(023) Sentindo as imagens subjetivas do “comportamento humano”.

Existem momentos em que podemos ficar surpresos com o nosso “comportamento”, ou com os de outras pessoas.
É o que acontece quando vivenciamos certas experiências prerceptivas de “reações emocionais” que, aliás, há muito despertam o intresse de estudiosos e pesquisadores da mente.

Nesta mensagem, vou tecer considerações sobre o recebimento das projeções subjetivas de “comportamentos humanos”, de acordo com o nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”.

Sobre a atividade neural determinante do “comportamento humano”, esclarece Uwe Herwing, do Hospital Psiquiátrico de Zurique, no seu artigo “Eu e eu mesmo” (fonte: Edição Especial sobre “consciência”, publicado na revista Mente Cérebro, da Scientific American/Brasil, n. 46):

– O cérebro (…) contém circuitos especializados para distinguir entre estímulos internos e externos.
Imagens de exame de ressonância magnética funcional revelaram que “o córtex pré-frontal desempenha o papel de centro de comando do cérebro, planeja nossas ações e envia instruções para quaisquer partes do corpo onde são requisitadas”.

Por que o cérebro precisa de mecanismos para descrever a nós mesmos, onde estamos, o que estamos fazendo, quem somos e como os sentimos?

A resposta é simples: vários seres, e não só os humanos, precisam de um nível básico de autopercepção para sobreviver. Um animal que não consegue perceber sua própria identidade e não reconhece o mundo que o rodeia é incapaz de qualquer ação – está completamente desamparado (…).

Antecipo-lhes que esses esclarecimentos serão relevantes para explicar o entendimento da subjetividade dos “comportamentos humanos”.

Para mim, querer compreender o “comportamento humano” sempre dependerá do nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”. Isto porque, o “comportamento humano” revela, de modo “consciente” ou “inconsciente”, as projeções sensórias subjetivas da nossa “realidade interior”, bem como das representações subjetivas processadas pelo cérebro, que são recebidas do nosso “mundo exterior”.

Nas nossas relações interpessoais, mostramos o nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”. Mostramos, através do nosso “jeito de ser”, de “pensar”, de “falar”, de “representar”, de “cantar”, pelas expressões faciais” e, até mesmo, pelo nosso “silenciar” e “aquietar-se”.

A “sensibilidade da alma” pertence à nossa “realidade interior”. Transmite nossas “sensações”, “sentimentos” e “emoções”.

A “sensibilidade da alma”, inclusive molda as representações interiores do nosso “imaginário”. Ela é a nossa interior “identidade subjetiva”. Não tem cor, não tem sexo, mas está refletida em todas as manifestações do nosso “sentir” e do nosso “viver”. Essas manifestações se assemelham a um imã, com o seu campo magnético da nossa essência interior, que “atrai” ou “repele”, em sintonia de harmonização com as nossas “preferências” de envolvimento “existencial” e “espiritual”.

Mas como podemos equacionar a influência da “sensibilidade da alma”, no “comportamento humano?

Como poderemos entender esse processo subjetivo de interação?

Os psicólogos Denise Gimenez Ramos (Coordenadora do Núcleo de Estudos Junguianos, do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Pericles Pinheiro Machado Jr. (Mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, e da Birkebeck, University of London), no artigo “Jung e o caminho em direção a si mesmo”, explicam (fonte: Revista Mente Cérebro, da Scientific American/Brasil, ano XXI, n. 263):

-Uma das ideias centrais da psicologia analítica, criada pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, é o processo de individualização, que percorre toda a evolução humana (tanto no nível pessoal como no coletivo). Trata-se do processo de “tornar-se uma pessoa inteira”, subjetivamente integrada, o que desperta um sentido de autorrealização. É claro que falamos aqui de uma visão idealizada, mas motiva o ser humano do nascimento à velhice e o guia nas escolhas afetivas e profissionais.
Embora todos nós tenhamos os mesmos padrões básicos de comportamento, a relação desses aspectos com a consciência se transforma à medida que novos conteúdos da subjetividade são assimilados pela consciência coletiva.
(…) O processo de individualização, tal como concebido por Jung, é resultante da interação do indivíduo com o coletivo. No plano individual, à medida que a criança se desenvolve, aptidões e características da subjetividade se tornam mais evidentes e singulares. De certo modo, o processo de individualização depende dessa fina sintonia com o que podemos chamar de nossa essência, que, embora dependa da genética, da educação e do ambiente familiar e cultural, certamente a tudo transcende.

Por sua vez, esclarece a psicóloga Virgínia Ferreira (Professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis), em entrevista concedida ao Jornal Correio Braziliense, edição de 7 de dezembro de 2014:

– O sujeito é uma combinação de pelo menos três esferas: orgânica, psicológica e social. Não há como tentar entendê-lo ou explicá-lo a partir de uma esfera. Essas três esferas dão vida e movimento ao sujeito e, juntas, portanto, determinam seu comportamento.
O que determina o comportamento humano, seja esse comportamento violento ou dócil, é a educação que esse sujeito recebeu na infância e, ainda, o psicológico desse sujeito também será influenciado pela educação.

Em seguida, sobre a influência dos eventos ocorridos na nossa infância, complementa a doutora Virgínia:

– É necessário entender que uma criança, ao nascer, é um ser natural. Se quiser fazer xixi ou cocô, faz na fralda; se contrariada vai transformando sua natureza puramente natural numa natureza cultural, o que significa dominar seus impulsos e agir de acordo com a moral. O sujeito, para viver em civilização, deve necessariamente submeter seus impulsos agressivos às regras sociais. Isso é fundamental, porque a educação não extingue tais impulsos, apenas nos ensina que eles devem permanecer sob o domínio da razão, da moral e dos costumes.

Termino esta mensagem afirmando que ao acreditar nas projeções sensórias da subjetividade dos nossos “comportamentos”, estamos mostrando (em todos os nossos relacionamentos) a luminosidade interior da nossa “sensibilidade da alma”.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual para todos.

Sobre Edson Rocha Bomfim

Sou advogado, natural do Rio de Janeiro e moro em Brasília. Idade: Não conto os anos. Tenho vida. Gosto de Arte, Psicologia, Filosofia, Neurociência, Sociologia, Sincronicidade e Espiritualidade. Autores preferidos: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mark Nepo, Cora Coralina, Clarice Lispector, Lya Luft, Mia Couto, Mario Sergio Cortella e Mauro Maldonato. edsonbsb@uol.com.br
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