(160) Sentindo a necessidade de “como” mudar, nos nossos relacionamentos.

Sempre me fascinam as manifestações sensórias da “subjetividade humana” nas nossas relações interpessoais, no nosso personalíssimo modo de “viver” e de “sentir a vida”, em face dos estímulos recebidos da nossa “realidade interior” que são modeladores das nossas “emoções” e “sentimentos”.

Certo é que “nós somos o que sentimos”, não o que “desejamos” ou “pensamos ser”, nem o que para os outros “parecemos ser” (Dentre outras, mensagem 104).

O que motivou esta mensagem foi a nossa “diversidade sensória” presente em todas as nossas “interações existenciais”, principalmente nos nossos “relacionamentos”.

Gosto deste “pensar” do Professor Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra (Fonte:“Reconhecer para libertar”, Editora Civilização Brasileira, 2003):

– Temos o direito a ser iguais quando nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.

Sempre me posicionei favorável ao entendimento de que “ninguém muda ninguém”. Apenas nós, querendo, temos condições de “mudar”, principalmente para nós mesmos.

Pergunto:

– Em um “relacionamento de amor” (ou em outro de qualquer natureza), podemos alcançar a necessidade de uma igualdade de “vinculação sentimentos” que respeite as nossas diferenças?

Há pouco mais de dez anos, sob outro enfoque encontrei esta resposta do Terapeuta cognitivo-comportamental, Frank M. Dattilio, sobre a possibilidade de mudança para indivíduos e casais (Fonte: Entrevista concedida à Psique Ciência & Vida, com tradução da jornalista Faoze Chibli, publicada Revista PSIQUE, n. 7, lançada no Brasil pela Editora Escala):

Psique – É comum escutar pessoas usando a frase “As pessoas não mudam”, quando o assunto são relacionamentos. Mesmo não sendo verdade, o senhor observa, por outro lado, que alguns podem ser motivados a entrar em um relacionamento especialmente movidos pelo desafio de mudar a outra pessoa? Quão frequente o senhor considera essa situação?

Dattilio – Creio que o que você está perguntando é: se tivermos um casal em que a mulher, por exemplo, decide entrar na vida de um homem porque ela quer mudá-lo e ajudá-lo a se tornar uma pessoa melhor, o quanto isso reflete apenas um desejo dela? Um leopardo pode mudar suas manchas? Quanto dos relacionamentos pode ser previsto com base no desejo de uma pessoa em mudar a outra? Acredito que, frequentemente, dependendo das circunstâncias, as pessoas acreditam que podem causar em seus cônjuges um impacto, geralmente positivo. Se alguém pode ou não mudar completamente uma outra pessoa, em minha opinião, não é uma questão razoável. Certamente, as pessoas não mudam a menos que estejam dispostas a mudar. Com frequência, modificações são feitas no processo de adaptação ao relacionamento, o que, por si só, pode representar uma mudança. Algumas pessoas veem o desafio de precisar mudar a outra pessoa como uma missão em sua vida e no relacionamento. Isso nem sempre é algo saudável, particularmente porque a mudança deve ocorrer baseada em nosso livre arbítrio e em um desejo próprio. Esperamos que relacionamentos possam nos induzir a pensar sobre como necessitamos mudar. Mas o encargo de realizar essa mudança e dar um passo adiante em uma direção que facilitará a mudança, depende realmente do próprio indivíduo.

Termino esta mensagem, reproduzindo esta importante afirmação de Frank M. Dattilio, que foi destacada pela jornalista Faoze Chibli: – “Relacionamentos podem nos induzir a pensar como nós precisamos mudar”.
https://www.youtube.com/watch?v=A8aKxlvLxP8

Notas:

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3. Video youtube (“Vanuza/Mudanças”).

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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