(107) Sentindo como encontrar um “sentido” para a sua “existência”.

– Qual é o sentido da sua existência?

Sabemos que pensadores, filósofos, inclusive crenças religiosas, tentaram explicar o “sentido da existência humana”. Muitos recorrendo à noção que temos sobre o “sentido da vida”. Mas a pergunta do início desta mensagem é clara: – refere-se ao sentido da existência de cada indivíduo, e não ao da vida ou da existência humana.

Para o enfoque da proposta deste espaço virtual, devemos considerar duas características que são exclusivas do ser humano: – a “consciência de si mesmos” e a “consciência da sua existência”. Acontece que o “conhecimento interior” dessa conjugação, depende de uma necessária “percepção subjetiva” do nosso “existir” e da realidade abstrata de tudo o que “criamos” através dos estímulos recebidos do “mundo real”. Digo “criamos”, porque as nossas “percepções exteriores” são “criações mentais” de imagens elaboradas pelos nossos “conceitos cerebrais”.

Volto à pergunta:

– Qual é o sentido da sua existência?

Um dos caminhos para ajudar encontrar a sua resposta, é explicado pelos fundamentos da abordagem denominada “Fenomenologia Existencial” (a mais filosófica de todas as linhas de psicoterapia). A respeito, esclarece o psicólogo Nichan Dichtchekenian sobre a sua atuação como terapeuta existencialista (Fonte: “A clínica do existir”, em entrevista publicada na Revista PSIQUE, Ano IV, n. 38, lançada no Brasil pela Editora Escala):

– Meu trabalho está ligado com a existência da pessoa, de que maneira essa pessoa dá conta de seu existir, suas limitações, medo da morte, angústias, etc. Como você lida com aquilo que determina você? O que você faz com aquilo que caracteriza você? Qual o sentido de você ser como você é? Porque se você é deste jeito é porque você realiza algo deste jeito, você está alcançando uma presença na vida.

– Meu trabalho como terapeuta é primeiro acompanhar a pessoa no modo dela ser e convidá-la a se apropriar de quem ela é. Eventualmente, até poder alcançar outras maneiras de ser, mas o principal é estabelecer um contato mais rico possível consigo mesmo e compreender que aquele sentido não é uma negação das possibilidades, mas uma nova possibilidade de ser.

– Nossa existência é expressão de escolhas, esforços e confiança. Nossa existência não é como a de uma planta que não pode deixar de ser uma planta. Essa existência, a da planta, é maravilhosa, mas é miseravelmente maravilhosa. A nossa, construímos cada dia, mesmo que optemos por não construí-la, destruí-la, etc. Esta é nossa característica mais humana.

O que me surpreendeu na entrevista de Nichan, foi o seu entendimento sobre “espiritualidade”. Isto porque, neste espaço virtual, sempre tenho afirmado que todos nós somos “seres transcendentes”. Somos, porque nesta “dimensão existencial” temos a capacidade de vivenciar (com a nossa “Sensibilidade da Alma”), estados sensórios de uma sintonia de “harmonização superior”, que poderá ser alcançada com as práticas de interiorização (refiro-me ao “voltar-se para si mesmo). Esta foi a resposta de Nichan Dichtchekenian, sobre “espiritualidade”:

– Vejo como uma realização natural da transcendência humana. Essa transcendência, para mim, é a capacidade de se tocar e se interessar por coisas e pessoas que não são iguais a você. Coisas que te emocionam, assustam, constranjam, etc. Para a Fenomenologia não somos psiques encapsuladas a partir do qual o mundo é uma versão exterior de uma interioridade. O mundo é absolutamente real, existe além de mim e eu faço parte dele. Mas o mundo tem uma consistência em si mesmo com o qual desde o início do meu existir eu estabeleço contatos de familiaridade, estranheza, amor e agressão. A espiritualidade é o amadurecimento da transcendência. É divinizar o seu saber de algo que não é você. Para mim, espiritualidade é a promoção dos entes neles mesmos. É a institucionalização desta dimensão própria do homem de se espantar ao se deixar tocar por aquilo que não é ele mesmo.

Termino esta mensagem, manifestando este meu pensar sobre o “sentido” da nossa existência individual: – Nós somos os modeladores desse “sentido”. Ele é nosso, surge em nós e para nós, das “projeções interiores” da nossa “Sensibilidade da Alma”. Podemos subjetivamente experimentar o nosso “sentido existencial”, através da prática permanente de “buscas interiores”. O despertar da nossa “Sensibilidade da Alma”, oferece-nos a magia de poder “ressignificar” o nosso “existir”, o nosso “viver”, com a renovação das nossas “escolhas”.

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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