(411) Sentindo como devemos “sentir” o que somos e como somos.

O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.

São palavras da escritora Lya Luft (1938-2021), para quem dediquei a criação desta nossa caminhada de interiorização (mensagem 001). Foram escolhidas do segundo capítulo do seu primoroso livro “Perdas & Ganhos”, da Editora Record, por mim lido e relido várias vezes, que recomendo a leitura.

Esse “sentir” de Lya é uma bela fonte de “autoconhecimento”, porque somos nós que damos sentido às nossas subjetivas interações nos nossos mundos [no real, e no mundo dos nossos desejos imaginários]. Nesse último, para o qual peço a sua atenção, Lya assim se refere à evolução existencial de todos nós, seres humanos:

“A elaboração desse “nós” iniciado na infância ergue as paredes da maturidade e culmina no telhado da velhice, que é coroamento embora em geral seja visto como deterioração. Nesse trabalho nossa mão se junta às dos muitos que nos formam. Libertando-nos deles com o amadurecimento, vamos montando uma figura: quem queremos ser, quem pensamos que devemos ser – quem achamos que merecemos ser.
Nessa casa, a casa da alma e a casa do corpo, não seremos apenas fantoches que vagam, mas guerreiros que pensam e decidem.
Construir um ser humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá paredes frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras. Quem sabe um pedaço que vai desabar. Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varandas para o sol.”

Lya Luft finaliza esse capítulo do seu livro com este ensinamento:

– “Não é só culpa dos outros se ficamos truncados. Em cada estágio podemos colocar traço, algum ponto, alguma cor no projeto de quem pretendemos ser. Podemos ser obrigados a usar disfarces, mas no centro de nós mesmos ressoa o nome que nos dermos: a nossa chancela.”

Termino, pedindo a sua atenção para este “sentir” de Simone de Beauvoir (1908-1986):

– “QUE NADA NOS DEFINA. QUE NADA NOS SUJEITE. QUE A LIBERDADE SEJA A NOSSA SUBSTÂNCIA.”

Pensem nisso!

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

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