Sempre tive aguçado o meu dom de “auto-observação”, que é a capacidade de “perceber” todas as nossas manifestações sensitivas. É um “sentir” natural que nem sempre tem a sua causa conhecida. Explica Ravi Ravindra, professor de Física e Religião da Universidade Dalhousie, no Canada (Fonte: “Uma vida espiritual”, publicado na Revista SOPHIA, Ano 14, n. 61, lançada no Brasil pela Editora Teosófica):
– A auto-observação imparcial pode começar com qualquer coisa: os próprios gestos, a postura, o tom de voz, o comportamento com relação às crianças, a um animal de estimação, a uma planta. Qualquer coisa, porque cada um de nós é como um holograma; qualquer detalhe de nós mostra toda a nossa história, nossas aspirações e nosso futuro. O que se exige é a imparcialidade, porque, de outra forma, a pessoa estaria sempre certa em seus próprios olhos. (…) é verdadeiramente a condição sine qua non de uma vida espiritual. Se eu vejo de modo cada vez mais imparcial como a minha vida é vivida, então qualquer necessidade de transformação e qualquer esforço nesse sentido segue-se naturalmente.
Achei interessante condicionar a “auto-observação” à uma conduta de natureza “espiritual” ou “religiosa” (na transcrição acima, referida por “vida espiritual”), porque essa opção, por si só, já é prenúncio de significativas possibilidades futuras de transformações relacionadas com o nosso modo de ser, de pensar, e de viver.
Esta mensagem foi motivada pela interessante abordagem da jornalista Roberta Lotti, da Associação Palas Athena, publicada na edição n.220, de junho de 2017, da Revista Bons Fluidos, lançada no Brasil em 1996 pela Editora Caras. Em síntese, é um sugestivo convite para se ficar mais perceptivo nesta época do ano (estação do inverno), quando somos mais influenciados para exercitar a prática da “auto-observação”. Destaco o seguinte:
– A Natureza é uma grande mestra e mostra que tudo tem a “estação certa”. Agora é a vez do recolhimento sereno… de acender a luz interna… de investigar os frutos que queremos deixar para o mundo. Na vida, experimentamos momentos dinâmicos e de agitação seguidos por esvaziamentos e paradas, essenciais para o surgimento de novos ciclos. Assim são as estações do ano, que em um movimento de expansão (primavera-verão) e contração (outono-inverno) nos remetem aos ritmos necessários ao fluxo do bem-estar.
Complementa a psicóloga e psicoterapeuta Sandra Taiar, com este esclarecimento:
– É um tempo de purificação das intenções, de se libertar dos velhos padrões negativos e se preparar para as mudanças que virão na próxima temporada. É um momento de ir mais fundo na alma, buscar harmonia, olhar as estrelas.
Por sua vez, de modo conclusivo também reforça o filósofo francês Edgar Morin, citado por Roberta Lotti:
– (…) ao amadurecer a consciência de que somos parte da comunidade da vida, nos humanizamos e, portanto, temos mais condições de sanar as crises de valores no plano das relações e convivências. Saber que uma estação chegou ao fim e outra começa, portanto, implica muito mais do que observar as novas coleções de roupas que ocupam as vitrines. É quase um repactuar de perspectivas.
Termino esta mensagem, manifestando o meu convencimento de que todos nós somos seres de natureza sensória cíclica e, portanto, sujeitos às influências que, como acontece com as mudanças das fases da lua, atuam na nossa realidade interior.
Notas:
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Todo processo de autoconhecimento é caminho de harmonização interior com a essência transcendente da nossa “singularidade existencial”. É simples ser iniciado: – basta exercitar o “voltar-se para si mesmo”.
Há muito a máxima “conhece a ti mesmo” foi inscrita no Templo de Apolo, em Delfos. Tudo acontece “em nós” e “para nós”, quando conseguimos alcançar o estado sensório de “quietude interior”. É uma quase ausência de pensamento que nos envolve e favorece o escutar de um silêncio que vem de “dentro de nós”. O “silêncio interior” que nos coloca em comunhão plena de integração com tudo que existe no Universo, porque dele fazemos parte. O ser humano precisa ser mais guiado pelo seu “sentir interior” e não, apenas, pela prevalência da racionalidade do seu “pensar”.
Gosto desta parte da carta de Jung, escrita em janeiro de 1956 para o Prof. Eugen Bohler (Fonte: “Cartas de C. G. Jung”, Aniela Jaffé, Ano 2003, vol. III: 1956/1961, Petrópolis: Vozes):
– Mas a pessoa humana e sua alma, o indivíduo, é o único e verdadeiro portador da vida, que não apenas trabalha, como, dorme, se reproduz e morre, mas que tem um destino cheio de sentido e que o ultrapassa…
Embora não pertença à área de saúde que estuda a “psique humana”, entendo que essa conclusiva afirmação de Jung esteja relacionada à conceituação de “individuação”, por ele explicada pela possibilidade interior de descoberta do “tornar-se si mesmo”, do “tornar-se um ser único” (mensagem 057).
Pergunto:
– Como entender a subjetividade do significado existencial de ser “único e verdadeiro portador da vida”?
No seu livro “A História de Fernão Capelo Gaivota”, lançado no Brasil pela Editora Nórdica, Richard Bach mostra a importância de se encontrar um “propósito” para as nossas vidas. Dele destaco esta bela e significativa passagem:
– Sempre há uma razão para se viver. Podemos nos elevar sobre nossa ignorância, podemos nos descobrir como criaturas de perfeição, inteligência e habilidade. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!
Certo é que na natureza os nossos voos são diferentes dos voos das gaivotas e de todos os pássaros. Diferentes, porque somos dotados da capacidade de ter “consciência de si mesmo”. Pelo fluir da jornada humana (assim como nos voos das gaivotas), também temos liberdade de escolhas. Mas para essas escolhas “podemos” e “devemos” elaborar um sentido para o nosso “existir”, um sentido para o nosso “viver”.
Na carta, Jung também se refere à existência de um “destino cheio de sentido” que ultrapassa o indivíduo.
Termino esta mensagem, acreditando que esse nosso “destino cheio de sentido” será conquistado por todos que, nesta dimensão de vida, façam os seus voos como “missão” de necessidades de crescimento e de aprimoramentos em todos os sentidos, inclusive de elevação espiritual.
Notas:
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3. Vídeo Youtube – (“Fernão Capelo Gaivota”).
A inspiração desta mensagem surgiu com a leitura da citação do “sentir” da respeitada Antropóloga Mirian Goldenberg, autora dos best-sellers “A bela velhice” e Velho é lindo”, feita na interessante abordagem “O ócio e o silêncio versus a tecnologia”, publicada na Revista da Cultura, edição 112 de maio de 2017 (publicação da Livraria Cultura), assim redigida:
– Até os 40 anos, você não tem a noção de que seu tempo vai embora, porque você acha que vai viver muito. Você gasta muito tempo para agradar, para satisfazer as demandas externas, por vaidade, porque quer que todo mundo te ame. Ou então fazendo um trabalho que você odeia, porque quer ganhar dinheiro. Seu tempo não é seu principal capital. Quando você começa a se aproximar dos 60 anos, pode ser antes, o tempo passa a ser uma riqueza. ‘Antes o tempo era para os outros, agora o tempo é para mim. Sou a principal interessada no meu tempo.’ Com essa revolução, o tempo passa a ser voltado para coisas que realmente dão significado a sua vida.
A minha primeira reação foi ter lembrado desta história contada por Lya Luft, no seu livro “O tempo é um rio que corre”, lançado no Brasil pela Editora Record (Mensagem 006, sobre o significado da “velhice):
– A moça corria entusiasticamente beirando os jardins das casas, e num deles uma mulher já bem idosa estava curvada cuidando de suas plantas.
A mocinha passou e correndo disse para a velhinha, sorrindo:
Ah, como eu queria ter a sua idade para não precisar correr para manter a forma !
A mulher ergueu, olhou para ela, riu e disse:
E como eu gosto de ter a minha idade, para não precisar correr e poder cuidar das minhas rosas !
Certamente os reflexos da ilusória passagem do “tempo” em mossas vidas (que acredito também ser um dos enfoques estudados pela “bioantropologia”), exercem profunda influência na nossa individual maneira de encarar a proximidade da inevitável “finitude humana”. Neste espaço virtual já exemplifique com este desabafo da filha de Charles Chaplin, aos setenta anos de idade: – “Eu odeio envelhecer mais do que qualquer coisa do mundo. (…) Odeio o fato de a minha mente estar envelhecendo. De um dia para o outro, me dei conta de que tenho 70 anos. O desequilíbrio entre o que você sente e o que ainda pode fazer é enorme. Você continua se apaixonando por homens jovens ou velhos ou por mulher (não sei), mas sabe que esse amor talvez não venha a se realizar.” (mensagem 012)
Gosto deste “pensar” de Lya Luft (Fonte: “Dançando com o espantalho”, da conhecida obra “Perdas & Ganhos”, publicada no Brasil pela Editora Record):
– Se maturidade é fruto da mocidade e velhice resultado da maturidade, viver é ir tecendo naturalmente a trama da existência.
Certo é que o tempo não existe. É uma abstração enganosa e necessária. Somos nós que existimos sem necessariamente precisar do “tempo” para “viver”, para “sorrir” e para “amar”. Sem precisar do tempo para “existir”!
Notas:
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A comunicação dos “sentimentos” nunca será completa, quando feita apenas por palavras.
As trilhas do nosso “falar” e a do nosso “sentir”, não se encontram. A do “falar” (ainda que seja sincero, verdadeiro), é delineada pela prevalência da “racionalidade humana”. A dos “sentimentos”, começam no “coração”, definindo essências individualizadas. Indicam os caminhos por nós escolhidos, para transmitir o nosso “gostar”, o nosso “amar”.
As trilhas dos “sentimentos” são feitas por nós, não pertencem a todos, porque são traçadas pelas “modelações sensórias” da nossa “Sensibilidade da Alma”. Elas mostram a singularidade do nosso “jeito de amar”. Existem para serem seguidas a dois, para compor e consolidar o alcance de uma permanente união entre dois seres: a “dos que amam” por quem “são amados” (Sugestão de leitura, mensagem 162).
Em todas as caminhadas pelas trilhas dos meus sentimentos, é muito pouco dizer apenas “Eu te amo!”.
Para mim é um “quase nada” diante da pessoa amada, porque o meu “amar” tem sido sempre um sublime e intenso “sentir” que, até mesmo em “silêncio” ou através do um “olhar”, consigo expressar.
O que motivou esta mensagem foi este “pensar” do líder espiritual Sri Prem Baba, manifestado na entrevista concedida ao jornalista José Carlos Vieira, publicada na edição de hoje do Jornal Correio Braziliense:
– (…) não importa a palavra para nomear o sentimento. O amor é o maior poder da alma humana. Quando ele desperta, tudo é possível.
Sri Prem Baba está em Brasília para lançar o seu livro “Propósito – A coragem de ser que somos”, da Editora Sextante, durante sessão de autógrafos que será realizada na próxima terça-feira, às 19h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.
Consta do emocionante prefácio assinado pelo ator Reynaldo Gianecchini, esta bela declaração de amor à vida:
– Depois de passar dos 40 anos e vencer um câncer que me colocou à beira do abismo, restou a pergunta: quem sou eu? E para quê? Qual é o significado dessa minha existência? (…) Sabemos que estamos alinhados com nosso propósito quando encontramos um motivo real para acordarmos e vivermos o dia com alegria! E esse motivo, em última análise, é vivermos o amor!
Da entrevista, destaco esta parte da resposta de Sri Prem Baba sobre “AMOR”, a palavra mais escrita no seu livro:
– Muito se fala de amor; muito se faz em nome dele, mas muito pouco se sabe sobre ele. O amor é o maior poder da alma humana. Quando o amor desperta, tudo é possível. Por isso eu acho que o amor nunca sairá de moda. Mas esse amor – o amor verdadeiro – não é uma tendência de consumo para uma determinada estação da vida, ele é perene, incondicional e desinteressado. O que precisamos compreender é que o significado dessa palavra foi completamente distorcido e precisa ser resgatado. O verdadeiro significado é o que nos interessa. (…) De qualquer maneira, não precisamos nos apegar à palavra “amor”. Se você não gosta dela, você pode usar outra palavra que tenha o mesmo significado para você. O que importa é se conectar com aquilo que te move, aquilo que faz sentido, aquilo que você é.
Dedico esta mensagem para Ana Clara, com esta música inspirada no sentimento de nostalgia que também significa a saudade de um “estar longe”, sem deixar o nosso coração.
Notas:
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3. Video do youtube (“Francis Goya – Nostalgia – Live.avi”).
Mark Nepo, poeta, filósofo, ser iluminado, é um dos meus preferidos escritores (mensagem 119). O seu livro “A Prática Infinita – Uma jornada através da Alma”, lançado no Brasil pela Editora LeYa, com tradução de Natalie Gerhart, é uma inspiradora fonte de sabedoria que recomendo para todos. Ele inicia o capítulo “Nosso Fragmento de Luz”, com esta bela e significativa comparação:
– Foi Platão quem disse que nascemos inteiros, mas precisamos uns dos outros para sermos completos. Essa é a lei da natureza. As flores possuem cada fragmento de suas pétalas e cores, mas precisam ser polinizadas para se tornarem completas. Cada semente contém sua forma completa em si, mas precisa da chuva e do calor do sol para se transformar em milho, trigo ou batata. E todo poema, pintura ou música – na verdade, todo ato de amor – está dentro de nós como uma semente, mas cada um deles precisa da chuva e do calor da experiência para conseguirem sua expressão completa no mundo.
Não há como fugir do fato fundamental de que precisamos interagir com tudo para que possamos manifestar a completude com a qual nascemos.
Esse “pensar” de Mark Nepo é sugestivo de uma profunda reflexão sobre a nossa “passagem”, nesta atual dimensão existencial de “vida”. No meu entender, Platão se refere à nossa inteireza, ao nascer, em razão da sua compreensão sobre a “imortalidade da alma”, embasada na teoria dualística por ele defendida e explicada por duas realidades: a “sensível” (sujeita à mudanças) e a “inteligível” (com a prevalência do imutável).
Certo é que essa nossa “completude existencial”, ao se manifestar em nós, também é responsável pelo nosso crescimento espiritual em todo fluir do nosso ciclo de vida.
COMENTÁRIO:
1. Sempre acreditei que nesta dimensão de vida existe um “propósito existencial” para ser “desperto em nós”. Que temos uma “missão” para ser por nós elaborada. Que temos uma finalidade Superior e Espiritual para ser descoberta por nos.
2. Esse meu antigo “pensar”, voltou aflorar em mim com a leitura do capítulo “Dizer Sim”, do mencionado livro de Mark Nepo, iniciado com esta definição em Hebraico, do significado da palavra “Ubakharta bakhaim:
– VOCÊ DEVE ESCOLHER A VIDA E O VIVER.
Em seguida, ele explica:
– A vida é, simultaneamente, difícil e bonita, suave e dura, fragmentada e inteira. (…) Diante dessa dinâmica corajosa, misteriosa e em incessante mudança que chamamos vida, somos convidados a escolhê-la e viver. Não apenas para aproveitarmos as coisas enquanto estamos aqui, mas porque dizer sim para a vida é como as minhocas fazem seu caminho pela terra. (…) Dizer sim é o modo de a flor da alma vencer as pedras do mundo.
3. Com sabedoria, ensina Heráclito: “O inesperado só se manifesta quando esperado.”
Quero que esta mensagem revele “em você” e “para você”, um encontro aparentemente “inesperado” que, na realidade dos “acasos”, já estava sendo “esperado” neste espaço virtual, com a sua presença.
4. Releia esta mensagem e concentre a sua atenção nesta afirmação de Mark Nepo:
– Uma flor floresce não porque tem uma plateia, mas porque é assim que se torna aquilo para o qual foi destinada.
Finalmente, pergunte para você:
– SE TEMOS UMA MISSÃO EXISTENCIAL, PARA QUAL SENTIDO ESTÁ SENDO DESTINADO O MEU “VIVER”?
Notas:
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3. Vídeo do youtube (“French Latino – Historia de un Amor”).
Normalmente, em quase todas as mensagens deste espaço virtual, os temas enfocados foram recebidos por “intuição”. Talvez seja uma subjetiva percepção explicada pela neurociência, no sentido de que temos a capacidade de poder, mesmo de modo inconsciente, atuar na seletividade opcional das nossas escolhas. Por sua vez, também acredito que esses “insights cognitivos” emergem do meu interior envolvimento de querer, na condição de responsável por este espaço virtual, favorecer o alcance da sua proposta (mensagem 001).
Esse esclarecimento preliminar esta sendo feito principalmente para você, que está acessando o “Sensibilidade da Alma” pela primeira vez. Um encontro que prova não existir o “acaso”, apesar da vida da gente estar cheia deles (mensagem 027).
Na mensagem anterior (164 – Sentindo a plenitude do perpetuar infinito do “AMOR”), fiz mais uma referência à coluna “Divã Literário”, assinada pelo médico e psicoterapeuta Carlos São Paulo, diretor e fundador do Instituto Junguino da Bahia, mensalmente publicada na Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala. Para esta, trago a sua análise do livro “Subliminar”, Editora Zahar, do físico Leonard Mlodinow. Ele sustenta que “há uma dura competição entre o juízo inconsciente e o pensamento deliberativo e analítico das pessoas” (Fonte: Edição n. 98, da mesma revista). Em síntese, o livro trata da influência do inconsciente em nossas vidas, no nosso cotidiano, sem a nossa percepção consciente.
Possuindo todas as revistas PSIQUE, na condição de leitor assíduo da coluna “Divã Literário” foi a primeira vez que encontrei um relato do doutor Carlos São Paulo sobre o que lhe foi causado pela leitura de um dos livros por ele comentado.
– À medida que eu mergulhava na leitura de um livro escrito por um físico, ia ficando inseguro quanto ao que minha consciência revelava sobre a percepção da realidade. O mundo ia se enchendo de ilusões. Eu me sentia com dois cérebros distintos: um que nomeava e encontrava certa razão para definir as experiências, outro que vai além dessa razão e do tempo em que se passam os acontecimentos experimentados.
Desaparecia, assim, a leveza da liberdade de decidir o que fazer com minhas experiências em dado momento e, em seu lugar, surgiu o peso das incertezas. Aquela leitura me fazia voltar no tempo de minhas fantasias infantis e crer nos bruxos envolvidos na capa da invisibilidade a nos pegar peças. É dessa forma que os cientistas provavam como nossas experiências passadas, emboladas no tempo, vão se tornando essas figuras invisíveis, que participam, ativamente, do julgamento de nossas percepções de realidade, em cada momento que chamamos de presente. A ideia de que não existe cem por cento do que batizamos de “livre arbítrio”, quando decidimos por alguma coisa, ganhou a forma desses bruxos brincalhões.
Em seguida ele conta que, a pedido, sugeriu o livro “Subliminar” para um amigo ler durante uma viagem de navio. Na volta dessa viagem, o doutor Carlos São Paulo comenta o que a leitura lhe pareceu ter causado ao amigo:
– Ele percebeu o quanto não compreendemos nossos sentimentos, e a facilidade com que “inventamos”, sem saber, as explicações para justifica-los. Passou a ter cuidado com o julgamento do que percebe, antes tido como evidência incontestável da realidade, e ficou mais respeitoso às suas limitações.
Aproximando-se do final da sua análise literária, fez referência a esta pergunta: – com que razão percebemos a nós mesmos? Para explicar, o autor fez uma analogia do nosso modo de pensar para chegar à verdade: a maneira do cientista e a do advogado. O cientista reúne evidências e verifica. O advogado parte para convencer os outros, busca evidências que o apoiem e tenta desacreditar as que estão em desacordo. Assim, geramos nossa autoimagem. Por isso é mais fácil explicarmos a compra daquela TV em 3D porque estava numa boa promoção, do que admitir nossa criança saltitante a buscar o prazer da novidade.
Termino esta mensagem, com este meu “pensar”:
1. Todos nós estamos sujeitos às percepções que, de modo subjetivo, inconsciente, atuam em nós. O que precisamos é ficar mais perceptivos para certas ocorrências que, por vezes, se apresentam para nós sem aparente significado. Sobre elas, aplica-se de modo semelhante esta afirmação de Carl G. Jung, relacionada aos nossos sonhos: – “Qualquer interpretação é uma hipótese, apenas uma tentativa de ler um texto desconhecido.” (Fonte: Jung. Collected Works, 16, par. 322).
2. Certo é, que não podemos confiar apenas nos estímulos sensoriais recebidos com as imagens das nossas “vivências objetivas”. Podem ser enganosos como, para muitos, prova este teste com a resposta nas nostas desta mensagem (Fonte: Revista “Segredo da Mente”, ano 1, ano 2014, lançada no Brasil pela Editora Astral):
– Calcule mentalmente, sem ajuda de papel ou calculadora (antes de ler a resposta):
Se você tem 1000 e soma 40, depois acrescenta outros 1000 e soma mais 30. Aí, soma outros 1000 e, agora, mais 20. Por fim, soma outros 1000 e mais 10. Qual é o total?
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
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3.Resposta do teste: A grande maioria das pessoas respondem 5000, mas está errado. O certo é 4.100. É que a sequência decimal acaba confundindo o cérebro.
Apesar de serem, em sua maioria, criações do imaginário dos seus autores, as histórias contadas nos livros também retratam comportamentos de interações emocionais e de sentimentos que podem ser analisadas pelos estudiosos do psiquismo humano. Exemplo é a coluna “Divã Literário”, publicada na Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala. Nela, o médico e psicoterapeuta Carlos São Paulo, diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia, mensalmente analisa livros de autores nacionais e estrangeiros sob o enfoque da psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Cinco obras já enriqueceram este espaço virtual:
1. “O mar e o tempo”, biografia escrita pela neta do compositor Dorival Caymmi, Editora 34 (mensagem 092).
2. “O Momento Mágico”, de Márcio Leite, Editora Record (mensagem 109).
3. “Memórias de Minhas Putas Tristes”, clássico do Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Márquez, Editora Record (mensagem 116).
4. “Carta a D.”, da Editora Cosac Naify (mensagem 147).
5. “O Visconde Partido ao Meio”, do escritor cubano Ítalo Calvino, Editora Companhia das Letras (mensagem 158).
Para esta mensagem, selecionei a análise do livro “A Culpa é das Estrelas”, de John Green, Editora Intrínseca, pela riqueza dos comentários do Dr. Carlos São Paulo (Fonte: “É preciso VIVER intensamente”, Revista PSIQUE, Ano VIII, n. 105, lançada no Brasil pela Editora Escala). John Green conta a história de Hazel Grace, “adolescente portadora de doença terminal, que descobre e vivencia um grande amor” diante da precoce finitude de sua vida.
O Dr. Carlos São Paulo inicia a sua análise, com estas palavras:
– Não importa a imensidão do quanto dura uma estrela ou a vida de um homem. Importa, dentro dessa finitude, a beleza, o amor e o que precisa ser vivido dentro dos vários tamanhos de infinito de cada vida, quando bem vivida.
A consciência do homem está sempre pronta para dividir uma mesma realidade em duas bandas com sentidos opostos. Ficamos com a parte que nos interessa e desqualificamos a outra, como agem os adolescentes com seus sentimentos de onipotência e ideias de imortalidade. Isso os leva a uma aproximação da possibilidade de morte. Por isso, ser lembrado da morte é, também, tomar consciência da vida e zelar
pela boa qualidade dela.
Gostei deste comentário do Dr. Carlos São Paulo:
– A culpa é das estrelas é uma história que ensina a necessidade de se viver a vida independentemente da impotência diante do destino. Somos responsáveis por várias decisões na vida, mas não pelo destino. É escolha dos deuses. (…) A adolescência é uma fase da vida em que o homem está incompleto. Esse casal jovem não vive a ilusão da cura. O que lhes importa é viver um grande amor. Nessa fase, como em todas as outras, nunca saberemos o quanto iremos viver.
Em seguida, complementa sobre a adolescência:
– Em nossa cultura, o modo de ser jovem tem a morte literal engolida pela ideia ficcional da eterna adolescência. Modo inconsciente de perpetuar a juventude. Estão acostumados com os desenhos animados da infância. A bomba explode, mas não atrapalha o personagem. Logo ele se recupera e entra em ação. Dessa forma, os jovens não conseguem elaborar os perigos que a mídia lhes transmite no dia a dia: rachas, pacientes jovens com câncer, liberdade sexual, drogas, o menino que entrou na jaula do tigre etc. Até os profissionais de saúde são propensos a fazer o diagnóstico tardiamente, quando se trata de um paciente juvenil. Obras literárias como a de John Green têm um valioso papel de acordar o nosso público para esse tema da morte literal e, assim, trazer mais valor para a vida.
Será a culpa das estrelas? De acordo com o psicólogo Viktor D. Salis, na astrologia arcaica, o retorno aos astros é o nosso caminho, que representa nossa evolução. Os astros são a manifestação dos deuses e, como viemos deles, a nossa personalidade teria essa influência. Fazia sentindo a frase: “viestes das estrelas e para as estrelas voltarás”, tradução livre de “viestes do pó e ao pó voltarás”.
O Dr. Carlos São Paulo, termina com este seu “pensar”:
– Disse São Francisco: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado… resignação para aceitar o que não pode ser mudado… sabedoria para distinguir uma coisa de outra”. Aprendemos no livro que alguns infinitos são maiores do que outros e que todo o mundo deveria poder viver um amor verdadeiro, não importando o quanto dure.
Eu termino esta mensagem, com este meu “pensar”:
Sempre acreditei que em nós, o semear da essência superior do sentimento de “AMOR” é materno. Manifesta-se, para esta dimensão de vida, no instante do primeiro escutar das batidas do nosso coração, perpetuando-se pela emoção recebida das nossas primeiras imagens transmitidas pelo ultrason.
É com a origem transcendente do “AMOR”, que procuro entender esta conhecida afirmação preconizada pelo jesuíta e pensador Pierre Teilhard de Chardin:
– Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.
O livro de John Green ensina que o verdadeiro “AMOR” sempre será sentido por nós, por dimensões infinitas da evolução espiritual do nosso “existir”.
Notas:
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Esta não é a primeira mensagem em que, neste espaço virtual, faço referência a um dos meus livros preferidos – “O caminho da sabedoria” -, lançado no Brasil pela Editora Alaúde, com tradução de Eric Heneault, que recomendo como leitura obrigatória. Nele encontramos enriquecedoras incursões sobre a “arte de viver”, através de contagiantes conversas entre um monge, um filósofo e um psiquiatra. Abrindo ao acaso, a minha atenção foi voltada para o capítulo sobre “A Arte da Escuta”:
1. Christophe André, o psiquiatra, assim explica o “escutar”:
– É uma atitude complexa, em que se dá e se recebe. A escuta é uma abordagem de humildade, em que colocamos o outro antes de nós mesmos. (…) Na escuta encontram-se três mecanismos fundamentais: o respeito pela palavra alheia, o deixar vir e a capacidade de se deixar tocar.
Respeitar a palavra é primeiramente não julgar o que o outro diz enquanto o escutamos. É muito difícil!
O outro movimento da escuta, o deixar vir, foram meus pacientes que me ensinaram. (…) Na verdadeira escuta, não devemos preparar a resposta, mas somente escutar, deixando vir.
Esse deixar vir é também a condição para uma escuta sincera e verdadeira, em que estamos prontos a nos deixar tocar, comover, sem julgamento, sem controle, sem desejo de dominar, sem nenhuma intenção, enfim.
2. Matthieu Ricard, o monge budista, complementa:
– A escuta é uma doação que fazemos ao outro. Para escutar bem, é preciso não somente ser paciente com o outro, mas também estar sinceramente interessado nele.
3. Alexandre Jollien, o filósofo, ensina:
– O silêncio se aprende. (…) Rezar é mergulhar totalmente no silêncio, calar-se e escutar (…) Rezar, meditar, quer dizer renunciar progressivamente a falar, a pensar o tempo todo.
4. Matthieu, acrescenta:
– O silêncio externo abre as portas do silêncio interno.
Muito cedo, por educação, aprendi anteceder o meu “escutar” ao meu “falar”. Aliás, no meu desempenho profissional fui muito beneficiado por esse comportamento. Agora estou muito mais envolvido pelo meu “escutar interior”, que é o escutar do nosso “coração”, dos “sentimentos” e das nossas “emoções”, porque é o escutar do sentir com a “Sensibilidade da Alma”.
Gosto de ouvir a silenciosa sonoridade da leveza poética da “Canção da Escuta”, de Lya Luft, para quem, por sintonia de “Identidade de Almas”, dediquei este espaço virtual (mensagem 0001):
O sonho na prateleira
me olha com seu ar
de boneco quebrado.
Passo diante dele muitas vezes
e sorrimos um para o outro,
cúmplices de nossos desastres cotidianos.
Mas quando o pego no colo
(como às bonecas tão antigamente)
para avaliar se tem conserto
ou se ficará para sempre como está,
sinto sem estranheza
que dentro dele ainda bate
um pequeno tambor obstinado
e marca – timidamente –
um doce ritmo nos meus passos.
Termino esta mensagem com o “BELO” desta interpretação de Caetano Veloso (“Eu e a Brisa”, de Johnny Alf), pedindo para a brisa esperar alguém que queira te escutar.
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3. Video do youtube (“Caetano Veloso – Eu e a Brisa” – vevo).
Relacionamento não é apenas uma “caminhada a dois”. Precisa ser elaborado.
É sintonia de “atração”, de “empatia”, de “afinidades”, de “necessidades”, e de “união espiritual”. É saber partilhar “emoções” e “sentimentos”. É busca permanente do “inseparável”.
Por dimensões infinitas do nosso existir, relacionamento é encontro de “almas”.
Para o médico indiano Deepak Chopra, “seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento”.
Em todo relacionamento, a volição (vontade) de querer se completar com o outro, só se realiza quando há integração de correspondência de intenções de sentimentos; quando há junção de “propósitos de vida”.
Relacionar-se, é saber experienciar as mútuas necessidades de construção de novos ideais de vida. Sujeita-se ao natural envolvimento de convergência de diversidades humanas, em todos os sentidos. Ao contrário, as tentativas de união com a prevalência dual de igualdades do nosso “jeito de ser”, de “agir”, e de “pensar”, não favorecem a consolidação de um bom e enriquecedor “relacionamento”.
Estou convencido de que em todas as relações do “amar” com a do “ser amado”, existe uma linguagem própria e universal.Refiro-me à comunicação da “fala” e do “escutar” com o coração, em harmonia sensória com a essência da nossa “Sensibilidade da Alma”. Por essa razão, o que motivou esta mensagem foram as considerações feitas pela Dra. Michele Müller, especialista em Neurociências e Neuropsicologia da Educação, que se dedica à pesquisa do desenvolvimento da linguagem. No seu artigo “Desafios da comunicação”, ela sustenta que a nossa “linguagem influencia na forma como nos relacionamos e enxergamos o mundo, e o seu exercício envolve capacidades que não são esquecidas”. (Fonte: Revista PSIQUE, n. 133, abril de 2017, lançada no Brasil pela Editora Escala). Destaco o seguinte:
– Não foi a necessidade de aprender sofisticadas fórmulas matemáticas ou de construir espaçonaves que obrigou a evolução a nos privilegiar com um cérebro tão complexo. Foi a necessidade de conviver e de interagir com tantas mentes diferentes da nossa. (…) Nossa extraordinária habilidade de comunicação, resultado de uma necessidade vital de conexão, é um dos aspectos mais fundamentais daquilo que nos faz humanos. A linguagem, assim como a capacidade de interpretar a mente do outro, partindo dos mais sutis e inconscientes sinais, é uma derivação da nossa interdependência, da busca pelo amor, aceitação e aprovação.
Em seguida, esclarece:
– A linguagem pode não nos salvar da condição solitária de perceber o mundo de uma perspectiva única. Mas nos oferece o alívio de compreender e ser compreendido em um nível que, mesmo dando acesso à beirada do mar de percepções da nossa mente, favorece conexões profundas e significativas.
Termino esta mensagem pedindo para você, nos seus relacionamentos, “escutar” o seu coração. Com esse “escutar”, aprendemos a sentir e gostar de como as pessoas são, e nunca como desejamos que elas sejam.
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3. Video do youtube (“Ivete Sangalo – Olha” – vevo).
A “Sensibilidade da Alma” é a nossa singularidade existencial e espiritual. Revela a essência do nosso “sentir interior”, seja pelo “pensar”, pelo “sentir das emoções” e até mesmo pelo silêncio da nossa “quietude”. Através da “Sensibilidade da Alma” também expressamos as matizes sensórias da nossa “consciência espiritual”, porque somos “seres iluminados” vindos de origem Superior para esta dimensão de vida.
Em entrevista concedida ao Editor-chefe da Revista da Cultura, Gustavo Ranieri, com fotos de Leo Drummond (publicação da Livraria Cultura, edição 111, de abril de 2017), o consagrado ator Matheus Nachtergaele “escancarou” a pureza da sua “Sensibilidade da Alma”. Com contagiante emoção, falou do “Processo de conscerto do desejo”, espetáculo que estreou no Rio de Janeiro. Nele, Matheus mostra para o público os poemas da sua mãe, Maria Cecilia, que aos 22 anos se suicidou quando ele tinha três meses de idade. Dessa entrevista, por limitação de espaço, destaco o seguinte:
1. Sobre ser poeta, ao ser perguntado se é um dom ou uma ausência.
Matheus. Ser poeta é uma ausência das leis naturais. É a única criação genuinamente humana. É uma ausência se você imaginar o desejo traçado pela natureza, mas é um dom se você imaginar a possibilidade da construção da fé humana. A poesia é a característica mais bonita, talvez a única que valha a pena.
2. Sobre outra vocação sua [além de atuar].
Matheus. Todos os meus talentos acabaram desembocando na cena. (…) Tudo desaguava no ator que sou. Então, talvez a vocação principal seja essa mesma, da ritualização da vida. (…) mesmo fora de cena, no meu cotidiano, a minha tendência aos rituais, seja na organização da casa, cuidar dos bichos, regar as plantas, a hora de ler, os momentos de silêncio. Percebo que tenho uma tendência a isso de forma muito organizada. (…) Tenho meus problemas pessoais mesquinhos como todos. Nem tudo o que acabo vivenciando em cena consigo utilizar imediatamente como crescimento para mim.
3. Sobre os poemas da sua mãe, na peça.
Matheus. (…) os poemas da Cecilia são o meu primeiro texto, o primeiro que li com uma atenção maior; eram os textos da minha mãe, da mãe que não conheci. Eram bons e agora, em uma certa etapa da minha vida, decidi tentar falar. E a cada dia vou descobrindo nuances, zonas dos poemas que não percebia. (…) Dizem que, quando você fala no seu quintal, você fala para o mundo. Confio nisso, acho que desde o início é muito mais do que só os poemas da Cecilia, minha mãe que se suicidou, isso é sobre as mães que se vão, sobre as experiências que são frustradas, sobre a reconstrução da tragédia em ensinamento. Agora, neste momento, me sinto muito ocupado todas as noites em fazer com que o ritual ultrapasse as minhas questões, que ele seja de todos. (…) Então, acho que, quando começo a peça e coloco a situação “mamãe se matou e esses são os poemas dela, fiquei eu aqui e farei disso um espetáculo”, parto de um pressuposto bonito para a cartase coletiva, as pessoas se apiedam. E tento fazer com que a gira seja de todos, sobre as coisas que se perdem e precisam ser ressignificadas.
4. Sobre um incômodo, um receio de ser visto com dó em algum momento.
Matheus. O público deve ter dó, é importante que ele tenha dó do herói. A parte mais complexa aqui é que é uma história pessoal. Mas não tive medo. Fiquei mais observando se seria uma experiência que extrapolaria minha história pessoal ou não. As pessoas ficam apiedadas da minha história com Cecilia, mas se sentem comprometidas também em muitos outros aspectos. Percebi desde o primeiro dia que as pessoas imediatamente se conectam com dramas familiares e, principalmente, com as ausências bruscas do afeto, coisas que são parte da experiência humana e que não têm jeito.
5. Sobre se faz parte da vida de todos, em menor ou maior grau.
Matheus. Sim, de todos. (…) Muitas vezes me senti triste com tudo o que aconteceu com a Cecilia e comigo, mas não nego que isso meu deu instrumentos bacanas. Sou um órfão e sei sobreviver sem a presença dominadora e extremamente carinhosa de uma mãe. E venho tentando através do espetáculo utilizar o que ela me deixou, que são poemas. Estou tentando transformar esses poucos poemas em muito [foram deixados uma carta e pouco mais de duas dúzias de escritos].
6. Sobre um lado do seu “sentir”.
Matheus. E graças a Deus a poesia fica eterna, publicada nos livros, para que a gente se lembre de que, em algum momento, a gente estava tentando dar um voo bonito. Mas não sou pessimista. Senão nem faria essa peça, não me exporia a esse grau. Acho que tenho um encanto pelo encontro humano, pela poesia e pela natureza ao meu redor. Sou encantado pelo mundo, gosto de estar aqui, acho bonito, acho bonito mesmo estar aqui. Gosto de ver beija-flor beijando flor, água corrente, gosto de estar aqui.
7. Sobre como consegue enxergar a beleza dos detalhes.
Matheus. (…) continuo sendo aquele que queria que a gente desse uma ré em direção a uma coisa mais humana e poética. Não sei se é possível. E sinto isso e acho que conquistei isso na minha vida. Meu trabalho é assim. Foi uma luta, viu? Tive de dizer muito não para uma aceleração, para uma dinheirama, para um chamamento de aceleração louca, histérica.
8. Sobre de que forma passaram 30 anos, desde que tomou conhecimento dos poemas de Cecilia até a estreia do espetáculo.
Matheus. Foram absolutamente necessários, não deu para queimar etapa nesse sentido. Desde o início, imaginei que alguma coisa deveria ser feita com os poemas para além da minha apreciação individual. As poesias tinham uma qualidade para além da minha experiência com elas. Eu teria de publicar um livro em algum momento… Mas fui cozinhando isso enquanto estava me formando como ator, como pessoa, porque tudo é uma coisa só, até sentir que conseguiria criar um ritual coletivo e não expor isso de maneira neurótica. Precisei de tempo sim, de novo o luxo do tempo, e em certo momento a coisa eclodiu. (…) É uma conquista realmente ferrenha para ganhar tempo e fazer as coisas realmente bonitas, mas sempre encantado com a ritualização do cotidiano brasileiro. (…) O êxito nunca será pessoal, sempre do coletivo, e nossas cagadas são de todos também.
9. Sobre se consegue compreender um pouco do que passou com a sua mãe, para não querer estar aqui.
Matheus. Não! (silêncio) Eu consigo, claro, entender o processo de desamor pela vida. (…) Gostar da vida é uma batalha diária na série humana. É um braço de ferro, e a vida acontece sob pressão. E cada vez que você encontra um motivo bacana para gostar das pessoas, para viver, para cumprir um ofício, para namorar alguém, para ler um livro, é gol. Não vou te dizer que entendo mais o que aconteceu com a Maria Cecilia do que antes, é um mistério para mim e estou comprometido com tudo isso. E, obviamente, parte de mim fica triste por saber que minha presença não foi suficiente para ter segurado essa mãe na Terra, mas, ao mesmo tempo, venho fazendo uma afirmação pela liberdade plena do ser humano. E acredito que o suicídio é, em última instância, a grande questão humana. Se você tem livre-arbítrio, se você é livre, você tem de decidir se quer ficar aqui, mesmo que haja o chamamento e o desejo de viver, reproduzir-se, ser mais feliz. Mesmo que essa energia, essa força, seja grande, a questão humana é decidir se quer ou não. E a gente faz isso de muitas maneiras. A gente está aqui sendo feliz ou se suicidando? Eu não sei mais. Toda noite vou ali pensar isso com as pessoas. Isso é bonito, né?
10. Sobre se é bonito, a beleza da decisão.
Matheus. Tem pessoas que são muito pela vida, são luminosas em seus objetivos, em seus ofícios, gostam de transmitir o que aprenderam. Os amantes da vida são bravos, porque a defendem. E não conseguem ficar calmos com o que os políticos estão fazendo.
11. Sobre se sente um dos que amam a vida.
Matheus. Sou dos que amam, apesar de ter momentos sóbrios como todo mundo e já ter entrado em alguns abismos. Mas amo, gosto de viver e espero dias melhores para nós. Tenho uma consciência clara de que melhor só para mim não existe. Ou é melhor para todo mundo ou não é melhor para ninguém. Não seria feliz em um paraíso artificial, em um tríplex, com ar-condicionado, cheio de tecnologias.
COMENTÁRIO:
Muito recente, antes de ler a entrevista de Matheus Nachtergaele, mandei pelo celular mensagem para Ana Clara, dizendo “que tudo está ao nosso alcance, dependendo apenas de nós para ser conquistado e, espiritualmente, ser eternizado”.
Relendo essa mensagem, a minha atenção foi centrada no meu escrever inconsciente, no sentido de que as nossas conquistas, assim como tudo nesta vida, sempre será espiritualmente eternizado “em nós”, “para nós”, por dimensões infinitas do nosso ciclo de necessidades de aprimoramento e de evolução, em todos os sentidos do nosso “existir”.
A entrevista de Matheus Nachtergaele está imantada com essência de “transcendência espiritual”. Ela perpetua com o seu “sentir interior”, com a “projeção sensória” elaborada pela sua “Sensibilidade da Alma”, o significado da plenitude da continuidade da vida. Prova que apesar da “finitude humana”, na nossa lembrança o efêmero não existe.
Conheci com o “BELO” da entrevista, um pouco da pureza da sua “Sensibilidade da Alma”. Depois da leitura, me veio à mente este “pensar” de Heráclito: – “Um homem só se aproxima do seu eu verdadeiro quando atinge a serenidade duma criança que brinca”.
Acredito que seja com essa mesma serenidade que o ator Matheus Nachtergaele, através da arte de representar, está ensinando como ele brinca com a vida.
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
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3. Mensagem postada com autorização de Gustavo Ranieri, Editor-chefe da Revista da Cultura (Publicação da Livraria Cultura).
4 Entrevista completa no site http://www.livrariacultura.com.br/revistadacultura/home
5. Video do youtube (“A sensibilidade e a arte de Matheus Nachtergaele”).
6. No título da peça, está correta a grafia da palavra “conscerto”, de acordo com a explicação contida no vídeo.