Todos nós precisamos ficar perceptivos às nossas alterações emocionais, principalmente nestes momentos difíceis marcados pelas incertezas desta pandemia. Devemos observar tudo que se manifesta em nós, recebido de fontes de estímulos diversos. Precisamos voltar atenção para como reagimos às nossas realidades de interações, porque todas são, principalmente para nós, sugestivas de representações simbólicas e significativas de imagens dos nossos estados sensoriais de envolvimentos existenciais, sejam eles de que natureza forem.
O ser humano compõe uma simbólica “unidade existencial” com as imagens abstratas das nossas relações de integração, em todos os sentidos do nosso existir. É quando, por exemplo, definido e dimensionado pelas matizes da nossa subjetividade interior, somos envolvidos por uma sensação de “Totalidade Maior” que, a ela, podemos nos “sentir” unos ao contemplar a fantástica dimensão de infinitude do Universo.
Gosto desta explicação da doutora Daniela Benzecry: “Os sentimentos e as emoções pesam nas nossas escolhas e, por conseguinte, em nossos comportamentos e no modo como nos adaptamos à realidade. Uma vez que os sentimentos diferem entre as pessoas para uma mesma coisa, nota-se que o valor apreendido depende mais de como as coisas são encaradas, da visão de mundo pessoal, do que das coisas em si. Os valores dependem da visão de mundo de cada um. É a visão de mundo que determina como alguém vê o mundo; ela orienta a vida da pessoa e, assim, as suas escolhas. A visão de mundo não é simplesmente como um indivíduo pensa o mundo ou acha que pensa o mundo, embora ela interfira nos conceitos e julgamentos que a pessoa faça (pensamento)”.
Merece destaque, este seu entendimento:
– A VISÃO DE MUNDO RELACIONA-SE MAIS AO DIRECIONAMENTO DO PONTO DE VISTA DO INDIVÍDUO, OU MELHOR, SE O PONTO DE VISTA É DE ONDE PARTE O OLHAR, A VISÃO DE MUNDO SERIA PARA AONDE VAI ESSE OLHAR, PARA ONDE SE ESTÁ OLHANDO: EM QUAL DIREÇÃO E SENTIDO? PORTANTO, A VISÃO DE MUNDO INDICA O SENTIDO DA VISA DA PESSOA, EM FUNÇÃO DO QUE ELA VIVE.
De acordo com a proposta de criação desta jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001), com esta mensagem também desejo “despertar” em você a importância de focar o seu “olhar” para dentro de você, para as percepções sensoriais recebidas da sua “subjetividade interior”. Entendo que com esse “voltar-se para si mesmo”, você favorecerá condições de conhecimento de muitas das matizes significativas da sua “singularidade existencial”, da sua “individualidade como pessoa” que tem a “consciência de si mesmo” e das suas realidades.
“CONSCIÊNCIA”!
Com esta palavra chegamos a uma parte importante deste nosso encontro. Prestem atenção nestas palavras do neurocientista António Damásio, no seu livro “O mistério da consciência – do corpo e das emoções do conhecimento de si”, publicado pela Editora Companhia da Letras, que recomendo a leitura: ”
– Se elucidar a mente é a última fronteira das ciências da vida, a consciência muitas vezes se afigura como o mistério final na elucidação da mente. Há que o considere insolúvel. (…) A questão da mente em geral e da consciência em particular permite aos humanos dar vazão ao desejo de compreender e ao apetite de admirar-se com sua própria natureza, que segundo Aristóteles é o que distingue os seres humanos. O que poderia ser mais difícil de conhecer do que conhecer o modo como conhecemos? O que poderia ser mais deslumbrante do que perceber que é o fato de termos consciência que torna possíveis e mesmo inevitáveis nossas questões sobre a consciência?”.
Agora, vejam que interessante e expressiva síntese de Immanuel Kant (1724-1804):
– EXISTEM DOIS MUNDOS: O MUNDO DA EXPERIÊNCIA SENTIDA POR NOSSOS CORPOS E O MUNDO DAS COISAS EM SI.
Para Kant, “sensibilidade” é a capacidade de sentir as coisas no mundo. Uma coisa aparece para nós somente quando é sentida pela mente. Mas as “coisas em si” são incognoscíveis”.
Com a finalidade de ser mantida uma certa padronização de espaço nas mensagens postadas, termino pedindo a sua atenção para esta parte do artigo “O Corpo é apenas carne?”, com base na filosofia de Merleau-Ponty (1908-1961) e sobre a compreensão de nosso próprio estado físico), do Psicólogo e Psicoterapeuta Existencial e também licenciado em Filosofia, André Ribeiro Torres, publicado na Edição 128, Ano X, da Revista “Filosofia”, da Editora Escala:
– A consciência é um ato, um movimento da estrutura física fornecida pelo corpo em direção ao mundo, em busca de objetos para estabelecer relações. Esses objetos, por sua vez, só terão uma significação quando percebidos por uma consciência. A consciência é relação, não um lugar. E, sendo relação, está conectada a algum objeto do mundo inevitavelmente. (…) A consciência não absorve objetivamente toda a verdade que emana do objeto.
Espero você no nosso próximo encontro, com a continuação de novo enfoque desta mensagem.
Notas:
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2. A explicação da doutora Daniela Benzecry, médica clínica, homeopata e analista junguiana, foi reproduzida do seu belo livro “Sentimentos, valores e espiritualidade – Um caminho junguiano para o desenvolvimento espiritual”, da Editora VOZES; a citação do filósofo Immanuel Kant, do “O Livro da Filosofia”, Penguin Random House, publicação da Editora Globo.
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Muita paz e harmonia espiritual.