“A CONSTRUÇÃO DA FELICIDADE É UM TRABALHO INTERIOR, DE TREINAR A MENTE POR MEIO DE ESCOLHAS CONSCIENTES QUE FAZEMOS A CADA DIA, DE NOSSAS AÇÕES, DA QUALIDADE DOS PENSAMENTOS QUE NUTRIMOS E DOS RELACIONAMENTOS QUE CULTIVAMOS”
São palavras de Maria Tereza Maldonado, mestra em Psicologia pela PUC-Rio e autora de vários livros sobre “felicidade”. Foram escolhidas para iniciar esta mensagem, porque entendo que muitos dos nossos “estados de felicidades” devem, preferencialmente, serem favorecidos por buscas interiores de “autoconhecimento” e não, apenas, pelas nossas vivências de interações externas que, necessariamente, precisam ser modeladas pelas matizes sensoriais dos nossos desejos de necessidades conscientes de satisfação. No mesmo sentido esclarece Dalai Lama XIV, em “A Arte da Felicidade”:
– Através da mobilização dos pensamentos e da prática de novos padrões de pensamento, podemos remodelar nossos neurônios e mudar a maneira como nossa mente trabalha. A felicidade é determinada muito mais pelo estado mental do que por eventos externos.
Sob essa perspectiva, acrescento que em todos os nossos relacionamentos, sejam eles de que natureza forem, não devemos atribuir ao “outro” a responsabilidade de (mesmo de forma indireta) suprir as nossas carências. Isto porque somos nós que sabemos o que é importante para a nossa realização pessoal. Tanto que para Martin Seligman, o criador da Psicologia Positiva, os benefícios individuais que podemos alcançar pelos estados interiores de sentir-se bem, realizado e feliz, dependem, essencialmente, de três fatores que devem ser por nós buscados: prazer, engajamento e significado (este último, definido pela essência subjetiva dos valores que damos ao nosso “existir” e ao “viver”).
Na sua abordagem sobre “A dinâmica da Felicidade”, de modo conclusivo esclarece José Aparecido da Silva, doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da USP:
– O enfoque psicológico da felicidade, portanto, considera, exclusivamente, os processos em que a consciência humana usa a sua habilidade de auto-organização, para realizar um estado interno positivo por meio de seus próprios esforços, sem depender de qualquer manipulação externa do sistema nervoso. Há várias maneiras de programar a mente para aumentar a felicidade ou pelo menos para evitar ser infeliz. Algumas religiões têm feito isso prometendo uma vida eterna de felicidades após a nossa existência terrena. Outras religiões têm desenvolvido técnicas complexas para controlar o fluxo de pensamentos e de sentimentos e, portanto, fornecendo meios para expulsar o conteúdo negativo da consciência. Algumas das disciplinas mais radicais e sofisticadas para o auto-controle da mente foram desenvolvidas na Índia, culminando com os ensinamentos budistas de 25 séculos atrás. Independentemente da verdade de seu conteúdo, a fé numa ordem sobrenatural parece enriquecer o bem-estar subjetivo.
Pergunto:
– O QUE DEVEMOS ENTENDER POR “BEM-ESTAR SUBJETIVO”?
Explica a psicóloga Juliana Teixeira Fiquer, mestra em Bem-estar subjetivo pelo Departamento de Psicologia Experimental da USP e doutoranda em Avaliação de bem-estar e melhora clínica de pacientes depressivos submetidos a tratamentos farmacológicos e de estimulação cerebral:
– É um termo psicológico amplamente empregado na literatura como sinônimo de felicidade. Muitos autores recomendam sua utilização no lugar do termo felicidade, pela diversidade de conotações associadas a este último e pelo fato de o BES salientar a avaliação feita pelo próprio indivíduo sobre sua vida, e não uma avaliação feita por especialistas. Grande parte dos estudos que vêm sendo realizados para avaliação de estados emocionais positivos tem feito uso desse conceito. O bem-estar subjetivo compreende tanto avaliações cognitivas das pessoas a respeito de suas vidas (que incluem julgamentos relacionados à satisfação com a vida) quanto avaliações afetivas (relacionadas ao humor e às emoções), como sentimentos positivos e negativos. Pessoas relatam BES elevado quando estão satisfeitas com sua condição de vida, sentem frequentemente emoções positivas e experimentam com reduzida frequência emoções negativas. Ao contrário, pessoas que relatam BES baixo se apresentam insatisfeitas com a vida, experimentam pouca alegria e frequentemente têm emoções desagradáveis, como tristeza ou raiva.
Termino esta mensagem, com este importante esclarecimento de Lilian Graziano, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), por mim considerada no Brasil um respeitado e conceituado referencial de dedicação especializada em Psicologia Positiva:
PARA AQUELES QUE GOSTAM DE FILOSOFAR: FELICIDADE NÃO É FEITA DE MOMENTOS. EM PSICOLOGIA POSITIVA, QUANDO FALAMOS NELA ESTAMOS NOS REFERINDO A NÍVEIS CONSTANTES DESSE ESTADO MENTAL. DIZENDO DE FORMA MAIS SIMPLES, FELIZ É AQUELE SUJEITO QUE “COLOCA NUMA BALANÇA” OS MOMENTOS DE SUA VIDA E A VÊ PENDER MAIS PARA O LADO DA FELICIDADE. NOTE QUE É ALGUÉM QUE TEM PROBLEMAS, VIVENCIA SITUAÇÕES E MOMENTOS TRISTES, MAS AINDA ASSIM SENTE-SE FELIZ.
Notas:
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2.As citações da psicóloga Maria Tereza Maldonado, foi reproduzida da sua entrevista concedida em 2017 ao jornalista Lucas Vasques, publicada na Edição n.141 da Revista PSIQUE, da Editora Escala; do psicólogo José Aparecido da Silva, do seu artigo “A dinâmica da Felicidade”, publicado em 2007 na Edição n. 22 da Revista PSIQUE, da Editora Escala; da psicóloga Juliana Teixeira Fiquer, do seu artigo “A eterna busca da Felicidade”, publicado em 2008 na Edição n. 30 da Revista PSIQUE, da Editora Escala; e da psicóloga Lilian Graziano, do seu artigo “Felicidade existe?”, publicado em 2006 na Edição n. 02 da Revista PSIQUE, também da Editora Escala.
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Muita paz e harmonia espiritual.