS É A TUA ALMA QUE É APROPRIADA POR UM SENTIMENTO MAIOR QUE ELA, MAS QUE PRECISA SER SENTIDO, PORQUE, DO PONTO DE VISTA CÓSMICO, O REINO INTEIRO É UMA ÚNICA ENTIDADE EXISTENCIAL.”

São palavras do astrólogo Oscar Quiroga, reproduzidas da introdução do seu horoscopo publicado na edição de 25/06/2022 do jornal Correio Braziliense. Nesta sua trigésima nona participação na nossa caminhada para o “autoconhecimento”, mostra-nos, com a peculiar subjetividade das suas previsões astrológicas, que não “sentimos” apenas as imagens simbólicas das nossas percepções sensoriais mas, também, as da essência de todos os sentimentos humanos, compondo, assim, “um somatório da “ALMA DO MUNDO”. O mesmo, em síntese, tentaria concluir com estas minhas palavras: – do nosso “MUNDO INTERIOR”, matizado pelos nossos sentimentos com a essência de transcendência espiritual superior de todo o Universo.

Na minha primeira leitura desse “sentir” de Quiroga, veio-me à mente esta resposta da bióloga e neurocientista Suzana Herculano-Houzel, ao ser perguntada sobre como a Ciência explica o inconsciente:

– Prefiro falar do “não consciente”, ou seja, todos os processos que acontecem no cérebro além daquele único, a cada momento, que recebe o foco da atenção e se torna, assim, “consciente”. Pensando desta forma me parece natural compreendermos que a cada instante há muito mais acontecendo em nossas mentes do que conseguimos ter acesso para formular em palavras, compreender ou mesmo acompanhar. Esses processos não-conscientes incluem nossa maneira, a essa altura automática, de compreender o mundo baseada em nossa biologia, mas também em todas as nossas experiências anteriores de vida.

Essa abertura da Doutora Suzana é, no meu entender, implicitamente sugestiva de uma importante recomendação de “descoberta interior”, explicada pela necessidade de ficarmos atentos para todos os recebimentos de percepções sensoriais (sejam de que natureza forem) porque, nem sempre, o nosso “escutar consciente” está totalmente no comando das nossas ações, sentimentos, e emoções. De acordo com a psicanalista Luciana Saddi, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise (SP) e mestre em Psicologia Clínica da PUC-SP, “a consciência é um sistema ligado à percepção tanto de estímulos vindos de dentro do organismo, como dos provenientes do mundo externo”. Nesse sentido, merecem muita atenção as nossas “intuições”. Esclarece Michele Müller, jornalista e pesquisadora com especialidade em Neurociências e Neuropsicologia Educacional, no seu consistente e bem fundamentado artigo sobre “Comunicação Energética” (Revista PSIQUE, edição 141, da Editora Escala):

– A intuição nos permite entrar em contato com sentimentos e percepções geralmente escondidos sob o produto desordenado do pensamento. Ao possibilitar o acesso a esses processos subconscientes, entrega um cenário mais rico e confiável nas tomadas de decisões. Oferece modos mais criativos e menos automáticos de reagir às situações e torna as interações sociais mais gratificantes. Hoje a neurociência reconhece o cérebro como parte de um sistema e, ao invés de contrariar, está conseguindo compreender a sabedoria por trás da antiga e universal relação entre o coração e a inteligência intuitiva. E a simbologia que usamos para representar o amor e o afeto faz mais sentido que nunca.

Estou plenamente convencido de que em nossas incursões interiores de buscas de “autoconhecimento”, nós temos a capacidade de “criar” e “definir” para nós mesmos significados para as nossas subjetivas interações de realidades existenciais. Mas precisamos saber diferenciar “experiência” de “vivência”. Ensina a filósofa Terezinha Azeredo Rios, no seu livro “Vivemos mais! Vivemos bem? – Por uma Vida Plena”, publicação da Editora Papirus 7 Mares, escrito em coautoria com Mario Sergio Cortella:

– Um indivíduo com sete anos tem menos experiência do que o que tem 17″. Aí eu me pergunto: “Será mesmo? Porque na experiência, trabalha-se com a ideia de intensidade. É por esta razão que se pode dizer: “Olhe, essa situação durou só uma semana, mas o que se experimentou ali teve um significado muito marcante, como se tivesse durado mais tempo”. A relação entre vivência e experiência tem sido apresentada de formas diferentes por vários pensadores. Jorge Larrosa tem explorado a ideia de experiência de um modo que me parece muito rico. Recorrendo à história do significado que se tem dado à experiência desde a filosofia clássica, em que a experiência foi entendida como um modo de conhecimento inferior ao conhecimento racional, intelectual, passando por outras épocas, até nossos dias, Larrosa afirma que “a experiência é o que se passa comigo e que, assim, me forma ou me transforma, me constitui, me faz como sou, marca a minha maneira de ser, configura minha pessoa e minha personalidade”. A experiência está ligada ao sentido que se dá às vivências.

Termino esta mensagem com este “sentir” de Dalai Lama XIV, reproduzido do seu livro “A Arte da Felicidade”:

– ATRAVÉS DA MOBILIZAÇÃO DOS PENSAMENTOS E DA PRÁTICA DE NOVOS PADRÕES DE PENSAMENTO, PODEMOS REMODELAR NOSSOS NEURÔNIOS E MUDAR A MANEIRA COMO NOSSA MENTE TRABALHA. A FELICIDADE É DETERMINADA MUITO MAIS PELO ESTADO MENTAL DO QUE POR EVENTOS EXTERNOS.

Continua no nosso próximo encontro.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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