(315) Sentindo como entender a percepção da nossa linguagem sensorial.

“O SER HUMANO COMPÕE UMA SIMBÓLICA “UNIDADE EXISTENCIAL” COM AS IMAGENS ABSTRATAS DAS NOSSAS RELAÇÕES DE INTEGRAÇÃO, EM TODOS OS SENTIDOS DO NOSSO EXISTIR. É QUANDO, POR EXEMPLO, DEFINIDO E DIMENSIONADO PELAS MATIZES DA NOSSA SUBJETIVIDADE INTERIOR, SOMOS ENVOLVIDOS POR UMA SENSAÇÃO DE “TOTALIDADE MAIOR” QUE, A ELA, PODEMOS NOS “SENTIR” UNOS AO CONTEMPLAR A FANTÁSTICA DIMENSÃO DE INFINITUDE DO UNIVERSO.”
São minhas palavras. Foram escritas em 19/11/2020 como parte das considerações sobre a subjetiva necessidade de se ter consciência dos nossos estados emocionais, principalmente nesta pandemia (mensagem 306). Em termos de comparação, entendo que os significados sensoriais desse ato de contemplação do Universo, assemelham-se aos deste exemplo do neurocientista António Damásio, por ele citado em entrevista concedida em 18/10/2010 ao chegar em Portugal, na cidade de Lisboa: “Quando olhamos para o mar, não vemos apenas o azul do mar, sentimos que estamos a viver esse momento de percepção.”

Pergunto:

– NAS NOSSAS INTERAÇÕES, SEJAM DE QUE NATUREZA FOREM, COMO SE DESENVOLVE UMA “LINGUAGEM SENSORIAL” ESTRUTURADA NOS ESTÍMULOS RECEBIDOS DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS SUBJETIVAS DE VIDA?

As linguagens da “alma”, dos “sentimentos”, das “emoções”, das nossas “sensações”, não se aprende como acontece com a leitura das palavras escritas, porque é subjetiva a essência dos seus significados. São, portanto, comunicações sensoriais individualizadas, personalíssimas que espelham para cada um de nós, de modo individualizado, imagens simbólicas da nossa singularidade interior e existencial. Explica o neurocientista António Damásio, no seu livro “O mistério da consciência – do corpo e das emoções ao conhecimento de si”, publicado pela Editora “Companhia das Letras”, com tradução de Laura Teixeira Motta:

– Representações do exterior ou do interior podem ocorrer independentemente de um exame consciente e ainda assim induzir reações emocionais. Emoções podem ser induzidas de maneira inconsciente e, assim, afigurar-se ao self consciente como aparentemente imotivadas.

Damásio complementa com esta explicação, reproduzida do seu mais recente livro “A estranha ordem das coisas – as origens biológicas dos sentimentos e da cultura”, também publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras:

– Em circunstâncias comuns, os sentimentos comunicam à mente, sem uso de palavras, se a direção do processo da vida é boa ou má, em qualquer momento, no respectivo corpo. Ao fazerem isso, eles naturalmente qualificam o processo da vida como conducente ou não ao bem-estar e à prosperidade.

Agora prestem atenção neste esclarecimento, selecionado do seu primeiro livro acima citado:

– Os seres humanos devem à linguagem importantes capacidades, mas a consciência não é uma delas. As glorias da linguagem fundam-se em outros pontos: na capacidade de traduzir precisamente pensamentos em palavras e sentenças, e palavras e sentenças em pensamentos; na aptidão de classificar conhecimentos de maneira rápida e econômica na moldura protetora de uma palavra; na capacidade de expressar construções imaginárias ou abstrações distantes com uma palavra simples e eficaz.

Complemento com as sínteses destas suas considerações:

(…) o cérebro humano também gera automaticamente uma versão verbal da história. (…) O que é acionado na trilha não verbal da nossa mente, o que quer que seja, é rapidamente transformado em palavras e sentenças. Essa é a natureza do ser humano, criatura dotada de linguagem. (…) Já se julgou que a consciência ocorria quando, e somente quando, a linguagem comentava para nós a situação mental. Como já vimos, a concepção de consciência exigida por essa ideia sugere que somente seres humanos com grande domínio do instrumento da linguagem teriam estados conscientes. Animais sem linguagem e bebês humanos não teriam tal sorte, seriam inconscientes. (…) Curiosamente, a própria natureza da linguagem nega que ela tenha um papel primordial na consciência.

Termino esta mensagem, com este belo “sentir” de Miguel Nicolelis, comentando a “monitoração humana do tempo”, no seu recém lançado livro, “O verdadeiro criador de tudo – como o cérebro humano esculpiu o universo como nós conhecemos”, publicado pela Editora CRÍTICA com todos os direitos de edição reservados à Editora Planeta do Brasil Ltda:

A HABILIDADE DE EXPRESSAR OS PENSAMENTOS PELA LINGUAGEM SIGNIFICOU QUE, EM VEZ DE SER LIMITADA A UM REGISTRO HISTÓRICO PESSOAL PRIVADO DA SUA EXISTÊNCIA, COMUNIDADES DE “HOMO SAPIENS” PODEIAM DESENVOLVER UM RELATO COLETIVO ABRANGENTE DE TRADIÇÕES, REALIZAÇÕES, EMOÇÕES E DESEJOS. (…) O SURGIMENTO DA COMUNICAÇÃO ORAL E DA FALA ENTRE “HOMO SAPIENS” PODE, PORTANTO, SER CONSIDERADO O MECANISMO PRIMORDIAL DE MANIFESTAÇÃO DE REGISTOS MENTAIS QUE DEU ORIGEM AO PROCESSO SEM FIM DE CONSTRUÇÃO DE UM UNIVERSO HUMANO.

Espero você no nosso próximo encontro.

Notas:
1. A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2. Par os meus seguidores, indico os livros citados nesta mensagem, como sendo de leitura obrigatória.
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Publicado por

Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br

8 comentários em “(315) Sentindo como entender a percepção da nossa linguagem sensorial.”

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