(250) Sentindo, neste novo ano, o poder de mudar as nossas “realidades” de vida.

“PARA FALAR DE REALIDADE É PRECISO QUE O PERCEBIDO PELA SENSIBILIDADE CHEGUE À CONSCIÊNCIA E ALI SEJA EXAMINADO, PORQUE NÃO BASTA EXPERIMENTAR SEM ENTENDER OU REFERENCIAR O QUE SENTIMOS”
São palavras do psicólogo e filósofo José Maurício de Carvalho, ao comentar a terceira edição do seu livro “O Homem e a Filosofia” que será lançado no Brasil pela Editora Mikelis. O motivo da escolha para iniciar esta mensagem, deve-se ao meu antigo interesse pela necessidade de também se entender as influências recebidas das nossas “realidades” como sendo fontes de “autoconhecimento”. Estou convencido de que é possível, de modo consciente, interpretar, construir, e ressignificar essas “realidades”, reavaliando as percepções vindas do nosso interior e do mundo exterior. Para que isso seja possível, concordo com o escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015):

– A PRIMEIRA CONDIÇÃO PARA MODIFICAR A REALIDADE, CONSISTE EM CONHECÊ-LA.

Acontece que esse conhecimento não é alcançado apenas pela contemplação e análise de uma “realidade” em si mesma. Para o psicólogo Steve Ayan, “nós podemos aprender a antecipar nossas próprias reações em momentos intensos, visualizando os resultados que preferimos e identificando ações que podem mudar sensações futuras”. Portanto, se queremos mudar as nossas “realidades”, inicialmente devemos interpretar os significados sensoriais alcançados com as nossas percepções. Aliás, esse é o objetivo de todas as conhecidas práticas de mindfulness. São essas técnicas de “atenção plena”, que nos ajudam perceber as manifestações sensórias da nossa subjetividade interior. Como sustenta a psicóloga clínica Tiffany Rain Carei, do Hospital Infantil de Seattle, em Washington, “ao aprender a se concentrar nas próprias sensações físicas do aqui e agora, as pessoas ampliam sua capacidade de interocepção”. Esclarece António Damásio, no seu livro “Em busca de Espinosa”, lançado no Brasil pela Editora Companhia Das Letras:

– Quando digo que os sentimentos são constituídos, sobretudo, pela percepção de um certo estado do corpo, ou quando digo que a percepção do estado do corpo forma a essência do sentimento, insisto no valor das palavras “sobretudo” e “essência”. (…) Em muitas circunstâncias, especialmente quando há pouco ou nenhum tempo para reflexão, os sentimentos são de fato constituídos pela percepção de um certo estado do corpo. Noutras circunstâncias, contudo, os sentimentos envolvem a percepção de um certo estado do corpo e a percepção de um certo estado de espírito. Temos imagens não só de um certo estado do corpo mas também, em paralelo, imagens de uma certa forma de pensar.(…) Na construção de um sentimento, a percepção do estado do corpo é, assim, acompanhada pela percepção de temas consonantes com esse estado e pela percepção de um certo modo de pensar.(…) Concluindo, a minha hipótese de trabalho sobre aquilo que são os sentimentos indica que um sentimento é uma percepção de um certo estado do corpo, acompanhado pela percepção de pensamentos com certos temas e pela percepção de um certo modo de pensar. Todo esse conjunto perceptivo se refere à causa que lhe deu origem. Os sentimentos emergem quando a acumulação dos detalhes mapeados no cérebro atinge um determinado nível.

Concordo com António Damásio. Entendo ser o nosso “modo de pensar” que elabora a construção cognitiva de todos os significados das nossas experiências de vida. Mas em todas as relações interpessoais, também devemos escutar com atenção o “modo de pensar” do outro e, assim, comparando, favorecemos uma melhor avaliação das nossas “realidades”. No mesmo sentido, precisam ser aferidas as percepções das nossas interações no “mundo exterior” (principalmente com o esplendor da natureza, preciosa fonte de bem-estar humano). No seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade”, lançado no Brasil pela Editora VOZES, ensina a Doutora Daniela Benzecry:

– A visão de mundo não é simplesmente como um indivíduo pensa o mundo ou acha que pensa o mundo, embora ela interfira nos conceitos e julgamentos que a pessoa faça (pensamento). A visão de mundo de um indivíduo pode estar relacionada a diversas crenças pessoais, aspectos culturais e do espírito da época, mas é sempre subjetiva e individual. Ela orienta a vida da pessoa e vai mudando na medida em que a sua consciência amplia-se pela compreensão oriunda da experiência, assim, a visão de mundo de uma pessoa variará ao longo de sua vida. A visão de mundo é diretamente relacionada aos nossos valores, os definidores das nossas prioridades e, portanto, atua nas nossas escolhas.

Observe que até agora só foram feitas considerações sobre a percepção dos “sentimentos”. Mas os nossos “estados emocionais” também merecem atenção especial para o enfoque desta mensagem. Na obra acima citada, esclarece António Damásio:

– AS EMOÇÕES SÃO UM MEIO NATURAL DE AVALIAR O AMBIENTE QUE NOS RODEIA E REAGIR DE FORMA ADAPTATIVA.

Por sua vez, cabe registrar o interessante estudo do psicólogo holandês Nico Frijda (1927-2015), por ele denominado “Leis das Emoções”. Sobre a da “Realidade Aparente”, explica Marco Callegaro, psicólogo e mestre em Neurociências e Comportamento: “Essa lei valida o que em terapia cognitiva chamamos de interpretação. A lei da realidade aparente postula que as reações emocionais de uma pessoa são causadas pela interpretação da situação, e não da situação em si. Ou seja, não respondemos à realidade, mas ao que consideramos realidade dentro de nosso sistema de crenças e de atribuição de significado.”

Certo é que a “essência interior” dos anseios de renovação de vida, são por nós (e para nós) idealizados de acordo com os desejos e necessidades de futuras realizações em todos os sentidos do nosso existir (inclusive no espiritual). Não basta “querer” mudar a “realidade”, sem antes escolher a “realidade” que gostaríamos de vivenciar. Para os que gostam de Filosofia, acredito que seja assim que devemos entender as três dimensões de vida (a estética,ética e religiosa), que foram concebidas pelo pensador e teólogo dinamarquês Kierkegaard (1813-1855).

Pergunto:

– QUAL É A “REALIDADE” QUE VOCÊ DESEJA PARA 2019?

No início do ano 2010, na primeira edição da Revista Veja, a escritora Lya Luft, para quem dediquei esta nossa jornada de “autoconhecimento” (mensagem 001), assim começou a sua conhecida e consagrada coluna:

– O ano de pensar
“A essência seria esta: neste ano, eu vou pensar. Em mim, na vida,
nos outros, no mundo, em mil coisas ou numa coisa só – que seja
realmente importante.”
Mudança de ano, que, com o Natal, para uns é celebração (estou desse lado), para outros, melancolia.
O que nos atrapalha é que alguém inventou que temos de tomar decisões e fazer projetos para esse novo ano. São quase sempre irreais, quase sempre não cumpridos. Aí já nos frustramos neste mundo de tantas frustrações, em que a gente teria de ser bonito, saudável, competitivo e competente, bom de cama e ruim de mesa, e uma lista interminável de “ter de”.
Pois eu acho que 2010 pode ser o Ano de Pensar. Bom projeto, boa intenção. Uma só, e já é bastante. Pensar: coisa que tão pouco fazemos, embora seja o que nos distingue das outras feras.

Termino, convidando você a “pensar” na sua atual “realidade” de vida, ou em outra desejada. Tudo é possível pelo nosso merecimento, mas no “tempo certo de Deus”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A explicação do Psicólogo Marco Callegaro foi reproduzida da edição 153 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(249) Sentindo a conduta humanista que merecemos receber de todos os profissionais da saúde.

“PARA O CORPO DOENTE É NECESSÁRIO O MÉDICO, PARA A ALMA, O AMIGO: A PALAVRA AFECTUOSA SABE CURAR A DOR”
São palavras de Menandro (342-291 a.C), o mais popular cômico grego da Comédia Nova, última fase da evolução dramática ateniense. Foram por mim escolhidas para iniciar esta mensagem, que me foi inspirada pela entrevista do conhecido médico, Doutor Drauzio Varella, concedida a Gilberto Gil no seu programa “Amigos, Sons e Palavras”, transmitido em 25/09/2018 pelo Canal Brasil. Ao ser perguntado sobre a tecnologia sofisticada atualmente usada pela medicina, em síntese ele respondeu:

– Trata-se de uma tecnologia mais sofisticada, que permite diagnósticos muito mais precisos. Mas medicina só se faz com as mãos. Eu não consigo entender outro tipo de medicina, essa que você fica distanciado das pessoas, olhando mais para as imagens na tela do computador. O inconveniente dessa tecnologia que nos ajuda muito, que é fundamental, é a gente deslocar o centro da atenção no paciente, para o equipamento, para as imagens, além de encarecer muito o tratamento e afastar a medicina das pessoas mais necessitadas. A verdadeira medicina tem que ter o toque. O médico tem que tocar, porque é através do toque que você estabelece a empatia.

Nesta jornada para o “autoconhecimento” já manifestei a necessidade de uma medicina mais humanista, citando como exemplo o atendimento médico-hospitalar da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação (Mensagem 101). Com esta mensagem, o enfoque será diferente, mais subjetivo, e centrado na interação de “encontro de almas”: as dos profissionais da área de saúde, com as dos seus pacientes.

Voltando às palavras de Menandro, percebemos que o seu “sentir” não condiciona a prática da medicina apenas à cura do “corpo doente”, mas também da “alma”. Porque são as palavras de “afeto”, de “amor”, de “esperança” (sejam do médico ou de um amigo) que “curam a dor”, quando são pronunciadas com a essência de sentimentos de “generosidade” (entenda-se a força dessa essência, pelo sentido etimológico da palavra “generosidade”, que vem do latim “gens” e que, de acordo com a sua fonte indo-européia, significa “gerar”, “fazer nascer”).

Gosto desta lição de sabedoria ensinada com a conduta de atendimento do psiquiatra Christophe André, considerado pioneiro na introdução da meditação na psicoterapia, publicada no belo livro “O caminho da sabedoria”, lançado no Brasil pela Editora ALAÚDE, com tradução de Eric Heneault, que recomendo a leitura:

– Para explicar o sofrimento aos meus pacientes e lhes mostrar como vamos trabalhar, tento estabelecer uma diferença – certamente redutora, porém pedagógica – entre a dor e o sofrimento. A dor é a parte biológica, orgânica ou existencial do sofrimento (…). Às vezes, a dor também se materializa por causa de algo que ocorreu: a perda de um filho, de um amigo, de um familiar. Finalmente, a dor é o real que nos fere. O sofrimento designa o impacto da dor sobre a mente, sobre nossa visão do mundo.(…)
Não posso fazer desaparecer a dor dos meus pacientes apenas com palavras – às vezes eles precisam de remédios, ou de tempo, como no caso do luto -, mas posso ajudá-los a entender seu sofrimento e a reduzi-lo com certas abordagens, como psicoterapia ou a meditação. Para aquele que no dia a dia carrega um sofrimento físico ou um mal-estar interior, a arte de viver é indispensável para evitar que os problemas ocupem o centro da vida.

O Doutor Christophe, complementa:

Não podemos esperar conter o sofrimento se não houver amor ao nosso redor. Tenho com frequência pacientes cuja solidão é um grande problema. Eles enfrentariam muito mais facilmente as dificuldades se estivessem cercados por entes queridos, para evitar, toda vez que estão submetidos a grandes sofrimentos, cair no niilismo, na hostilidade contra o gênero humano. Tudo é válido, mesmo a mais ínfima migalha de afeto! Um médico pode dar amor aos seus pacientes, os vizinhos podem dar amor às pessoas que moram ao seu lado, os desconhecidos na rua podem dar amor com um sorriso.

Por sua vez, cabe este registro relacionado ao “toque” mencionado pelo Doutor Drazio Varella:

Em matéria publicada na edição de 25/02/2018 da revista científica PNAS, pesquisadores da Universidade do Colorado sugerem a existência de um possível mecanismo neurológico com o efeito analgésico do toque de outro ser humano. A respeito, esclarecem os participantes da equipe liderada por Pavel Goldstein: “O toque afetivo parece afetar a percepção consciente da dor, expressando assim fatores sociocognitivos. Em consonância com essa descoberta, nossa nova pesquisa mostrou que segurar a mão de um parceiro reduz a ansiedade e a reação da pressão sanguínea ao estresse. Isso leva a crer que fatores emocionais estão envolvidos nos efeitos analgésicos do toque.”

Sobre a “linguagem da pele”, na edição 274, Ano XI, da Revista Mente e Cérebro, lançada no Brasil pela Editora Segmento, com conteúdo estrangeiro sob licença de Scientific American, esclareceu a Editora-chefe Gláucia Leal:

– Para Freud, ego é antes de tudo corporal. No texto “O ego e o id”, de 1923, o criador da psicanálise assinala que as sensações táteis se diferenciam dos demais registros sensoriais por fornecerem dupla percepção: sentimos o objeto que toca nossa pele e, com isso, temos consciência da pele sendo tocada. O psicanalista francês Didier Anzieu, criador do conceito EU-pele, baseia-se em Freud, ao dizer que “toda função psíquica se desenvolve com o apoio de uma função corporal, cujo funcionamento se transpõe para o plano mental”. Ele trata da “bipolaridade tátil”, precursora do psiquismo e da capacidade de subjetivação, de um desdobramento reflexivo do eu consciente que se apoia sobre a experiência tátil – o que, mais tarde, proporcionaria a reflexividade do pensamento.

Por último, peço atenção para esta preocupação que foi transmitida pelo Doutor Roberto Luiz d’Avila, assessor da presidência do Conselho Federal de Medicina, no seu artigo “As humanidades e sua importância no atual exercício da medicina”, publicado em 04/10/2018 no blog “Humanos”, da Comissão de Humanidades do Conselho Federal de Medicina:

– Neste momento, o que mais precisamos é de uma profunda reflexão sobre o papel do médico e a necessária formação humanística dos futuros profissionais, a respeito da dignidade humana, da morte e do morrer, da empatia e da compaixão. Ou seja, uma profunda reflexão filosófica, antropológica e sociológica sobre o que nos faz humanos. Além, é claro, do uso das artes em geral como instrumentos para despertar nos atuais estudantes de medicina e jovens médicos a necessária sensibilidade para ouvir, auscultar e palpar não somente os corpos físicos de seus pacientes, mas principalmente suas almas. Quem são, o que desejam, quais suas crenças, suas necessidades, o quanto amou e foi amado?

Dedico esta mensagem aos médicos que me acompanham em Brasília, agradecendo o atendimento humanista deles recebidos.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(248) Sentindo que a nossa mente parece ter vida própria.

“O MUNDO DAS IDEIAS É UM TERRITÓRIO QUE NOSSA HUMANIDADE AINDA NÃO SABE EXPLORAR DIREITO, PORQUE O NORMAL É QUE A MENTE PAREÇA TER VIDA PRÓPRIA E PENSAR POR SI MESMA, EM VEZ DE O PENSADOR INTERIOR TER DOMÍNIO SOBRE ELA”
São palavras do astrólogo Oscar Quiroga. Fazem parte de uma das previsões do seu horóscopo, publicado na edição 20282 do jornal Correio Braziliense. A exemplo das anteriores (mensagens 097, 122, 149, 152, 153, 154, 196 e 212), desejo que também ensejem enriquecedoras reflexões para você, nesta jornada para o “autoconhecimento”.

Nesta mensagem, merece registro inicial o reconhecimento de que as neurociências têm intensificado estudos e pesquisas sobre a base neural da nossa “mente consciente”. Também peço a sua atenção para esta explicação de António Damásio, professor de neurociência da Universidade do Sul da Califórnia, feita no seu livro “Em busca de Espinosa”, lançado pela Editora Companhia Das Letras com adaptação de Laura Teixeira Motta para o português do Brasil:

– A mente existe porque há um corpo que lhe fornece os seus conteúdos básicos. Por outro lado, a mente desempenha variadas tarefas que são bem úteis para o corpo – o controle da execução de respostas automáticas em relação a um determinado fim, a antevisão e o planejamento de respostas novas, a criação das mais variadas circunstâncias e objetos cuja presença é benéfica para a sobrevida do corpo. As imagens que fluem na mente são o reflexo da interação entre o organismo e o ambiente, o reflexo de como as reações cerebrais ao ambiente afetam o corpo, o reflexo também de como as correlações da fisiologia do corpo estão acontecendo. (…) A descoberta de um nexo causal entre cérebro e mente e a descoberta de uma dependência da mente em relação ao cérebro constituem um progresso, é claro, mas devemos reconhecer que, por si só, não elucidam o problema mente-corpo de forma completa, e que, para que tal elucidação ocorra, precisam ser transpostos diversos obstáculos.

Cabe ainda destacar que na sua vinda ao Brasil, em junho de 2013, ao ser perguntado sobre o que é “mente”, António Damásio respondeu em entrevista concedida à Revista VEJA:

– Ela é uma sucessão de representações criadas através de sistemas visuais, auditivos, táteis e, muito frequentemente, das informações fornecidas pelo próprio corpo sobre o que está acontecendo com ele — quais músculos estão se contraindo, em que ritmo o coração está batendo e assim por diante. Em resumo: a mente é um filme sobre o que se passa no corpo e no mundo a sua volta.

Com estas considerações preliminares, pergunto:

– VOCÊ TEM O DOMÍNIO SOBRE A SUA MENTE?

Antes de responder, observe que Quiroga não afirma, mas apenas considera normal que “a mente pareça ter vida própria e pensar por si mesma, em vez de o pensador interior ter domínio sobre ela”.

Ora, segundo António Damásio, se existe “um nexo causal entre cérebro e mente”; se “a consciência é o processo que enriquece a mente com possibilidades”, entendo que as respostas para a pergunta acima variam de pessoa para pessoa. Mas todos nós temos condições de domínio, no sentido de “esvaziar a mente” por meio das conhecidas práticas meditativas de mindfulness. Acredito que semelhante eficácia para o resultado desse domínio, podemos alcançar pelo estado sensório e existencial de “mente presente”. A respeito, recomendo a leitura do interessante artigo da Doutora Michele Müller, publicado na edição 131 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala. Dele,destaco o seguinte:

1.A observação atenta pode ser entendida como a capacidade de estar presente. A presença, em sua aparente simplicidade, guarda algo impalpável e abstrato que perseguimos com frequência nos lugares errados: “felicidade é estar presente”, como definiu o filósofo Alan Watts, um dos grandes difusores do pensamento asiático no mundo ocidental. Estar presente é o requisito para perceber a vida de forma plena e deixar-se maravilhar por ela.
2.Muito antes do termo mindfulness ganhar popularidade no Ocidente, a psicóloga e pesquisadora Ellen Langer, do Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard, estudava o fenômeno da atenção plena. Quando a mente está presente, ela defende, nos tornarmos sensíveis ao contexto: o domínio da atenção é uma habilidade que como qualquer outra, precisa ser exercitada. Começa com a prática de perceber [acrescento: principalmente com a prática de perceber a si mesmo].
3.Trazer a mente para o presente envolve também o exercício da aceitação, outro conceito enraizado na filosofia oriental.
4.Devemos lembrar que qualquer pergunta que nos fazemos mentalmente vem com todos os tipos de possibilidades – tanto negativas quanto positivas. Criadas e alimentadas pela mente ausente, essas presunções estão quase sempre erradas. Errar nas positivas pode trazer uma enorme frustração. Errar nas negativas – sempre as mais comuns e acompanhadas de evidências que construímos com maestria – nos coloca em constante estado de preocupação.

Termino esta mensagem, com este belo “sentir” de Oscar Quiroga sobre “meditação”:

– Meditar é ansiar pelo infinito, conectar tua presença temporária à eternidade que é a intimidade indestrutível dos átomos de tua constituição, e na inefabilidade da Vida de tua vida. Enquanto não te dedicares com afinco e persistência a pensar além de ti, a meditação continuará sendo um esforço, que não é inútil, porque necessário, mas que não te renderá os frutos maravilhosos que pode te oferecer. Não é suficiente aquietar a mente, manter a espinha reta e a emoção sob domínio, nem tão pouco obteres visões místicas maravilhosas, tudo isso é muito bacana e desejável, mas não é meditar. Quando te tornares capaz de agir de forma impessoal, como agente da Vida, sem te importar se colhes ou não frutos de tuas ações, então e somente então começarás a meditar.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(247) Sentindo a resiliente percepção interior, que ressignificou a vida de Frida Kahlo.

“A PERCEPÇÃO DELIMITA O QUE SOMOS CAPAZES DE SENTIR E COMPREENDER, PORQUANTO CORRESPONDE A UMA ORDENAÇÃO SELETIVA DOS ESTÍMULOS E CRIA UMA BARREIRA ENTRE O QUE PERCEBEMOS E O QUE NÃO PERCEBERMOS. ARTICULA O MUNDO QUE NOS ATINGE, O MUNDO QUE CHEGAMOS A CONHECER E DENTRO DO QUAL NOS CONHECEMOS”
São palavras da artista plástica Fayga Ostrower (1920-2001). Foram selecionadas do seu livro “Criatividade e Processo da Criação”, lançado no Brasil em 1977 pela Editora Vozes.

Todas as minhas leituras dessa obra, são como viagens contagiantes por profundas reflexões sobre o interior processo de “manifestações sensórias” da criatividade humana. Manifestações, que para Fayga não se restringem às conhecidas expressões de arte.

Com admirável e aguçada percepção do seu “sentir” e “pensar”, ela sustenta que o processo de criação ocorre no âmbito da “intuição”, encontrando-se intimamente interligado com o nosso “ser sensível”. Isto porque, mesmo no âmbito conceitual ou intelectual, a criação se articula principalmente através da sensibilidade. Concordo, porque explica o processo intuitivo que ensejou a criação deste espaço virtual, bem como a inspiração e o estilo da escrita de quase todas as suas mensagens (mensagens 017 e 020).

Para iniciar esta mensagem, as palavras de Fayga foram escolhidas porque enriquecem esta nossa jornada para o “autoconhecimento”. É através de uma silenciosa “percepção de si mesmo” que podemos favorecer o “despertar sensório” de imagens significativas da nossa subjetiva singularidade interior (seja qual for a preferida prática de mindfulness). A respeito, esclarece o médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, ao comentar o conto “O Homem da Areia”, de E.T.Hoffmann, lançado no Brasil pela Editora Rocco:

– JUNG NOS EXPLICA QUE FATORES INTERIORES, EM CONJUNÇÃO COM FATORES EXTERIORES, REGISTRADOS PELA PERCEPÇÃO, RECEBEM FORMA E SENTIDO AO PROJETAR IMAGENS. TODO PRODUTO PSÍQUICO SE REVELA EM IMAGENS.

Aliás, no livro citado no início desta mensagem, Fryda assim reafirma a capacidade de transmitir as nossas “imagens sensórias” de “autoconhecimento”:

– O HOMEM PODE FALAR COM EMOÇÃO, MAS ELE PODE FALAR TAMBÉM SOBRE SUAS EMOÇÕES.

Certo é que todos nós somos “seres únicos”, com necessidades de completudes de interações existenciais. Peço atenção para este comentário do Doutor Carlos São Paulo, sobre uma bela obra do escritor americano Daniel Wallace (também lançada no Brasil pela Editora Rocco):

– PEIXE GRANDE: UMA FÁBULA DE AMOR ENTRE PAI E FILHO É COMO A VIDA. HÁ PESSOAS QUE SE AGARRAM AO CONCRETO E OUTRAS QUE PÕEM ÊNFASE NO SENTIDO OCULTO DAS COISAS, APROXIMANDO-SE DESTAS, DE ANTEMÃO, COM UMA DISPOSIÇÃO SIMBÓLICA.
[O livro de Daniel Wallace] conta a história de uma relação entre pai e filho que coloca um confronto entre a narrativa literal dos fatos e as histórias fantásticas. Will Bloom é um jornalista que se preocupa com o que acha verdadeiro, enquanto seu pai, Edward Bloom, vive uma vida de sonhos e fantasias em que conta pequenas histórias fantásticas, encantando a vida das pessoas que as escutam. O filho condena essas histórias por entender que são mentiras, enquanto o pai lhe explica: “Somos contadores de histórias nós dois. Eu falo as minhas e você escreve as suas. É a mesma coisa”.

[O “todo misterioso”], que é o mundo imaterial da psique, brotou o que Jung nomeou de complexo do “EU”. Enquanto o “EU” é responsável pelo pensamento dirigido e lógico que nos ajuda a compartilhar e ser entendido pelo outro, o “todo misterioso” se expressa por meio de um pensamento não dirigido e simbólico, que é a linguagem de nossa natureza. Na primeira metade da vida, estamos tão ocupados com nossas realizações no mundo que esse “Eu” se distancia desse “todo misterioso” que fala uma outra linguagem.

Cada homem experimenta sua história pessoal, mas também a história da humanidade em si. O “Eu” que lhe dá a identidade é uma bricolagem de tudo que existe em todos os outros homens, e é a combinação entre esses fragmentos da psique coletiva que forma o indivíduo como singular.

Quando contamos histórias com frases que oferecem um gradiente energético entre a fala normal e a criação do fantástico, produzimos uma força que nos arrebata do mundo comum para um universo que encanta a vida. Edward Bloom diz ao filho: “A maioria das pessoas conta a história direta. É menos complicado, mas perde-se o interesse”. Enquanto a narrativa direta é bruta, desinteressante e efêmera, a narrativa traduzida das profundezas da alma humana é simbólica e corrige essa distância.

Os símbolos, revelados pelas fantasias, compõem a linguagem da psique e é por meio deles que a relação entre a consciência e o inconsciente se manifesta. Por isso, na psicoterapia, enquanto nossos clientes relatam os acontecimentos, ficamos atentos às fantasias, são elas que trazem e desvendam qual a verdade que se esconde por trás dos relatos.

A realidade objetiva, que compartilhamos com o outro, nos engana e até conseguimos abandonar as certezas absolutas. É só dessa forma que poderemos compreender o outro. De acordo com Jung, nossa psique traduz, filtra, alegoriza, desfigura e até falsifica tudo que nos é transmitido e nada é absolutamente verdadeiro, nem mesmo isso é totalmente verdadeiro. Vivemos imediatamente apenas no mundo das imagens. É através dos símbolos que damos sentido ao existir. (…) Precisamos que a vida tenha significado e, para isso, o “Eu” necessita voltar a se relacionar com o “todo misterioso” ou o Deus dentro de cada um de nós.

Conclui o Doutor Carlos São Paulo:

Em sua hora derradeira, Edward Bloom é levado pelo filho a viver o mito de tornar-se o peixe grande e experimentar sua passagem embalado pelo amor desse filho que aprendeu a se relacionar com o mundo maravilhoso do “todo misterioso” e entendeu a beleza da linguagem literária, ou a linguagem da alma. Para Edward Bloom, um homem conta tantas vezes sua história que se torna uma delas. Acontece que elas continuam vivendo após ele e, desse modo, ele se torna imortal.

Plagiando desse comentário a expressão “a linguagem da alma”, estou convencido ser por ela que mostramos e transmitimos a essência “sensória” e “espiritual” do nosso “EU” interior, por meio dos subjetivos significados das “imagens” recebidas da nossa “Sensibilidade da Alma”. São essas “imagens” (acima explicadas por Jung, pela conjugação de fatores interiores e exteriores registrados pela nossa percepção), que através das nossas buscas de “autoconhecimento” revelam para nós “quem somos” ou ainda “precisamos ser”. Assim como existem as “imagens” que podem ressignificar nossas vidas. Como aconteceu com Frida Kahlo, que tendo a sua perna amputada, fortalecida por sua determinação resiliente proferiu esta pergunta “para si mesmo”::

– PARA QUE PRECISO DE PÉS QUANDO TENHO ASAS PARA VOAR?

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(246) Sentindo as percepções subjetividade das nossas realidades “existenciais” e “imaginárias”.

“PLANTAR UM BOSQUE NA ALMA, E CURTIR A SOMBRA, O VENTO, AS CRIANÇAS, O SOSSEGO. NÃO PRECISAM SER REAIS. EU ATÉ ACHO QUE A REALIDADE NÃO EXISTE: EXISTE O QUE NÓS CRIAMOS, SENTIMOS, VEMOS OU SIMPLESMENTE IMAGINAMOS”
São palavras da escritora Lia Luft, para quem dediquei esta jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001). Foram elas que motivaram esta mensagem, pelo exemplo de atenção que merecem as interações subjetivas com as nossas “realidades” (exterior e interior). Lya Luft, com a sua leveza de estilo literário, conseguiu “brincar” com o “sentir interior” das imagens recebidas do seu imaginário. Parece que foi o belo desse seu interior contemplativo, que lhe transmitiu a sensação de achar não existem as “realidades” desta nossa dimensão de vida. Talvez seja esse mesmo “sentir”, que também inspirou Rousseau, um dos principais filósofos do iluminismo, ter feito esta comparação:

– O MUNDO DA REALIDADE TEM SEUS LIMITES. O MUNDO DA IMAGINAÇÃO NÃO TEM FRONTEIRAS.

Certo é que, as “realidades” do “imaginário humano” espelham o mosaico sensório das “imagens subjetivas”, modeladas pelos estímulos das nossas percepções (com significados que são para nós elaborados, pelos nossos processos cognitivos de interpretação). No meu entender, parece ser o que acontece com as “imagens sensoriais” dos nossos desejos de realizações e de necessidades existenciais, em todos os sentidos do nosso viver (o que, como acredito, também se aplica aos nossos anseios de natureza espiritual).

De acordo com Amit Goswami, é a consciência que causa a “realidade”. Concordo. Realmente todos nós temos consciência das nossas interações existenciais no mundo das nossas “realidades físicas”. O mesmo acontece, em relação às percepções das “imagens sensórias” recebidas das nossas “realidades subjetivas” (que são conscientemente elaboradas pela nossa imaginação). No entanto, cabe registrar que o cérebro não diferencia “realidade” da “imaginação”. Explica o renomado neurocientista Joe Dispenza, citado na abordagem de autoria conjunta da Psicóloga Marineide Almeida Fernandes com o Médico Milton Cesar Ferlin Moura, sobre neuroplasticidade:

– Imaginar é poder. O neurocientista Joe Dispenza, em sua obra Evolve your Brain: the Science of Changing your Mind, revela que o cérebro, longe de ser estático e imutável, está em constante transformação e comportando-se como poderoso instrumento de criação da realidade, mesmo imaginada. Segundo ele, possuímos o poder de, a qualquer instante, trazer à tona uma memória desagradável e revivê-la como se estivesse ocorrendo. Dispenza ressalta ainda que as células cerebrais são constantemente remodeladas e reorganizadas por experiências e pensamentos. A atenção recorrente que se dá tanto às frustrações quanto às preocupações e ansiedades não apenas influencia as emoções como também transforma neurologicamente as pessoas.
Esse poder exercido pela imaginação sobre o indivíduo justifica-se na constatação de o cérebro não discernir realidade e imaginação.

Concluem, os autores dessa esclarecedora abordagem:

– (…) se as pessoas assimilarem as informações de que o cérebro não distingue realidade de imaginação e de que ninguém é mero produto do meio ou de um cérebro condicionado a determinados comportamentos, se tornaram capazes de controlar a maneira como se sentem em relação àquilo que é externo. A forma como se percebem internamente as influências externas define tanto o estado emocional quanto o físico, posto que, para cada pensamento ou sentimento, há a produção de uma química diversa que vicia o corpo. Desse modo, convido os leitores a fazerem uma viagem para seu universo interior e a identificarem, de forma sincera, quais são os vícios emocionais alimentados cotidianamente por pensamentos supérfluos. Lembrem-se: nós possuímos o poder de mudar nossa realidade.

Termino esta mensagem, convidando você para refletir sobre esta significativa e bela síntese de Sampooran Singh, cientista que se dedica ao estudo da integração entre a ciência e espiritualidade:

– A ordem do universo pode ser a ordem de nossas mentes. Tudo que esperienciamos como realidade material nasce da mente condicionada, que por sua vez é a expressão de um reino invisível além do espaço e do tempo.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2. A citação do neurocientista Joe Dispenza, foi reproduzida da referida abordagem sobre neuroplasticidade, de autoria conjunta da Psicóloga Marineide Almeida Fernandes e do Médico Milton Cesar Ferlin Moura, publicada na Edição n. 137, Ano VI, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala. A citação do cientista Sampooran Singh, foi reproduzida do seu artigo/pesquisa sobre “Perspectivas da Realidade”, publicado na Edição n. 72, Ano 16, da Revista SOPHIA, MARÇO/1BRIL DE 2018, lançada no Brasil pela Editora Teosófica.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(245) Sentindo a “essência do espiritual”, na interioridade humana.

“ESPIRITUALIDADE É A RECUSA A QUE A VIDA SE ESGOTE NA SUA MATERIALIDADE, NUMA EXISTÊNCIA QUE TEM SENTIDO EM SI MESMA. NESTA DIREÇÃO, A IDEIA DE ESPIRITUALIDADE, ELA ESTÁ CONECTADA À NOÇÃO DE TRANSCENDÊNCIA. ISTO É, ÀS COISAS DA VIDA. O SENTIDO, ELE É CONSTRUÍDO PARA O ALÉM DO IMEDIATO, DO MOMENTO. ELE ESTÁ MERGULHADO NUMA HISTÓRIA QUE FAZ SENTIDO PELA PRÓPRIA CAPACIDADE DE HONRAR A VIDA”
São palavras do filósofo, escritor e educador Mário Sergio Cortella. Foram escolhidas para iniciar esta mensagem, pelo alcance do seu significado de elevação existencial e espiritual, nesta nossa dimensão de vida.

Foi com Mario Sergio, que aprendi a sabedoria deste ditado chinês:

– Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, ao se encontrarem eles trocam os pães; cada um vai embora com um. Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia, ao se encontrarem trocam as ideias e cada um vai embora com duas.

Aqui, nesta estrada virtual para o “autoconhecimento”, os seus encontros serão “consigo mesmo”, com as “imagens sensórias” da sua subjetividade interior e da sua “Sensibilidade da Alma”. São, portanto, encontros de descobertas que só lhes pertencem.

Após a leitura desta mensagem, sugiro você, em silêncio de “quietude interior”, refletir sobre essas afirmações de Mario Sergio: a de que a “espiritualidade está conectada à noção de “transcendência”; o que faz sentido pela [nossa] “própria capacidade de honrar a vida”.

Gosto deste “sentir” de Jung, assim explicado pelo psicólogo clínico e analista junguiano, Roberto Rosas Fernandes, da International Association for Analytical Psychology (AAP):

– A psicologia analítica, desenvolvida por Carl G. Jung, que colaborou com Freud durante os primeiros anos da psicanálise, apresenta uma ideia avessa à da psicanálise no que diz respeito a Deus, à espiritualidade e as religiões. Para Jung, o ser humano possui um centro profundo e sagrado que o organiza e estabiliza. Esse centro é produtor de símbolos que estruturam a consciência e a levam por um caminho teleológico de desenvolvimento, isto é, voltado a uma meta de expansão. Entre os símbolos produzidos por esse centro último, estão aqueles que representam a divindade e sua força na interioridade humana.

Não posso deixar de registrar nesta mensagem, que estou plenamente convencido de que todos nós temos condições de favorecer o “despertar interior” dos nossos “sentimentos de espiritualidade” (a função buddhi, que em sânscrito é entendida por “intuição espiritual”). Esse “sentir interior”, está em mim conscientemente consolidado no entendimento de aceitação de que “somos seres, com essência espiritual interior de origem transcendente”. Aliás, nesse sentido de “significado existencial”, peço a sua atenção para esta explicação sobre Psicossíntese, do Doutor Luiz Alencar Libório, licenciado em filosofia, teologia e psicologia, com especialização em Psicologia Cognitiva, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE):

– A Psicossíntese é “baseada na premissa de que a vida humana tem um sentido e um significado, e que nós participamos de um universo ordenado e estruturado para facilitar a evolução da consciência de si”. Uma consequência disso é o fato de que a vida de cada pessoa tem um propósito e um significado dentro deste contexto mais amplo, e que o indivíduo pode descobrir isso para trabalhar eficientemente o seu Self.

Certo é que são muitos os benefícios que podemos alcançar, em harmonização interior com a essência sensória da nossa “espiritualidade”. Esclarece a psicoterapeuta Bel Cesar:

– Conforme nos desenvolvemos espiritualmente, ampliamos nosso próprio potencial de percepção da realidade. Adquirimos uma maior compreensão sobre nós e sobre os outros.
A espiritualidade cresce à medida que nos comprometemos a nos torna pessoas cada vez mais lúcidas e generosas, capazes de beneficiar tanto a nós mesmos como um número maior de pessoas, além do meio ambiente no qual vivemos.

Por sua vez, em sua abordagem sobre a “espiritualidade” no ambiente de trabalho, esclarece o escritor e consultor organizacional, Eduardo Shinyashiki:

– A força motora do profissional depende do equilíbrio de quatro pontos: o físico, o emocional, o ético e o espiritual. Se os três primeiros pontos já estão sendo amplamente abordados e trabalhados nas empresas, o lado espiritual está se tornando ainda mais uma necessidade crescente no contexto profissional, não mais considerado tabu dentro das empresas.
Conceitos como força interior, “energia vital”, “equilíbrio”, “imagens mentais” e “meditação” estão se tornando mais comuns dentro do cenário empresarial, abraçando um só princípio: a convicção de que o ser humano tem um enorme potencial de recursos a serem descobertos e utilizados.
Estudos e pesquisas sobre os efeitos da espiritualidade, nas suas diferentes manifestações, foram amplamente discutidos, demonstrando que as práticas espirituais modificam positivamente a maneira como o sistema nervoso reage às pressões, permitindo à pessoa enfrentar os desafios mais complexos com sucesso e satisfação.
Graças à plasticidade do cérebro, as práticas espirituais – como, por exemplo, a meditação, as orações ou as técnicas de relaxamento etc. – remodelam e reorganizam, constantemente, as células cerebrais, melhorando suas habilidades, a capacidade de concentração e a memória. Assim, há um aumento na resistência do estresse, fortificando a clareza mental e a capacidade de tomar decisões.
Todas essas atividades fazem diminuir a ansiedade, mantêm a calma interior em todas as situações e, consequentemente, melhoram o desempenho profissional e os relacionamentos interpessoais, conquistando, assim, o foco nos objetivos e nos próprios valores.

Termino esta mensagem, com esta síntese do monge trapista Thomas Merton, citada em 14/11/2011 por Paulo Coelho, no seu site oficial:

– “A VIDA ESPIRITUAL SE RESUME EM AMAR”.

Notas:

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2.Fontes das citações desta mensagem: De Mário Sérgio Cortella, reproduzida do vídeo do YouTube:”O que é espiritualidade? – Somos 1 só”; dos Psicólogos Roberto Rosas Fernandes e Luiz Alencar Libório, foram reproduzidas dos artigos publicados na Revista PSICOLOGIA, sobre grandes temas do conhecimento, edição especial n. 43 sobre Psicologia & Espiritualidade, publicação da Mythos Editora; da Psicoterapeuta Bel Cesar, foi reproduzida da Edição n. 213 da Revista Bons Fluidos, publicação da Editora Caras e a do escritor e consultor organizacional, Eduardo Shinyashiki, foi reproduzida da Edição 82, Ano VI, outubro de 2012, da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala:
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Muita paz e harmonia espiritual.

(244) Sentindo a energia de um mantra de “AMOR”.

“O AMOR É GRANDE E CABE NESTA JANELA SOBRE O MAR. O MAR É GRANDE E CABE NA CAMA E NO COLCHÃO DE MAR. O AMOR É GRANDE E CABE NO BREVE ESPAÇO DE BEIJAR”
Gosto de “sentir” essa inspiração poética de Carlos Drummond de Andrade. Comparações feitas com o nosso “sentimento maior”, que, muito cedo, sem ninguém ter me ensinado, também aprendi mensurar com o coração e com a minha “Sensibilidade da Alma”.

Defino o “AMOR”, como sendo um sublime “despertar interior”, com essência de “transcendência humana”. Para o meu “sentir”, também é “atração de completude existencial e espiritual”. Por sua vez, pelo fluir do nosso “viver”, compondo o mosaico ainda desconhecido do nosso ciclo evolução em todos os sentidos, tenho a certeza de que nunca vou encontrar dificuldade para entender esse “sentir” de Drummond. O “AMOR”, realmente é grande em todas as sensações de plenitude que conseguimos imaginar. Grande, porque é sentimento sublime e universal.

As comparações de Carlos Drummond de Andrade, não são de grandiosidades conhecidas do nosso mundo físico, em termos de “ocupação de espaços”. Elas são subjetivas, simbólicas para nós, com intensidades imensuráveis de “significados”. Também são representações sensórias de desejos de “AMOR”. Quando realizados, esses desejos perpetuam nos nossos corações, sem as garras das ilusórias “miragens” da passagem do “tempo”, em nossas vidas.

Os sentimentos de “amar”, de “sentir-se amado”, são imutáveis e atemporais. Além disso, para o “AMOR” não existem fronteiras impeditivas, nem diferenças de raça e de cor. Quando ocupam e dominam o nosso coração, somos levados como se fossemos soprados pelos “ventos”, com a mesma leveza dos voos das gaivotas. Assim como também acontece, nas caminhadas do viajante solitário, que segue livre de preconceitos, de discriminações, sendo apenas acompanhado das lembranças dos seus “AMORES” nunca esquecidos.

Eu quero, para todos nós “amantes”, liberdade plena dos “ventos”, como a que foi mostrada por Paulo Coelho no seu belo livro, “Manuscrito encontrado em Accra”, lançado no Brasil pela Editora SEXTANTE, assim para muitos desejada:

– QUEM ME DERA SER COMO O VENTO, QUE NINGUÉM SABE DE ONDE VEM NEM PARA ONDE VAI E QUE MUDA DE DIREÇÃO SEM PRECISAR EXPLICAR ISSO A NINGUÉM.

A motivação desta mensagem, foi um “encontro”, para sempre inesquecível. Principalmente nesta data. É dedicada para pessoa encontrada, sem, por mim, está sendo procurada. Quero que todas as suas leituras, sejam imantadas pela “indução sensória” da energia de envolvimento deste mantra que me foi ensinado pelo monge budista vietnamita, Thich Nhat Hanh:

– ESTOU AQUI PARA VOCÊ!

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual.

(243) Sentindo como encarar uma interior e indesejada identidade de gênero biológico.

“A PESSOA MASCULINA E FEMININA, NÃO É SÓ HOMEM OU SÓ MULHER. DE TUA ALMA NÃO SABES DIZER DE QUE GÊNERO ELA É”
São palavras de Jung, escritas no seu Livro Vermelho. Foram reproduzidas pelo médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo, na sua coluna “Divã Literário”, publicada na edição 151 da Revista PSIQUE, da Editora Escala. Refiro-me à sua análise do livro “A Garota Dinamarquesa”, do escritor americano David Ebershoff, lançado no Brasil pela Editora Fábrica 231. Ele inicia, com o título “O CORPO que habito”, que vem seguido desta síntese e perguntas:

– DE UMA MANEIRA SINGULAR, O LIVRO A GAROTA DINAMARQUESA REFLETE OS CONFLITOS INCONSCIENTES CRIADOS A PARTIR DE ASPECTOS RECUSADOS E REPRIMIDOS NO INTERIOR DA ALMA.
O que é verdadeiro em uma época quando se sabe da limitação do conhecimento humano que muda com as experiências?
O que fazer quando percebemos a natureza de um homem gritar para expressar seu complexo mundo interior, quando seus semelhantes estão fixados no que é aparentemente padrão e não aceitam o que é diferente, atacando-o com as armas da ignorância?

Esse romance de David Ebershoff, conta a história de Einar. Um rapaz que viveu no século XX e foi uma das primeiras pessoas que fizeram uma cirurgia de afirmação de gênero. Na Dinamarca, conheceu Greta. Uma pintora que foi para lá estudar arte. Já casados, ela fazia o marido de modelo e, em suas ambientações de intimidade, pedia para ele se vestir de mulher. Einar passou a ser a sua musa inspiradora, mas sendo tomado por memórias inconscientes que ensejaram “sentir” uma verdade sobre a sua alma inconformada com o corpo que habitava.

Nesta nossa jornada para o “autoconhecimento”, já dediquei mensagem para o “sentir a construção emocional da nossa autoimagem”. Ela foi iniciada, com estas considerações (Mensagem 181):

– Nós somos o que sentimos. Somos, como sentimos ser “para nós mesmos”. É assim que experimentamos as “imagens sensórias” da nossa subjetividade interior.
O “conhecimento de si mesmo” também é modelado pela constituição psíquica das nossas “emoções” e “sentimentos”, de acordo com a exposição aos estímulos recebidos em nossas interações de vivências. Certo é que somos nós que valoramos as “imagens sensórias” das nossas realidades (interior e exterior). Também é certo que se realmente somos o que sentimos ser “para nós mesmos”, temos mais condições de melhor avaliar a compreensão existencial e emocional do ser humano. Essa avaliação personalíssima (exclusivamente nossa) é valiosa para a prática individual do “autoconhecimento”. Ela deverá ser uma elaboração consciente de significados para as nossas vidas e que estejam estruturados principalmente na necessidade humana de “sentir-se bem”. Para ser alcançada a plenitude desse estado, o indivíduo necessariamente deverá buscar harmonização interior de integração “consigo mesmo”, com o seu “jeito de ser”, de “pensar” e de “se sentir” nas suas relações existenciais. O que importa é a beleza interior da sua identidade como “pessoa”. Não a sua exterior aparência estética.

Esta é a primeira mensagem que envolve a questão pessoal sobre “gênero”, estando especificamente relacionada com a complexa diferenciação “cerebral” e “biológica” das imagens perceptivas (sejam de natureza inconsciente ou sensória), que existe entre o “masculino” e o “feminino”, ou vice-versa.

Sempre ressalvando que não sou da área de saúde, considero que sob uma perspectiva de buscas interiores de “autoconhecimento”, a essência do enfoque desta mensagem poderá, como desejo, ajudar na melhor e necessária aceitação do que devemos entender por “orientação sexual” e “identidade sexual”. A respeito, esclarece e adverte a Doutora Maria Irene Maluf, especialista em Psicopedagogia, Educação Especial e Neuroaprendizagem:

– A orientação sexual corresponde à atração erótica por um ou outro sexo e pode ser heterossexual, homossexual ou bissexual. Mas identidade sexual é outra coisa, diz respeito à identificação psicológica com um ou outro sexo, se estabelece antes dos 4 anos de idade e é muito resistente a mudanças.
Há muitos casos difíceis nessa delicada questão. Por exemplo, nos casos de transexualidade, quando a criança ou o jovem se sentem mulher, apesar de terem órgãos sexuais masculinos ou vice-versa. Essas identificações são complexas e podem gerar muito sofrimento, comprometendo o desenvolvimento escolar, familiar, psicológico, profissional etc.
O conhecimento científico, o combate a preconceitos e tabus, por parte dos adultos, podem ser decisivos na vida de muitas crianças.
A presença de adultos capazes de aceitar as diferenças e permitir um desenvolvimento equilibrado é o ideal em todos os casos.

Por sua vez, explica o Doutor Carlos São Paulo, na sua análise junguiana da referida obra do escritor David Ebershoff:

– Os gêneros são determinados por características biológicas, sem levar em conta que cada alma poderá ou não se compatibilizar com o corpo que habita. Alma aqui é um conceito junguiano da relação da psique com o nosso mundo interno. Nascemos com a condição de desenvolver uma ideia sobre quem somos por meio do “complexo do EU”, como descreve a Psicologia Analítica. Esse “Eu” poderá ou não se identificar com o corpo biológico.
Aprendemos sobre os comportamentos humanos analisando os mitos. “Hermafrodito é um mito grego que mostra um corpo masculino dominado por uma natureza feminina. Criado pelas ninfas, tornou-se um jovem belo que não se interessava por mulheres. Um dia, enquanto descansava, a ninfa Salmácis grudou-se a ele e chamou as águas para que os unissem. Hermafrodito tentou se desvencilhar, mas uma força maior fez com que o seu corpo fundisse ao da ninfa. Um só ser tornou-se dois, homem e mulher participando de um único corpo.
Einar, como Hermafrodito, foi sendo dominado por Lili Elbe. Esse foi o nome dado a sua interioridade feminina que estava aprisionada a um corpo que precisava se modificar para atendê-la. Greta foi aos poucos assistindo a essa transformação, mas, como todos que se amam, ela lutou ao seu lado, levando-o a médicos que diagnosticaram desde esquizofrenia até homossexualidade, já que precisavam classificar o que lhes era desconhecido.

O Doutor Carlos São Paulo, assim concluiu a sua esclarecedora análise:

– Nascemos com genitália masculina, feminina ou ambígua. Construímos uma realidade subjetiva de acordo com a complexidade do desenvolvimento da personalidade e nos aprontamos para amar um outro ser humano independentemente das regras estabelecidas como leis que definem as pessoas pela forma como direcionam seu amor.
Em cada indivíduo existem aspectos de si mesmo que são rejeitados. Quando o aspecto recusado é reprimido, criamos conflitos inconscientes, atacando, para compensar, um outro que espelha essas confusões. Essa é uma das razões para as pessoas enfrentarem grandes tensões, discriminação, dor física e psicológica, principalmente quando necessitam exercer a sua natural construção identitária. Felizmente, as ciências médicas contemporâneas vêm subtraindo de seu livro de categorização as situações no homem que foram patologizadas devido à não aceitação do diferente. Isso já é um caminho para desfrutarmos de uma humanidade melhor.

Gosto desta afirmação do neurocientista cognitivo V.S. Ramachndran, feita no seu livro “Fantasmas no Cérebro, lançado no Brasil pela Editora Record, ano 2002, pág. 198, sobre a metáfora que compara a nossa consciência com a parte visível de um iceberg:

– A mais valiosa contribuição de Freud foi a descoberta de que a mente consciente é simplesmente uma fachada e que você é completamente inconsciente de 90% do que realmente se passa em seu cérebro.

Termino, com este meu “pensar” e desejando que esta mensagem ajude a todos entender esse “tudo” que sentimos ser para nós mesmos. Como acredito, assim vamos conseguir, com mais facilidade, ressignificar o nosso “viver”:

UMA DAS CONQUISTAS QUE TODOS NÓS DEVEMOS BUSCAR COM AS NOSSAS PRÁTICAS DE “AUTOCONHECIMENTO”, É PROCURAR ENTENDER (E, SE POSSÍVEL, CRIAR PARA NÓS MESMOS) OS SIGNIFICADOS SENSÓRIOS RECEBIDOS DA NOSSA SUBJETIVIDADE INTERIOR. SERÁ ASSIM, QUE VAMOS PODER FAVORECER O SURGIMENTO DE CONDIÇÕES PERCEPTIVAS PARA MELHOR “SENTIR”, E TAMBÉM SE HARMONIZAR, COM O DESPERTAR DA NOSSA “SENSIBILIDADE DA ALMA”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citação da Doutora Maria Irene Maluf, foi transcrita do seu artigo “MENINO ou MENINA?”, publicado na Edição 144, págs. 20-21, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora ESCALA.
3.O Doutor Carlos São Paulo, é diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia. Endereço eletrônico: calos@ijba.com.br
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Muita paz e harmonia espiritual.

(242) Sentindo com o “tempo da espera”, o que aprendemos com o “AMOR”.

“A CAMINHADA FAZ MAIS SENTIDO QUE O DESTINO FINAL”
São palavras de Paula Santana. Ela é a Diretora de Conteúdo da Revista GPS LIFETIME, primorosa publicação da GPS/BRASÍLIA EDITORA LTDA. Foram por mim garimpadas deste contexto inicial do Editorial “O PROCESSO DA LEVEZA”, da edição n. 20, ano 7:

– Contam os sábios que tudo na vida é processual. Há o momento correto para que cada coisa aconteça. O tempo da espera. Enquanto isso, percebemos que a caminhada faz mais sentido que o destino final. A jornada é que é a graça da vida. Vai, caminha, segue. A chegada é o que menos importa. Porque a vida está no agora. Melhor ainda é quando o presente alcança o futuro.

Que belo despertar interior da “Sensibilidade da Alma” de Paula Santana!

Com esta mensagem, quero perpetuar esse “sentir” de Paula Santana neste meu”agora”, por ser o mais significativo do meu “existir” de buscas de melhorias e de evolução espiritual nesta dimensão de vida: o dia do meu aniversário.

Concordo com os sábios, quando ensinam que em nossas vidas tudo é “processual” e, portanto, “mutável” apesar da ilusória passagem do “tempo”. Mas não me preocupo com a chegada no meu “destino final”. Nele, vou contemplar horizontes de infinitos “renasceres”, porque acredito na transcendente imortalidade da “ALMA”.

Nesta nossa jornada para o “autoconhecimento”, enriqueço esta mensagem com esta sabedoria da “Sensibilidade da Alma” de Mario Rosa, que encontrei no seu artigo “HOMEM: CUIDADO, FRÁGIL”, publicado na mesma edição da referida revista:

– O AMOR FAZ SABER QUE PRECISAMOS SABER ALGO QUE NÃO SABEMOS.
As vidas são escolhas. Feitas mais pela vida do que por nós. Escolhemos a cor da camisa, o dia do casamento, mas não escolhemos quem iremos encontrar com aquela camisa e iremos nos casar. E, assim, vamos escolhendo e sendo escolhidos. Até que o tempo passa e esse acervo de escolhas voluntárias e involuntárias ganha outro nome: vida. Vida vivida. E chega um tempo em que olhamos para trás e fazemos um balanço de tudo que nos escolheu e de tudo que não escolhemos. Eh hora então de se perguntar: ainda eh possível escolher o que não foi escolhido? Ou se deve fazer a escolha de aceitar a vida como foi e vivê-la sem retrovisores?
Cada amor eh uma flecha lançada e sem volta. Mas o arqueiro se pergunta se deve agora mirar novos alvos ou assumir a maestria do seu próprio modo de manejar seu arco. O amor quase nunca vem como resposta. Costuma surgir como perguntas e, por isso, nos faz estremecer. Porque as respostas só valem para o que se foi. Para o que se está vivendo, há as perguntas, as perguntas, novas, que nós fazemos pela primeira vez e, ao fazermos, deixamos de ser o campo tranquilo das respostas que já conhecemos e nos tornamos o abalo sísmico do não saber.
Eu já soube tanto sobre tudo e hoje sei apenas que não sei. E essa autoignorância eh a única certeza de que o amor anda ao meu redor. Eh o amor que nos faz saber que ainda precisamos saber algo que não sabemos. O quê? Não sei. Só vivendo o amor para alcançar essa resposta. E se alcançarmos, quando alcançarmos, o amor terá sido vivido e sobrará dele a resposta que não conseguimos imaginar. E que parecerá tão simples no fim de tudo. Como todas as respostas, como todos ex-amores.
O homem frágil está numa encruzilhada. E, todos os caminhos são escolhas, todos os caminhos são incógnitas.
Para onde seguir significa que caminhos não tomar. Ele deve seguir seu rumo ou deve arriscar novas direções? Mas seu rumo já não eh o conhecido? Não chegou a vez de mudar a trajetória? Ou o seu rumo eh mesmo o seu caminho e mudar eh se perder de si? Ou mudar eh finalmente encontrar-se? Então por que não? O que o prende a que e o que será o que o liberta? Ele foi sempre livre ou prisioneiro? Onde estará a resposta? No amor, ele pressente. Mas por que via?

Concordo com Paula Santana, independente dos nossos caminhos escolhidos:

– HÁ O MOMENTO CORRETO PARA QUE CADA COISA ACONTEÇA.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
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Muita paz e harmonia espiritual.

(241) Sentindo o poder de atração do nosso coração.

“NADA DO QUE VIVEMOS TEM SENTIDO, SE NÃO TOCARMOS O CORAÇÃO DAS PESSOAS”
São palavras vindas da “Sensibilidade da Alma” de Cora Coralina. Com essência de inspiração divina, essa “lição de vida”, sublime em significados para as nossas interações existenciais, foi perpetuada em um dos versos da sua conhecida poesia “Saber viver” e também escolhida para iniciar esta nossa jornada para o “autoconhecimento” (Mensagem 001). O simbolismo do coração é antigo. Na civilização asteca, representava o “centro da força vital”, na mitologia greco romana, o “princípio da vida”, na Índia, a morada de “BRAHMA”.

O que motivou esta mensagem foram estas considerações Doutora Michele Müller, especialista em Neurociências e Neuropsicologia Educacional, sobre “Comunicação Energética” no âmbito da comunicação interpessoal. Destaco o seguinte:

– Aquilo que muitos identificam como uma sensação de estar em um ambiente cercado de “boas energias” ou, ao contrário, “carregado” de energia negativa, deixou o campo místico dos eventos inexplicáveis e se tornou algo mensurável com o desenvolvimento de medidores biomagnéticos mais sensíveis.
O coração é a nossa mais poderosa fonte de energia eletromagnética. O campo magnético que ele produz é cem vezes mais forte que o gerado pelo cérebro e pode ser detectado por magnetômetros a metros de distância. Ou seja, esse campo envolve e afeta todas as células do corpo e se expande para o ambiente externo, enviando informações sobre o nosso estado emocional. (…) A habilidade de detectar campos energéticos emitidos por pessoas, animais e pela terra (atividade geomagnética) pode ser considerada um produto do que chamamos de intuição. (…) A intuição nos permite entrar em contato com sentimentos e percepções geralmente escondidos sob o produto desordenado do pensamento.

Para o enfoque desta jornada para o “autoconhecimento”, acrescento o seguinte:

Certo é que todo ser humano tem facilidade para “sentir” e expressar a pureza interior dos seus sentimentos, desde de que se dedique a “escutar” o seu coração.

Por sua vez, entendo que a magia da sensória linguagem do “AMOR” (transmitida pelo coração), pode ser comparada a uma das nossas funções psíquicas irracionais que, segundo Jung, nos fazem perceber o “mundo interior” (e, também o exterior) sem a lógica da razão. Talvez seja por isso que tenho pensado muito nestas duas afirmações do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

1. Nascemos mergulhados em um só mundo, o mundo interno, onde existem todos os segredos da natureza. Com a consciência, aos poucos vamos nos esquecendo desses segredos à medida que esse universo interior torna-se pequeno e ilógico frente às exigências de nossa adaptação ao mundo exterior, que parece tornar-se a nossa única verdade.
2. O que vivemos é o que experimentamos. O universo ou a psique não têm coisas, mas eventos. Nascemos, crescemos e envelhecemos. Isso é o tempo. O tempo medido em dias é imutável. Tem uma única direção, mas tem outro tempo que não segue essa lei. Tanto faz ir para frente como para trás, é o tempo do inconsciente. E o espaço? Como é essa relação?

Gosto deste “sentir” de Cecília Meireles, porque considero ser o coração o nosso “guia” das emoções e dos sentimentos de “AMOR’, por dimensões infinitas das nossas necessidades de elevação espiritual:

– LIBERDADE DE VOAR NUM HORIZONTE QUALQUER, LIBERDADE DE POUSAR ONDE O CORAÇÃO QUISER.

Termino esta mensagem, que dedico à Ana Clara, convidando você para libertar o seu coração e “sentir” as belezas das imagens do seu “despertar interior”. Nesses voos, pelos horizontes que serão alcançados com a sua “Sensibilidade da Alma”, nunca mais será esquecido este verso do poema “A Triade do Amor”, do poeta inglês Alfred Austin:

– ALMA, CORAÇÃO E CORPO, QUE NÓS ASSIM NOMEAMOS ISOLADAMENTE. NO AMOR NÃO SÃO DIVISÍVEIS E DISTINTOS, MAS INSEPARAVELMENTE UNIDOS.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações da Doutora Michele Müller e as do Doutor Carlos São Paulo, foram respectivamente reproduzidas da Revista PSIQUE, Edições 141 e 124, lançadas no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

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