(458) Sentindo que tudo da nossa história de vida, merece ser avaliado e contado.

“Somos conhecedores da nossa história de vida? O que aconteceu nos primeiros anos após o nascimento, sabemos o que para nós será contado. Depois, quando temos consciência das nossas sucessivas interações existenciais, podemos lembrar de muitos fatos marcantes e assim compor a história das nossas jornadas de vida.”

São minhas palavras, motivadas pela importância que devemos reconhecer sobre as nossas conquista nesta dimensão de vida e, também, da superação dos nossos momentos difíceis para que não se repitam. Mas nem sempre isso é possível, por circunstâncias alheias a nossa vontade.

Esses estados subjetivos de necessidades, que chamamos de “desejos”, foram muito estudados e explicados por Freud. Na sua obra “A interpretação dos Sonhos”, ele apresentou este seu entendimento no sentido de que “somente um desejo é capaz de colocar o aparelho psíquico em movimento”. Sobre termos “consciência” das nossas narrativas, esclarece a médica, psicoterapeuta e hipniatra, Lais Helena da Rocha, referindo-se a Jung:

– “A consciência para a psicologia analítica é definida como a parte da personalidade da qual temos conhecimento. O inconsciente se refere a tudo o que é desconhecido em nossa psique e é formado por duas partes: inconsciente pessoal e inconsciente coletivo.”

Sabemos que Jung fez a seguinte distinção entre o “inconsciente pessoal” e o “inconsciente coletivo”: – O primeiro é representado pelos sentimentos e ideias reprimidas na vida do indivíduo. O segundo não é desenvolvido individualmente, mas herdado entre as pessoas, sendo um conjunto de sentimentos e pensamentos compartilhados por todos. É, portanto, um reservatório de imagens mentais conhecidas como arquétipos, recebidas através de nossos ancestrais.

Agora vejam que interessante, para o qual peço sua atenção:

Sempre que me refiro à “história de vida” [ou a qualquer outra narrativa histórica], lembro de quando me dediquei ao estudo das manifestações artísticas, especificamente sobre a nossa “percepção” de contemplação, em razão deste entendimento de Fayga Ostrower (1920-2001), na segunda edição do seu livro “A Sensibilidade do intelecto”, publicação da Editora CAMPUS, ensina (numerei e resumi):

1. Na teoria da Gestalt, o enfoque prioritário é qualitativo e não quantitativo. A percepção não envolve um ato fisiológico, mas um processo dinâmico e caraterístico da consciência humana. Perceber é sinônimo de compreender.

2. Na Gestalt não existe a noção de totalidade ou partes, isoladamente. São estados de relacionamentos, pois as totalidades podem modificar-se a qualquer instante através de novos relacionamentos. Segundo Max Wertheimer, “o todo é mais do que a soma de suas partes”. Ou seja, a totalidade nunca é apenas uma adição de suas partes. Em vez de adição, o todo resulta da integração de suas de suas partes. O todo constitui sempre uma síntese. Ao se interligarem diverso componentes, integrando-se, surge uma nova totalidade.

3. É preciso ficar claro que tais conteúdos estão e fazem parte integrante do ato de percepção presentes e fazem parte integrante. Em termos artísticos não existem formas previamente classificadas como “boas” ou más”. Na arte, as formas boas são as expressivas. Pois na arte só há formas expressivas, ou, então, são inexpressivas e não se qualificam como “formas de arte”.

Fayga dedicou várias páginas do seu livro para, sobre as composições de artes, explicar a “percepção do apreciador”. Ela concorda com Max Wertheimer, que entende não existir na Gestalt, isoladamente, a noção de partes, assim “o todo é mais do que a soma de suas partes”. Por exemplo: na pintura de uma jarra com flores em cima de uma mesa; nós devemos o conjunto, mas não apreciar e “gostar” apenas da jarra, ou das flores, ou da mesa. Isto porque, no todo dessa representação pela pintura, existe uma “integração” de totalidade dos componentes da criação do artista. A composição artística precisa ser entendida como um “todo” da mensagem que o deseja transmitir. Repito: as partes que foram acima por mim numeradas, podem ser comparadas ao conhecimento da nossa “história de vida”. Portanto, quando contamos algumas partes lembradas da nossa “história de vida”, também conseguimos transmitir o que ela representa para nós.

Pensem nisso.

Este é o nosso último encontro de 2024. No início do próximo ano [ainda sem a previsão de uma determinada data] continuaremos com a nossa caminhada para o “autoconhecimento”. Boas festas para todos vocês.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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