(240) Sentindo os nossos “sonhos”, como fontes de “autoconhecimento”.

“SONHOS SÃO PROCESSOS NATURAIS QUE EXISTEM EM PARALELO AO SISTEMA ORGÂNICO E PSICOLÓGICO, A FIM DE PROPICIAR MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO EM BUSCA DO EQUILÍBRIO FÍSICO E EMOCIONAL DO SUJEITO SONHADOR”
Essa síntese do entendimento de Jung está contida no artigo “A importância dos SONHOS”, dos psicólogos Beatriz Acamparato e Silva de Oliveira e João B. de Oliveira Filho, publicado em junho de 2013 na Edição 90, Ano VII, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora ESCALA. Eles sustentam que os nossos sonhos “podem também sugerir uma autorrepresentação da estrutura da psique, fazendo um teatro de operação com a possível, ou mais aceitável, estrutura do ego. Seria como um treinamento para a adaptação necessária ao processo de individuação, crescimento psicológico do sonhador”.

O “sentir” e “pensar” de Jung foi por mim escolhido para iniciar esta mensagem, com a finalidade de mostrar (como, aliás, assim entendo) que os nossos “sonhos” também são fontes de “autoconhecimento”. A respeito, esclarece o neurocientista e pesquisador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sérgio Arthuro, especificamente sobre os sonhos lúdicos:

– O sonho lúdico é um tipo especial de sonho em que sabemos que estamos sonhando. (…) Os sonhos são decorrentes da atividade do cérebro enquanto estamos dormindo. Têm a ver com os nossos pensamentos e memórias de experiências passadas, bem como planos para o futuro, desejos e preocupações. Quando sonhamos com uma pessoa dizendo algo que achamos interessante ou importante, é claro que não foi realmente ela que falou, mas, sim, a nossa própria consciência projetada nela. Dessa forma, antes de querer entender o mundo, como disse Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Analisando nossos sonhos, podemos compreender melhor quem somos.

Gosto e peço atenção para esta explicação do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

– Nossas figuras internas, muitas delas desconhecidas, aparecem em nossos sonhos. Elas nos indicam uma direção a seguir, como coparticipantes de nosso destino. Nem sempre as escutamos. Por vezes, não as compreendemos. Outras, achamos que elas explicam acontecimentos do cotidiano apenas para lembrar que eles existiram. E, frequentemente, queremos categorizá-las. Como se os fenômenos do mundo das trevas interior pudessem ser explicados com o nosso habitual modo de pensar. Essas imagens, grosso modo, querem, somente, sinalizar nossa incompletude veiculada pela solidão e pela saudade.
Nossos sonhos podem ser fantásticos e alucinatórios ou, apenas, aparecer como o cotidiano vestido na roupagem dos acontecimentos comuns e sem sentido para a consciência. Outras vezes trazem a vivência do momento, reeditada com a transcrição de experiências passadas, governadas pelos medos, desejos e esperanças. Quando não atendemos às orientações desses personagens e acontecimentos internos, mas, apenas tentamos nos adaptar ao mundo externo no que esperam de nós, corremos o risco de perder a individualidade. Isso significa viver uma vida fútil e sem sentido.

Por sua vez, na sua aferição analítica da obra “Duas Narrativas Fantásticas: A Dócio e O Sonho de um Homem Ridículo”, de Fiódor Dostoiévski, lançada no Brasil pela Editora 34, esclarece o doutor Carlos São Paulo:

– Nossas sensações e afetos são vestidos com imagens que vão aparecer em nossos sonhos. Essas imagens traduzem símbolos, que se agrupam para descrever o mito que melhor manifesta na ordem interior, que inclui o que é pessoal como, também, o que vai além dele. O mito (e a metáfora) é, talvez, a única linguagem do nosso cérebro arcaico, que pode revelar as “verdades” mais profundas da natureza humana. Dessa forma os sonhos nos ajudam a escolher o caminho que conecta nosso pequeno eu à imensidão do desconhecido, para cumprirmos a nossa evolução.

Termino esta mensagem, com este meu “pensar”:

– Se no final do século XX, Freud e Jung consolidaram as bases do entendimento psicanalítico de que os nossos sonhos têm origem no inconsciente, é o que basta para reforçar o meu convencimento de que os “sonhos” também são fontes de “autoconhecimento”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações do neurocientista Sérgio Arthuro e do doutor Carlos São Paulo foram reproduzidas das edições 123,
102 e 107 da Revista PSIQUE, da Editora ESCALA.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(239) Sentindo a essência interior da nossa “religiosidade”.

“O DIVINO ESCREVE MISTÉRIOS ESPIRITUAIS EM SEU CORAÇÃO, ONDE ELES ESPERAM SILENCIOSAMENTE POR SEREM DESPERTOS”
Escolhi essa inspiração do poeta místico Rumi (1207-1273) para iniciar esta mensagem sobre o surgimento do nosso sentimento de religiosidade. Ela foi motivada pela notícia publicada hoje no portal do jornal Correio Braziliense, na seção Ciência e Saúde, sendo postada por Vilhena Soares. Refere-se ao estudo de pesquisadores da Universidade Coventry, no Reino Unido, com a finalidade de desvendar o que impulsiona a religiosidade humana: se é a intuição ou a razão. Dela destaco o seguinte: 1. Foram feitos questionários, testes e exames de imagens do cérebro com peregrinos que fizeram o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. 2. Segundo o professor Correio Miguel Farias, autor principal da pesquisa, “os dados sociológicos e históricos disponíveis mostram que nossas crenças são principalmente baseadas em fatores sociais e educacionais e não em estilos cognitivos, como o pensamento intuitivo ou analítico. Nós não achamos que as pessoas são ‘crentes nascidas’. (…) A crença religiosa, provavelmente, é arraigada na cultura e não em alguma intuição primitiva.”

Entendendo que além da “educação” existem outros influenciadores das crenças religiosas, comenta a doutora Nicole Bacellar Zaneti, doutora em psicologia da religião e professora substituta do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB):

– Esses pesquisadores destacam que não tem como provar que pessoas religiosas sejam mais intuitivas que racionais, e atestam isso por meio desses experimentos. Concordo que essas crenças possuem, como forte influência, um contexto sociocultural da própria pessoa. Acredito que temos de considerar ainda outros fatores, como a dimensão familiar, por exemplo, que é o primeiro ambiente social que experimentamos.

Complementando, ela sustenta que o tema da religiosidade precisa ser mais estudado, porque pode ajudar consideravelmente na área médica. Esclarece:

– Temos muita dificuldade em lidar com a espiritualidade do paciente. Na formação de psicólogo, esse tema não é tão explorado. Apesar de muito silenciada, a religiosidade é algo que interfere no comportamento do indivíduo, inclusive em sua sexualidade. (…) Muitas vezes pensamos que uma pessoa precisa frequentar uma instituição para ser religiosa, mas o que ela faz e pensa sobre o sentido da vida é uma religiosidade, não é necessário estar em uma instituição religiosa.

Por sua vez, assim se posiciona a psicóloga Miryelle Pedrosa, do Instituto de Câncer de Brasília (ICB):

– A investigação mostra a importância da cultura, e a responsabilidade que ela tem de constituir cada sujeito. E falamos da cultura como um todo, seja em casa, na escola, nas leis que seguimos.

De acordo com a doutora Miryelle, o mundo está em transformação. “Hoje, temos o universo virtual, com maior acesso a informações do que antes, com dados sobre culturas e filosofias diferentes de nós. Essa mudança [na sociedade] vai interferir na maneira como construímos nossas crenças ou na não construção delas.”

Nesta jornada para o “autoconhecimento”, já dediquei as seguintes mensagens sobre a essência espiritual do nosso despertar interior de “religiosidade” (115, 126, 134, 142, 174, 202 e 212).

Pessoalmente, considero expressiva em “significado interior” esta afirmação conjunta do psicólogo clínico Julio Peres e do psiquiatra Alexandre Moreira Almeida, que encontrei na abordagem “Espiritualidade Restauradora”, sobre o impacto da fé em vítimas de traumas psicológicos, publicada na edição 24, Ano II, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– A religiosidade e a espiritualidade estão fortemente enraizadas numa busca pessoal para compreender a vida, seu significado e suas relações com o sagrado ou transcendente. Assim, as crenças e práticas espirituais e/ou religiosas podem contemplar essa necessidade de buscar um sentido mais amplo para a vida e influenciar a maneira como as pessoas interpretam e lidam com acontecimentos traumáticos.

Agora, prestem atenção a esta conclusão desses profissionais da área de saúde:

– É NO MÍNIMO CURIOSO COMO A SUBJETIVIDADE E AS RESPECTIVAS REPRESENTAÇÕES INTERNAS ARTICULAM PERCEPÇÕES, MEMÓRIAS E SISTEMAS DE CRENÇAS CAPAZES DE GERAR RESPOSTAS OBJETIVAS AO LONGO DA VIDA.

Esse é o meu “sentir” sobre o despertar interior da nossa “consciência transpessoal” de “religiosidade”, independente das nossas conhecidas vinculações de vivências externas favoráveis.

Certo é que já existe o “olhar das neurociências” para a “percepção sensória” da “essência interior” da “religiosidade humana”. Como exemplo cito as pesquisas do neurocientista Mario Beauregard, professor da Universidade de Montreal que se dedica à descoberta das bases neurais dos nossos sentimentos de religiosidade. Também merece referência o Físico Quântico Amit Goswami, incansável defensor da conciliação entre a ciência e a espiritualidade.
Gosto destas suas afirmações, contidas na entrevista concedida à Revista PSIQUE, publicada na edição 60, Ano V, de dezembro de 2010:

1. Nossas experiências intuitivas são tão sutis que apenas temos tempo para fazer representação mental delas quando somos conscientes delas.

2. Acredito que cedo ou tarde alguém descobriria a base espiritual da Ciência. As coisas estão mudando, o Oriente está ficando mais materialista e o Ocidente mais espiritual. O Oriente sempre acreditou em intuição. Espiritualidade aparece através da intuição, e sempre acreditamos [os orientais] na intuição, porque experiências intuitivas dão crédito aos experimentos. Nunca tivemos problemas com a espiritualidade. O Ocidente, por outro lado, sempre foi cético em relação a esse tipo de experiência. O que satisfaz a mente ocidental é a possibilidade de provar uma teoria por meio de um experimento. O Ocidente foi cético sobre espiritualidade até agora porque ela não pode ser certificada por meio de testes. Mas agora as teorias sobre Deus e espiritualidade são verificáveis e podem ser desenvolvidas tecnologias a partir dessa base.

Termino, com este “pensar” do poeta Rumi que favorece o despertar interior da essência da sua “religiosidade”:

– TUDO NO UNIVERSO ESTÁ DENTRO DE VOCÊ. PERGUNTE TUDO DE SI MESMO.

Notas:

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2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(238) Sentindo o significado poético das nossas presentes “ausências”.

“A POESIA, ASSIM COMO A PALAVRA RELIGIOSA OU ESPIRITUAL, TAMBÉM ASPIRA A SUA PRÓPRIA TRANSCENDÊNCIA, OU SEJA, ABRE CAMINHO PARA UM SENTIMENTO A PARTIR DO QUAL SE TORNA IMPOSSÍVEL REGRESSAR POR COMPLETO AO MUNDO MATERIAL”
São palavras do escritor português Valter Hugo Mãe (nome artístico de Valter Hugo Lemos), nascido na cidade de Saurimo, município de Angola. Foram por mim escolhidas para enriquecer a nossa jornada para o “autoconhecimento” com esta mensagem sobre o nosso sentimento de “ausência”.

Pergunto para você:

– EM NOSSAS VIDAS, EXISTE AUSÊNCIA?

Sempre considerei ser a “ausência”, abstração de um sentimento atemporal que perpetua
em nossas lembranças, as imagens sensórias de realidades que jamais serão por nós esquecidas. No “mundo material”, com o “AMOR” o sentimento de “ausência” é uma paradoxal forma de presença. Talvez esse meu “sentir”, seja assim explicado por Carlos Drummond de Andrade:

– AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Termino com esta bela manifestação poética da “Sensibilidade da Alma” de Vinicius de Moraes, encontrada no livro “Antologia Poética”, que em 1954 reuniu os seus poemas mais significativos:

– Ausência.
(…)
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações da psiquiatra Sofia Bauer e do doutor Eduardo Shinyashiki, foram reproduzidas das edições 136 e 149 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(237) Sentindo a construção e o desenvolvimento do nosso “mundo interior”.

“O HOMEM, EM SEU DESENVOLVIMENTO, CONSTRÓI UM MUNDO INTERIOR QUE FALA A LINGUAGEM DOS SÍMBOLOS E, POR MEIO DELES, RELACIONA-SE COM A NATUREZA QUE NOS HABITA E ÀS SUAS EXIGÊNCIAS”. São palavras do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, comentando a novela “A Morte de Ivan Ilich, de 1886, do escritor russo Lev Tolstói, publicada no Brasil pela Editora 34. O tema central dessa obra literária foi assim resumido pelo doutor Carlos São Paulo:

– Trata-se de uma “profunda reflexão do protagonista ao enfrentar uma doença e a possível morte, que o faz avaliar o que teve validade em sua existência.
Os homens criam um mito coletivo do que é ideal ser dentro de uma sociedade. O EU se ilude e, em lugar de viver a sua verdade, muitos indivíduos procuram atender a esse ideal, esforçando-se para realizar o desejo ambicioso de obter posições sociais e ter poder. Ao adoecerem, dão-se conta da morte, e essa verdade lança-os às alturas para terem uma visão às vezes tardia, de uma vida plástica que, em lugar de respeitar sua singularidade, investiu para atender a verdade coletiva.

É mais uma valiosa contribuição do doutor Carlos São Paulo, que enriquece a nossa jornada para o “autoconhecimento” com os seus conhecimentos consolidados por uma modelar prática terapêutica pautada, de modo exemplar, nos ensinamentos de Carl Gustav Jung. Além do seu entendimento destacado no início desta mensagem, merece atenção esta explicação relacionada ao casamento do personagem principal, mantido sem “envolvimento de alma” e apenas para atender a oportunidade de cumprir a adaptação ao ideal social:

– Em um casamento, buscamos completar-se no outro e esse outro pode nos revelar a relação do EU com a sua própria alma. Para a Psicologia Analítica, “alma” é um conceito que define o modo como o EU se relaciona com o mundo interior, enquanto “persona” determina o modo com que esse mesmo EU se relaciona com o mundo exterior. (…)
Como o mundo externo que compartilhamos faz-nos reféns da razão e nos impede de ouvir os “murmúrios” da natureza que nos torna singular, muitos acabam seguindo o ritmo frenético dos “gritos” produzidos nesse mundo e se conduzem como manadas interessadas em realizar seus desejos ambiciosos de chegar ao sucesso em detrimento da alma.
Quando estamos tensionados entre as exigências de ser um indivíduo singular, imprevisível, adaptado a si mesmos para decidir seus caminhos de acordo com a essência, e a decisão de realizarmos nossos desejos ambiciosos, no silêncio da noite, o EU cede lugar aos sonhos.

Ora, se a construção do nosso “mundo interior” fala a linguagem dos nossos “símbolos”, recorro a esta explicação do doutor Carlos São Paulo sobre o conto “O Cego Estrelinho”, que faz parte do livro “Estórias Abensonhadas”, do escritor moçambicano Mia Couto, lançado no Brasil pela Editora Companhia das Letras, que recomendo a leitura:

– Na Psicologia de Jung, chamamos de símbolo qualquer imagem que funcione como veículo de energia e mistérios. Imagens que mostram uma face conhecida e outra que se esconde da consciência. A atitude da consciência, que, em sua ilusão de realidade, tenta decifrá-las, destrói o símbolo e o reduz a algo como se tivesse existência própria. Ao fazer isso, dissolvemos tais imagens no caldeirão de crenças que pensamos dar acesso à realidade e, aí, desmanchamos o símbolo. A vida humana construiu seus símbolos e lhes deu a condição de nos orientar de volta a essa nossa natureza de que um dia nos afastamos, mergulhados na ilusão da lógica do ego. Os símbolos não precisam dessa lógica e eles são os guias que verdadeiramente, nos levam pelo caminho do destino a ser cumprido. (…) Um dia chegaremos ao mundo dos nossos sonhos. É um mundo colorido, onde dispensaremos o nosso conceito de verdade. Lá, o encontro do mar com o céu será entendido por todos e não apenas, pelos poetas; todos terão o mesmo benefício de enxergar com a alma. Os olhos serão, apenas e tão somente, portas para permitir o livre trânsito entre dois mundos antes unidos.

Sempre ressalvando que não pertenço a nenhuma área de saúde, pelo meu interesse pelos estudos da “psique humana” entendo que somos nós que criamos os “significados” dos nossos “símbolos”, em todas a nossas “vivências sensórias”.

Termino, com este belo e significativo “sentir” do escritor Mia Couto:

– PRECISAMOS REAPRENDER A USAR A IMAGINAÇÃO, PARA VIVERMOS OS ENCANTOS DA VIDA.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações do doutor Carlos São Paulo foram reproduzidas das edições 95 e 150 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(236) Sentindo as imagens e os significados subjetivos das nossas interações existenciais.

“CADA PESSOA QUE PASSA PELA NOSSA VIDA É ÚNICA. SEMPRE DEIXA UM POUCO DE SI MESMO E LEVA UM POUCO DE NÓS. HAVERÁ AQUELES QUE LEVAM MUITO, MAIS NUNCA HAVERÁ ALGUÉM QUE NÃO DEIXE NADA. ESSA É A PROVA EVIDENTE DE QUE DUAS ALMAS NÃO SE ENCONTRAM POR ACASO”.
São palavras do poeta e escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Foram por mim escolhidas para iniciar esta mensagem, porque sempre acreditei em um significado com essência de “transcendência espiritual”, para a nossa existência nesta dimensão de vida e em muitas outras infinitas (de necessidades de melhorias em todos os sentidos). Sempre acreditei que todos nós temos uma missão existencial e espiritual bem definida. Ninguém vive, simplesmente por viver. Não sei, mas talvez também seja essa uma das explicações para a aceitação dos nossos encontros e desencontros. Certo é que o fluir do nosso ciclo de vida é personalíssimo, individual, só nos pertence. Nós temos uma singularidade que precisa ser descoberta (para nós mesmos) através das “projeções sensórias” recebidas da nossa “subjetividade interior”. Gosto deste “pensar” de OSHO, encontrado logo no começo da introdução do seu livro “A jornada de ser humano”, traduzido por Magna Lopes, lançado no Brasil pela Editora Academia, com todos os direitos reservados à Editora Planeta, que recomendo a leitura:

– O homem nasce com uma potencialidade desconhecida, misteriosa. Sua face original não está disponível quando ele vem ao mundo. Ele tem de encontrá-la. Ela vai ser uma descoberta, e aí está sua beleza.

As conhecidas práticas de “autoconhecimento” são as formas que mais favorecem a nossa “conexão interior”. Concebendo a meditação como sendo um dos caminhos para um maior conhecimento da nossa interiorização (assim como também entendo que se aplica à prática da yoga), esclarece a psiquiatra Sofia Bauer, com especialização em Psicologia Positiva:

– A origem da palavra ‘meditar’ tem sua raiz latina em meditatum, que significa ponderar. Entretanto, o conceito mais comum é o que vem também do latim meditare, que quer dizer ‘estar em seu centro’, ‘voltar-se para o centro’. Também pode ser definida como ‘pensar, para se entender, para exercitar a mente e curar’. Em sânscrito, a derivação da palavra medha é sabedoria. Há inúmeros benefícios advindos da meditação. Os mais concretos, conhecidos e facilmente observados são o equilíbrio emocional, o equilíbrio mental, físico (contra doenças), energético, paz interior e um nível superior de consciência. A meditação é uma ferramenta eficiente de pacificação interna, autoconhecimento, descoberta de novos potenciais, de ligação a uma energia superior, de receber intuições para responder questões internas de desenvolvimento individual.

Por sua vez, também merece ser destacado que em nossas buscas interiores de “autoconhecimento”, esse “voltar-se para si mesmos”, esse estado de “escutar solitário”, é condição necessária e muito benéfica. A respeito, esclarece a psicóloga e psicanalista Magda Khouri, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, em entrevista publicada na Edição 136 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– Na perspectiva psicanalítica são múltiplas as modalidades do ser na solidão. Assim como na história, vemos como o sentimento de solidão tem suas características específicas em cada cultura. Pode ser benéfica a solidão como momento de escuta de si próprio, do silêncio necessário para os processos psíquicos serem elaborados. De certo modo, no recuo do circuito social, também temos a oportunidade de sair de nós mesmos para mergulhar nas coisas do mundo. Entre as várias concepções, há uma outra solidão que é próxima à capacidade de estar só, escrita por Winnicott, que se trata de um modo particular de estar consigo mesmo, podendo usufruir os aspectos criativos dessa experiência. O momento inaugural, segundo o autor, é quando a criança é capaz de brincar só ao lado da mãe. Nessa linha de pensamento, é no brincar que tanto o adulto como a criança “fruem na sua liberdade de criação”.

Acrescento o cuidado que devemos tomar com a percepção sensória das nossas “realidades exteriores”, assim explicada pelo doutor Eduardo Shinyashiki, mestre em Neuropsicologia:

1. A Psicologia Cognitiva definiu como distorções cognitivas as modalidades interpretativas que distorcem a realidade e que são a base dos pensamentos automáticos e disfuncionais que caracterizam o diálogo interno negativo. Algumas dessas modalidades disfuncionais de criar atalhos e interpretar a realidade e as experiências da vida são bem comuns.

2.O fato é que nossa mente tende a confirmar a imagem pré-constituída que temos da realidade, tende a encontrar coerência entre o próprio mundo interior e a realidade externa, pois o primeiro objetivo da mente não é a verdade ou a felicidade, mas é encontrar essa coerências. As convicções, as lembranças das experiências passadas, as crenças, os julgamentos, todos os atos mentais são um esforço da nossa mente para dar significado à realidade e tentar compreendê-la.

3. Nos estudos atuais da Psicologia e da Neurociência nos é mostrado que não é a situação externa em si que determina as nossas reações emotivas, pois o mesmo tipo de evento pode ter consequências emocionais diferentes e muito variáveis entre pessoas. Entre os eventos e as nossas reações intervêm os pensamentos, as convicções, as experiências, as modalidades com as quais interpretamos aquilo que observamos e nos acontece no mundo.

Termino, com este belo e significativo “sentir” de Carl Jung:

– QUEM OLHA PARA FORA SONHA. QUEM OLHA PARA DENTRO DESPERTA.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações da psiquiatra Sofia Bauer e do doutor Eduardo Shinyashiki, foram reproduzidas das edições 136 e 149 da Revista PSIQUE, publicação da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(235) Sentindo o que podemos alcançar com a prática da “Meditação Vipassana”.

“O ‘SI MESMO’ PARECE CONTER DIMENSÕES DE SI QUE SOMENTE PODEM SER OBSERVADAS POR MEIO DE INTROSPECÇÃO DIFERENCIADA E CONTÍNUA. O QUE SEI SOBRE MIM NUNCA É O QUE SOU INTEIRAMENTE. SOMOS MUITO MAIS DO QUE CONHECEMOS SOBRE NÓS MESMOS.”
São palavras do analista de renome internacional, Mario Jacoby, ao ser perguntado sobre o Si mesmo (Self) no processo de individuação da psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Realmente, “somos muito mais do que conhecemos sobre nós mesmos”. Certo é que são muitas as conhecidas práticas de “autoconhecimento”. A proposta deste espaço virtual, também está dimensionada para uma sugestiva busca de “transcendência” para o “despertar” da nossa espiritualidade interior, assim por mim definida (mensagem 001):

– Desejo que os nossos futuros encontros sejam caminhadas de buscas e de descobertas pela subjetividade dos nossos “estados de alma”. Que sejam buscas de aprimoramento e de crescimento espiritual, pelas trilhas das nossas trajetórias de vida.

Nesta nossa jornada para o “autoconhecimento”, já dediquei duas mensagens para as “práticas contemplativas” do yoga e da meditação (mensagens 205 e 210). Entenda-se esse “contemplativa”, como sendo a nossa capacidade sensória de “voltar-se para si mesmos” e, também, para o alcance de um desejado estado de “iluminação interior”; experiência vivenciada por Sidarta Gualtama, assim explicada por OSHO no seu livro “BUDA – Sua Vida, Seus Ensinamentos e o Impacto de Sua Presença na Humanidade”, lançado no Brasil pela Editora Cultix, com tradução de Leonardo Freire, que recomendo a leitura:

– Sermões em Silêncio. Não há linguagem que possa expressar a experiência de iluminação. Não pode haver, pela própria natureza do fenômeno. A iluminação acontece além da mente e a linguagem faz parte da mente. A iluminação é uma experiência que acontece em completo silêncio. (…)

Por sua vez, merece registro o posicionamento da pesquisadora do Instituto de Psicologia da UFRJ, Camila Ferreira-Vorkapi. Na sua excelente abordagem publicada na edição 67, Ano VI, da Revista PSIQUE, em julho de 2011, com o título “MEDITAÇÃO: a nova medicina preventiva”, ela sustenta que todas as práticas meditativas são valiosos tratamentos alternativos, porque ensejam o nosso bem-estar e equilíbrio emocional.

Acrescenta, em seguida:

– Um dos objetivos da meditação é induzir a um estado alterado e reprodutível durante a prática, com efeitos positivos e duradouros sobre o corpo e mente. Partindo do pressuposto de que os diferentes estados mentais são acompanhados por diferentes condições neurofisiológicas, pode-se afirmar que a meditação induz a ocorrência de dois tipos de alterações psicofisiológicas. Mudanças no estado são mudanças de curto prazo que ocorrem durante ou imediatamente após a prática de meditação e se referem às alterações sensoriais, cognitivas de autoconsciência. Tais mudanças podem incluir experiências de clareza de percepção, consciência ou de foco de atenção em direção ao objeto de meditação.

O que motivou esta mensagem foi a resposta que transcrevo a seguir, sobre a “Meditação Vipassana”, do escritor Yuval Noah Harari, em entrevista exclusiva publicada no segundo número da Revista ]cultura[, em julho deste ano, da Livraria Cultura/Finac. Com 42 anos de idade, ele é o autor da trilogia composta por estes fantásticos livros: “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” (2011), “Homo Deus – Uma Breve História do Amanhã” (2015) e “21 Lições para o Século 21” (este, com lançamento mundial previsto ainda neste mês de agosto, sendo no Brasil pela Editora Companhia das Letras):

Sobre se a meditação o ajuda a lidar com essa vida de celebridade.

Yuval. Ser uma celebridade envolve tanta pressão e distrações que eu não sei como poderia lidar com isso sem o foco e a paz proporcionados pela meditação. Pratico há quase vinte anos Vipassana, uma técnica baseada na percepção de que o fluxo da mente está intimamente ligado às sensações corporais. Entre mim e o mundo, há sempre sensações corporais: eu não reajo aos eventos do mundo exterior, reajo às sensações que eles provocam no meu corpo. Quando a sensação é desagradável, sinto aversão. Se é agradável, desejo mais. Mesmo quando penso que estou reagindo a uma memória antiga de infância ou que alguém escreveu sobre mim no jornal, a verdade é que tudo se dá no meu corpo. Vipassana me treina a me concentrar no que está acontecendo dentro de mim, e não no mundo exterior, revelando assim os padrões básicos da minha mente. O sofrimento não é uma condição objetiva no mundo, é uma reação gerada pela nossa mente. Além de meditar, a cada ano faço um longo retiro por um mês ou dois. Não é uma fuga da realidade, é o contrário: sinto que por pelo menos duas horas por dia eu realmente observo a realidade como ela é. Nas outras 22 fico sobrecarregado com e-mails, tuítes e vídeos engraçadinhos de gatos.

Termino esta mensagem, com este meu “sentir” sobre a explicação de Yuval:

– Em qualquer prática de meditação, somos nós que criamos (para nós mesmos) as condições que favorecem o equilíbrio do nosso corpo físico, emocional e mental. Sugiro a escolha da técnica Vipassana.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(234) Sentindo a necessidade de um sentido para as escolhas nas nossas vidas.

“O HOMEM PODE VIVER AS COISAS MAIS SURPREENDENTES, SE ELAS TIVEREM SENTIDO PARA ELE. MAS A DIFICULDADE É CRIAR ESSE SENTIDO”.
Em nossas vidas, esse “pensar” de Carl Jung se aplica a tudo: ao nosso agir, aos nossos desejos e ideais, mas desde que haja a necessária “determinação de propósitos”. Para mim, o “viver por viver” não faz sentido, porque será um “viver sem propósito”.

Nesta jornada para o “autoconhecimento”, já manifestei o meu entendimento sobre o significado subjetivo do “sentido da vida” (mensagem 028):

– O “sentido da vida” não é o mesmo para todos nós. É determinado pelas nossas “escolhas”. No “ciclo da vida”, é definido pelo fluir do nosso “viver”. Nem sempre podemos alcançar o “sentido da vida” que desejamos, porque a nossa “existência” é um contínuo “processo de transformação”, sujeito às surpresas da imprevisibilidade.

Certo é que esse “fazer sentido” é uma abstração de “preferência pessoal”. É, portanto, uma espécie de condição exclusiva e “personalíssima”, porque só nos pertence. Talvez seja por isso que eu gosto deste “sentir” de Paulo Coelho:

– O SEU CORAÇÃO ESTÁ, ONDE ESTÁ O SEU TESOURO. E O SEU TESOURO PRECISA SER ENCONTRADO, PARA QUE TUDO POSSA FAZER SENTIDO.

Entendo que o simbólico desse “tesouro” a que se refere Paulo Coelho, está na essência interior da nossa “potencialidade espiritual”, explicada por um sentido maior: o da nossa “Transcendência Universal”, que define a nossa permanência nesta dimensão de vida, pelo ciclo infinito das nossas necessidades de evolução. Aliás, está me parecendo que seja esse o “sentido maior” que inspirou o despertar deste belo “sentir” do poeta e filósofo Mark Nepo (mensagem 119), mostrado no seu livro “A Prática Infinita”, lançado no Brasil pela Editora LeYa, com tradução de Natalie Gerhardt, que recomendo a leitura:

– O lugar da alma na Terra. Eu acredito e dou o meu coração à ideia de que a espiritualidade está atenta e vivendo seu lugar na terra. Uma vida de espírito, independente do caminho que se escolha, começa com a aceitação de fazer parte de algo maior do que si mesmo. O desejo de saber quem realmente somos, de conhecer a verdade da nossa existência e conexão com o Universo é, para mim, a questão fundamental e inspiradora com a qual o coração se compromete, uma vez que se abra pelo amor ou pelo sofrimento. Como somos levados, ou empurrados, para a nossa verdadeira natureza é o que define a espiritualidade e o crescimento espiritual.

Logo em seguida, conclui Mark Nepo:

– Embora cada caminho ofereça alguma forma de refúgio, a jornada de todo ser humano é descobrir – por meio da própria individualidade – a sua relação viva entre alma e mundo, entre ser e experimentar, e entre amor e serviço. (…) Ser humano, crescer e se transformar, em um Universo vivo, que também cresce e se transforma, desperta um senso maior e mais dinâmico de relações interpessoais e com o mundo, enquanto fazemos a nossa jornada pelas profundezas e pelas superfícies da vida. Encontrar o nosso caminho, sozinhos ou juntos, é o objetivo da amizade espiritual. Tudo o que podemos fazer é apoiarmos uns aos outros na jornada de nos tornarmos quem somos e, ao mesmo tempo, compartilhar a nossa experiência com a misteriosa Unidade da Vida.

Termino esta mensagem, desejando que você sempre encontre com as suas escolhas, o melhor caminho para o seu “viver”.

Notas:

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Muita paz e harmonia espiritual.

(233) Sentindo, em nossas vidas, os sentimentos que tornam o cérebro saudável.

“A VIDA É SÓ UMA SEQUÊNCIA DE MOMENTOS. SE ENCADEARMOS ESSAS SEQUÊNCIAS, A VIDA MUDA”.
Em agosto de 2013 tomei conhecimento desta notícia, que resumo: – Orientados pelo professor Fabio Gagliardi Cozman, do Departamento de Engenharia Mecatrônica da Faculdade Politécnica (Poli) da USP, dois engenheiros especialistas da chamada Computação Afetiva (que estuda a representação da emoção humana em robôs), procuram desenvolver um algoritmo capaz de reconhecer a emoção de seres humanos em diferentes meios (vídeo, áudio e até redes sociais). O desafio reside no fato de que a frase “Eu sou um homem”, por exemplo, pode ter cento e quarenta significados diferentes, dependendo do contexto, momento e emoção com que for pronunciada. Segundo o professor Marcos Pereira Barretto, coordenador do Laboratório de Robôs Sociáveis, o objetivo é fazer parte da coalizão brasileira no esforço mundial em criar robôs capazes de compreender e agir de acordo, diferente da Siri, o assistente eletrônico da Apple para celulares e tablets, promovendo diálogos inteiros com as máquinas em vez de frases curtas e pontuadas (Fonte: Usp Online).
Passados exatamente cinco anos, não tenho informações sobre os resultados alcançados. Trata-se de mais uma iniciativa que comprova o surpreendente progresso tecnológico que estamos vivenciando em diversos ramos de pesquisas do conhecimento humano. Faço esse registro inicial porque, de acordo com a proposta desta jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001), nós temos condições de favorecer (em benefício próprio) o conhecimento da nossa “subjetividade interior” e, assim, melhor ressignificar o nosso “viver”. Exemplo a ser seguido, é o de Richard J. Davidson (autor da primeira frase desta mensagem). Amigo de Dalai Lama, Davidson é professor da Universidade de Winsconsin-Madison, PhD em neuropsicologia e pesquisador na área de neurociência afetiva, dedicando-se ao estudo dos sentimentos humanos, das bases neuronais da emoção, inclusive meditação e práticas contemplativas. Enriqueço esta mensagem, destacando da sua conhecida entrevista publicada originalmente no site do jornal espanhol La Vanguardia, em 27/03/2017, com as suas seguintes considerações sobre este seu entendimento – “A base de um cérebro saudável é a bondade, e nós podemos treinar a gentileza e a ternura em qualquer idade” (Tradução: Tibet House Brasil):

1. Sobre a nossa mente.
Davidson. Descobri que uma mente calma pode produzir bem-estar em qualquer tipo de situação. E quando me dediquei a investigar, por meio da neurociência, quais as bases para as emoções, fiquei surpreso por ver como as estruturas do cérebro podem mudar em tão somente duas horas.

2. Sobre a mudança da expressão dos genes.
Davidson. Levamos meditadores ao laboratório e, antes e depois da meditação, tiramos uma amostra de sangue deles para analisar a expressão dos genes. As mudanças são percebidas com precisão. Percebe-se como as zonas com inflamação ou tendência à inflamação tinham uma abrupta redução. Foram descobertas muito importantes para o tratamento da depressão.

3. Sobre empatia e compaixão.
Davidson. Há uma diferença substancial entre empatia e compaixão. A empatia é a capacidade de sentir o que sentem os demais. A compaixão é um estado superior. É ter o compromisso e as ferramentas para aliviar o sofrimento. Uma das coisas mais interessantes que tenho visto nos circuitos neurais da compaixão é que a área motora do cérebro é ativada: a compaixão capacita a pessoa a agir para aliviar o sofrimento do outro.

4. Sobre a ternura.
Davidson. Forma uma parte do circuito da compaixão. Uma das coisas mais importantes que descobri sobre a gentileza e a ternura é que se pode treiná-la em qualquer idade. Os estudos nos dizem que estimular a ternura em crianças e adolescentes melhora os resultados acadêmicos, o bem-estar emocional e a saúde deles.

5. Sobre como poderá ser feito esse treinamento.
Davidson. Primeiro, levando a mente deles até uma pessoa que eles amam. Depois, pedindo que revivam um momento em que essa pessoa estava sofrendo e que cultivem o desejo de livrar essa pessoa do sofrimento. Logo, ampliamos o foco para as pessoas não tão importantes e, por fim, para aquelas que os irritam. Estes exercícios reduzem substancialmente o bullying nas escolas.

6. Sobre o seu programa Healthy Minds (“Mentes Saudáveis”).
Davidson. Foi outro desafio que o Dalai Lama me deu. Temos elaborado uma plataforma mundial para disseminá-lo. O programa tem quatro pilares: a atenção; o cuidado e a conexão com os outros; o contentamento de ser uma pessoa saudável (fechar-se nos próprios sentimentos e pensamentos é uma das causas da depressão)… Por último, ter um propósito na vida, que é algo que está intrinsecamente relacionado ao bem-estar. Tenho visto que a base para um cérebro saudável é a bondade. Treinamos a bondade em um ambiente científico, algo que nunca tinha sido feito antes.

7. Sobre se a “mindfulness” (“atenção plena”), tornou-se um negócio.
Davidson. Cultivar a gentileza é muito mais efetivo do que centrar em si mesmo. São circuitos cerebrais distintos. A meditação em si não interessa para mim. O que me importa é como acessar os circuitos neurais para mudar o seu dia a dia, e sabemos como fazer isso.

Termino esta mensagem, refletindo sobre o “sentir” de Davidson que foi escolhido para iniciá-la:

– A VIDA É SÓ UMA SEQUÊNCIA DE MOMENTOS. SE ENCADEARMOS ESSAS SEQUÊNCIAS, A VIDA MUDA.

Convido você para fazer o mesmos, juntando-se nesta nossa jornada virtual para o “autoconhecimento”.

Notas:

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2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3.Mensagem feita com base na matéria publicada na Edição n. 4, Ano II, da Revista “Por um mundo melhor”, publicação trimestral da Editora Palomitas, de Brasília, e sem fins lucrativos.

Muita paz e harmonia espiritual.

(232) Sentindo um mergulhar interior, na sua”Sensibilidade da Alma”.

‘UM VERDADEIRO ENCONTRO DE ALMAS”
Esse interior elo de interação humana, foi assim sugerido pelo psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung (1875-1961):

– QUANDO ESTIVERMOS DIANTE DO OUTRO SER HUMANO, DEVEMOS PROCURAR QUE OCORRA SOMENTE UM VERDADEIRO ENCONTRO DE ALMAS.

O mesmo desejo para você, nesta jornada para o “autoconhecimento”. Aqui, os encontros são diferentes, singulares, únicos, porque só nos pertencem. São encontros com a nossa “subjetividade”, com a nossa “essência espiritual” e, portanto, com a nossa “Sensibilidade da Alma” (mensagem 001). Como acredito, são eles que nos une a uma totalidade maior de espiritualidade, porque a consciência de todo ser humano é “transpessoal”. Foi essa transcendência que fortaleceu esta certeza de Jung, por ele assim transmitida de modo conclusivo (OC 14/II, § 442):

– QUE O MUNDO, TANTO POR FORA COMO POR DENTRO, É SUSTENTADO POR BASES TRANSCENDENTAIS, É ALGO TÃO CERTO QUANTO A NOSSA PRÓPRIA EXISTÊNCIA.

Aliás, acrescento, que talvez sejam esses nossos encontros individuais de “buscas interiores”, de “descobertas” significativas, que no estudo da etimologia das palavras podem ajudar entender o porquê “Psico”, que vem do grego “psyché”, significa “ALMA”.

Certo é que o ser humano, em sintonia de quietude interior, precisa se harmonizar com a essência espiritual da sua “Sensibilidade da Alma”. Precisa aprender a olhar para “dentro de si mesmo”. É com esse “olhar” que será possível “sentir” o esplendor transcendente da nossa “individualidade espiritual”. É com esse “olhar” que nós vamos poder contemplar a maravilha do fluir existencial pela nossa jornada de ser humano (mensagem 195).

Nem todas as “imagens sensórias” da nossa “ALMA” poderão ser interiormente projetadas para nós, porque muitas delas ainda pertencem a dimensões desconhecidas do nosso atual ciclo de evolução espiritual. A “alma humana”, assim como a nossa “mente”, pode ser comparada à imensidão de um “grande oceano”. Foi o que aprendi com esta bela idealização da psicóloga clínica e mestre em psicologia pela USP, Laura Carmilo Granado, publicada com o título “Eu sou normal?”, na primeira edição da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala [referindo-se a questionamentos de normalidade no estudo de doenças mentais]:

– Nenhum ser humano é igual ao outro. Cada mente tem a grandeza de um oceano e não é possível reduzir tal imensidão a um padrão com limites tão circunscritos como o de “normalidade”. (…) Quando, com muita calma e tranqüilidade colocamos um pé e depois o outro dentro do mar, aos poucos vemos que a força das ondas pode ser usada a nosso favor. Olhando de perto, o estranho se torna familiar. Quando olhamos nossa alma com veracidade, com disposição, os redemoinhos que pareciam mortíferos mostram-se como aspectos da grandiosidade humana.
Quando questionada sobre se a terapia torna as pessoas “normais”, respondo que o mar, em muitos momentos, pode se mostrar bravio, com redemoinhos e correntezas, mas suas riquezas e belezas não deixam de existir por isso.
Mesmo na tempestade, não é preciso sair de um oceano para enxergar sua beleza. Basta vê-lo de outro ponto, dar um mergulho mais fundo e vê-lo por inteiro, como o faz a terapia em nossas almas. A braveza do mar é apenas um movimento que ele apresenta em um dado momento. Todos os elementos de um oceano – braveza, redemoinhos, correntezas, calmaria, riquezas, belezas – servem, então, para torná-lo pleno e imenso.

Em seguida conclui:

– O ser humano, em determinado momento da vida, manifesta-se em tristeza, sofrimento, dúvida, confusão e dor, tais como os redemoinhos estão para o mar. Isso é “anormal”? Respondo que não, que esses são apenas alguns movimentos possíveis. O mergulhar na própria alma mostra que todas as riquezas, os tesouros e brilhos continuam lá, independente do movimento atual. O psicoterapeuta é uma corda que se tem à mão e que nos assegura a possibilidade de ir fundo, ver tudo o que há, emergir e enxergar-se pleno.

Termino, com este meu pedido:

– NOS SEUS ENCONTROS DE BUSCAS DE “AUTOCONHECIMENTO”, MERGULHE NA IMENSIDÃO DA ESSÊNCIA ESPIRITUAL DA SUA “SENSIBILIDADE DA ALMA”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
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Muita paz e harmonia espiritual.

(231) Sentido a percepção interior das nossas realidades, como fonte de “autoconhecimento”.

“TEM HORAS ANTIGAS QUE FICARAM MUITO MAIS PERTO DA GENTE DO QUE OUTRAS, DE RECENTE DATA. O SENHOR MESMO SABE.”
Gosto desse belo fraseado de brincar com as palavras, do poeta Guimarães Rosa. A passagem ilusória do tempo, em nossas vidas, perpetua lembranças marcantes das nossas “realidades existenciais”. Assim, também acontece com todas as vivências de “interações sensórias” (sejam elas por nós escolhidas, ou não). Para o pensador Kierkegaard (1813-1855), considerado o pai da “filosofia da existência”, somos nós que escolhemos o tipo de vida que desejamos (não há, portanto, imposições). Ele concebeu três dimensões para o nosso viver: a estética, a ética e a religiosa (esta última, considerada a mais elevada da existência humana). Como somos seres com “essência existencial” de origem transcendente, entendo que através das conhecidas práticas de “autoconhecimento” favorecemos o despertar interior do nosso “buddhi” (“intuição espiritual”, em sânscrito).

Que sensação gostosa eu sinto quando leio estas manifestações da “Sensibilidade da Alma” do filósofo e teósofo Barry Bowden, contidas no seu artigo “O Caminho do autoconhecimento”, publicado na edição n. 60, Ano 14, da Revista SOPHIA, Mar/Abr 2016, lançada no Brasil pela Editora Teosófica:

– A beleza da senda interna é uma maravilha que, quando vivenciada, parece iluminar a mente. Começamos a compreender que todas as expressões da vida, desencadeadas por eventos externos, na verdade estão dentro de nós, e transcendemos uma das grandes ilusões do ser humano. (…) Logo que começamos a observar os sentimentos, passamos a ver que sempre há uma ligação com o pensamento, em todas as coisas que fazemos. Uma vez notados, os sentimentos podem também ser observados sem apego, como um pássaro que passa voando.

Nesta jornada para o “autoconhecimento”, iniciei a quarta parte da série anterior de mensagens citanto este “sentir” do filósofo alemão Arthur Schopenhauer – “O MUNDO É REPRESENTAÇÃO”. Nele, os significados de tudo que existe, se mostram para nós modelados pelas matizes das percepções do nosso “sentir interior”, elaborados pelos processos cognitivos de “interpretação”. Esclarece a Psicóloga Lilian Graziano, no seu interessante artigo sobre o nosso “Poder do Foco”, publicado na edição 99, Ano VIII, da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala:

– A Psicologia Cognitiva (e antes dela o próprio budismo) sempre soube que o ser humano não se comporta em relação à realidade objetiva, mas, sim, em relação à sua percepção acerca dessa realidade. Isso significa que o foco para o qual direcionamos nossa atenção se torna a nossa própria realidade.

Enriqueço o enfoque inicial desta mensagem, com as seguintes considerações do psicólogo, pedagogo e filósofo José Mauricio de Carvalho, selecionadas do comentário do seu livro “O homem e a Filosofia, pequenas meditações sobre a existência e a cultura, cuja terceira edição revisada e atualizada se encontra no prelo (matéria de capa da edição 139, Ano X, da Revista Filosofia, também lançada no Brasil pela conceituada Editora Escala, com esta chamada: “VIDAS que importam – Como a Filosofia pode dar significado à existência, revelando quem somos e no nosso lugar no mundo”):

1. Somos seres relacionais, estando em constante conexão com diversos aspectos da existência, dentre eles, a cultura. Viver torna-se parte de um projeto, com riscos em que fazem parte o incerto e o inesperado.
2. Para falar de realidade é preciso que o percebido pela sensibilidade chegue à consciência. Não basta experimentar sem entender o que sentimos.
3. Existência descreve algo, ou melhor, diz que algo tem realidade. (…) A questão da existência, já o dissemos, relaciona-se com a realidade, e realidade é problema que há séculos desperta a curiosidade humana. E o que é realidade? O termo foi entendido de muitos modos na história. Podemos dizer que a realidade é o que se experimenta pelos sentidos, em contraposição ao que pensamos. É algo que toca a sensibilidade em contraposição ao raciocínio. Porém, para falar de realidade é preciso que o percebido pela sensibilidade chegue à consciência e ali seja examinado, porque não basta experimentar sem entender ou referenciar o que sentimos.
4. A Filosofia contemporânea considerou a existência como categoria para descrever o ser do homem: ele, como existente, não se separa do mundo.

Termino, com este “sentir” de Spinoza, grande pensador do século XVII:

– A fonte de tudo é a mesma, infinita e eterna. E nós somos manifestações dessa fonte, em constante movimento de interação.

Complemento:

– NESTA DIMENSÃO DE NECESSIDADES DE EVOLUÇÃO ESPIRITUAL, O SIGNIFICADO EXISTENCIAL DAS NOSSAS REALIDADES É FONTE PRECIOSA E INDIVIDUAL DE “AUTOCONHECIMENTO”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

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