(451) Sentindo que podemos criar e significar o nosso “tempo”.

Lembro-me do passado, não com melancolia ou saudade, mas com a sabedoria da maturidade que me faz projetar no presente aquilo que, sendo belo, não se perdeu.

São palavras da escritora Lya Luft (1938-2021), para quem dediquei a criação desta nossa caminhada para o “autoconhecimento” (mensagem 001). Um precioso ensinamento por ela, subjetivamente considerado “sabedoria da maturidade”.

Este nosso encontro foi motivado pela leitura do interessante artigo “Modificar o passado?”, do Filósofo Clínico Lúcio Packter, que foi publicado em outubro de 2013 na Edição nº 87 da Revista Filosofia, da Editora Escala. Ele inicia fazendo-nos esta pergunta:

Você gostaria de mudar eventos em seu passado para que tudo o que houve depois, as decepções, as tristezas, os enganos, pudessem ser evitados?

Em seguida responde, com esta explicação:

“Em diversos casos é possível modificarmos o passado, a experiência subjetiva de determinados eventos. Os caracteres que permitem essa modificação do passado podem atuar de modo focal, como em uma vivência dolorosa, ou podem agir de modo sistêmico: nesse último caso, uma série de desdobramentos em cascata costuma ocorrer alcançando possivelmente os dias atuais e, em alguns casos, seguindo para o futuro. (…) Reinterpretar o passado é uma das maneiras mais comuns de se entabular tal modificação, ainda que, em muitos casos isso pouco adiante, pois é insuficiente para a pessoa refazer em outras bases o que aconteceu.”

Termino o nosso encontro, com este meu entendimento:

– Ninguém pode, em sua atual realidade, modificar o seu “passado” [no sentido de mudar o fluir da sua inteireza]. O que podemos fazer no nosso “presente”, através das conhecidas buscas individuais de “autoconhecimento”, ou com a ajuda de “acompanhamentos psicoterápicos”, é procurar “identificar” e até mesmo entender as causas subjetivas de eventos ocorridos no nosso “passado” que, no nosso “presente”, podem estar nos incomodando, fazendo mal, e… O que não devemos, no nosso “presente”, é continuar revivendo, continuar perpetuando em nós, eventos que aconteceram no no nosso “passado”, mas ressignificá-los em nossas novas realidades existenciais. Volte para o inicio deste nosso encontro, e veja o exemplo de Lya Luft. O “tempo” não existe, é apenas uma necessária abstração humana. Crie para você um seu “tempo”, enriquecido com as proveitosas experiências do seu “passado”.

Pensem nisso.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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