(357) Sentindo o tempo no nosso viver.

O QUE SE PERDE SE CONCENTRA NO INFINITO.

Em nossa caminhada para o “autoconhecimento” também iniciei a mensagem 347 com essas palavras do escritor Marco Lucchesi. Publicada na sua coluna Átrio, com o título “Vozes do Deserto”, Lucchesi inicia perguntando: Como definir a experiência do deserto, senão através de aparente recorrência? (Revista humanitas, 145, da Editora Escala). Mas o principal enfoque deste nosso encontro é outro. Refere-se à subjetiva e condicionante “passagem do tempo” em nossas vidas. O Tempo em que a distinção entre passado, presente e futuro, sempre foi considerada por Albert Einstein (1879-1955) como sendo uma “persistente ilusão”. Para muito, uma infinita duração de “tempo”.

Todos nós temos singularidades de naturezas diversas, que determinam o nosso “jeito de ser” e, para todos, transmitem e modelam percepções de subjetivas de aparências da nossa individualidade. Também, como acredito, influenciam o nosso “sentir” e o nosso “pensar”. Somos portanto, seres únicos.

Pergunto para você:

– COM RELAÇÃO AO FLUIR DO TEMPO EM NOSSAS VIDAS COMO VOCÊ, POR GESTOS, INDICARIA O SEU PASSADO E O SEU ESPERADO FUTURO?

Certamente você indicaria o seu “futuro” apontando para a sua frente. O “passado” da sua história de vida, para o lado das suas costas. Agora vejam que interessante comportamento contado pelo doutor em Educação Histórica pela UFPR, Daniel Medeiros, no seu artigo “Resoluções de Ano Novo”, publicado recentemente na edição 170 da Revista humanitas (por mim numerado):

1. O tempo, por sua vez, não existe apesar da nossa existência, mas, sim, graças a ela. Nossos registros definem o passado; e nossos desejos, o futuro. O presente, embora fugaz e inapreensível, é o único que podemos sentir como nosso, íntimo e profundo. Como o deus Janus da mitologia, vivemos com uma face voltada para a frente e outra para trás. Somos o que fomos. Somos o que queremos ser. E somos porque os outros existem para que possamos dar significado às coisas.

2.Como lembrou a filósofa Hannah Arendt, podemos inclusive refazer o passado pelo perdão e antecipar o futuro pela promessa. Somos, ou podemos ser, senhores de nosso próprio tempo.

3. No entanto, existem outras formas de relação com o tempo e o mundo. Por exemplo, os aimarás, um grupo indígena do altiplano andino, quando falam do futuro, apontam para trás, e quando falam do passado, apontam para a frente. Para eles, o passado é o que conhecemos, por isso está diante de nossos olhos. Já o futuro é o que não podemos ver, por isso está às nossas costas. Em contraste, nós, filhos da civilização judaico-cristã, vivemos em linha reta, deixando o acontecido para trás e mirando no horizonte inventado do que ainda não aconteceu. Modos de ver e de viver. Por isso, estabelecer marcos no passado para não esquecê-lo e marcos no futuro para não nos perdermos dele é tão importante para nós.

Pensem nisso.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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