Esta mensagem é um convite para você refletir sobre o significado subjetivo do “sentido da vida”.
O “sentido da vida” não é o mesmo para todos nós. É determinado pelas nossas “escolhas”. No “ciclo da vida”, é defindo pelo fluir do nosso “viver”.
Nem sempre podemos alcançar o “sentido da vida” que desejamos, porque a nossa “existência” é um contínuo “processo de transformação”, sujeito às surpresas da imprevisibilidade.
Além das oportunidades de “escolhas”, temos uma “finalidade existencial”. Estamos aqui, de passagem, para ser feliz, para crescer em todos os sentidos. Portanto, “viver” e “evoluir”, com “escolhas acertadas”, são condições necessárias para construir o “sentido da vida”.
O ser humano é “transcendente” em relação à sua “realidade existencial”. É a magia do “sentir” a sua interação física no “mundo real” e, ao mesmo tempo, “sentir” as “projeções sensórias” recebidas da sua “realidade interior”.
A respeito, cabe repetir, neste espaço virtual, a explicação do conceituado neurocientista Antonio Damasio, Diretor do Instituto do Cérebro e da Criatividade, da Universidade do Sul da Califórnia:
– Quando olhamos para o mar, não vemos apenas o azul do mar, sentimos que estamos a viver esse momento de percepção.
O “conhecer” e o “vivenciar as projeções sensorias da nossa “realidade interior”, favorece o nosso “despertar”. É a “percepção sensória” que reflete a nossa “luminosidade interior”. Exemplo milienar:- o “despertar” do jovem Sidarta, assim contado pelo professor C. Jotin Khisty, do Instituto de Tecnologia de Illinois (EUA), no seu artigo “Mudanças na consciência humana” (fonte: revista SOPHIA, ano 12, n. 52):
-Dizem que quando as pessoas viram Buda logo após sua iluminação, ficaram tão perplexas pela extraordinária quietude de sua presença que pararam para perguntar: “O que sois? Sois um deus, um mago ou um feticeiro? A resposta foi surpreendente. Buda disse, simplesmente: “Eu estou desperto”. Sua resposta tornou-se o seu título, pois é isso o que significa a palavra buda em sânscrito: aquele que está desperto. Enquanto o restante do mundo estava em sono profundo, sonhando um sonho conhecido como o estado de vigília, Buda livrou-se do sono e despertou.
Sobre o “caminho do despertar” (que todos nós podemos seguir), esclarecem Rick Hanson e Richard Mendius (fonte: “O Cérebro de Buda”, tradução de Bianca Albert, recentemente lançado pela Editora Alaúde):
– Quando você parte a caminho do despertar, começa de onde quer que esteja. Então – com tempo, dedicação e recursos – a virtude, a atenção plena e a sabedoria vão gradualmente se fortalecendo e você se sente mais feliz e afetuoso.
Complementam, em seguida:
– Não é possível mudar o passado ou o presente: tudo o que podemos fazer é aceitá-los como são. Mas você é capaz de zelar pelo que dará origem a um belo futuro.
Esse “belo futuro” é o “sentido da vida”.
Por sua vez, estou convencido de que temos uma “finalidade existencial” para ser, por nós, descoberta. Através de “buscas interiores”, precisamos estar envolvidos em “sabedoria” (a “sabedoria” de aprender com a “vida”).
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
O marco da criação deste espaço virtual, foi a mensagem que recebeu o título “Sensibilidade da Alma”, contendo, logo no início, esta homenagem à escritora Lya Luft:
– Este blog é dedicado à escritora Lya Luft que, com a sensibilidade da sua alma, com o seu jeito humanista de escrever, mostra, com leveza de estilo literário, matizes significativas do nosso viver, com o mesmo encanto da beleza e da suavidade dos voos das gaivotas, pelos céus da nossa existência.
Em seguida, assim foi revelada a sua proposta:
– Que bom que você veio ao nosso primeiro encontro. Ao encontro com a essência existencial do nosso “EU” interior, ao encontro com a sensibilidade das nossas almas (da sua e da minha).
Desejo que os nossos futuros encontros sejam “caminhadas” de buscas e de descobertas, pela subjetividade dos nossos “estados de alma”. Que sejam buscas de aprimoramento e de crescimento espiritual, pelas trilhas das nossas trajetórias de vida. Que sejam encontros com um sentido determinado e bem definido – o do despertar da nossa “sensibilidade da alma”. As buscas e o despertar que para serem alcançados, precisamos desta lição de vida contida no início da poesia “Saber Viver”, de Cora Coralina:
Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais prá nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Era o começo de uma “caminhada”. Nela, em todas as mensagens postadas, sempre aparecerá a paisagem acima, de um “caminho” ladeado de árvores, sendo percorrido por um solitário homem que se aproxima de uma curva. Como se fosse, nesta existência, a do final do nosso atual “ciclo da vida”. A curva que nos levará, em outra dimensão, para continuar evoluindo em uma nova “caminhada”, com outro “destino”, para nós, ainda desconhecido e necessário para a “imortalidade da alma”.
A respeito, Lya Luft comenta na sua conhecida coluna, publicada na edição de 3.09.2014, da revista VEJA (fonte: site veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/):
– Conformados ou não, a morte é algo que precisaríamos aceitar, com mais ou menos dor, mais ou menos resistência, mais ou menos inconformidade. E esse processo, mais ou menos demorado, mais ou menos cruel, depende da estrutura emocional e das crenças de cada um.
Podemos escolher a teoria que nos conforta mais: quem morreu se integrou na natureza; preserva-se por seus genes em filhos e netos; faz parte da energia maior; enveredou por outra dimensão; é uma alma imortal.
A vida inevitavelmente flui: nós somos isso. Ela é um ciclo: ciclos se abrem e se fecham, isso é viver.
A motivação desta mensagem, é você. É a sua presença, neste espaço virtual.
Pergunto:
– A que posso atribuir este nosso encontro? Teria sido obra do “acaso”?
Dizem que o “acaso” não existe, mas o certo é que a vida da gente é cheia de “acasos”.
Por sua vez, acredito que tudo acontece “quando” e “como” tem que acontecer. Não, “quando” e “como” desejamos que aconteça.
O que também deve ser considerado, não é apenas o momento da efetiva e real manifestação desses “acontecimentos”, em nossas vidas. Principalmente, quando eles são aparentemente inexplicáveis; quando são independentes de um prévio “querer”, nosso.
Para mim, o “acaso” existe. O que “ilusoriamente” parece não existir (de modo convincente), é a explicação para o “acaso”. Aliás, este é o “pensamento causal” prevalecente na cultura do ocidental.
Volto a repetir as duas perguntas:
A que posso atribuir este nosso encontro? Teria sido obra do “acaso”?
Acrescento mais esta pergunta:
Você, agora, está neste espaço virtual em razão de um “fenômeno sincrônico” (em que o “tempo” e o “espaço” são relativos). Ensejador de um “acontecimento” (conhecido, na “Sincronicidade de Jung, por “evento sincronístico”), que possui um significado subjetivo e simbólico para nós, em conexão com os nossos interiores “estados de necessidades”?
O escritor Hermann Hesse, ganhador do Nobel de Literatura de 1946, no seu livro “Demian” explica o seguinte:
– O acaso não existe. Quando alguém encontra algo de que verdadeiramente necessita, não é o acaso que tal proporciona, mas a própria pessoa; seu próprio desejo e sua própria necesidade o conduzem a isso.
Termino esta mensagem desejando (se for o caso), que a sua presença, neste espaço virtual, seja consequência de uma “necessidade interior” de realizações de “buscas de si mesmo”, para o “despertar” da “Sensibilidade da Alma”.
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3. Do youtube, vídeo César e Pedro Mariano – DVD Piano e Voz – “Acaso”, gravado ao vivo no Canecão, Rio de Janeiro.
Este espaço virtual foi criado em julho de 2014. Quando alcançou quarenta postagens, houve a invasão de um hacker e várias foram perdidas. Uma delas foi sobre a “sensibilidade da alma” da consagrada atriz, cantora, e compositora, Marjorie Estiano.
Esse fato me causou profunda tristeza, em face da impossibilidade de conseguir a sua recuperação literal. É a prova de que, em nossas vidas, todos os momentos são únicos. No entanto, como podemos vivenciar novas “emoções”, trago para vocês um pouco da “Sensibilidade da Alma” de Marjorie Estiano (mostrada na entrevista concedida ao jornalista Gustavo Ranieri, Editor-chefe da Revista da Cultura, da Livraria Cultura, publicada na edição n. 87, de outubro de 2014).
A entrevista foi realizada por causa do primeiro trabalho autoral de Marjorie, como compositora: – O “Oito”, seu terceiro álbum musical, contendo onze faixas, sendo oito de sua autoria.
Logo no início da entrevista, Marjorie falou da sua necessidade de afastar o excesso da “racionalidade”, para ouvir a sua “intuição”. Foi uma subjetiva manifestação da sua contagiante “sensibilidade da alma”.
Destaco da entrevista, o “pensar” dessa jovem de 32 anos de idade:
1. Gustavo. De que maneira o disco Oito pode ser considerado um novo começo na sua carreira musical?
Marjorie. (…) Considero um começo neste sentido assim: de onde vou parecer que estou aprendendo a andar, dando nome para algumas coisas. E tudo vai tomando forma, a música se transforma em concreto, em palpável, mas ela parte de um lugar muito etéreo; parte de uma ideia, de uma sensação, de uma intuição, e, na hora da composição, isso foi, para mim, um conflito intenso.
Comentário. O seu jeito de ser, sempre valorando a “intuição”, ficou manifesto durante a entrevista. Marjorie mostra, com naturalidade, a dimensão subjetiva da sua “singularidade existencial”, do seu “sentir” as projeções interiores da “sensibilidade da alma”. A sua resposta comprova a intensidade da materialização do seu “sentir”, ao considerar a essência da idealização da “música” como sendo o resultado da elaboração sensória de um processo de “busca interior”. Compara o “mostrar” (para si mesmo) o fluir de inspiração das suas “composições”, ao “significado existencial” (também para si mesmo), do seu “aprender andar”.
Para mim, todas as manifestações artística são emergentes de “buscas interiores”, de acordo com as “preferências interiores” do seu criador. A respeito, explico na minha abordagem sobre a “Idealização Emocional da Arte”, o seguinte (pendente de publicação):
– No desenvolvimento criativo, idealização é a fase de projeção seletiva de estados de sensibilidade que estimulam a exteriorização artística. A natureza da faculdade de idealização, é emocional. No artista, suas preferências interiores serão moldadas para o exterior, através da variação da sensibilidade de cada um. As manifestações de arte são resultantes de uma qualidade natural latente do ser humano, que será estimulada pela inspiração para, depois, ser aprimorada através da utilização de técnicas específicas que também definem e apuram o estilo do artista. A criação da arte é, portanto, um dom que a qualquer momento poderá ser descoberto, na essência dos diversos estados de sensibilidades interiores. A idealização emocional da arte decorre de uma fonte de inspiração objetiva (elementos do mundo físico, vivenciados pelo artista) ou dos estímulos subjetivos de uma inspiração inteiramente dissociada da realidade exterior (como acontece, por exemplo, na pintura abstrata, em que as cores e formas possuem valores intrínsecos nos domínios da irrealidade).
Obs. Em seguida, Marjorie deixou claro que não teve a preocupação de padronizar o seu trabalho como compositora. Explicou:
Marjorie. Parti de um princípio de tentar usar a intuição mesmo, até por falta de experiência, de metodologia (…). Era muito em torno do que “a gente tá querendo, sentindo, ou pretendendo” no momento da criação.
2. Gustavo. E a música é um processo mais solitário que a interpretação?
Marjorie. É um processo autoral, mas é também muito em conjunto com o produtor, por exemplo, como os outros compositores. É um processo de criação quase coletiva, eu diria, dentro do resultado. (…) Acho até melhor que seja assim, é um processo de desprendimento. Este álbum me serve de exercício também de deixar fluir, de respeitar o fluxo, que eu acho que é o mais importante para mim neste momento de descoberta.
Comentário. Marjorie, com a sua “sensibilidade interior”, não impõe a prevalência do seu “sentir”. Sabe identificar a necessidade de respeitar o fluxo de um trabalho conjunto de criação.
3. Gustavo. No que a arte te completa?
Marjorie. Ela me realiza, me dá prazer, de maneira aberta, ampla.(…) É um processo em que você se relaciona muito com o humano, com seus sentimentos, com suas emoções, e isso faz você se entender um pouco melhor, entender o outro. É um processo terapêutico, isso que me dá mais prazer dentro de um trabalho artístico.
4. Gustavo. E no que a arte não te completa?
Marjorie. Na verdade não sei se tem algum lugar que complete, que exerça essa função de completar. Acho que a gente vive nesse lugar inacabado, nessa falta. A gente vive nessa falta de alguma coisa, é isso, como falei, que movimenta a gente a viajar, a descobrir, a ler… É a busca por alguma coisa que está faltando. Alguma coisa nova, que te motive, que te movimente.
Comentário. Só há interação emocional do “sentir a arte”, quando o ser humano com ela se envolve, com a sua “sensibilidade da alma”. O “belo” da arte, seja qual for a sua forma de manifestação, compõe todos os “estados de alma” que, sensoriamente, se completam em harmonização com as “preferências” e “necessidades” do nosso “existir”.
5. Gustavo. De alguma forma, dói compor?
Marjorie. Dói, até fisicamente. Eu sofri muito. Como te falei, tenho esses dois lados, o racional e o intuitivo, que são muito fortes e opostos na relação entre eles. Então, fico tentando racionalizar o que é intuitivo. E é uma briga ali comigo mesma, é um desgaste. Às vezes, tenho a impressão de que é quando relaxo, quando deixo a intuição falar que acontece alguma coisa. E daqui a pouco vem o lado racional e começa: “Então é por aqui, vamos fazer isso…”. Mas, cada vez que dou mais atenção à minha intuição, eu tenho tido não só prazer, mas o resultado é mais claro, mais redondo. Preciso muito dar mais espaço para a minha intuição.
6. Gustavo. Você tem medo de ouvi-lá?
Marjorie. Não, não é medo. É uma sensação de que… É a falta da metodologia na intuição.
7. Gustavo. É a falta do racional (risos).
Marjorie. É a falta do racional na intuição (risos). Porque a intuição não é matemática, não é uma coisa que você faz um e um e dará dois. Não tem controle, não tem certo e errado. O lado racional queria que tivesse uma faculdade de intuição, com matéria, prova, para saber como vocẽ está indo (risos).
8. Gustavo. E você se entrega com densidade.
Marjorie. (…) Eu me entrego completamente. Sempre fui muito comprometida com tudo o que faço. (…) Não tenho medo dessa sensibilidade. Sempre procuro me preparar minimamente para deixar a intuição e a sensibilidade falarem. A gente lida sempre com a sensibilidade à flor da pele.
Comentário. Com essa sequência de respostas sobre o seu “pensar”, sobre o seu “sentir”, Marjorie prova que o “racional” não combina com o “emocional”. Já refleti muito sobre essa separação que existe entre o nosso “pensar” (enraizado no “racional”) e o nosso “sentir emocional”. Acredito que o “emocional” pode, subjetivamente, influenciar e modelar a “racionalidade”. Isto porque, nesta existência, desde o início do nosso “ciclo existencial”, o “embrião” do “sentir emocional”, no meu entender, já está latente em nós. A “intuição” é o “chamado” da nossa “sensibilidade interior”, que transcende as imposições da “razão”.
A entrevista terminou com esta resposta de Marjorie, reveladora do seu contagiante “sentir” com a “sensibilidade da alma”:
9. Gustavo. Nesse fluxo, você tenta se traduzir, todo dia se olhar e tentar compreender o caminho que está tomando, que é você, pra onde está indo…?
Marjorie. Meu exercício tem sido o contrário; justamente não falar, não pensar, não me cobrar… Porque sou muito esse lugar de olhar quem sou, para onde estou indo, se está certo ou se está errado. Então, o que estou fazendo agora é me exercitar em deixar as coisas acontecerem comigo. Me ouvir, mais do que falar.
Termino esta mensagem, desejando que ela favoreça o “escutar interior”, do nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”.
Vejam o envolvimento, pela música, de duas “sensibilidades da alma”. Nesse encontro, é possível perceber, com a sua simplicidade, o encanto da “luminosidade interior” de Marjorie Estiano:
https://youtube.com/watch?v=z_7PKd4ASRE
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3. Este post sobre a entrevista de Marjorie Estiano, foi autorizado pelo jornalista Gustavo Ranieri, Editor-chefe da Revista da Cultura, publicação da Livraria Cultura.
4. Do youtube, vídeo Gilberto Gil e Marjorie Estiano – Chiclete com Banana (Cidade do Samba).
Este espaço virtual foi criado em julho de 2014. Quando alcançou quarenta postagens, houve a invasão de um hacker e várias foram perdidas. Uma delas foi sobre a “sensibilidade da alma” da consagrada atriz Clarice Niskier que, apenas em uma noite, foi acessada por 115 pessoas. Este fato me causou profunda tristeza, em face da impossibilidade de conseguir a sua recuperação literal. É a prova de que, em nossas vidas, todos os momentos são únicos. No entanto, como podemos vivenciar novas “emoções”, trago para vocês a “luminosidade interior” de Clarice Niskier, manifesta na entrevista concedida ao jornalista Gustavo Ranieri, Editor-chefe da Revista da Cultura, da Livraria Cultura, publicada na edição n. 88, de novembro de 2014.
A entrevista foi motivada pela estreia do monólogo “A lista”, no teatro Eva Herz em São Paulo, onde ela também apresentava a peça “A alma imoral”, por ela adaptada do livro do rabino Nilton Bonder, em cartaz há oito anos.
Logo no início, Clarice assim se referiu ao momento da realização da entrevista:
– Tinha que ser. Os pássaros migraram, os elefantes na África, os tsunamis e nós estamos aqui. Você atravessou corretamente a rua, um carro não me pegou, o avião pousou e eu estou aqui. Se eu não levar em conta tudo isso, se isso não me trouxer entusiasmo, então não tem mais nada”.
Destaco da entrevista, estas respostas de Clarice Niskier:
1. Gustavo. A lista expande, ainda que de forma diferente, uma discussão primordial presente em A alma imoral: a compreensão do ser humano, tanto de si mesmo como do próximo. Provocar essas reflexões continua sendo o que te movimenta como artista?
Clarice. Acho que essa é a utopia do ser humano. A nossa utopia como artista. (…) Meu desejo é que nunca ninguém deixe de perguntar isso que você está perguntando. Isso já é um bom sinal. Sinal de que há espaço, de que há abertura, que há uma esperança, que há uma possibilidade, que há pessoas pensando sobre. E que esse potencial que a gente traz, dentro da gente, da não indiferença, da não violência, é uma conquista que o ser humano pode alcançar. É uma conquista da civilização. Há textos, há autores, filósofos, artistas, gente comum, enfim, pensando e se perguntando por que o processo civilizatório parece ter sido interrompido. É muita barbarie. Parece que o processo civilizatório parou. Mas a verdade é que ele não parou. Está num momento bastante complicado, mas não posso dizer que ele parou. Estamos aqui, vivos e fazendo essas perguntas e montando peças e mantendo a estrada aberta.
Comentário. É difícil (através da escrita) comentar a entrevista. É um desafio querer mostrar a “sensibilidade da alma” de Clarice Niskier. Não me satisfaz apenas dizer: – é um ser humano iluminado, consciente da sua missão “existencial” e espiritual”. Sou obrigado recorrer à esta inspiração de Victor Hugo, na sua obra Os Miseráveis:
– Só há um espetáculo mais grandioso que o oceano: o céu; só há um espetáculo mais grandioso que o céu: o interior da alma.
A “sensibilidade da alma” de Clarice Niskier é “encanto”, é leveza de “aprendizado”, é “sabedoria de viver”.
Sobre a sua primeira resposta, fiquei convencido de que para o “processo civilizatório” não terminar, dependerá apenas de cada um de nós. Dependerá das nossas responsabilidades de “escolhas”.
Como consta da pergunta, dependerá da “compreensão do ser humano, tanto de si mesmo, como do próximo”.
2. Gustavo. Mas neste processo civilizatório atual que você mencionou, as pessoas estariam, em sua opinião, mais preocupadas em fugir da dor do que se entregar à vida?
Clarice. Infelizmente, elas fogem da dor. Uma coisa é você parar de sofrer por bobagem. Agora, outra é fugir da dor de viver. A vida tem esse lado. As perdas são reais. Pronto. Assim como tem toda a alegria ligada à vida, tem toda a dor ligada à vida. (…) Faço psicanálise, converso, faço terapia, ioga e meditação, busco compreender as causas do sofrimento. Não posso estar medicada 24 horas para fugir da dor. Como é que você vai crescer e evoluir se não passar pela dor? Como é que você vai se humanizar? Aí que tem tudo a ver com a pergunta inicial: um ser humano só pode vivenciar o seu potencial solidário, o seu potencial da não indiferença, da não violência, se ele conhecer a dor, porque assim ele pode reconhecer a dor do outro. Sinto que eu, como ser humano, devo aceitar isso não com resignação, mas no sentido de que é um fato, é real. Assim como o Sol está no céu de dia e a Lua está de noite, a dor existe. Eu não procuro ela, mas ela vem.
Comentário. Aprendizado (“Parar de sofrer por bobagem”); Sabedoria (“As perdas são reais”.- Assim “como tem toda alegria ligada à vida, tem toda a dor ligada à vida”. – A dor ajuda crescer e evoluir.). Lição de vida (Só podemos reconhecer a dor do outro, conhecendo as nossas dores). Pensar como Clarice, é conquista de elevação “existencial” e “espiritual”, É ser beneficiado pelo saber “projetar” (com o nosso “jeito de ser”) o “sentir” a nossa “senbililidade da alma”.
3. Gustavo. E como você lida com a dor absorvida da vida e aquela absorvida da profissão?
Clarice. Estou acostumada (risos). É um desequilíbrio necessário. É uma sensibilização constante. Mas preciso disso como um camelo precisa de água para atravessar o deserto. Não compreendo a nossa vida sem um entusiasmo. Não compreendo a vida sem a paixão. Então, acho que essas turbulências que as peças nos causa são muito necessárias para a gente se perceber viva. (…) Sou uma pessoa bem feliz no meu dia a dia, porque sou simples, mas, por um tempo, o teatro me coloca em um lugar no qual elaboro a minha tristeza, elaboro as minhas observações sobre o mundo. (…) E o teatro é um lugar onde posso dar um testemunho, com alegria, sobre o que observo com o intuito de transformar aquilo.
Comentário. Clarice, com a sua “sensibilidade da alma”, aprendeu lidar com as dores da vida e da sua profissão. Para mim, é a sabedoria de saber mostrar, nos palcos da “vida” e do “teatro”, suas “emoções” e, principalmente, a sua necessidade de “Sentir-se bem”. O “caminho do despertar” de Clarice, está marcado pelas pegadas do seu “ser simples”, da elaboração da “tristeza”, e das suas “observações do mundo”.
Obs. Em seguida, Clarice afirmou que “A gente está sempre sem futuro. O que mais me estressa hoje é o fim do futuro”.
4. Gustavo. Mas seria a negação do futuro a justificativa para ocultar os erros do presente?
Clarice. Olha, entendo o seguinte – se estou entendendo alguma coisa (risos): quanto mais você vive o presente, mais futuro você tem, porque a vida gera vida e morte gera morte. Isso não quer dizer que a morte não esteja no final da vida, mas é uma vida vivida. Se estou aqui com você, agora, dando esta entrevista feliz da vida, entregue, esta entrevista gera vida. Quanto mais presente eu estiver aqui, mais futuro vou ter. Isso é o que compreendo. (…) Tem alguma coisa nos puxando para o apagão do aqui e agora. Então, se estou entendendo alguma coisa, eu vou, no leito da morte, sorrir com a vida vivida verdadeiramente. O [Donald] Winnicott tem uma frase que diz: “Eu quero estar vivo na hora da minha morte”. E tem também, no livro A alma imoral, a fala de Nilton Bonder: “A qualidade da nossa velhice está intimamente ligada à qualidade da nossa vida hoje”.
Comentário. Todos nós, com a resposta de Clarice, devemos meditar sobre esta “sabedoria de viver”: – “Quanto mais você vive o presente, mais futuro você tem”.
Tem gente que só se preocupa com o “presente” do seu “viver”. Como se o “futuro” não existisse, fosse apenas uma total “abstração existencial” para o nosso “viver”.
A vida é um permanente “processo de transformação” (independente da nossa vontade). A consequência desse processo, é a necessidade de “reinventar” nossas vidas. De “ressignificar”, não só o nosso “existir”, mas também o nosso “pensar”, o nosso “sentir”, o nosso “viver”.
Gosto deste “pensar” de Charles Chaplin:
– Enquanto você sonha, você está fazendo o rascunho do seu futuro.
Para mim, “rascunhar” o “futuro” é contribuir para a nossa necessidade de “evolução”, em todos os sentidos.
Sonhar com os nossos “desejos” de realizações futuras, é condição que ajuda entender o significado da nossa finalidade “existencial” e “espiritual”.
O ser humano precisa “buscar” a si mesmo. Precisa conhecer a sua “realidade interior”, a sua “subjetividade”.
Nós precisamos conquistar condições de “crescimento” e de “evolução”, começando por esta “sabedoria de viver” ensinada por Clarice Niskier: – “QUANTO MAIS VOCÊ VIVE O PRESENTE, MAIS FUTURO VOCÊ TEM”.
Obs. Aproximando-se do fim da entrevista, Clarice explica o seguinte:
Clarice. (…) Não dá para abraçar o mundo. Não dá para estar em todas as trincheiras ao mesmo tempo, mas vamos lá. Cada um na sua trincheira, cada um de sua maneira. Essa experiência humana de viver é sensacional! Ser humano e estar vivo é sensacional. Infelizmente, o sistema humano de sociedade transformou isso em um pesar, muitas vezes.(…) Ninguém é ingênuo. Ninguém está aqui de brincadeira. A gente sabe como é duro. Mas apesar disso, nós temos um potencial de transcendência, de entendimento, de capacidade de compartilhar com o outro, que é de um prazer inenarrável. Não é verdade? Nossa, é sensacional. Eu acho mesmo! Acho os encontros humanos sensacionais. Estou feliz de te dar esta entrevista. Fico feliz de dar um abraço, é sensacional. Se você me perguntar: “Isso que você está falando é fé?”. Eu te pergunto: “Isso que é fé? O que você acha?”.
Gustavo. Prefiro que você responda.
Clarice. Pode ser. Mas não em uma coisa impalpável. É uma fé neste próprio movimento chamado “vida”. E tudo aquilo me faz ficar nisso, eu quero entender, quero para mim. Quero conhecer a cabala, quero conhecer as religiões, quero conhecer o budismo, quero conhecer você. É fé em fluxo. Exatamente! Às vezes, penso assim: “Meu Deus, eu nasci!”.
Na Revista da Cultura, a entrevista de Clarice recebeu o título – “CLARICE NO ESPELHO”. Ao terminar, desejo que esta mensagem também seja o “espelho” que reflete a essência da “sensibilidade da alma” da Clarice Niskier.
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3.Vídeo do youtube, mostrando a sua conversa com o público, após a apresentação da peça A alma imoral.
Para mim, o que subjetivamente define uma pessoa é o meu “sentir” a sua “sensibilidade da alma”, que é a singularidade de todo ser humano.
Existem pessoas que mesmo sem falar, e apenas com a sua presença, conseguem, naturalmente, transmitir “serenidade interior” e “sabedoria de viver”.
Com esta mensagem, uma delas enriquece este espaço virtual. Refiro-me ao consagrado cineasta, ator e dramaturgo Domingos Oliveira.
Vejam este depoimento de Fernanda Montenegro:
Domingos Oliveira, com 78 anos de idade e 50 de carreira, recentemente revelou a sua “sensibilidade da alma” em entrevista concedida à jornalista Adriana Paiva, publicada na Revista da Cultura, edição 90, da Livraria Cultura.
Destaco dessa entrevista, o seguinte:
1. Adriana. Logo no início de Domingos – Vida Minha, você se pergunta se deveria contar as passagens de sua vida seguindo uma ordem cronológica. E conclui que não, que seria um desperdício. Como suas memórias foram sendo registradas?
Domingos. Quando você está escrevendo um livro de memórias, se abre a esse jorrar de recordações imprevistas. Escrevi minhas memórias de uma forma requintadíssima. Sou muito exigente, porque fiz análise. De modo que, quando você reúne esses fatos, não é possível deixar de ver que se forma um desenho que é você. E, às vezes, você gosta: às vezes, não…
Comentário. O significado existencial desse “jorrar de recordações imprevistas”, insere e representa a “percepção interior” da subjetividade do fluir do “sentido” das nossas vidas.
Todos nós carregamos as recordações das nossas “realidades” que, apesar da sensação ilusória da passagem do “tempo”, nem sempre permanecem apagadas com a volatilidade consciente das nossas lembranças. Isto porque, com a roupagem da memória (por vezes enganosa), podemos “reviver”, a cada novo instante, o passado da nossa história de vida, por vezes até com mais intensidade.
Certo é que, o homem é o modelador do seu “viver”. Portanto, de acordo com a resposta de Domingos Oliveira, o “desenho” de nós mesmos é matizado pela alternância sensória do nosso “gostar”. Ao contrário, o que é imutável no ser humano é a “essência” da sua “sensibilidade da alma”.
2. Adriana. Vários de seus filmes nasceram de peças teatrais. Infância, seu mais recente longa-metragem, é uma adaptação de Do fundo do lago escuro, que estreou em 1980. Por que transpor teatro para o cinema?
Domingos. O teatro sempre me tocou muito. É uma relação até mais estreita do que parece à primeira vista. Não sou um homem de cinema, talvez. Sou um homem de teatro, minha formação é teatral. Stanislavskiana pura. Não sei dizer onde começa o amor à arte. Mas a arte do ator supera em grandeza todas as outras. Para mim, é mais ou menos a mesma coisa. Todo filme bom tem bases teatrais.
Obs. Ao responder a próxima pergunta (sobre como vê o cinema feito atualmente no Brasil), Domingos Oliveira volta a falar sobre arte, esclarecendo:
Domingos. Se você faz um filme que tem ótimo roteiro, ótimas atrizes, ótimos atores, um conteúdo digno de ser dito, mas não encontra exibição, é porque algo vai muito mal. É preciso fazer esse balanço entre filme comercial, que pode existir, que deve existir, mas que deve sustentar o “filme de arte”. Tenho outra melhor: filme útil. Este tem que ser útil para quem o vê. Se o filme não me dá munição para lutar a luta da vida, ele não é bom. A arte também existe para as pessoas viverem melhor. E cada vez a gente está mais distante disso.
Comentário. Domingos Oliveira sempre declarou gostar de teatro. Sempre se preocupou com a função social da arte.
No livro “Domingos Oliveira”, publicado pela Editora Globo, em 2004, ele dimensionou o teatro ao “tamanho da vida”, por ser o lugar onde se pode “exercer a forma mais interessante da sabedoria” (fonte: site da Livraria Internacional SBS).
Gostar e valorar a arte é a minha maior identidade de “harmonização interior” com a “sensibilidade da alma” de Domigos Oliveira. Aliás, foi em julho de 2013 que conheci o “gostar de arte” de Domingos Oliveira, através das suas “lições”, publicadas no blog da jornalista Flavia Guerra (fonte: cultura.estadão.com.br/blogs/lições de domingos de oliveira). A respeito, destaco o seguinte:
Flavia. A função social da arte é fazer pensar, educar?
Domingos. A arte tem um bisturi que alcança lugares que nada mais alcança. Esses lugares são o amor, a beleza, a solidariedade. A arte vai lá. Ensina o que é a vida. Costumo dizer que, quando olho um girassol no jardim, não entendo bem o que é aquela coisa amarela, escandalosa. Mas quando olho os girassois do Van Gogh, entendo perfeitamente o que é a alma de um girassol.
Flavia. A transformação da arte em bem de consumo final é um fenômeno do nosso tempo?
Domingos. As pessoas não veem que o problema não é econômico. É um problema espiritual, cultural, das pessoas. A arte é tudo que nos lembra os bons valores. É construtiva.
Obs. Por sua vez, sobre algumas comédias, Domingos Oliveira comentou:
Domingos. São filmes que não tem a menor intenção de desvendar o mistério da vida, de melhorar a vida de quem vê, que é a função social da arte. A arte é coisa de autoajuda. Se o filme me faz bem, gosto do filme. Mesmo que eu sofra.
Comentário. Para Domingos Oliveira, a arte cinematográfica deve contribuir para a melhoria das nossas vidas. Este é um dos sentidos da função social de toda manifestação artística. Explica a preferência de Domingos Oliveira pela denominação “filme últil”, para quem o vê. O importante não é apenas entender a representação materializada da arte (através de projeções de imagens ou ao vivo), mas o efeito por ela causado pela interação emocional de quem aprecia. O importante é alcançar, com a contemplação da arte, o “estado de alma” que reflete a “sensação interior” de “Sentir-se bem”.
Prosseguindo com a entrevista concedida à Revista da Cultura:
3.Adriana. Muita gente diz que o filme Todas as mulheres do mundo (1966) foi sua cartada definitiva no sentido de reconquistar Leila Diniz. O processo deste longa o ajudou a superar a separação?
Domingos. Resolveu. O amor com a Leila foi como outro amor qualquer, abençoado por Deus como são todos os amores. A paixão é o Himalaia de Deus. E a gente, quando é jovem, está muito mais apto a viver esse sentimento. Sempre dizem que tudo é sexo. A paixão é loucura. Eu adorava a Leila, adoro até hoje. Tenho saudades nítidas! Gostaria muito que ela estivesse aqui. Foi um amor jovem, bonito pra caramba. Durou uns três anos.
Comentário. É difícil usar palavras para expressar a “magia contagiante” do sentimento de amor, unindo duas pessoas. Melhor dizendo… é impossível. Impossível, porque a “essência” dessa “magia” está na plenitude do “sentir amor”, com a “sensibilidade da alma”, em sintonia interior com o “sentir amor”,da pessoa amada. A união de duas pessoas, pelo amor, é missão existencial que consolida o “sentido da vida”. O “sentir amor” é único para cada relação. Cada mulher recebe do homem, o amor que só será seu (e para sempre). Nenhum sentimento de amor de um homem para uma mulher (vice-versa) será o mesmo. Nunca, portanto, será igual em todas as relações.
Na sua resposta, Domigos Oliveira considera o jovem muito mais “apto” para se apaixonar. Não concordo. Para mim, a paixão não tem idade.
Domingos Oliveira guarda o amor sentido por Leila Diniz, porque faz parte da história da sua “existencia”, e esse amor vai se perpetuar na memória do seu “sentir” com a “sensibilidade da alma”.
4. Adriana. O longa Separações (2002) também teve essa virtude curativa, pelo que você conta no capítulo dedicado à Priscilla, sua atual companheira…
Domingos. Fiquei um ano inteiro separado dela. Depois, ela voltou. Queria muito que ela voltasse e ela voltou. Os homens são assim, provocam até que a mulher resolve ir embora. Separações é muito próximo da nossa vivência, coberto de colorido e com uma forte camada de humor! Nós sempre trabalhamos juntos. Agora menos. Mas estamos juntos há 35 anos! E parece que foi ontem. Há 35 anos, quero me separar da Priscila e ela de mim (risos). Mas a gente não consegue. A Priscilla é uma gracinha, uma pessoa séria, ética, fiel, leal, uma boa atriz… Tenho por ela, frequentemente, encantos de juventude. Mas a gente briga também. Agora que estou mais velho, é difícil de me relacionar… A relação do homem com a mulher mais nova é uma relação maravilhosa. Talvez, a relação ideal. Mas é preciso sabedoria para carregar. O bom da vida é isso: se desafiar. Pensei que fosse um homem experimentado, pensei que fosse um homem vivido.. Hoje vejo que não. Vivi muitas situações e, com maturidade, vi o que passei. Mas a velhice e a doença – por que não dizê-lo, apesar de não ser nada grave -, trazem situações novas que você não tem parâmetros para resolver. Isso está sendo para mim delicioso, descobrir novas soluçoes para novos problemas. Falando assim, parece um slogan da prefeitura quando começam as obras (risos)…
Comentário. Na minha avaliação, nesta resposta Domingos Oliveira mostrou a intensidade da luminosidade interior do seu “sentir” com a “sensibilidade da alma”, aos 78 anos de idade. Repito: É difícil ser comentado, porque a “sensibilidade da alma” somente poderá ser sentida (por mais que se tente transmitir com as palavras faladas ou escritas). Como tenho afirmado neste espaço virtual, a “sensibilidade da alma” é a singularidade do ser humano. A resposta de Domingos Oliveira revela a sabedoria de “Saber viver”, poeticamente assim contada por Cora Coralina:
– Não sei… Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Continuo com o meu comentário:
Tenho certeza de que, com a entrevista concedida à Revista da Cultura, o coração de Priscilla foi tocado ao saber que, para Domingos Oliveira, “ela é uma gracinha, uma pessoa séria, ética, fiel, leal, uma boa atriz…”. No entanto, o que mais tocou o meu coração foi a lição de Domingos Oliveira sobre o aprendizado que nós, homens mortais, somos beneficiados na relação com uma mulher mais nova. Como a relação de Domingos Oliveira com Priscila, que, para ele, é uma relação maravilhosa, talvez a ideal, também desafiadora, que frequentemente lhe mostra os “encantos da juventude”.
Termino esta mensagem, com este mesmo “sentir” de Domingos de Oliveira, ao encerrar a entrevista: – “O AMOR É A ESSÊNCIA DO HOMEM. QUEM VIVE AMA. QUEM AMA VIVE”
Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
3.Vídeos do Youtube: “Fernanda Montenegro fala de Domingos Oliveira” e “Separações – O homem lúcido”.
4.Este post sobre a entrevista de Domingos Oliveira foi autorizado pelo jornalista Gustavo Ranieri, Editor-chefe da Revista da Cultura.
5.Entrevista completa: http://www.revistadacultura.com.br/resultado/15-01-05/Onde_mais_houver_poesia.aspx
Existem momentos em que podemos ficar surpresos com o nosso “comportamento”, ou com os de outras pessoas.
É o que acontece quando vivenciamos certas experiências prerceptivas de “reações emocionais” que, aliás, há muito despertam o intresse de estudiosos e pesquisadores da mente.
Nesta mensagem, vou tecer considerações sobre o recebimento das projeções subjetivas de “comportamentos humanos”, de acordo com o nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”.
Sobre a atividade neural determinante do “comportamento humano”, esclarece Uwe Herwing, do Hospital Psiquiátrico de Zurique, no seu artigo “Eu e eu mesmo” (fonte: Edição Especial sobre “consciência”, publicado na revista Mente Cérebro, da Scientific American/Brasil, n. 46):
– O cérebro (…) contém circuitos especializados para distinguir entre estímulos internos e externos.
Imagens de exame de ressonância magnética funcional revelaram que “o córtex pré-frontal desempenha o papel de centro de comando do cérebro, planeja nossas ações e envia instruções para quaisquer partes do corpo onde são requisitadas”.
Por que o cérebro precisa de mecanismos para descrever a nós mesmos, onde estamos, o que estamos fazendo, quem somos e como os sentimos?
A resposta é simples: vários seres, e não só os humanos, precisam de um nível básico de autopercepção para sobreviver. Um animal que não consegue perceber sua própria identidade e não reconhece o mundo que o rodeia é incapaz de qualquer ação – está completamente desamparado (…).
Antecipo-lhes que esses esclarecimentos serão relevantes para explicar o entendimento da subjetividade dos “comportamentos humanos”.
Para mim, querer compreender o “comportamento humano” sempre dependerá do nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”. Isto porque, o “comportamento humano” revela, de modo “consciente” ou “inconsciente”, as projeções sensórias subjetivas da nossa “realidade interior”, bem como das representações subjetivas processadas pelo cérebro, que são recebidas do nosso “mundo exterior”.
Nas nossas relações interpessoais, mostramos o nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”. Mostramos, através do nosso “jeito de ser”, de “pensar”, de “falar”, de “representar”, de “cantar”, pelas expressões faciais” e, até mesmo, pelo nosso “silenciar” e “aquietar-se”.
A “sensibilidade da alma” pertence à nossa “realidade interior”. Transmite nossas “sensações”, “sentimentos” e “emoções”.
A “sensibilidade da alma”, inclusive molda as representações interiores do nosso “imaginário”. Ela é a nossa interior “identidade subjetiva”. Não tem cor, não tem sexo, mas está refletida em todas as manifestações do nosso “sentir” e do nosso “viver”. Essas manifestações se assemelham a um imã, com o seu campo magnético da nossa essência interior, que “atrai” ou “repele”, em sintonia de harmonização com as nossas “preferências” de envolvimento “existencial” e “espiritual”.
Mas como podemos equacionar a influência da “sensibilidade da alma”, no “comportamento humano?
Como poderemos entender esse processo subjetivo de interação?
Os psicólogos Denise Gimenez Ramos (Coordenadora do Núcleo de Estudos Junguianos, do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Pericles Pinheiro Machado Jr. (Mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, e da Birkebeck, University of London), no artigo “Jung e o caminho em direção a si mesmo”, explicam (fonte: Revista Mente Cérebro, da Scientific American/Brasil, ano XXI, n. 263):
-Uma das ideias centrais da psicologia analítica, criada pelo psiquiatra Carl Gustav Jung, é o processo de individualização, que percorre toda a evolução humana (tanto no nível pessoal como no coletivo). Trata-se do processo de “tornar-se uma pessoa inteira”, subjetivamente integrada, o que desperta um sentido de autorrealização. É claro que falamos aqui de uma visão idealizada, mas motiva o ser humano do nascimento à velhice e o guia nas escolhas afetivas e profissionais.
Embora todos nós tenhamos os mesmos padrões básicos de comportamento, a relação desses aspectos com a consciência se transforma à medida que novos conteúdos da subjetividade são assimilados pela consciência coletiva.
(…) O processo de individualização, tal como concebido por Jung, é resultante da interação do indivíduo com o coletivo. No plano individual, à medida que a criança se desenvolve, aptidões e características da subjetividade se tornam mais evidentes e singulares. De certo modo, o processo de individualização depende dessa fina sintonia com o que podemos chamar de nossa essência, que, embora dependa da genética, da educação e do ambiente familiar e cultural, certamente a tudo transcende.
Por sua vez, esclarece a psicóloga Virgínia Ferreira (Professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis), em entrevista concedida ao Jornal Correio Braziliense, edição de 7 de dezembro de 2014:
– O sujeito é uma combinação de pelo menos três esferas: orgânica, psicológica e social. Não há como tentar entendê-lo ou explicá-lo a partir de uma esfera. Essas três esferas dão vida e movimento ao sujeito e, juntas, portanto, determinam seu comportamento.
O que determina o comportamento humano, seja esse comportamento violento ou dócil, é a educação que esse sujeito recebeu na infância e, ainda, o psicológico desse sujeito também será influenciado pela educação.
Em seguida, sobre a influência dos eventos ocorridos na nossa infância, complementa a doutora Virgínia:
– É necessário entender que uma criança, ao nascer, é um ser natural. Se quiser fazer xixi ou cocô, faz na fralda; se contrariada vai transformando sua natureza puramente natural numa natureza cultural, o que significa dominar seus impulsos e agir de acordo com a moral. O sujeito, para viver em civilização, deve necessariamente submeter seus impulsos agressivos às regras sociais. Isso é fundamental, porque a educação não extingue tais impulsos, apenas nos ensina que eles devem permanecer sob o domínio da razão, da moral e dos costumes.
Termino esta mensagem afirmando que ao acreditar nas projeções sensórias da subjetividade dos nossos “comportamentos”, estamos mostrando (em todos os nossos relacionamentos) a luminosidade interior da nossa “sensibilidade da alma”.
Notas:
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A criação deste espaço virtual tem me proporcionado uma profunda e significativa transformação no meu “sentir” e no meu “viver”.
Estou, naturalmente, favorecendo a “percepção” do meu crescimento “existencial” e “espiritual”.
Estou conhecendo melhor a minha “realidade interior” e a minha, consequente, “subjetividade”.
Estou sentindo, com mais facilidade, as projeções interiores do meus “estados de alma”.
Todas essas transformações são refletidas no meu cotidiano, pelo fluir do meu “ciclo de vida”
Hoje, por exemplo, novamente detive a atenção para estas partes do capítulo “Dançando com o espantalho”, do livro “Perdas & Ganhos”, da escritora Lya Luft (para quem dedico este espaço virtual), publicado pela Editora Record:
– Precisamos superar a ideia de que estamos meramente correndo para o nosso fim, num processo de deterioraçâo e apagamento.
Esse é o nosso fantasma mais destrutivo, pois se alimenta com nosso terror da morte e cresce desmensuradamente porque nosso vazio interior lhe concede um espaço estraordinário.
Dessa releitura do livro, a parte que mais me impressionou foi esta:
– Emprestaram-me um livro onde estava sublinhada a frase: a meta da vida é a morte.
Bem, acredito que o final da vida é a morte, mas que a meta da vida é uma vida feliz.
Foi quando fechei o livro da Lya Luft, focando o meu “sentir” para esta sabedoria por ela manifestada:
– A meta da vida é uma vida feliz.
Perguntei para mim mesmo:
O que significa ser feliz?
Como se define a “Felicidade”?
Entendo que não existe possibilidade de se encontrar uma espécie de “definição universal” para os nossos “estados de alma”. ”
Sentir-se feliz” sempre dependerá dos anseios de cada pessoa, de acordo com as variantes das suas necessidades de “realizações” e de “conquistas” (em todos os sentidos).
Além disso, essas variantes estão condicionadas à natureza do que se deseja, e considera ser “condição existencial” para ser feliz.
O estado interior de “felicidade” independe de valoração sensória de origem material. A sensação de “bem estar”, portanto,não depende da “matéria”. É condição existencial personalíssima e, portanto, intrínseca à essência da nossa “sensibilidade da alma”.
Felicidade não se define. Felicidade é conquistada interiormente, e para ser sentida em harmonização com a singularidade sensória de cada ser humano.
Menditem sobre o “sentir” do lama brasileiro Michel Rinpoche, nascido em São Paulo em 1981, que aos 12 anos de idade decidiu, por conta própria, tornar-se monge e, desde 2006 vive na Itália.
Da sua entrevista concedida à revista Mente Cérebro, da Scientific American, destaco o seguinte (fonte: edição n. 245, ano XIX, de julho de 2013):
1. MeC. Todos queremos, em última instância, ser mais felizes.
Michel. E tudo isso, acredito, nos leva a ser pessoas mais felizes. Há o sofrimento físico e o mental. Na maioria das vezes somos atormentados pelo sofrimento mental, que quer solução mental. Por exemplo, a satisfação não depende de quanto você possui, e sim de um estado interior. Estar satisfeito não está associado ao quanto temos, ao contrário: quanto mais criamos necessidades, mais insatisfeitos seremos. Essa consciência nos torna responsáveis pela forma como vivemos.
2. Em outra pergunta, respondeu incisivamente:
Michel. Acredito que a felicidade está muito conectada à satisfação, mais que a euforia à alegria.
3. MeC. O que podemos entender por ser feliz?
Michel.É encontrar um estado interior de equilíbrio e satisfação, independentemente do que está á nossa volta.
Verifica-se que o “estado interior” de “estar feliz”, independe da nossa “realidade exterior”, nem do que somos ou temos. É, portanto, um “estado de alma” por nós “sentido” pela sensação de “sentir-se bem”.
O próprio “estado interior” de “sentir-se bem” é parte sensória integrante da nossa natureza existencial. Varia, portanto, de pessoa para pessoa, e se manifesta pelo nosso “sentir”, de acordo com a nossa “sensibilidade da alma”.
Termino esta mensagem, desejando que este espaço virtual possa motivar a prática do exercício de “voltar-se para si mesmo”, Que enseje a percepção dos nossos momentos de necessidade de “reinventar” nossas vidas, para sermos beneficiados pela desejada conquista interior de “Sentir-se feliz”.
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
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Hoje vou tratar de um tema relevante para (através da prática do “voltar-se para si mesmo”), exercitar o favorecimento do despertar da nossa “sensibilidade da alma”. Refiro-me à “subjetividade humana” (mas não a que molda a nossa “personalidade”), mas à “subjetividade” das projeções da nossa interior “essência existencial”.
No seu livro “E o Cérebro Criou o Homem”, o neurocientista Antonio Damasio sustenta que: “Sem a consciência – isto é, sem uma mente dotada de subjetividade -, você não tem como saber que existe, quanto mais saber que você é, e o que pensa”.
Por sua vez, em entrevista à revista VEJA (quando falou como as emoções e os sentimentos são essenciais ao influenciar a tomada de decisões e moldar a razão humana), ele assim definiu o que é “mente”:
– Ela é uma sucessão de representações criadas através de sistemas visuais, auditivos, táteis e, muito frequentemente, das informações fornecidas pelo próprio corpo sobre o que está acontecendo com ele.
Em resumo: a mente é um filme sobre o que se passa no corpo e no mundo a sua volta.
Com essa síntese de Antonio Damasio, passei a conceber a mente, como sendo a concentração do conjunto de todas as informações (internas e externas) que recebemos.
Há muito direcionei o meu interesse para as manifestações da “subjetividade humana”. Estou (sempre que possível), lendo e relendo este fato narrado pela conceituada Filósofa Terezinha Azerêdo Rios (fonte: livro “Vivemos mais!/Vivemos bem?, escrito por ela e Mario Sergio Cortella, publicado pela Editora Papirus 7 mares):
– Agnes Heller, em “A filosofia radical”, diz que as perguntas críticas são como “as questões mais pueris”, as perguntas das crianças, que nos desinstalam, nos desconcertam e que nos provocam no sentido de nos revermos, de buscar algo não pensado, não conhecido.
Outro dia, numa palestra, quando eu falava sobre essa questão, um rapaz trouxe um exemplo desse tipo de pergunta.
Ele dizia para a filha: “Já são dez e meia da noite e você tem que dormir. Não é hora de ficar assistindo desenho na TV”.
E a pequena retrucou: “Mas desenhos não são para crianças?”
Ele respondeu que sim.
“Então por que passam na hora que a criança tem que dormir?”.
Analisando detidamente esse fato, intensifiquei a prática do exercício do “voltar-se para si mesmo”, com a intenção de estimular a minha “percepção subjetiva”.
Com o crescente desenvolvimento desse processo de “interiorização”, reiventei o meu “viver”. Fiquei mais perceptivo à subjetividade do meu “sentir” as informações sensórias do “mundo exterior”.
Para mim, a nossa “subjetividade” se manifesta “de dentro para fora”, através das “projeções” (conscientes e inconscientes) do nosso “sentir”. Mas é claro que a “subjetividade humana” também pode ser estimulada pelas “representações recebidas (inclusive inconsciente) da “realidade exterior”. Foi o caso da pergunta sobre o horário dos desenhos na TV.
Portanto, cada um de nós (vivenciando uma mesma situação) reagimos de modos diferentes, de acordo com a “subjetividade” do nosso “sentir”.
A respeito, esclarece a doutora Jeni Vaitsman, Pesquisadora-titular da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, na sua abordagem sobre “Subjetividade e paradigma de conhecimento” (fonte: Boletim Técnico do Senac, volume 21, n. 2, ano 1995):
– O conhecimento científico não é mais tratado como “representação exata da realidade” e sim como uma forma de representação da realidade, entre outras (cf. Roety, R, em “A filosofia como espelho da natureza”, Lisboa, Dom Quixote, 1988). Cada pessoa lida, de modo singular, com os estímulos psicossociais que recebe.
No meu entender, considero que as revelações da “subjetividade humana” pertencem, portanto, à “essência da nossa “interioridade”. Essas “representações interiores” traduzem e revelam os nossos “sentimentos” e “emoções”, que se projetam para fora (para a nossa “realidade exterior”), através da “sensibilidade interior” do nosso “sentir”. É, portanto, sob um enfoque de “subjetividade”, a interação da nossa “realidade interior” com as vivências do nosso “como sentir” a “realidade exterior”.
“Afinal de contas, o que é “realidade”?”.
Este foi o título de uma matéria do jornal Correio Popular, de Campinas (edição de 01.10.2014), merecendo registro, neste espaço virtual, o seguinte comentário sobre a criação do pintor surrealista Salvador Dalí:
– Sem dúvida ele usava seu cérebro de uma forma singular. Talvez o que diferencie o gênio do comum mortal seja isso, a forma como primeiro explora suas potencialidades mentais.
Mestre do imaginário – além de grande marqueteiro – Dalí certamente sabia que a diferença entre o que é real e o que a nossa mente cria, não passa de uma questão de ponto de vista.
De acordo com alguns neurocientistas, como Rodolfo Llinas, da Universidade de Nova York, a realidade como percebemos é pura subjetividade. “Luz nada mais é do que a radiação eletromagnética. Cores não existem fora da mente. Nem sons. O som é um produto da relação entre uma vibração externa e o cérebro. Se não existisse cérebro, não haveria som, nem cores, nem luz, nem escuridão”, diz Llinas.
Para mim, “realidade” é a composição de percepções de imagens, pelo nosso “sentir”, subjetivamente dimensionada quando esse “sentir” é com a “sensibilidade da alma”.
Vejam o que ensina Lya Luft, logo no início de “A marca no flanco” (em “Perdas & Ganhos”, Edição Comemorativa 10 anos, Editora Record):
– O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. A concepção mais simples e lógica, considera que “subjetivo” é tudo que não é “objetivo”.
Pergunto, neste espaço virtual:
Mas como manifestamos a nossa “subjetividade?
Resposta. Com o “sentir” da nossa “interioridade”. Com o “sentir” da “sensibilidade da alma”.
Termino esta mensagem alertando que, por vezes, o registro (pelo cérebro) da visão de imagens da “realidade objetiva”, pode ser enganoso.
Façam este teste (fonte: Revista “Segredo da Mente”, ano 1, número 2, ano 2014, da Editora Alto Astral):
Calcule mentalmente, sem ajuda de papel ou calculadora (antes de ler a resposta):
Se você tem 1000 e soma 40, depois acrescenta outros 1000 e soma mais 30. Aí, soma outros 1000 e, agora, mais 20. Por fim, soma outros 1000 e mais 10. Qual é o total?
Resposta: A grande maioria das pessoas respondem 5000, mas está errado. O certo é 4.100. É que a sequência decimal acaba confundindo o cérebro.
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
2.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
Volto ao tema relacionado com o expressar a “sensibilidade da alma”, através da “escrita” (mensagem 017):
Através da “escrita” consigo manifestar o meu “Sentir”, porque me entrego a um “estado de interiorização” que, neste espaço virtual, é revelador da minha “sensibilidade interior”.
Toda “escrita” é resultado de motivações sensórias e emocionais, de acordo com as significativas circunstâncias do nosso “sentir” e do nosso “viver”. É a prova de que o efêmero não existe dentro de nós, porque as revelações e experiências dos “agora” permanecem na “memória” do nosso inconsciente.
Eu sempre escrevo com a tinta do meu “sentir” (com a “sensibilidade da alma”), que transmite as “projeções sensórias” dos meus “sentimentos” e “emoções”. Para mim, é a “comunicação escrita” mais trabalhada, mais esmerada sensóriamente, porque, através dela, temos a sensação interior de que estamos “conversando com nós mesmos, em sintonia de harmonização com a pessoa para a qual estamos escrevendo (como acontece neste espaço virtual).
Nós somos (no mundo exterior) “espelhos” da nossa “interioridade”, refletindo “sentimentos” e “emoções”.
Gosto desta explicação da doutora Maria Luiza Peres Couto Soares, docente do Departamento de Filosofia da Universidade Nova Lisboa, sobre “O que é Conhecimento”, com destaque para o tópico sobre “Percepção: Aparência e Realidade” (fonte:www.academia.edu/1069584/0_que_é oconhecimento_questões de epistemologia):
– Até o não filósofo descobre depressa a necessidade de reconhecer um mundo interior distinto de um mundo externo, um mundo de impressões sensíveis, de criações da sua imaginação, de sensações, de sentimentos e disposições de desejos e decisões.
O mundo físico é constituido por objectos materiais existentes no espaço e tempo, entre si em processos físicos e acontecimentos. O mundo interior é constituído pelas sensações, sentimentos, imaginações, desejos e decisões que povoam a nossa consciência.
Em seguida, complementa:
– Entende-se “qualia” as propriedades experienciais das sensações, sentimentos, percepções, e também dos pensamentos e desejos.
Sentir esses fenômenos é algo apenas acessível ao próprio sujeito, incomunicável aos outros, susceptível de uma descrição na primeira pessoa.
Neste espaço virtual, tenho evitado inserir nas minhas mensagens, transcrições longas. Isto porque, como sugere a paisagem acima, o “caminho” para o despertar da nossa “sensibilidade da Alma” precisa ser percorrido sem pressa.
Na paisagem deste espaço virtual, no nosso imaginário, cada árvore deve corresponder aos nossos sucessivos “passos”. Os “passos”, nas “buscas interiores”,com a prática do “voltar-se para si mesmo”. Os “passos”, nas descisões conscientes de querer “reinventar nossas “vidas”. Na desejada elevação do nosso “sentir”, com a “sensibilidade da alma”.
Nessa “caminhada” do nosso “imaginário”, sugiro “paradas” em cada árvore da paisagem, quando forem “ler” cada mensagem deste espaço virtual.
A “escrita” e a “leitura” são maneiras de mostrar a nossa “realidade interior” (conforme foi comprovado em pesquisa realizada pela Universidade de Kansas, nos EUA, durante o acompanhamento de cento e oitenta mulheres, em estágio inicial do Câncer de mama (fonte: www.clinicajulioperes.com.br). A respeito, peço atenção para estas três respostas do conceituado Psicólogo Julio Peres, da Universidade de São Paulo:
1.Por que escrever sobre as próprias emoções ajuda melhorar a saúde?
Resposta. Aprender a falar, a ler e a escrever é aprender a traduzir. Talvez, o que aprendemos nos primeiros dois anos da vida seja mais importante que toddo o conhecimento reunido ao longo de uma extensa formação acadêmica. Ainda que a palavra (falada e escrita) não seja a única via para a comunicação, certamente é uma das mais usadas no contexto terapêutico. Um dos focos do tratamento terapêutico de pessoas traumatizadas ou que atravessem adversidades importantes consiste justamente na tradução de experiência, buscando palavras que a sintetizem. À medida que vamos traduzindo a ocorrência em sínteses (representações narrativas), conseguimos finalmente, superá-la com natural impacto positivo na saúde. Por outro lado, ficar em silêncio não impede que as angústias e sofrimentos se manifestem com toda a sua potência e, mais grave ainda, não permite o processamento do trauma, a reestruturação da ocorrência dolorosa pelo indivíduo e a sua superação.
2.Escrever também pode ajudar a ter domínio sobre as emoções e, consequentemente, mais autoconhecimento?
Resposta. Escrever é de fato conhecer melhor a si mesmo. A riqueza de nossas experiências individuais é projetiva e imensamente subjetiva, e os aprendizados adquiridos nesse processo estão entre os pilares da constituição dos comportamentos diários. Ao escrevermos nossas experiências podemos observar e reconhecer as projeções do nosso eu, ampliando o aprendizado sobre nós mesmos. Muitos psicólogos e filósofos analíticos acreditam que o pensamento é completamente verbal, como sempre realizado por meio de palavras. Essa ideia fortaleceu-se com o surgimento de estudos de Linguística, contrapondo-se à concepção alternativa segundo a qual os pensamentos são imagens incorpóreas que flutuam na mente.
Independentemente de assegurar que todos os pensamentos se realizam mediante palavras ou não, certamente muitos assim ocorrem. Isto é, por meio das palavras traduzimos sínteses do que pensamos e reflexos do que somos; entretanto, os pensamentos têm amplitudes e refinamentos muito maiores do que a capacidade de “tradução” das palavras. Portanto, autoconhecimento por meio da escrita é um caminho interminável.
3.Do ponto de vista psicológico, o que acontece quando colocamos nossos sentimentos no papel?
Resposta. As palavras frequentemente são o veículo dos nossos pensamentos. Atribuir palavras às nossas experiências é criar significado e representação para elas. O trauma psicológico está relacionado à ausẽncia de significado semântico. Assim como as crianças, as pessoas traumatizadas precisam atribuir significados para então conseguirem explicar o que ocorreu. É necessário decifrar (interpretar as cifras ou o que está mal escrito) o trauma para superá-lo. Um dos focos do tratamento terapêutico de indivíduos traumatizados consiste justamente na tradução da experiência buscando palavras que sintetizem, em lugar de suprimir os pensamentos. O desafio das abordagens terapêuticas é levar o paciente para fora desse “mundo indescritível” (sem representações) por meio da atribuição de significado aos conteúdos emocionais e sensoriais dispersos. A terapêutica do trauma não está simplemente em contar a história, mas como fazê-lo: é preciso estabelecer uma aliança de aprendizado com a adversidade.
Termino esta mensagem, sugerido que todos consigam “renascer” para o caminho do despertar da essência da “sensibilidade da alma”, nas suas “buscas interiores” que, como desejo, sejam motivadas por este espaço virtual.
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
2.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br
Precisamos “renovar” o nosso “viver”. “Renovar e, também, refletir para todos o despertar da “sensibilidade da alma”.
Para Fernando Pessoa – “Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida”.
Para mim, Mudar é “transformar”. É “reinventar” a nossa “vida”, mas de preferência começando por uma necessária “mudança interior”.
Para Mahatma Gandhi, com a nossa “mudança” ajudamos “mudar o mundo: – “Seja a mudança que você deseja para o mundo. Você tem que ser o epelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim”.
Neste espaço virtual venho insistindo que “cada momento é único em nossas vidas”. Devem ser vivenciados na plenitude do nosso “sentir”. Na plenitudo do “despertar” e do saber “sentir” com a “sensibilidade da alma”.
Em tudo, e até mesmo em nós, está manifesto um fantástico, necessário, e dinâmico processo de “transformação”. É o “processo natural” de “evolução”, que impõe, para todos nós, um outro processo: – o da permanente necessidade de “reinventar” o nosso “viver”. De “ressignificar” o nosso “existir” com um novo “olhar interior” para a “vida”.
Ora, se em nossas vidas vivenciamos um processo de “transformação”, com o nosso “mudar” também ficamos em “harmonia existencial” com todas as “transformações” do nosso “mundo”. Isto porque, tudo que existe na natureza, no Universo, é um permanente “mudar”. É um permanente “transformar-se”. É, portanto, um necessário “renascer”.
Todos nós temos “consciência” de que, pelo fluir do “ciclo da vida”, podemos (e precisamos) “mudar” o nosso “sentir”, o nosso “pensar”, o nosso “viver”. Temos “consciência” de que podemos tomar a decisão de “mudar” a nossa “maneira de ser”. Ocorre que nem sempre temos a convicção de certeza do “quando”, e de “como” conseguir mudar.
Para superar esse estado emocional de “insegurança”, devemos começar exercitando o “voltar-se para si mesmo”, através de um processo de “interiorização”, que permitirá conhecer as projeções do nosso “sentir” com a “sensibilidade da alma”. É o processo que permitirá identificar, sensoriamente, as “necessidades” e as “preferências” da nossa “realidade interior”.
Todo ser humano precisa conhecer suas “emoções”, os seus “estados de alma”.
Todo ser humano é o medelador do seu “viver”,
O “sentir” com a “sensibilidade da alma”, favorece acompanhar a “dinâmica da vida”, com diferentes visões: – a das nossas ambientações externas (do mundo em que vivemos), e a visão que transcende o “fluir” do nosso cotidiano (que é a visão da “subjetividade” do nosso “sentir”. Da “subjetividade” do “saber sentir”, com a “sensibilidade da alma”.
Com a renovação do nosso “sentir”, do nosso “pensar”, do nosso “viver”, alcançamos o estado emocional de “Sentir-se bem”.
Recentemente, foi lançado pela MG Editores, de São Paulo, o livro “Mudar”, do respeitado psiquiatra Flávio Gikovate.
O livro trata, com profundidade, das nossas dificuldades para se realizar o “como mudar”.
Para Flávio Gikovate, “mudar” significa alterar o modo como pensamos, para aproveitar melhor a vida, com mais harmonia e serenidade.
Por sua vez, como a nossa “caminhada” está direcionada para a necessidade das nossas “buscas interiores”, considerei interessante esta observação de Gikovate:
– Vivenciamos nossa vida psíquica com autonomia, como algo desvinculado do cérebro, imaterial. Talvez por isso os pensadores tradicionais sempre tenham se valido da noção de “alma”, algo que nos habita e eventualmente continuaria a existir mesmo depois da morte física. Não é o caso de nos aprofundarmos nesse aspecto, mas é indiscutível que, ao longo dos anos que passamos debaixo do sol e enquanto nosso cérebro funciona normalmente, experimentamos a vida como se fôssemos constituídos de uma parte física, material, e de outra imaterial. O dualismo corpo-alma não se confirma na prática, pois qualquer distúrbio cerebral repercute imediatamente no modo como pensamos – e vice-versa. Mas, em condições normais, parece que o corpo e alma são entidades distintas; ao menos é assim que vivenciamos nossa existência no dia a dia.
Em seguida, ele reconhece que do ponto de vista das mudanças subjetivas, muitas vezes deparamos com um panorama nebuloso.
Ao termiar, peço que vocês considerem esta mensagem como sendo um ensaio preliminar para uma das próximas deste espaço virtual, quando preendo enfocar questões relacionadas com a aparente complexidade subjetiva das nossas necessárias “mudanças interiores”.
Notas:
1.Esta mensagem está sendo novamente postada, em razão do ataque de hackers ocorrido no ano passado.
2.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br