(164) Sentindo a plenitude do perpetuar infinito do “AMOR”.

Apesar de serem, em sua maioria, criações do imaginário dos seus autores, as histórias contadas nos livros também retratam comportamentos de interações emocionais e de sentimentos que podem ser analisadas pelos estudiosos do psiquismo humano. Exemplo é a coluna “Divã Literário”, publicada na Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala. Nela, o médico e psicoterapeuta Carlos São Paulo, diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia, mensalmente analisa livros de autores nacionais e estrangeiros sob o enfoque da psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Cinco obras já enriqueceram este espaço virtual:
1. “O mar e o tempo”, biografia escrita pela neta do compositor Dorival Caymmi, Editora 34 (mensagem 092).
2. “O Momento Mágico”, de Márcio Leite, Editora Record (mensagem 109).
3. “Memórias de Minhas Putas Tristes”, clássico do Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Márquez, Editora Record (mensagem 116).
4. “Carta a D.”, da Editora Cosac Naify (mensagem 147).
5. “O Visconde Partido ao Meio”, do escritor cubano Ítalo Calvino, Editora Companhia das Letras (mensagem 158).

Para esta mensagem, selecionei a análise do livro “A Culpa é das Estrelas”, de John Green, Editora Intrínseca, pela riqueza dos comentários do Dr. Carlos São Paulo (Fonte: “É preciso VIVER intensamente”, Revista PSIQUE, Ano VIII, n. 105, lançada no Brasil pela Editora Escala). John Green conta a história de Hazel Grace, “adolescente portadora de doença terminal, que descobre e vivencia um grande amor” diante da precoce finitude de sua vida.

O Dr. Carlos São Paulo inicia a sua análise, com estas palavras:

– Não importa a imensidão do quanto dura uma estrela ou a vida de um homem. Importa, dentro dessa finitude, a beleza, o amor e o que precisa ser vivido dentro dos vários tamanhos de infinito de cada vida, quando bem vivida.
A consciência do homem está sempre pronta para dividir uma mesma realidade em duas bandas com sentidos opostos. Ficamos com a parte que nos interessa e desqualificamos a outra, como agem os adolescentes com seus sentimentos de onipotência e ideias de imortalidade. Isso os leva a uma aproximação da possibilidade de morte. Por isso, ser lembrado da morte é, também, tomar consciência da vida e zelar
pela boa qualidade dela.

Gostei deste comentário do Dr. Carlos São Paulo:

– A culpa é das estrelas é uma história que ensina a necessidade de se viver a vida independentemente da impotência diante do destino. Somos responsáveis por várias decisões na vida, mas não pelo destino. É escolha dos deuses. (…) A adolescência é uma fase da vida em que o homem está incompleto. Esse casal jovem não vive a ilusão da cura. O que lhes importa é viver um grande amor. Nessa fase, como em todas as outras, nunca saberemos o quanto iremos viver.

Em seguida, complementa sobre a adolescência:

– Em nossa cultura, o modo de ser jovem tem a morte literal engolida pela ideia ficcional da eterna adolescência. Modo inconsciente de perpetuar a juventude. Estão acostumados com os desenhos animados da infância. A bomba explode, mas não atrapalha o personagem. Logo ele se recupera e entra em ação. Dessa forma, os jovens não conseguem elaborar os perigos que a mídia lhes transmite no dia a dia: rachas, pacientes jovens com câncer, liberdade sexual, drogas, o menino que entrou na jaula do tigre etc. Até os profissionais de saúde são propensos a fazer o diagnóstico tardiamente, quando se trata de um paciente juvenil. Obras literárias como a de John Green têm um valioso papel de acordar o nosso público para esse tema da morte literal e, assim, trazer mais valor para a vida.
Será a culpa das estrelas? De acordo com o psicólogo Viktor D. Salis, na astrologia arcaica, o retorno aos astros é o nosso caminho, que representa nossa evolução. Os astros são a manifestação dos deuses e, como viemos deles, a nossa personalidade teria essa influência. Fazia sentindo a frase: “viestes das estrelas e para as estrelas voltarás”, tradução livre de “viestes do pó e ao pó voltarás”.

O Dr. Carlos São Paulo, termina com este seu “pensar”:

– Disse São Francisco: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado… resignação para aceitar o que não pode ser mudado… sabedoria para distinguir uma coisa de outra”. Aprendemos no livro que alguns infinitos são maiores do que outros e que todo o mundo deveria poder viver um amor verdadeiro, não importando o quanto dure.

Eu termino esta mensagem, com este meu “pensar”:

Sempre acreditei que em nós, o semear da essência superior do sentimento de “AMOR” é materno. Manifesta-se, para esta dimensão de vida, no instante do primeiro escutar das batidas do nosso coração, perpetuando-se pela emoção recebida das nossas primeiras imagens transmitidas pelo ultrason.

É com a origem transcendente do “AMOR”, que procuro entender esta conhecida afirmação preconizada pelo jesuíta e pensador Pierre Teilhard de Chardin:

– Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.

O livro de John Green ensina que o verdadeiro “AMOR” sempre será sentido por nós, por dimensões infinitas da evolução espiritual do nosso “existir”.

Notas:

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.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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