“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe”
São palavras do escritor português, José Saramago (1922-2010) que foi laureado com o Nobel de Literatura de 1998 e em 1995 com o Prêmio Camões, da língua portuguesa. Depois de sucessivas leituras fiquei pensativo e maravilhado com a subjetividade temporal desses dois extremos da existência humana. Realmente na juventude os nossos horizontes de desejos, de conquistas, de possibilidades de realizações, são aparentemente de uma amplitude imensurável. Ao contrário, na velhice temos mais consciência das nossas limitações. Mas Saramago, em termos de saber o que podemos compara, em sentidos opostos, esses dois extremos das nossas vivências. No meu caso nunca me senti com a minha idade, o que é diferente de reconhecer o que posso ou deixei de poder realizar.
O que motivou este nosso encontro foi esta explicação da doutora em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Monica Aiub, sobre “A velhice e o tempo”, publicado na edição 177 da Revista Humanitas, da Editora Escala:
– “Nós nos sentimos envelhecidos ao notarmos que o mundo em que nascemos e crescemos não existe mais como era; as relações não se dão da maneira como aprendemos; o trabalho que sabíamos fazer não tem mais utilidade; não temos o mesmo corpo e a mesma memória.”
Vejam que Monica não mensurou a velhice pelos nossos anos já vividos, mas pelas mudanças das nossas realidades de interações existenciais, com seus consequentes efeitos produzidos em nós. Gostei desta sua conclusão:
– “Definir ‘velhice’ é algo complexo. Além das variações históricas e culturais do termo no decorrer dos séculos, há múltiplas dimensões a partir das quais ele pode ser pensado. Um fenômeno natural? Sim, mas poderíamos dizer também biológico, psicológico, emocional, social, cultural, econômico…”
Pensem nisso.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.