“A ciência não é só compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade.”
São palavras do cientista, astrônomo, e astrofísico, Carl Sagan (1934-1996), que escolhi para enriquecer a nossa caminhada para o “autoconhecimento” – uma jornada de transformação interior. A nossa “percepção intuitiva” muitas vezes nos surpreende, esclarecendo-nos em momentos difíceis de fragilidades e de indecisões. Para o cientista cognitivo e doutor em psicologia da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, Thomas Goschke, “intuição também é a capacidade fascinante que nos permite reunir informações aparentemente desconexas e usá-las para compreender determinada situação ou obter uma resposta complexa”.
No nosso histórico encontro anterior manifestei o meu entendimento pessoal de que todos nós somos assistidos por uma “Dimensão Superior de Transcendência Espiritual” que, subjetivamente, em determinadas situações de imprevisibilidades nos protege, e nos guia em todos os sentidos, mas sempre dando-nos liberdades de escolhas, de escutar, funcionando em nós como sendo uma espécie de “chamado interior”. No Brasil, ensina o médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, fundador do Instituto Junguiano da Bahia:
– “Jung chamou de funções psíquicas irracionais aquelas que nos fazem perceber o mundo além da lógica e da razão. Há dois grandes grupos nessa categoria: sensação e intuição. O primeiro atende bem a “organização vertical” e percebe o mundo por meio dos cinco sentidos. É uma sensação determinada sobretudo pelo objeto. Para os que estão nesse grupo, “nada existe além do concreto e do real; considerações sobre ou além disso são aceitas apenas enquanto fortalecem a sensação”. Os intuitivos absorvem os fenômenos que presenciam de forma subliminar à consciência e só vai perceber que está se orientando de modo acertado, sem ter consciência das etapas, quando finalmente tem seu momento de intuição. Por ter a função sensação subliminar à consciência eles sentem a tarefa desagradável por estarem focando no resultado final e sofrem com isso. (…) O intuitivo é um tipo de sujeito que se mantém na expectativa do que virá. A possibilidade é o que o alimenta e o seu combustível é imaginar o que se lhe oculta. Por isso tal tipo não suporta a rotina. O simbolismo é o que prevalece, e não a observação.”
PERGUNTO:
– Existe em nós uma essência de sentimentos transcendentes de espiritualidade superior que, em determinadas situações do nosso viver, por uma “percepção intuitiva” pode se manifestar em nós?
Essa pergunta veio-me à mente depois de ler estas considerações do neurocientista António Damásio, no seu livro “Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos”, publicação da Editora Companhia das Letras:
– É hora de tocar na questão delicada que diz respeito a “localizar” o espiritual dentro do organismo humano. Não creio que haja um centro cerebral para a espiritualidade, no sentido frenológico do termo. Mas creio que podemos compreender como um estado espiritual ocorre, em termos neurobiológicos. Visto que o espiritual é uma espécie de sentimento, imagino que depende das estruturas e operações descritas no capítulo 3, em especial da rede de regiões somatossensitivas do cérebro. O espiritual é um estado particular do organismo, uma combinação delicada de certas configurações corporais e de certas configurações mentais. Manter tais estados depende apenas da riqueza do nosso pensamento, com relação à condição do self e à condição do nosso pensamento, com relação à condição do self e à condição do self dos outros, no que respeita ao passado e ao futuro, no que respeita às ideias concretas e abstratas da nossa própria natureza.
Pensem nisso.
Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.