(284) Sentindo que precisamos saber como estamos, para vencer o covid-19.

“A CONSCIÊNCIA CRIA O MUNDO DO MANIFESTO”
São palavras do cientista Amit Goswami, professor de física da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos. Foram escolhidas de uma entrevista publicada em 2018, na edição n. 71, Ano 16, da Revista SOPHIA, da Editora Teosófica, com o título “As provas da existência de Deus” (certamente por ser ele um incansável conciliador da ciência com a espiritualidade). Em uma das suas respostas, Goswami externou o seu entendimento de que “a consciência humana é transcendente” e também declarou que “a existência de tudo, no Universo, depende de um ser que tenha consciência dele”.

As palavras de Goswami não me causaram surpresa. Explico: Sempre me interessei pelo movimento filosófico que ficou conhecido por “fenomenologia”. Nele, o filósofo alemão Georg Hegel (1770-1831) defendia “existir apenas uma realidade (a do espírito), em que tudo é manifesto na consciência”.

Para você que está conhecendo o “Sensibilidade da Alma”, esclareço o seguinte:
A criação desta jornada para o “autoconhecimento” me foi intuída com a sua proposta de abrangência subjetiva definida na mensagem 001 (recomendo a leitura). Estou convencido de que nesta triste e preocupante realidade do coronavírus, será possível fortalecer o meu desejo de ajudar a todos, incentivando práticas de buscas que favoreçam o “escutar interior” das nossas percepções sensoriais. Quero facilitar para todos vocês a descoberta dos benefícios que, como acredito, nós podemos alcançar por meio de uma subjetiva sintonia de “harmonização interior”, bem como do “equilíbrio emocional” na nossa relação CORPO, MENTE e ESPÍRITO. Com esse “voltar-se para si mesmo”, quando achar necessário, você também poderá fazer uma consciente procura de significados para os seus “sentimentos” e “emoções”. Volto às palavras de Amit Gosvami:

A CONSCIÊNCIA CRIA O MUNDO DO MANIFESTO.

Pergunto:

– O QUE É CONSCIÊNCIA? QUE MUNDO É ESSE, POR ELA CRIADO E QUE SE MANIFESTA PARA NÓS?

São temas com essência de natureza ontológica, que sempre me fascinaram. Ora, se é a “consciência humana” que cria as nossas “realidades”; também o “inconsciente”, pela linguagem simbólica das suas imagens; também o nosso “imaginário”… Parece-me acertado afirmar que no nosso “mundo interior” e subjetivo, somos nós que criamos as “realidades sensoriais” dos nossos “agora” e as dos nossos impermanentes “tudo”.

Gosto desta explicação do médico indiano Deepak Chopra, que encontrei com a leitura do seu livro “O futuro de Deus / um guia espiritual para os novos tempos”, publicado no Brasil pela Editora Planeta, com tradução de Cristina Yamagami:

– VOCÊ TRANSFORMA A SUA REALIDADE AO ENTRAR EM UM NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA. A REALIDADE NÃO VAI E VEM. ELA NÃO NOS ABANDONA. O QUE MUDA É O MODO COMO NOS RELACIONAMOS COM ELA. NOSSO ESTADO DE ESPÍRITO MELHORA OU PIORA. GRANDE OU PEQUENO, NÃO FAZ DIFERENÇA. É UM ESTADO DE ESPÍRITO. A VERDADE NÃO PODE SER ENCONTRADA EM PALAVRAS, MAS PELA INTROSPECÇÃO E PELA AUTODESCOBERTA. A VERDADE NÃO É ENSINADA NEM APRENDIDA. ELA EXISTE NO INTERIOR DA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA. SOMOS O QUE OS NOSSOS PENSAMENTOS FAZEM DE NÓS.

Por sua vez, no seu livro “A estranha ordem das coisas / as origens biológicas dos sentimentos e da cultura”, publicação da Editora Companhia Das Letras, com tradução de Laura Teixeira Motta, esclarece o neurocientista António Damásio ao iniciar um capítulo inteiramente dedicado à nossa consciência:

– Em circunstâncias normais, quando estamos acordados e alertas, sem nenhuma agitação ou deliberação, as imagens que fluem na mente têm uma perspectiva: a nossa. Reconhecemo-nos espontaneamente como os sujeitos de nossas experiências mentais. O material em minha mente é meu, e suponho que o material na sua mente seja seu. Cada um de nós avalia conteúdos mentais de uma perspectiva distinta, a minha ou a sua. Se observarmos juntos a mesma cena, reconheceremos de imediato que temos perspectivas diferentes. O termo “consciência” aplica-se ao tipo de estado mental muito natural, porém distintivo, descrito pelas características que acabei de mencionar. Esse estado mental permite ao seu possuidor ser o experimentador privado do mundo ao seu redor, e, igualmente importante, experimentar aspectos de seu próprio ser.

Na sua consistente obra “O mistério da consciência / do corpo e das emoções ao conhecimento de si” (por mim relida várias vezes), também publicada no Brasil pela Editora Companhia Das Letra com tradução de Laura Teixeira Motta, explica António Damásio:

– O estado de sentir não implica, necessariamente, que o organismo que sente tem plena consciência da emoção e do sentimento que estão acontecendo? Estou suponho que não, que um organismo pode representar em padrões neurais e mentais o estado que nós, criaturas conscientes, denominamos sentimento, sem jamais saber que existe sentimento. É difícil conceber essa separação, não apenas porque os significados tradicionais das palavras bloqueiam nossa visão, mas porque tendemos a ter consciência de nossos sentimentos. (…) Em suma, a consciência tem de estar presente para que os sentimentos influenciem o indivíduo que os tem, além do aqui e agora imediato. (…) Representações do exterior ou do interior podem ocorrer independentemente de um exame consciente e ainda assim induzir reações emocionais. Emoções podem ser induzidas de maneira inconsciente e, assim, afigurar-se ao self consciente como aparentemente imotivadas.

Abro um parêntese nesta mensagem, para registar que foram essas explicações de António Damásio que me ajudaram entender muitos dos meus incontidos estados emocionais, principalmente os acompanhados de lágrimas, quando tenho conhecimento do crescente número de perdas de vidas nesta triste e preocupante pandemia global do coronavírus.

PARA CONCLUIR:

1.A “consciência humana” permite a todos, “sentir” a “percepção de nós mesmos”, experimentar as nossas realidades interiores e as do mundo exterior. Todas modeladas pelos nossos conceitos cerebrais, muitos deles conhecidos e outros não. São “experiências sensoriais” que subjetivamente definem a nossa singularidade “existencial” e “espiritual” (como acredito).
2.Todos nós somos responsáveis pelo modo como estamos vivenciando essa pandemia global, seja ou não em isolamento social. Precisamos estar conscientes dos nossos “estados emocionais” e dos que estão ao nossa lado em isolamento social (os idosos, pai, mãe, filhos, netos, e outros). Nesses momentos difíceis, são muitas as perguntas que podemos fazer, quando entender ser preciso e proveitoso: Por que estou (ou estamos) sentindo medo, preocupados, tristes ou fragilizados? Como estamos conscientes “de nós mesmos”, ao vivenciar uma situação indesejada e desconhecida muito marcada por tantas incertezas?
3.No meu entender, a pregunta mais importante que precisamos fazer é está: Estamos tendo o necessário “controle emocional” dessa situação? Se a resposta for “negativa” ou “não sei”, sugiro procurar um apoio profissional, humanista ou espiritual.

Termino transmitindo para todos este ensinamento de Mahatma Gandhi, sempre por mim lembrado no meu confinamento social:

“A PRISÃO NÃO SÃO AS GRADES, E A LIBERDADE NÃO É A RUA; EXISTEM HOMENS PRESOS NA RUA E LIVRES NA PRISÃO. É UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA.”

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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