(353) Sentindo a importância da linguagem simbólica, em nossas vidas.

EU NÃO ESCREVO EM PORTUGUÊS. ESCREVO EU MESMO.”

São palavras de Fernando Pessoa (1888-1935), no Livro do Desassossego (assinado pelo seu heterónimo Bernardo Soares), publicado em Lisboa após ter completado quase cinquenta anos da sua morte. Foram escolhidas para iniciar este nosso encontro, pela importância do significado subjetivo desse seu reconhecimento – “Escrevo eu mesmo”. Uma bela maneira “simbólica” de transmitir e de perpetuar, através da escrita, o “conhecimento de si mesmo”, da nossa “singularidade existencial e espiritual”.

Em síntese, ensina C.G.Jung (1875-1961) no seu livro “Espiritualidade e Transcendência”, uma primorosa seleção de textos feita pela psicanalista junguiana Brigitte Dorst, publicada no Brasil pela Editora VOZES:

– Símbolos são imagens significativas. Na compreensão da Psicologia Analítica, eles transportam conteúdos psíquicos inconscientes até a consciência. Produzem efeito integral sobre o pensar e o sentir, sobre a percepção, a fantasia e a intuição. Eles unem os lados conscientes e inconscientes da psique.

Complemento com esta “explicação conclusiva” da Psicóloga Lígia Diniz, que possui pós-graduação em Psicologia Junguiana pela URJ, feita no seu artigo “O sintoma como Símbolo”, publicado na edição 151 da Revista PSIQUE, da Editora Escala:

Jung mostra que o inconsciente também age, prediz, alerta, abre horizontes, elucida por meio da produção de símbolos. Para ele, as imagens eram uma simbolização do inconsciente, e a criatividade, uma atividade humana natural .

Maravilha! Realmente, em nossas vidas “tudo é simbólico”. Mas, em certas circunstâncias, muitos dos “significados” desses nossos envolvimentos sensoriais de percepção são criamos “por nós mesmos”. Eles [como entendo] representam espécies subjetivas de estímulos para os nossos “despertares interiores”.

Em forma de aparente advertência esclarece o médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo, ao comentar a obra “Gradiva: uma Fantasia Pompeiana”, do escritor alemão Wilhelm Jensen:

– O homem não conseguirá entender o sentido de um símbolo até que o analista ou alguém possa ajudá-lo a casar o teor da consciência com o conteúdo relacionado do inconsciente. No modelo junguiano, compreendemos que a autorregulação da psique se faz por meio da relação da consciência com o inconsciente que se manifesta nos sonhos, naquilo que nos afeta, em nossos devaneios e nos acontecimentos que consideramos sem relação de causa e efeito, mas com coincidências significativas.

Termino o nosso encontro com estes entendimentos do doutor Carlos São Paulo, sobre o livro “Natascha 3096 dias”, publicação da Editora Verus [numerei]:

1. Símbolo é uma forma de expressar os arquétipos, ou seja, os temas humanos. Na psique do homem existe matemática. Não é nada até que se preencha com uma forma de ação, que define em imagens o existir de alguma experiência. A partir daí, surgem os símbolos com a sua natureza conhecida mergulhada na carga afetiva que esconde algum enigma.

2. Enquanto o sequestrador, envolvido em sua incapacidade de ser verdadeiramente humano, foi além de uma neurose para ferir o sagrado ser humano.

3. Somos viajantes com um destino a cumprir e, muitas vezes, nos distanciamos desse caminho. A necessidade de amar, especialmente a nós mesmos, é a direção de amar o outro. O mundo acabará para cada um de nós e estaremos mergulhados nos mistérios que a consciência humana não alcança.

Notas:
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2.Havendo nesta mensagem qualquer alegação ou citação que mereça ser melhor avaliada ou que seja contrária aos interesses dos seus autores, mande a sua solicitação para edsonbsb@uol.com.br .

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

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(352) Sentindo como podemos “significar” os nossos sentimentos.

NÃO PENSE TANTO… SINTA!

Que bela recomendação do Psiquiatra e Psicoterapeuta Fritz Perls (1893-1970), contendo duas realidades que merecem atenção: a do “pensar” (objetiva, racional) e a do “sentir” (subjetiva). Sobre a importância da primeira, ensina Lya Luft (1938-2021): “Para reinventar-se é preciso pensar.” Sobre a segunda, gosto desta explicação de Miguel de Cervantes (1547-1616): -“Sabemos dizer o que sabemos sentir.” Complemento citando o pai da Psicologia Experimental, o psicólogo alemão, Wilhelm Wundt (1832-1920), que defendia a necessidade de duas observações: a das vivências exteriores e a “observação interna”, por ele chamada de “introspecção” ou “auto-observação”. O gênio Leonardo da Vinci (1452-159), alertava: “Quem pensa pouco, erra muito.”

No seu bem fundamentado artigo, “Ganhos da diversidade cognitiva” (publicado na edição 142 da Revista humanitas, da Editora Escala), esclarece a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Keitiline Viacava, que possui pós-doutorado em Neurociência Cognitiva, realizado na Universidade de Georgetown, em Washington:

– As pessoas diferem na forma como adquirem conhecimento, como processam informações do entorno e como avaliam esforço e resultado. Isso se chama “diversidade cognitiva” ou “diversidade de pensamentos”. (…) A convivência entre pessoas com formas diversas de pensar não é tarefa simples, pois se confronta com a tendência (ou viés) que temos de busca por conformidade para evitar conflitos e retaliação, e isso desafia a diversidade. (…) Uma das principais ideias por trás da noção de diversidade cognitiva é que não há um estilo único, desejado ou ideal de pensamentos, já que esses são sempre dependentes das pessoas e dos contextos nos quais estão inseridos. O que existe é a necessidade de conhecermos mais sobre a maneira como pensamos para, assim, desenvolvermos estratégias cognitivas e empáticas que facilitem a convivência com modos de pensar diferentes do nosso.

Não importa a ordem. “Pensar” e “ Sentir” ou “Sentir” e “Pensar“. Sempre serão proveitosas práticas de “autoconhecimento”, como buscas de interiorizações voltadas “para si mesmos”, para a percepção das projeções sensoriais da nossa “individualidade existencial”.

Volto para o entendimento de Miguel de Cervantes, e pergunto para você:

PODEMOS SIGNIFICAR OS NOSSOS SENTIMENTOS?

Para ajudar na sua resposta, peço atenção para estas informações:

1. O psicólogo americano Johnmarshall Reeve, no seu livro “Motivação e emoção”, lançado no Brasil pela Editora LTC, explica que as “sensações” (fenômeno puramente perceptual) são reações, em nós, causadas por um estímulo interno ou externo.

2.. O neurocientista António Damásio, no seu quinto livro, A
“A estranha ordem das coisas – as origens biológicas dos sentimentos e da cultura” (publicação da Editora Companhia Das Letras, com tradução de Laura Texeira Motta), ensina que os “sentimentos” são experiências subjetivas dos nossos estados de vida (homeostase). Guiam os nossos pensamentos, transmitindo o que precisamos saber.

De modo conclusivo, complemento:

Se pelo fluir do ciclo da nossa existência, somos seres únicos com as nossas singularidades bem definidas. Se somos responsáveis pelas nossas escolhas. Se podemos, para nós mesmos, idealizar e modelar anseios de novas realidades. Se os sentimentos são “experiências subjetivas de estados de vida (homeostase), que transmitem o que precisamos saber”… Vou continuar significando os meus “sentimentos”.

Notas:
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(351) Sentindo em nossas histórias de vida, a necessidade de união com sentimentos de “AMOR” e de “PAZ”.

TUDO QUE NÃO SE CONVERTE EM HISTÓRIA,
SE AFUNDA NO TEMPO

São palavras do escritor moçambicano Mia Couto sobre o contexto do seu romance “O Mapeador de Ausências”, lançado no Brasil em 2021 pela Editora Companhia das Letras. Uma bela e cativante narrativa de memórias familiares, que recomendo a leitura. Trazendo para o fluir permanente da nossa realidade existencial, pergunto:

COMO DEVEMOS SENTIR E VALORAR A IMPORTÂNCIA DA NOSSA HISTÓRIA DE VIDA?

Como somos seres únicos, nesta jornada para o “autoconhecimento” já destaquei a individualidade da experiência de poder vivenciar as nossas “realidades”, assim explicada pela Psicanalista e Professora do Curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ana Suy Sesarino Kuss (mensagem 347):

– “O inconsciente de cada um se atravessa fundando cada realidade, e talvez possamos dizer que cada um vive em uma realidade diferente da realidade do outro, ainda que possamos encontrar certas coisas em comum. A realidade de cada um de nós é confeccionada da nossa história, dos nossos genes, da nossa forma de habitar nosso corpo, da história dos nossos antepassados… e isso não se replica. Por mais que tenhamos irmãos nascidos em uma mesma família, ainda que sejam gêmeos, cada um terá experiências diferentes na relação com a sua existência e com o modo como o mundo recebeu cada um.”

Agora vejam que interessante:

Um dos fundadores da Gestalt-terapia, o Psiquiatra e Psicoterapeuta Fritz Perls (1893-1970) entendia serem as experiências humanas configuradas pela nossa”percepção” [ou seja: pelo modo como “sentimos” as nossas escolhas de realidades, e não pelos eventos em si]. Para ele, todos nós podemos modificar as nossas realidades, porque somos responsáveis por elas. Na minha avaliação, esse entendimento de Perls merece enriquecimento de atualização pelo neurocientista António Damásio, ao também definir a nossa consciência como sendo “a sensação do que acontece”.

O filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995), juntamente com o também filósofo Félix Guattari (1930-1992), escreveram no seu livro O que é Filosofia? que na velhice entendemos melhor a nossa “trajetória de vida”. Concordo porque quando penso na evolução existencial da minha história de vida, sempre lembro deste ensinamento da arqueóloga e etnóloga Laurette Séjourné (1911-2003): – “Tudo nesse presente, está intrinsecamente ligado ao nosso passado.”

Em sintonia com os ensinamentos humanistas da psicologia analítica de C.G.Jung (1875-1961), acreditando na nossa “consciência transpessoal” que nos conecta como parte de uma “totalidade maior”, convido você a compartilhar esta mensagem de “AMOR” e “PAZ UNIVERSAL”.

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(350) Sentindo a importância dos nossos encontros.

OS ENCONTROS MAIS IMPORTANTES JÁ FORAM COMBINADOS PELAS ALMAS ANTES MESMOS QUE OS CORPOS SE VEJAM. GERALMENTE ESTES ENCONTROS ACONTECEM QUANDO CHEGAMOS A UM LIMITE, QUANDO PRECISAMOS MORRER E RENASCER EMOCIONALMENTE. OS ENCONTROS NOS ESPERAM – MAS A MAIOR PARTE DAS VEZES EVITAMOS…

São palavras do escritor Paulo Coelho, ocupante da Cadeira nº 21 da Academia Brasileira de Letras. Todos nós temos bem definidas as nossas realidades existencial, emocional e espiritual. Mas é preciso “acreditar” que sempre somos “assistidos” em todos os sentidos do nosso “existir”. Paulo Coelho aprendeu essa lição de vida. Sobre um dos seus marcantes encontros, declarou pela sua escrita:

TODA VEZ QUE ESTAVA EM SUA PRESENÇA, MINHA EXISTÊNCIA PARECIA JUSTIFICADA.

Maravilha!!! Que belo reconhecimento de valoração desses encontros que acontecem em nossas vidas, com plenitude de identidades recíprocas de integração humanista. Nunca devemos apenas “viver por viver”. Precisamos “acreditar e, sempre que possível, com os nossos propósitos existenciais” de união e de solidariedade.

Gosto desta comparação de OSHO (1931-1990), no seu livro “A jornada de ser humano”, publicado no Brasil pela Editora Academia, com tradução de Magda Lopes:

– Quando você não está indo para lugar nenhum, quando está tentando apenas ser humano, então o rio parou de fluir. Então o rio não está indo para o oceano. Pois ir para o oceano significa ter um desejo de se tornar o oceano. Do contrário, por que ir rumo ao oceano? Ir para o oceano significa se fundir com o oceano, tornar-se oceano.

Agradeço a você, este nosso encontro.

Notas:
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(349) Sentindo a nossa vida contada.

O CINEMA É UM MODO DIVINO DE CONTAR A VIDA.”

São palavras do consagrado cineasta italiano Federico Fellini (1920-1993).
O “contar a vida”, nas telas do cinema, vem sendo aprimorado com os recursos da tecnologia cinematográfica, inicialmente desenvolvida no século XV por Leonardo Da Vinci (1452-1519). Sobre essa fantástica e interativa comunicação visual, gosto desta explicação de Fellini – “O cinema é feito de imagens. A imagem se ajusta por meio da luz e é essa luz que cria a imagem“.

Todas as maneiras de “contar a vida” são fontes de autoconhecimento [para si mesmo, e para todos]. Principalmente quando despertam em nós, subjetivas percepções de aparentes sensações de “necessidades de completudes” em todos os sentidos do nosso “existir”. Considero ser muito proveitosa, a silenciosa experiência de “contar a vida ” para nós mesmos. Estou me referindo à nossa vida, porque somos seres únicos e com suas bem definidas realidades emocionais.

No cinema reagimos de modos diferentes, independente da época das cenas filmadas. Vejam o exemplo desta dupla de comediantes, que foi sucesso nas décadas de 1920 e 1930. Na atualidade, provam ser “atemporal” a nossa espontânea reação de “gostar”, ou de “não gostar”.

Sobre o nosso “gostar” explica Marcos Texeira Sampaio, no seu interessante artigo “Gostamos assim”, publicado em 2004 na edição nº 44 da Revista VENTURA, da Editora Ventura-cult:

– A palavra “gostar”, servindo para tudo, serve de fato mais ao engano do que ao esclarecimento. Muitas vezes não se quer distinguir a preocupação consigo mesmo da preocupação com o próximo. Não interessa declarar quanto do benefício é para si próprio e quanto resta para o outro. Essa palavra – gostar – acolhe bem essa posição dúbia: tanto se pode ter como objeto do gosto o outro como a si mesmo.
Uma cena do Gordo e o Magro ilustra bem esse altruísmo enviesado: havendo dois bifes, o Magro serviu-se do maior. Tendo o Gordo reclamado, o Magro então disse:
– “Se fosse você a escolher primeiro, teria pego o bife pequeno?”
– “Claro. Teria pego o pequeno sim!”
– “Então, se você está com o pequeno, está reclamando de quê?”
Enfim, a dúvida que permanece quando se usa a palavra gostar é a seguinte: o outro se preocupa com os meus interesses ou só está interessado em si mesmo? Uma pessoa jura que gosta; a outra que entenda como quiser. Gosto não se discute…

Termino este nosso encontro, com esse “sentir” de Fernanda Montenegro quando, com os seus 93 anos de idade, declarou em recente entrevista ao Jornal O Globo:

– Reflexões sobre a morte. “Faz parte da existência. A cada dia que se ganha é um outro que se perde. É dialético, é uma questão central que nos habita. Se celebramos a pulsão de vida de forma tão veemente, não há como desprezarmos a pulsão de morte. Morrer é uma circunstância sobre a qual precisamos refletir e da qual não temos como fugir”.

Notas:
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(348) Sentindo a necessidade de poesias, em nossas realidades de vida.

A visita de Pee Ra Lyan

Ainda não sentira
O gosto bom da liberdade
Quando, numa noite despertei,
Pensando ouvir o vento
Os galhos do coqueiro a balançar

Num gesto silencioso e lento,
Abri a porta da varanda
De par em par.

O ar estava parado,
E o jardim iluminado
Por enorme lua cheia, cristalina

Vi então que era uma branca garça,
Que voava com a graça
De uma bailarina.
Calma, pousou na ponta do pé, encerrando o balé
No meio de um canteiro.
Foi em janeiro

O silêncio nos envolvia,
Parecia que o mundo inteiro dormia,
Menos nós três.
A lua
A garça
E eu

Lentamente
Elegantemente
Caminhou em minha direção e, sob o balcão,
Parou
E me olhou.

Percebi como éramos parecidas.
As duas, de branco vestidas,
As duas só, em casa, à vontade.
Como ela, eu agora, em liberdade.

Não foi longa a visita.
Uma brisa da lagoa soprou,
Trazendo um cheiro de maresia.
Ela esticou
O longo pescoço
E pareceu-me sorrir de alegria.

Abrindo as asas devagar,
Deu-me um último olhar
E… foi-se embora a voar.
Parecia um anjo…

“Pee Ra Lyan” é garça em chinês. Essa poesia de Tina Novelli, mostra-nos um encontro de inteirações de “realidades”. A da garça, contemplada desde o seu voo. A de Tina, quando encantada com o esplendor da garça, manifesta a intensidade do seu envolvimento com o que chamou de “o gosto bom da liberdade”. Que leveza de inspiração poética!

Em nossas relações interpessoais também vivenciamos experiências fortalecidas com sintonia interior de afinidades e percepções de aparentes identidades existenciais. Mas somos nós que criamos as nossas “realidades”, que são únicas, só nos pertencem, possuindo similaridades geradoras da nossa própria interpretação. São essas nossas “realidades”, que nos fazem “sentir” ser como somos e, para os outros, o que parecemos ser. Em muitos encontros de “realidades”, subjetivas e aparentes identidades existenciais nos possibilitam “sentir” e “ver” no outro, o que parece estar sendo refletido de nós.

Agora, vejam esta explicação do astrólogo Oscar Quiroga, no seu horóscopo do dia 23/02/2023, publicado no jornal Correio Braziliense:

– Recebemos as impressões objetivas e subjetivas da realidade, as expressamos dentro do alcance de nossa compreensão e instrumentos disponíveis, e esse movimento, por sua vez, impressiona outras pessoas e os outros reinos da natureza, e assim continua, sem interrupção, a circulação de vida através de tudo e de todos, requerendo alimento de todos os tipos e dimensões, porque a vida se alimenta de vida produzindo variações dentro de um espectro infinito de possibilidades.

Acreditando [repito] que podemos criar as nossas realidades, termino o nosso encontro com este “sentir” de Clarice Lispector, em “Realidade Tansfigurada”:

A DURAÇÃO DE MINHA EXISTÊNCIA DOU UMA SIGNIFICAÇÃO OCULTA QUE ME ULTRAPASSA. SOU UM SER CONCOMITANTE: REÚNO EM MIM O TEMPO PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO, O TEMPO QUE LATEJA NO TIQUE-TAQUE DOS RELÓGIOS. (…) TRANSFIGURO A REALIDADE E ENTÃO OUTRA REALIDADE, SONHADORA E SONÂMBULA, ME CRIA.

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(347) Sentindo a importância de “subjetivar” as percepções do nosso viver.

“O QUE SE PERDE SE CONCENTRA NO INFINITO.”

São palavras do escritor Marco Lucchesi, poeta bilíngue, ensaísta, tradutor com domínio fluente de mais de vinte idiomas, ocupante da cadeira quinze da Academia Brasileira de Letras. Na condição de seu seguidor, aprecio e gosto das suas belas e subjetivas maneiras de transmitir o seu “sentir a vida”. Foram escolhidas para iniciar este nosso encontro, do seu primoroso texto “Deserto e as Formas”, que ele chamou de ‘experiência do deserto’. Dele destaco: O deserto como ponto de encontro. O deserto como ponto de fuga. Nenhum deserto é vazio. Nenhuma solidão, solitária. O raso e o profundo se convertem mutuamente no deserto de areia.

Também não poderia deixar de enriquecer a nossa caminhada para o “autoconhecimento”, com esta inspiração que selecionei do seu livro “Os olhos do deserto”:

– Passam os dias, mas não passam minhas esperanças. Quero saber dos anéis de Saturmo e das combinações da Cabala. Quero armas e barões. Tempestades e aventuras. Sonho com as Plêiades votadas para Órion. Sonho com o tempo que não passa. Uma vida interminável. Simultânea e permanente. As batalhas de Tasso. A pluralidade dos mundos. Cavaleiros do luar, andarilhos da distância. E o diálogo, sempre. O diálogo em flor. Passam os dias, mas não minhas esperâncas.

COMO DEVEMOS ENTENDER A SUBJETIVIDADE EM NOSSAS VIDAS?

Esclarece o neurocientista António Damásio, no seu livro “A estranha ordem das Coisas – As origens biológicas dos sentimentos e da cultura”, lançado no Brasil pela editora Companhia Das Letras, com tradução de Laura Teixeira Motta:

– A subjetividade não é obviamente uma coisa, mas um processo, que depende de dois ingredientes cruciais: a criação de uma perspectiva para as imagens mentais e o acompanhamento das imagens por sentimentos. (…) Uma das principais contribuições para a construção da subjetividade é dada pela operação dos portais sensitivos, nos quais encontramos os órgãos responsáveis por gerar imagens do mundo eterno. (…) Em resumo, um estado mental, uma mente, é uma condição básica para que experiências conscientes existam no sentido tradicional. Quando essa mente adquire um ponto de vista, isto é, um ponto de vista subjetivo, então a consciência propriamente dita pode começar.

Desse entendimento de Damasio sobre a construção da subjetividade, o que mais gostei foi essa relação associativa, condicionante, das nossas percepções de “realidades” sendo elaboradas por imagens dos nossos “sentimentos”. É como se as “emoções interiores” estão presentes nas abstrações de muitas das nossas realidades.

Também não podemos deixar de reconhecer a valiosa contribuição da Psicanálise, preconizada por Freud, quando no seu texto “A interpretação dos sonhos” afirma ser o inconsciente a nossa verdadeira “realidade psíquica”. Explica Ana Suy Sesarino Kuss, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que possui doutorado em Pesquisa e Clínica em Psicanálise, no seu interessante artigo, “Os outros que vivem em nós”, publicado na Revista humanitas, edição 163, da Editora Escala):

– Nossa realidade compartilhada, por vezes, é dividida apenas no campo da palavra, uma vez que nós nunca compartilhamos com alguém exatamente da mesma experiência. O inconsciente de cada um se atravessa fundando cada realidade, e talvez possamos dizer que cada um vive em uma realidade diferente da realidade do outro, ainda que possamos encontrar certas coisas em comum. A realidade de cada um de nós é confeccionada da nossa história, dos nossos genes, da nossa forma de habitar nosso corpo, da história dos nossos antepassados… e isso não se replica. Por mais que tenhamos irmãos nascidos em uma mesma família, ainda que sejam gêmeos, cada um terá experiências diferentes na relação com a sua existência e com o modo como o mundo recebeu cada um. Quando desconsideramos as tantas nuances que compõem as nossas maneiras de existir, tendemos a pensar que o outro é o nosso igual, nosso semelhante e que por isso poderíamos saber o que ele pensa e sente.

Para perpetuar em nossas lembranças, dedico esta mensagem para Tony Bennett com sentimento de “Saudade Eterna”,

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, por qualquer forma, meio ou processo eletrônico dependerá de prévia e expressa autorização, com indicação dos créditos e links, para os efeitos da Lei 9.610/98 que regulamenta os direitos de autor e conexos.
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3. Vídeo copiado do YouTube/vevo.

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(346) Sentindo a plenitude existencial da “sabedoria de viver” de Lya Luft.

A vida é minha
para ser ousada.
A vida pode florescer
numa existência inteira.
Mas tem de ser buscada, tem de ser conquistada
.”

São palavras poetizadas por Lya Luft (1938-2021), no seu livro “Perdas & Ganhos”, Edição Comemorativa de 10 anos, publicada pela Editora Record. Logo na primeira página ela explica que esse livro “não é bem uma ficção, nem bem crônica, mas a sua segunda tentativa de transmitir para seus leitores os mesmos temas das suas poesias e ficção. Resumindo, o drama existencial humano. Encontros e desencontros, a passagem do tempo, a infância, a maturidade e a velhice, as dificuldades do convívio amoroso, as relações familiares, a interrogação da morte e da própria vida.” Na última página, Lya significa a “vida” com estas palavras:

– Volto ao início deste livro, como gosto de fazer: O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. Viver, como talvez morrer, é recriar-se a cada momento. A vida não está aí apenas para ser suportada ou vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Não é preciso realizar nada de espetacular. Mas que o mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmos.

Complemento, pedindo a sua atenção para esta parte da sua aula online, “Perdas e ganhos: a passagem do tempo”, na Pós da PUCRS, sobre o tema: “Filosofia e Autoconhecimento: Uso Pessoal e Profissional”:

No seu livro “O tempo é um rio que corre”, também lançado no Brasil pela Editora Record, Lya Luft transmite este seu belo sentir sobre as fases das nossas vidas:

Viver é sentir a transformação do encanto esplêndido da juventude na potente força da maturidade, e depois na beleza peculiar da velhice.

Em seguida, Lya volta a poetizar a “vida”:

A vida é um passeio
(que não planejamos)

num rio de enseadas calmas,
escuras cavernas,
vertigens fatais.

Somos náufrago ou timoneiro
nessas águas que tudo levam:
estrelas, escolhas,
destroços e abraços.

Um dia vamos descobrir
nosso destino:
que não sejam só cinzas
ou ossos,
mas um oceano, uma praia
– regaço.

No seu gostoso e fantástico livro “Múltipla escolha”, lançado em 2010 pela Editora Record, Lya explica a “vida” com esta comparação:

– A vida é uma longa construção: em geral a enxergamos como deterioração. Não conseguimos apreciar o outro lado, que é acúmulo, experiência, serenidade, mínima sabedoria, mais tempo, quem sabe mais bondade. Construção de emoções positivas, com porões de tristezas e um sótão de decepções, mas a sala e os quartos arejados, com portas que podemos abrir para que se revele o que ainda virá em seguida e vai se desdobrar. Isso é o que “a gente decide”. Fatalidades à parte, somos senhores de algumas cenas do espetáculo chamado vida, podemos modificar algumas falas, interferir no roteiro, escolher o personagem que somos e com quem desejamos contracenar. Tudo isso, até certo ponto, pois as circunstâncias, a família de origem, as opções posteriores, até o lugar onde vivemos têm seu peso, e não é pequeno.

A criação desta nossa jornada para o “autoconhecimento” foi dedicada à Lya Luft, com estas minhas palavras (mensagem 001):

Que bom que você veio ao nosso primeiro encontro. Ao encontro com a essência existencial do nosso “EU” interior. Ao encontro com a sensibilidade das nossas almas. Este espaço virtual é dedicado à escritora Lya Luft porque, com a leveza do seu humanista estilo literário, mostra-nos matizes significativas do nosso viver, sempre com o mesmo encanto da beleza e suavidade dos voos das gaivotas, pelos céus da nossa existência.

Estou surpreso com o resultado alcançado (mensagem 342). Em sessenta países já foram semeadas a “sabedoria de viver” de Lya Luft, com estas quarenta e seis mensagens (002, 004, 005, 006, 008, 009, 010, 012, 013, 015, 016, 017, 018, 021, 022, 027, 035, 037, 042, 055, 063, 067, 076, 085, 089, 094, 106, 110, 118, 121, 123, 124, 130, 138, 153, 163, 168, 175, 185, 186, 246, 250, 253, 258, 270 e 316).

Termino esta mensagem com este “sentir” do filósofo grego Epicuro (341-270 a.C.):

É impossível viver uma vida agradável sem viver de maneira sábia, honrada e justa, e é impossível viver de maneira sábia, honrada e justa sem viver de maneira agradável.

Mas não se esqueça:

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3.O vídeo desta mensagem foi reproduzido do YouTube.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

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(345) Sentindo nas contemplações artísticas, uma das nossas fontes de “autoconhecimento”. (Parte Final da 343)

NÃO VEMOS AS COISAS COMO SÃO, VEMOS AS COISAS COMO SOMOS.”

São palavras da escritora francesa Anaïs Nin (1903-1977). Sob uma perspectiva subjetiva da motivação deste nosso encontro, o “sentir” de Anaïs mostra-nos, em uma fusão de significados simbólicos, a relação de interação que existe entre o “contemplado” e o “olhar” do observador. Explico: Em toda interação humana nós projetamos, também de modo inconsciente, muitas das nossas subjetivas necessidades de completudes. É quando a representação artística, já materializada, se apresenta para nós como fonte de “autoconhecimento”. Reforço: Como se fosse uma “janela aberta” que espelha as imagens da alma do seu criador, em sintonia de integração com o “gostar” de quem aprecia. Gosto
destas declarações:
1. Da desenhista e pintora Maria Luiza Kozicki, de Curitiba-PR: “ Quero pintar o que não conheço, o mistério, o imaginário, o enigmático.”
2. Da artista plástica Annarrê Smith, que possui graduação e pós-graduação em filosofia, pela PUC de são Paulo: “Faço o trabalho que me faz.”

Reproduzidos dos seus Cursos de Estética, realizados em Berlim entre 1820 e 1829, peço a sua atenção para estes ensinamentos de Georg Hegel (1770-1831), considerado o mais famoso filósofo da Alemanha na primeira metade do século XIX (“O Belo na Arte”, Editora Martins Fontes, São Paulo, 1996, tradução de Orlando Vitorino, que recomendo a leitura. Redação original mantida, e por mim resumida):

Hegel, estudando as relações entre o “belo artístico” e o “belo natural”, considerava superior o das artes porque a sua origem é espiritual. Para ele, “o belo produzido pelo espírito é o objeto, a criação do espírito, e toda criação do espírito é um objeto a que não se pode recusar dignidade”. (p.4)

Quando é subjetiva a natureza dos objetos, quer dizer, quando os objetos existem no espírito, não fazem parte do mundo material sensível, sabemos que existem no espírito como produtos da própria atividade espiritual. (p.6)

Temos na arte um particular modo de manifestação do espírito. (p.9)

As obras de arte brotam da atividade livre da imaginação, mais livre do que a da natureza. (p.15)

Despertar a alma: este é, dizem-nos, o fim último da arte, o efeito que ela pretende provocar. (p. 32)

A obra de arte é um meio com o qual o homem exterioriza o que ele mesmo é. (p.50)

O sensível está, na arte, para o espírito, mas o objeto da arte não é, como na ciência, a ideia, a essência, a natureza intima deste sensível. (p.57)

O espiritual e o natural formam um todo indivisível, e nisso consiste a singularidade da obra artística. (p.60)

Se se quiser marcar um fim último à arte, será ele o revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma humana. (p.71).

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, por qualquer forma, meio ou processo eletrônico dependerá de prévia e expressa autorização, com indicação dos créditos e links, para os efeitos da Lei 9.610/98 que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo nesta mensagem qualquer alegação ou citação que mereça ser melhor avaliada ou que seja contrária aos interesses dos seus autores, mande a sua solicitação para edsonbsb@uol.com.br .

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

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(344) Sentindo nas contemplações artísticas, uma das nossas fontes de ‘autoconhecimento”. (Parte II da 343)

OS ESPELHOS SÃO USADOS PARA VER O ROSTO. A ARTE PARA VER A ALMA.”

São palavras do dramaturgo, crítico literário, ensaísta e romancista irlandês, George Bernard Shaw (1856-1950), laureado com o Prêmio Nobel de Literatura de 1925.

Terminei a primeira parte deste nosso encontro convidando você para conhecer, em todas as manifestações de arte, a contemplação do “BELO” como fonte de “autoconhecimento” (mensagem 343). Diferente de um simples olhar, todo “contemplar” parece exercer, em nós, uma espécie de atração de necessidades de “mais atenção“, de “mais concentração“, em nossas vinculações existenciais de “admiração” e de “aproximações humanas”. Resumindo: Em todos os sentidos [principalmente como acontece, com mais frequência, em nossos relacionamentos], a “contemplação humana” favorece descobertas de “atração” com essência subjetiva de integração “pessoal” e “espiritual”. Quanto à “contemplação na natureza, gosto deste “sentir” do neurocientista António Damásio:

QUANDO OLHAMOS PARA O MAR, NÃO VEMOS APENAS O AZUL DO MAR, SENTIMOS QUE ESTAMOS A VIVER ESSE MOMENTO DE PERCEPÇÃO.

A motivação desta mensagem [repito] recomenda a nossa atenção para as “contemplações artísticas”, porque são fontes de “autoconhecimento”. Isto porque quando apreciamos algo, subjetivamente transmitimos [inclusive, também, para nós mesmos] significados da linguagem interior do nosso “sentir”, da nossa “Sensibilidade da Alma”.

O que, em nós, acontece com as nossas exteriores interações existenciais de realidades, é assim explicado pelo médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo, na sua análise literária da novela “A morte de Ivan Ilich, de Lev Tolstói, publicada em 1886:

– Para a Psicologia Analítica, “alma” é um conceito que define o modo como o EU se relaciona com o mundo interior, enquanto “persona” determina o modo com que esse mesmo EU se relaciona com o mundo exterior.
O homem, em seu desenvolvimento, constrói um mundo interior que fala a linguagem dos símbolos e, por meio deles, relaciona-se com a natureza que nos habita e às suas exigências. Como o mundo externo que compartilhamos faz-nos reféns da razão e nos impede de ouvir os “murmúrios” da natureza que nos torna singular, muitos acabam seguindo o ritmo frenético dos “gritos” produzidos nesse mundo e se conduzem como manadas interessadas em realizar seus desejos ambiciosos de chegar ao sucesso em detrimento da alma.

Complemento com este entendimento do psicanalista clínico, Paulo Velasco, referindo-se ao que ele chama de “nosso cérebro em harmonia”, no seu artigo “Máquina Fascinante”:

– Todos os estudos e observações sobre o assunto comprovam que, se não existisse o cérebro, não haveria som, cores, luminosidade, a harmonia da música, enfim, tudo seria um imenso e eterno vazio. Nos diversos acontecimentos em que você vê, ouve e sente, sua sensibilidade repercute no seu exterior. Porém, a maneira como você percebe, reage e compreende esses fatos surpreendentes é, nada mais, a legítima criação do seu cérebro, ou seja, a mais admirável e sofisticada produção divina na vida dos seres humanos.

Certo é que somos nós que projetamos “para nós mesmos” [mais vezes, de modo inconsciente], as nossas interiores “necessidades de preferências” e, também como acredito, de “necessidades de harmonização espiritual”.

Dedico esta mensagem à Gal Costa porque, com as suas primorosas interpretações, encanta a sonoridade de belas imagens das nossas vidas.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, por qualquer forma, meio ou processo eletrônico dependerá de prévia e expressa autorização, com indicação dos créditos e links, para os efeitos da Lei 9.610/98 que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo nesta mensagem qualquer alegação ou citação que mereça ser melhor avaliada ou que seja contrária aos interesses dos seus autores, mande a sua solicitação para edsonbsb@uol.com.br .

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

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