“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
São palavras de Fernando Pessoa (1888-1935) que trago para iniciar este nosso encontro, porque achei interessante, por analogia, transferir a subjetividade desse seu “sentir” para todos nós, seres humanos, e assim, como desejo, contribuir para a perpetuação de momentos significativos do nosso “viver”.
Certo é que todos nós queremos viver muito nesta existência, mas para favorecer a realização desse desejo, também devemos ser exemplos, principalmente para “nós mesmos”, e “para todos”, com as nossas ações, com o nosso “pensar humanista” e com demonstrações de respeito e solidariedade para com o próximo. São com essas qualidades que estão ao nosso alcance que podemos criar, subjetivamente, as nossas novas e sucessivas realidades de “valorações de si mesmo”.
Com as minhas leituras das neurociências, aprendi que o nosso cérebro é uma estrutura flexível e se desenvolve conforme o nível de solicitação. Detalhe: Entretanto, as solicitações ambientais ficam sempre condicionadas ao indivíduo, que é o dono dos seus interesses, que é o conhecedor das suas subjetivas incompletudes e das suas conscientes possibilidades de mudanças que estão ao seu alcance. Essa peculiaridade de todo ser humano pode ser utilizada em qualquer fase da sua vida, basta “querer”, basta “acreditar”.
Nesta nossa caminhada para o “autoconhecimento” já citei, várias vezes, esta recomendação do médico clínico Gilberto Katayama, sobre “Transformação da Realidade Externa”, que merece nossa atenção (Fonte: Revista PSIQUE, edição 112, publicação da Editora Escala):
– Mude o seu mundo interior e perceberá mudanças significativas no mundo exterior. (…) Perceba que o que impede a expressão de quem verdadeiramente somos são nossas experiências negativas registradas na memória como uma experiência passada que é eliciada e se manifesta no momento presente como padrão limitante, impedindo a livre expressão de quem somos. Portanto, regredir e ressignificar esses padrões limitantes são parte essencial pra o sucesso e a felicidade.
Para este nosso encontro, o meu principal objetivo é transferir e adequar o “sentir” de Fernando Pessoa para uma percepção interior de “valoração de nós mesmos. Isto porque, subjetivamente, também somos influenciados pela ilusória “passagem do tempo” em nossas vidas. Agora, prestem atenção neste entendimento do psicanalista José Andrade de Nogueira, no seu artigo “Além das Fronteira do Objeto”, publicado na edição 141 da Revista humanitas, da Editora Escala): – “Olhar para si mesmo não é tarefa fácil como se diz por aí. Para entender e não se perder nos meandros da psique, é preciso estar aberto para uma escuta qualificada. É essa a tarefa de psicanalista e psicólogos. (…) Na tentativa de olhar para si, muitas pessoas se perdem e acabam se perturbando por isso, causando a si mesmas certo grau de sofrimento que não deveriam ter nele encontrado.”
Vejam esta explicação do conhecido filósofo Luiz Felipe Pondé, no seu mais recente livro, “Diálogo sobre a Natureza Humana – Perfectibilidade e Imperferctibilidade”, publicação da Editora nVersos:
– Se você colocar psicanálise ao lado de uma teoria cognitivo-comportamental, a teoria cognitivo-comportamental parte do pressuposto que você pode avançar em certos fragmentos de comportamento, e que isso pode alterar crenças ruins que você tem sobre a realidade. Sem dúvida nenhuma, qualquer terapia pressupõe a ideia de que você pode, de alguma forma, melhorar a condição em que está vivendo.
Referindo-se a Freud, complementa de modo conclusivo:
– Agora, é claro que há em Freud a ideia de que, se você fizer análise, de algum modo, poderá viver um pouco menos mal, um pouco melhor, que na realidade é o que todo mundo busca.
Termino este nosso encontro com este “sentir” de Lya Luft (1938-2021):
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou levar. Olhe-se no espelho.
Pensem nisso.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.
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