(042) Sentindo se a “passagem do tempo” é ilusória.

Há muito, com o meu imaginário, fiquei convencido de que o “tempo” não existe, que a sua aparente “passagem” nada mais é do que uma “sensação ilusória”. Os benefícios desse meu modo de “pensar” foram muitos, principalmente em relação às experiências vivenciadas com a “percepção sensória” das minhas “realidades” (a “interior” e a do “mundo externo”). São “realidades” que variam de acordo com os nossos diferentes “estados de consciência”. Passei a intensificar a valoração do meu “existir”, o que ensejou profundos reflexos no meu sentimento de interação com tudo que existe e “parece existir” por ser ainda desconhecido. Aliás, no livro “O Futuro de Deus”, de Deepak Chopra, encontrei estas explicações:

– (…) como o único universo que podemos conhecer é percebido por meio da nossa mente, pode ser que a nossa mente molde a realidade. Uma lente vermelha faz tudo aparecer vermelho e, mesmo se existirem outras cores, elas não podem ser conhecidas enquanto estivermos olhando o mundo através da lente vermelha. Ver o mundo através das lentes da mente humana é um processo mais complexo que segurar um pedaço de vidro colorido diante dos olhos, mas a mesma limitação se aplica também a esse caso.

Em outro capítulo do livro, esclarece Deepak Chopra:

– A realidade não vai e vem. Ela não nos abandona. O que muda é o modo como nos relacionamos com ela.

Atualmente, prevalece na neurociência a seguinte comprovação sobre o “tempo mental”, assim explicada pelo neurocientista António Damásio, diretor do Instituto do Cérebro e da Criatividade, da Universidade do Sul da Califórnia (fonte: “Lembrando quando tudo aconteceu”, publicado na Edição Especial Física (1), da Scientific American – Brasil, n. 46):

– Várias estruturas cerebrais contribuem para o “tempo mental”, organizando nossas experiências em cronologias de eventos recordados. O “tempo mental” está ligado a como percebemos a passagem do tempo e organizamos tudo cronologicamente. Dispomos os eventos no tempo, decidindo quando ocorreram, em que ordem e em que escala, de uma vida inteira ou de alguns segundos.

Por sua vez, explica Gary Stix, jornalista sênior de Scientific American, no seu artigo sobre “Tempo Real” (fonte: publicado na mesma revista acima referida):

– Uma das perguntas mais emocionantes é se o tempo é ilusório. Esse enigma preocupa não apenas físicos, mas também filósofos e antropólogos. Basicamente, não importa se ele existe realmente. Nossa veneração pelo tempo repousa em uma profunda necessidade psíquica de reconhecer marcos significativos.

É evidente que a finalidade desta mensagem não é a de querer fundamentar a minha prevalecente convicção de que o “tempo” não existe, que é uma ilusão. Selecionei essas citações da neurociência para mostrar que o nosso cérebro desenvolve a capacidade neural de identificação temporal de tudo o que vivenciamos nesta existência, bem como que todos nós temos necessidades psíquicas de marcos temporais significativos que podemos compartilhar na nossa vida (nascimentos, aniversários, formaturas, casamentos, encontros, desencontros, etc.). Considero fantástica essa atividade de organização temporal mas, no meu meu entender, essa atividade cerebral me parece ser condicionante de todas as nossas interações existenciais com a consequente necessidade psíquica dos nossos significativos marcos temporais. Por sua vez, também entendo que a passagem do tempo é uma “abstração” e que é aceitável denominar de “tempo real” os nossos “agora”. Acredito que diante das imposições dessa “ilusória abstração”, não é o “tempo” que passa para nós, mas somos nós que “sensorialmente” passamos pela aparente trajetória do fluir abstrato do tempo, em nossas vidas. Somos, portanto, “viajantes no nosso tempo”.

Sobre o “agora”, gosto deste verso da escritora Lya Luft (fonte: “O tempo é um rio que corre” lançado pela Editora Record):

O tempo não existe:
tudo se resume ao instante.
O antes disso
é um rio que corre
mas não passa.
(Basta chamar:
é sempre agora.)

Gosta desta observação da Monja Coen, primaz fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo do Brasil, que encontrei no seu mais recente livro “A sabedoria da transformação”, lançado no Brasil pela Editora Planeta:

– Há o antes e o depois, mas ambos se manifestam no agora. Sem o antes, não estaríamos aqui. Estar aqui é criar condições para o depois. Entretanto, o depois nunca chega, pois estamos sempre no agora. E o antes nunca volta, porque estamos no agora.

Termino esta mensagem desejando muitos “agora” para o melhor conhecimento da sua “Sensibilidade da Alma”, através das “buscas de si mesmo”.

Notas:
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3.Vídeo do youtube: “Maria Bethânia – Oração ao Tempo””.

Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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