(140) Sentindo uma nova maneira de olhar para o nosso “interior”.

Quais são as raízes espirituais do nosso “conhecimento interior” ?

O conhecimento da “subjetividade humana” me fascina. Talvez seja esse meu interesse, uma das razões do surgimento deste espaço virtual. Um surgimento que nunca foi por mim “buscado”. Aconteceu espontaneamente, vindo de um “chamado interior”. Quem sabe(?), para chegar a você que está lendo esta mensagem.

Nós, seres humanos, temos “consciência de nós mesmos”. Consciência do nosso “existir”, das nossas “necessidades”, “emoções” e “sentimentos”. A respeito, encontrei esta explicação do neurocientista português António Damásio, Diretor do Instituto do Cérebro e da Criatividade, da Universidade do Sul da Califórnia (Fonte: “O mistério da consciência”, lançado no Brasil pela Editora Companhia Das Letras, que recomendo):

– Representações do exterior ou do interior, podem ocorrer independentemente de um exame consciente e ainda assim induzir reações emocionais [Damásio faz distinção entre “sentimento”, “emoção”, e “sentimento da emoção”]. (…) não se pode observar um sentimento em outra pessoa, embora se possa observar um sentimento em si mesmo quando, como ser consciente, seus próprios estados emocionais são percebidos. Analogamente, ninguém pode observar os sentimentos que o outro vivencia, mas alguns aspectos das emoções que originam esses sentimentos serão patentemente observáveis por outras pessoas.

Repetidas vezes, tenho citado esta bela comprovação desse respeitado neurocientista da atualidade (Fonte: www.Público.pt, Entrevista concedida à Ana Gerschenfeld):

– Quando olhamos para o mar, não vemos apenas o azul do mar, sentimos que estamos a viver esse momento de percepção.

Quero que esta mensagem seja sugestiva de uma nova maneira de você ver o mundo. Que seja (também, e principalmente) uma nova maneira de “sentir” as matizes sensórias da essência da sua “Sensibilidade da Alma”. Refiro-me à visão dos nossos “sentimentos”, das nossas “emoções”. À “visão do coração”, assim explicada por Antoine de Sant-Exupéry, em “O Pequeno Príncipe”:

– Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.

Volto ao início desta mensagem:

– Quais são as raízes espirituais do nosso “conhecimento interior”?

Preste atenção neste meu “pensar”:

Se você pegar um pedaço de papel, escrever algo, colocar no meio das páginas de um livro, guardar esse livro, e esquecer por muito tempo que ele existe. Pergunto:

– Considerando a ilusória passagem do “tempo” (que não existe), qual será o “significado subjetivo” do que você escreveu naquele já desbotado pedaço de papel, quando o livro for por você encontrado?

Ora, “tudo” que existe no Universo tem uma origem Superior e Transcendente. Está sujeito ao “fluir” do seu ciclo evolutivo de “transformação”. É o princípio existencial da “impermanência”.

O nosso “conhecimento interior”, envolto por essência espiritual, é como a escrita do pedaço de papel que foi encontrado dentro daquele livro esquecido. O seu significado [como o da escrita], perpetuará “dentro de nós” e “para nós”, por dimensões infinitas das nossas sucessivas necessidades de “evolução” e de “aprimoramento espiritual”. Assim permanecerá, por ser resultado de todas as nossas “escolhas”.

Estou convencido de que as “raízes espirituais” de muitos dos nossos “conhecimentos”, por só pertencerem a nós, não são transmitidas por palavras. Foi o que aprendi com esta história contada por OSHO (Fonte: “BUDA”, lançado no Brasil pela Editora Cultrix, com tradução de Leonardo Freire, que recomendo como sendo leitura obrigatória):

– Certa vez, Gautama Buda estava passando por um floresta no outono. A floresta estava cheia de folhas secas, e Ananda [seu primo], ao encontra-lo sozinho, perguntou-lhe: “Sempre quis perguntar isso, mas diante dos outros não pude ousar. Diga-me a verdade: você nos disse tudo o que sabe ou ainda está guardando alguns segredos?”
GAUTAMA BUDA apanhou algumas folhas do chão e disse a Ananda: “Eu disse apenas este tanto: as folhas que você vê em minha mão, mas o que sei é tão vasto quanto todas as folhas desta grande floresta. Não é que eu queira guardar isso para mim, mas é simplesmente impossível! Até mesmo falar sobre algumas folhas é um árduo esforço, porque está acima da sua capacidade de entender. Você conhece os pensamentos, mas nunca experimentou a ausência de pensamentos; você conhece as emoções, mas nunca esqueceu um estado em que todas as emoções estão ausentes, como se todas as nuvens do céu estivessem desaparecido.
“Estou dando o melhor de mim”, disse ele, “porém, mas do que isso não é possível transferir por meio de palavras. Se eu puder fazer você entender apenas este tanto: existe muito mais na vida do que as palavras podem conter; se eu puder convencê-lo de que há algo mais do que a sua mente conhece, isso é suficiente. Então a semente está plantada.”

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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