(203) Sentindo o que pode acontecer nos relacionamentos afetivos.

Em qualquer relacionamento afetivo devemos saber “mostrar” e “compartilhar” as nossas consequentes descobertas interiores de “autoconhecimento”. Nem sempre eles completam os seres humanos, porque, necessariamente, dependem de mútuas aceitações de “preferências” e “idealizações individuais” de desejos de realizações. Acredito que em todo relacionamento, o mais importante não é a sabedoria da “cumplicidade”. Há necessidade de cada um dos envolvidos “conhecer a si mesmo” e, assim, favorecerem o conhecimento do outro. Explico: É porque nas nossas relações interpessoais, sentimos a necessidade de tornarmos conhecidos como desejamos ser, e não como para os outros parecemos ser. Nesta nossa caminhada de “autoconhecimento, muitos enfoques foram dedicados aos nossos relacionamentos (mensagens: 098, 111, 112, 122, 133, 141, 160, 162, 179 e 184). Para esta mensagem selecionei estas considerações feitas pelo psicanalista argentino Gabriel Rolón, na entrevista concedida ao jornalista Lucas Vasques, publicada na Edição 96, Ano VII, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

1. Sobre se concorda com Vinicius de Morais, quando ele disse que “o amor deve ser infinito enquanto durar”. Se existe a possibilidade do amor ser para toda a vida.

Gabriel Rolón. Essa ideia é muito interessante. Creio que há amores que podem durar toda a vida, mas não acho que essa eternidade seja uma exigência prévia. Quero dizer, quando iniciamos um relacionamento, não podemos exigir dessa pessoa que nos garanta que a relação vá durar a vida toda, porque isso é algo que ninguém pode assegurar. A vida é feita de mudanças e, às vezes, um casal vai se acomodando a essas mudanças, ambos se modificam para seguir juntos e pode ser que essa relação dure a vida toda. Outras vezes não acontece assim, mas não quer dizer que não seja um casal feliz. Por isso, acredito que, em lugar de esperar a eternidade, uma relação de casal precisa ser forte. Que nos faça sentir vivos, como se nesse momento nada importe mais do que estar juntos, sentir-se perto e bem cuidados mutuamente. Depois, quanto vai durar não importa. A vida é só tempo e quando alguém consegue ser feliz parte desse tempo, fazendo dele erótico e emocionante, me parece que já está justificada sua presença nessa vida.

2. Sobre se a infidelidade deve ser tratada com tolerância.

Gabriel Rolón. Há pessoas que podem perdoar a infidelidade e outras não. E as que podem não são melhores do que as que não podem. A infidelidade dói, fere a autoestima, o respeito, a segurança em si mesmo e a confiança no outro. São muitas coisas que se rompem. Por isso, não se pode exigir de alguém que a aceite. Mas há quem possa dar uma nova oportunidade. Em alguns casos, acaba sendo positivo. Para conseguir, há de se ter paciência, não se prender ao rancor, não falar sobre o assunto todo o tempo. E admitir que se não se pode perdoar é melhor separar do que conviver com um sentimento contínuo. Mas, quando se perdoa, são dadas oportunidades que, muitas vezes, valem a pena.

3. Sobre o seu entendimento de que o amor não garante a fidelidade, que não existe alma gêmea e nem amor incondicional.

Gabriel Rolón. O tema infidelidade é uma questão importante e, para entendê-lo, é preciso perceber que o amor e desejo são coisas diferentes. Às vezes, temos a tendência de pensar em ambos como se fossem a mesma coisa ou, ao menos, duas emoções que andam de mãos dadas. E não é assim. É possível desejar alguém sem amá-lo e, inclusive, há quem possa amar uma pessoa que já não deseja. (…) é preciso dizer que a fidelidade é, antes de mais nada, uma decisão que alguém toma e sustenta, às vezes com muito esforço. É nesse ponto que afirmo que o amor não garante a fidelidade, porque sequer pode impedir o desejo e evitar que nos sintamos atraídos por mais alguém. Depois, cada pessoa decidirá o que fazer com esse desejo: se o concretiza ou se renuncia a ele. O tema alma gêmea é muito antigo. (…) há pessoas que acreditam nisso e andam desesperadas, porque dizem que não encontram o amor. E esse amor não é algo que se encontra, como se fosse uma moeda jogada na rua. O amor é algo que se constrói, assumindo as diferenças, aceitando-as e sabendo que nunca ninguém vai nos completar, que esta metade perfeita não existe. Isso é um pouco criação de alguns pensadores, mas não foi casual. Há no ser humano a necessidade de se sentir completo e o amor provoca uma situação enganosa, na qual isso parece possível. Mas não é. Desgraçadamente, ou melhor, felizmente. Porque um ser completo fica sem desejos e tudo o que fazemos na vida fazemos movidos pelo desejo. E o desejo não surge da completude e, sim, de sua falta.

4. Sobre como na atualidade se relacionam desejo, sexualidade, fidelidade e o ciúme.

Gabriel Rolón. O desejo e a sexualidade existem desde que o homem pisou na Terra, porque são os motores que impulsionam o ser humano a fazer tudo o que ele faz na vida. (…) O problema é que nossa sociedade está esquematizada para ser vivida a dois. (…) É um tema complexo, porque muitas vezes, estar só é uma escolha boa e saudável. Mas é preciso enfrentar esse ideal social com tranquilidade, perguntando-se o que realmente se quer para este momento da vida. E quanto ao ciúme, me parece que é necessário desconstruir a ideia que sustenta que é algo inevitável, inclusive com a frase “quem ama tem ciúme”. Se isso é certo, não é menos certo que o problema da pessoa ciumenta não é excesso de amor pelo outro e, sim, falta de amor por si própria. Trata-se de um assunto de debilidade em sua constituição narcisista, na estruturação da psique. Podemos dizer, em termos menos acadêmicos, que é uma questão de baixa estima, que a única coisa que se pode garantir é que o ciumento vai construir relações doentes.

5. Sobre o seu reconhecimento de que o amor é o motor mais importante da vida. Devemos ter medo de amar?

Gabriel Rolón. Sustento que o amor é o motor pelo qual fazemos tudo. E não devemos ter medo de amar. Só devemos ter cuidado de não amar de um modo doentio, apostar na difícil construção de um vínculo sadio, porque só em uma relação sadia alguém pode encontrar o nível que necessita para construir para si um futuro que valha a pena ser vivido.

Termino esta mensagem, com este meu “sentir”:

– A ESSÊNCIA DE UM RELACIONAMENTO DE AMOR, É PARA SEMPRE NO CORAÇÃO FICAR.

Notas:

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3.O Psicanalista Gabriel Rolón é autor do livro “Encontros – Reflexões sobre o amor, o desejo e a ilusão”, lançado pela Editora Planeta do Brasil
4.Vídeo do youtube “CATADORA DE LINDEZAS”.

Muita paz e harmonia espiritual.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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