(324) Sentindo com o fluir da vida, o “escutar sensorial” do nosso existir emocional.

“A VIDA FLUI COMO UM RIO CAUDALOSO E O MELHOR A FAZER É TER UM PLANO DE NAVEGAÇÃO, PARA SABER LIDAR COM O REDEMOINHO E IMPREVISIBILIDA-
DE DA IMENSIDÃO COM QUE VOCÊ SE RELACIONA. OU SEJA, NÃO DÁ PARA CONTROLAR TUDO.”

“TENHA EM MENTE QUE TUDO SE MANIFESTA CICLICAMENTE E QUE, POR ISSO, NADA DE ERRADO QUE ESTEJA ACONTECENDO VEIO PARA SE INSTALAR PARA SEMPRE. PASSARÁ, COMO JÁ PASSARAM TANTAS OUTRAS COISAS DESINTERES-
SANTES NO PASSADO.”

São palavras do astrólogo Oscar Quiroga, em duas previsões do seu horóscopo publicado nas edições dos dias 18 de março e 6 de agosto deste ano, do jornal Correio Braziliense.

Inicio esta mensagem pedindo a sua atenção para o chamado “Plano de Navegação” por ele sugerido nas nossas interações com imprevisibilidades (assim como estamos sujeitos a vivenciar nesta pandemia). Pergunto: O que podemos fazer diante das incertezas no nosso “viver”? Entendo que devemos “conhecer o nosso emocional” para, quando necessário, subjetivamente viabilizar “para nós mesmos” melhores condições de autocontrole e, até mesmo, de superação do “desconhecido”. Um dos caminhos para essa prática de “autoconhecimento” deverá ser buscado por um necessário “repensar nossas vidas” e, se possível, criando novos significados para o nosso “existir”. Reforço: Precisamos de condições para melhor enfrentar o “diferente”, o “desconhecido”, o “imprevisível”. Precisamos, se possível de modo natural e permanente, conhecer as nossas “emoções”.

Gosto desta explicação de Keitiline Viacava, doutora em Psicologia pela UFRGS, com pós-doutorado em Neurociência Cognitiva realizado na Universidade de Georgetown, em Washington, D.C., no seu artigo “Cognição adaptativa: mais essencial do que nunca”, publicado na Revista Humanitas, 137, da Editora Escala):

– Conhecer a maneira como a nossa mente funciona (ou seja, a forma como capturamos e processamos informações) e como ela é capaz de se adaptar às contingências do entorno permite a aplicação de estratégias pessoais diante de incertezas.
Do mesmo modo, ampliamos nossos pensamentos, melhoramos nossas escolhas e orientamos nossas ações a objetivos. Muitas vezes tomamos decisões cujos resultados vão de encontro aos nossos interesses, ou aos interesses das pessoas ou organizações que nos rodeiam. Isso não corre por falta de inteligência, mas por causa da maneira como o nosso cérebro funciona, orientado por vieses implícitos.
Portanto, é imprescindível desenvolver a nossa competência de cognição adaptativa o quanto antes, visando à resiliência necessária para priorizar, ponderar e adotar estratégias diferentes diante de situações desconhecidas. […] É assim que conseguiremos nos movimentar livremente neste mundo complexo e em constante transformação. Também é dessa forma que alcançaremos autonomia e protagonismo diante do vasto volume de interações a qual estamos expostos.

Por sua vez, no seu artigo “O papel das emoções nas escolhas” (publicado na edição 145 da revista acima citada), esclarece a doutora Keitiline:

– De que maneira buscamos atingir nossos objetivos de saúde, carreira, finanças e relacionamentos? Fazemos isso a partir da avaliação das opções, realizando escolhas. A tomada de decisão é a função cognitiva que permite essa ação. Ela envolve a seleção e a análise de informações sobre as alternativas na nossa mente, culminando na obtenção de um resultado que, na maioria das vezes, é incerto. Ao reconhecermos a tomada de decisão como um processo mental, precisamos considerar que ela não acontece sozinha, mas resulta de uma imbricada relação com outros processos psicológicos básicos, como atenção, memória, emoção, entre tantos outros.
Assim, a nossa capacidade de avaliar as situações não é totalmente objetiva. Recorremos a associações, percepções e lembranças registradas na nossa mente para reduzir esforços no mapeamento das incertezas e atribuir valor às opções. Fazemos isso sem esforço, com apoio das emoções.

Certo é que nem sempre “tudo” (por si só) se manifesta para nós com clareza. Somos nós que criamos e conceituamos as nossas realidades. Nessas inter-relações, a “linguagem do concreto” é definida pelos significados das nossas conhecidas percepções. Ao contrário, a “linguagem do abstrato” será resultado das nossas subjetivas percepções de representações sensoriais ou (até mesmo) imaginárias.

Motivado pela analogia da primeira previsão astrológica de Oscar Quiroga, termino este nosso encontro com estas considerações da doutora Michele Müller reproduzidas dos seus consistentes e bem fundamentados artigos sobre “Matéria-prima do pensamento” e “Construção Abstrata na Mente”. Sinto-me no dever de registrar que a doutora Michele possui especialização em Neurociências e Neuropsicologia Educacional, aplicada em estratégias para o desenvolvimento da linguagem (Seguem abaixo, com a minha numeração):

1. A utilização de metáforas e analogias no entendimento de conceitos abstratos, ao descrevê-los em termos mais concretos, está diretamente relacionada à forma como o cérebro processa a linguagem. Muito mais que um recurso poético ou literário, ensinado de forma isolada, é essencial para se compreender mensagens que dependem de relações com o mundo físico ou que, muitas vezes, estão inconscientemente relacionadas a diferentes sensações e emoções.
2. Conceitos abstratos são construídos por um conjunto de relações que só fazem sentido quando essa rede está bem traçada. Ela envolve uma série de elementos concretos.
3. A linguagem abstrata permite enxergarmos coisas que antes se encontravam em um ponto cego da percepção. Como se fossem lanternas da mente, as palavras expandem os limites do nosso mundo interno, como defendeu o filósofo alemão Wittgenstein. Um mundo que é inteiramente guiado pelas emoções e sentimentos – das grandes conquistas às piores decisões. Para conseguir identificá-los é necessário nomeá-los. Com a consciência dos ingredientes que os compõem, a partir da clareza trazida pelas palavras certas damos ao cérebro capacidade de categorizar, perceber e predizer as emoções – ferramentas fundamentais para que possam lidar melhor com eles e responder aos estímulos de forma mais flexível e funcional.

NOTAS:
1. A reprodução parcial ou total por qualquer forma, meio ou processo eletrônico dependerá de prévia e expressa autorização, com indicação dos créditos e links para os efeitos da Lei n. 9.610/98 que regulamenta
os direitos de autor e conexos.
2. Os artigos da doutora Michele Müller foram publicados nas edições 161 e 162 da Revista Psique, da Editora Escala
3. Havendo nesta mensagem qualquer alegação ou citação que mereça ser melhor avaliada ou que seja contrária aos interesses dos seus autores, mande a sua solicitação para edsonbsb@uol.com.br .

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Busca Interior. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *