(270) Sentindo como conceber a nossa experiência de vida.

“AS VISÕES SERÃO SEMPRE MAIORES DO QUE A REALIDADE CONCRETA, MAS É POR ISSO MESMO QUE O REINO HUMANO EXISTE, PARA QUE EMPREENDA TODO ESFORÇO NECESSÁRIO DE FAZER CABER AS VISÕES ILIMITADAS NUMA REALIDADE LIMITADA”
São palavras do astrólogo Oscar Quiroga, que mais uma vez enriquece a nossa jornada para o “autoconhecimento” (mensagens anteriores: 097, 122, 149, 152, 153, 154, 184, 196, 212, 248, 251, 253, 254, 255, 257, 266 e 267). Iniciado na escola de Yoga Suddha Dharma Mandalam, com formação superior Psicologia pela PUC-SP, ele considera ser o despertar da nossa “consciência de espiritualidade” a maior experiência de transcendência do ser humano.

Esclareço que sou seguidor de Quiroga, porque aprecio a instigante subjetividade do seu modo de transmitir as percepções sensoriais das suas previsões. Como exemplo, veja como recebi as palavras que selecionei para iniciar esta mensagem:

– Ele deve estar se referindo ao alcance das sensórias “visões” do nosso imaginário; às “visões” subjetivas das nossas “percepções interiores”; da nossa “intuição” e, principalmente, a do alcance ilimitado da nossa “expansão de consciência”. Com outras palavras: à “visão” iluminada do “caminho do despertar” da nossa transcendência “existencial” e “espiritual” (em mim sentida, como sentimento superior de “Divindade” no meu coração). Aliás, como acredito, talvez seja esse mesmo sentimento que mais se aproxima do significado da raiz da palavra “buddhi” (sem tradução em inglês), mas que para os orientais é entendida como sendo um iluminado “despertar de si mesmo”; como também sendo a “visão” de interconexão do sutra “Tat Tvam Asi” que se manifesta pelo “vejo o outro em mim e eu nos outros”. Quiroga também deve estar fazendo referência à visão da nossa “Sensibilidade da Alma” que, para Deepak Chopra, tem o poder de naturalmente criar, por intuição, as realidades imaginárias que podemos estar precisando. A respeito, explica a doutora Daniela Benzecry com sínteses esmeradas de clareza de estilo:

1. [Os nossos] valores transcendentes e a relação com eles são necessários para se encontrar valor na vida, para dar-se valor à própria vida.
2. Queiramos ou não, valores que transcendem a matéria existem potencialmente e são importantes para dar-se significado à vida, uma necessidade humana. Como lembra Zoja (1992), nascer não basta ao ser humano, pois ele anseia por dar valor à sua existência e precisa tornar a sua vida significativa e singular.
3. Não basta existir, precisa-se dar significado à existência e, para isso, faz-se necessário estar em relação com valores transcendentes.
4. A busca por dar significado à existência individual é uma questão espiritual e dela não escapamos: “O homem é um ser condenado a buscar sentido, a captar que há algo que lhe transcende – isto é, a dimensão espiritual”, lembra-nos Monteiro (2006:15).
Nota: Sobre o enfoque dos itens 3 e 4, sugiro a leitura da mensagem 258.

Por sua vez, como considero serem de “percepções intuitivas” as origens das previsões astrológicas de Quiroga, peço sua atenção para esta interessante explicação do doutor Carlos São Paulo, que é médico e psicoterapeuta junguiano:

– Jung chamou de funções psíquicas irracionais aquelas que nos fazem perceber o mundo além da lógica e da razão. Há dois grandes grupos nessa categoria: sensação e intuição. O primeiro atende bem à “organização vertical” e percebe o mundo por meio dos cinco sentidos. É uma sensação determinada sobretudo pelo objeto. Para os que estão nesse grupo, “nada existe além do concreto e do real; considerações sobre ou além disso são aceitas apenas enquanto fortalecem a sensação”.
Os intuitivos absorvem os fenômenos que presenciam de forma subliminar à consciência e só vai perceber que está se orientando de modo acertado, sem ter consciência das etapas, quando finalmente tem seu momento de intuição. Por ter a função sensação subliminar à consciência eles sentem a tarefa desagradável por estarem focando no resultado final e sofrem com isso. O intuitivo é um tipo de sujeito que se mantém na expectativa do que virá. A possibilidade é o que o alimenta e o seu combustível é imaginar o que se lhe oculta. Por isso tal tipo não suporta a rotina. O simbolismo é o que prevalece, e não a observação.

O que motivou esta mensagem, foi a subjetividade do “sentir” de Quiroga sobre a nossa “experiência de viva”:

– Chegaste até aqui e agora como resultado dos passos que deste, de tuas escolhas, do alcance de tua percepção. Há uma parte desse caminho, que é um labirinto, que foi escrito para ti, é o resultado do legado que a civilização imprimiu em ti através da educação e da estrutura moral do ambiente familiar em que tua alma e corpo foram criados. Apesar de ter sido escrito para ti, tu escolheste, mesmo sem o saber, o que fazer com isso. E sabes o que te deu esse poder de escolha? Acontece que esse histórico que parece te determinar a que sejas assim ou assado é, na verdade, apenas um incidente na construção de tua experiência de vida. Teu poder de escolha é determinado pelo diálogo que tua consciência desenvolve com o futuro através daquilo que se chama sonhar.

Como estou cada vez mais convencido de que precisamos satisfazer as nossas necessidades de completudes (inclusive as de natureza “espiritual”), termino esta mensagem com este expressivo “sentir” da escritora Lya Luft, para quem dediquei esta nossa jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 001):

ESTA EXPERIÊNCIA, ESTA VIDA É A NOSSA ÚNICA CHANCE DE SERMOS NÓS MESMO.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação do doutor Carlos São Paulo foi reproduzida da Revista PSIQUE, Ano IX, n. 112, da Editora Escala. As da doutora Daniela Benzecry, do seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade, lançado no Brasil pela Editora VOZES. As do astrólogo Oscar Quiroga, do seu horóscopo publicado em no dia 13 deste mês, da Revista “Divirta-se Mais”, do jornal Correio Braziliense.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(269) Sentindo com António Damásio, o despertar dos nossos sentimentos.

“OS SENTIMENTOS SÃO REPRESENTAÇÕES DO ESTADO DA NOSSA VIDA, MAS REPRESENTAÇÕES QUALIFICADAS. ESSA QUALIFICAÇÃO APARECE EM TERMOS DE AGRADÁVEL OU DESAGRADÁVEL, BOM OU DE MAU, E É ISSO QUE FAZ A GRANDE DISTINÇÃO ENTRE A INTELIGÊNCIA HUMANA NO SENTIDO MAIS COMPLETO E A MENTE HUMANA. OS SENTIMENTOS COMO PERSONAGENS SÃO AS REPRESENTAÇÕES, AQUILO QUE ESTÁ NA NOSSA EXPERIÊNCIA MENTAL QUANDO ESTAMOS A VIVER UMA VIDA REAL”
São palavras do neurocientista António Damásio, durante a entrevista concedida ao Jornal O Público, no dia 05/11/2017, em Lisboa, sobre o seu livro “A Estranha Ordem das Coisas”. Lançado no Brasil pela Editora Companhia Das Letras, com tradução de Laura Teixeira Motta, acabei de concluir a minha leitura e recomendo para você. Em síntese, por meio de uma inovadora perspectiva de aferição de regulação homeostática, ele explica as origens biológicas dos sentimentos e da cultura humana. A apresentação do livro inicia com este esclarecimento:

– Este é um livro sobre um interesse e uma ideia. Há muito tempo me interesso pelo afeto humano, o mundo das emoções e sentimentos, e há anos o estudo: por que e como temos emoções e sentimentos? Usamos sentimentos para construir nossa individualidade? Como os sentimentos auxiliam ou solapam as nossas melhores intenções? Por que e como nosso cérebro interage com o corpo para sustentar essas funções? Tenho novos fatos e interpretações a compartilhar sobre todas essas questões. Quanto à ideia, ela é muito simples: os sentimentos não têm recebido o crédito que merecem, como motivos e monitores das proezas culturais do homem.

Para esta mensagem, destaco este “sentir” de António Damásio:

– Os sentimentos nos dizem o que precisamos saber. Sentimentos acompanham a trajetória da vida em nosso organismo, tudo o que percebemos, aprendemos, lembramos, imaginamos, raciocinamos, julgamos, decidimos, planejamos ou criamos mentalmente. A ausência completa de sentimentos significaria uma suspensão da existência, porém até mesmo uma remoção radical deles comprometeria a natureza humana.

Por sua vez, para Jung as “percepções” das nossas realidades (sejam elas, de que natureza forem), são elaboradas no psiquismo e por nós recebidas por “imagens”. Elas são, portanto, a linguagem da “psique”.

Explica António Damásio:

– Qualquer imagem que entra na mente tem direito a uma resposta emotiva. Isso se aplica inclusive às que chamamos de sentimentos.

Fiquei encantado com a leitura do livro de António Damásio, porque também sempre me interessei pela a origem dos nossos “sentimentos” (que foi definido por esse belo “sentir” de Johann Goethe, como sendo “a essência viva da alma”). Entendo que em todas as buscas de “autoconhecimento”, nós precisamos procurar entender os significados das “imagens sensórias” recebidas da nossa subjetividade interior (mensagem 153). Foi por essa razão que comecei esta mensagem, com estas palavras de António Damásio:

– OS SENTIMENTOS SÃO REPRESENTAÇÕES DO ESTADO DA NOSSA VIDA, MAS REPRESENTAÇÕES QUALIFICADAS. OS SENTIMENTOS NOS DIZEM O QUE PRECISAMOS SABER.

Termino esta mensagem com estes ensinamentos da doutora Daniela Benzecry, que encontrei no seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade – Um caminho junguiano para o desenvolvimento espiritual”. Lançado no Brasil pela Editora VOZES, assim como os livros de António Damásio, considero leitura obrigatória para todos que buscam o conhecimento de “si mesmo”:

1.É a visão de mundo que determina como alguém vê o mundo; ela orienta a vida da pessoa e, assim, as suas escolhas. A visão de mundo é diretamente relacionada aos nossos valores.
2.É possível fazer uma escolha e ter um comportamento diferente do que se faria a partir de determinado sentimento, pois ter um sentimento não implica, necessariamente, que se aja de acordo com ele. Uma vez que se tenha consciência do sentimento, é possível optar em se guiar ou não por ele, fazendo surgir o sentimento correspondente ao comportamento adotado.
3.Embora costumemos ver no mundo externo a causa pára o que sentimos, o mundo externo não é a causa em si, funcionando mais como uma oportunidade dos sentimentos surgirem, pois o sentimento é uma função de relação. É necessário haver a interação do mundo interno com o mundo externo ou com um conteúdo interno para que o sentimento ocorra. A realidade externa funcionaria como a tela em que o mundo interno é projetado por meio da emoção deflagrada no encontro com o mundo externo, e a vivência consciente daquela emoção produziria o sentimento.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação do doutor Carlos São Paulo está publicada na Revista PSIQUE, n. 112, Ano IX, da Editora Escala. As da doutora Daniela Benzecry foram reproduzidas do seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade”, lançado no Brasil pela Editora VOZES.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(268) Sentindo que precisamos de significados, para a nossa “existência” e “vida”.

“OLHE PARA DENTRO, PARA AS SUAS PROFUNDEZAS, APRENDA PRIMEIRO A SE CONHECER”.
São palavras de Sigmund Freud, o criador da Psicanálise. O alcance desse seu “sentir” foi seguido pelo psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung, fundador da Psicologia Analítica, por entender que o “olhar para fora é sonhar, para dentro é despertar”. Um despertar para o conhecimento do Si-mesmo, do nosso Self, que foi por ele definido como sendo uma imagem arquetípica da plenitude da nossa totalidade psíquica consciente e inconsciente. Talvez tenha sido em razão desse seu conceito, que Jung reconheceu “o autoconhecimento, como sendo uma aventura que conduz à amplidões e profundezas inesperadas” (OC 14/2, § 398). Por sua vez, gosto deste “sentir” do psicoterapeuta junguiano Mario Jacoby, que em agosto do ano passado escolhi para iniciar a mensagem 225 sobre a meditação Vipassana:

– O ‘SI MESMO’ PARECE CONTER DIMENSÕES DE SI QUE SOMENTE PODEM SER OBSERVADAS POR MEIO DE INTROSPECÇÃO DIFERENCIADA E CONTÍNUA. O QUE SEI SOBRE MIM NUNCA É O QUE SOU INTEIRAMENTE. SOMOS MUITO MAIS DO QUE CONHECEMOS SOBRE NÓS MESMOS.

A motivação desta mensagem pode ser explicada pelo meu antigo interesse de querer entender como, influenciados pelas imagens simbólicas do nosso “inconsciente”, criamos “significados” para as percepções sensórias da nossa subjetividade interior e para muitas das nossas experiências de interações existenciais. Refiro-me a uma imersão ao desconhecido da nossa “psique”, da essência da nossa “individualidade existencial”, porque nem sempre temos condições de “sentir” as vinculações de causalidades que possibilitam mensurar (ou não) a nossa subjetiva valoração de reconhecimento do que (para nós) terá “significado”. Também gosto deste entendimento da doutora Susan Greenfield, pesquisadora da Universidade de Oxford, sobre uma série de atividades integradas do nosso cérebro:

– A CONSCIÊNCIA NÃO É UM LAMPEJO, MAS UM CONTÍNUO DE CONEXÕES DOS SEUS NEURÔNIOS, QUE VÃO OCORRENDO DO MOMENTO EM QUE VOCÊ NASCE ATÉ O FIM DA SUA VIDA. A CADA NOVA EXPERIÊNCIA, SEU CÉREBRO FAZ UMA REPRESENTAÇÃO MENTAL QUE É ARMAZENADA EM SUA MEMÓRIA. QUANTO MAIS O MUNDO PASSA A TER SIGNIFICADO PARA VOCÊ, MAS CONEXÕES SÃO FEITAS NO CÉREBRO.

Sobre essa retenção na “memória”, merece atenção este entendimento do neurocientista António Damásio sobre as nossas decisões de escolhas:

– O PROCESSO DE ESCOLHA É LONGE DE SER UMA ANÁLISE RACIONAL, POIS FAZ REFERIMENTO ÀS EXPERIÊNCIAS PASSADAS, QUE DEIXARAM UM CAMINHO EMOCIONAL NA PESSOA, EVOCANDO EMOÇÕES E SENTIMENTOS QUE INFLUENCIAM A TOMADA DE DECISÃO.

São muitos (além do equilíbrio corpo, mente e espírito), os benefícios que podemos alcançar com as conhecidas e silenciosas práticas meditativas de “interiorização” (mindfulness). Certo é que as percepções elaboradas pelos nossos processos psíquicos são reveladas por “imagens”. Elas compõem a linguagem perceptível do nosso “inconsciente” que, para a neurociência, é responsável por 95% da nossa atividade cerebral. Aliás, como acredito, essas “imagens” também podem ser projeções intuitivas vindas da nossa “Sensibilidade da Alma” (como são as emergentes do nosso “inconsciente”), que podem influenciar os nossos “modos de ser”, de “agir”, de “sentir” e de “pensar”. Esclarece o doutor Carlos São Paulo, médico e psicoterapeuta junguiano:

1. A vida civilizada nos tem distanciado do inconsciente, e este se revela por meio de símbolos. Na Psicologia de Jung, chamamos de símbolo qualquer imagem que funcione como veículo de energia e mistérios. Imagens que mostram uma face conhecida e outra que se esconde da consciência.
2. Jung nos explica que fatores interiores, em conjunção com fatores exteriores, registrados pela percepção, recebem forma e sentido ao projetar imagens. A atitude da consciência, que, em sua ilusão de realidade, tenta decifrá-las, destrói o símbolo e o reduz a algo como se tivesse existência própria.
3. A vida humana construiu seus símbolos e lhes deu a condição de nos orientar de volta a essa natureza de que um dia nos afastamos, mergulhados na ilusão da lógica do ego. Os símbolos não precisão dessa lógica e eles são os guias que, verdadeiramente, nos levam pelo caminho do destino a ser cumprido.
4. Símbolo é o termo que, para Jung, melhor traduz um fato complexo e ainda não apreendido pela consciência. Quando tomamos o símbolo como algo conhecido, sem respeitar suas dimensões desconhecidas e suas leis não lógicas, perdemos a mensagem que a sabedoria na natureza pretendia nos passar.
5. Vivemos imediatamente apenas no mundo das imagens. É através dos símbolos que damos sentido ao existir.
6. Precisamos que a vida tenha significado e, para isso, o “EU” necessita voltar a se relacionar com o “todo misterioso” ou o Deus dentro de cada um de nós.

Sobre essas considerações do doutor Carlos São Paulo, tenho pensado muito sobre este seu “sentir”:

– NA LINGUAGEM DA PSIQUE, É ATRAVÉS DOS SIMBOLOS QUE DAMOS SENTIDO AO NOSSO EXISTIR. PRECISAMOS QUE A VIDA TENHA SIGNIFICADO.

Pergunto para você:

– QUAIS SÃO OS “SIGNIFICADOS” (INCLUSIVE DE TRANSCENDÊNCIA ESPIRITUAL) QUE PODEMOS SENTIR PARA A NOSSA “EXISTÊNCIA” E “VIDA”?

Entendo que a natureza e o alcance dos “significados” da nossa “existência”, nesta dimensão de vida, são definidos pelas possibilidades de favorecimentos de realizações dos nossos “propósitos”. Todos nós temos liberdade de escolhas para criar os “propósitos” que desejamos para melhor atender as nossas “conscientes” necessidades de completudes “existenciais” e “espirituais”. Acontece que muitos deles não são alcançados, porque nem sempre dependem do nosso “querer”. Concordo com a afirmação do doutor Carlos São Paulo de que “é através dos símbolos que damos sentido ao nosso existir”. Mas não me parece que todas as “imagens” recebidas da nossa “psique” sejam nitidamente simbólicas. Para serem precisam, necessariamente, imantar o nosso imaginário, tocar o nosso coração com a força dos nossos desejos “viver”. Para isso, devemos “buscar” e “sentir” um permanente “significado” para a nossa “existência” e para as nossas “vidas”. Será quando ficaremos “despertos” para a plenitude infinita da nossa elevação espiritual, ainda nesta dimensão de vida.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação da doutora Susan Greenfiel foi reproduzida da Revista Super Interessante, edição de novembro de 2016, da Editora Abril; a do neurocientista António Damásio, do artigo sobre “Como a indecisão pode afetar a vida”, do escritor Eduardo Shinyashiki, publicado na edição 101 da Revista PSIQUE, da Editora Escala; as do doutor Carlos São Paulo, da sua coluna “Divã Literário”, das edições 95, 96 e 101, também da Revista PSIQUE, da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(267) Sentindo o que devemos (ou precisamos) aprender com a subjetividade dos nossos relacionamentos.

OS ENCONTROS MAIS IMPORTANTES JÁ FORAM COMBINADOS PELAS ALMAS ANTES MESMO QUE OS CORPOS SE VEJAM.

São palavras de Paulo Coelho, o nosso imortal que em 2002 foi eleito para ocupar a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras. Sob uma subjetiva perspectiva de significados, são palavras imantadas com essência espiritual de dimensões superiores que influenciam a percepção interior dos nossos sentimentos de “AMOR”, despertando em nós “propósitos” de satisfações mútuas de completudes de necessidades de “união”, de “harmonização” e de “envolvimento” entre dois ou mais seres. Quando falamos de “relacionamentos”, dos nossos “encontros” e “desencontros”, somos viajantes levados pelos caminhos desconhecidos das imprevisibilidades da vida, assim como são os caminhos soprados pelos ventos que mudam de direção a qualquer instante, vindos e indo para onde nunca saberemos dizer e nem imaginar.

Observe que Paulo Coelho considera serem “os mais importantes para nós”, os encontros que “já foram combinados pelas almas” antes mesmo de acontecerem nesta dimensão de vida. Concordo, porque um “relacionamento” ainda desconhecido da nossa realidade, “pode ser” aquele que estamos precisando para melhor atender as nossas necessidades em todos os sentidos do nosso “viver”, inclusive no espiritual.

Os graus de importância dos nossos “relacionamentos”, sempre deverão ser mensurados pelo que acrescentam para nós. Assim como “tudo” que acontece em nossas vidas, todos eles são experiências “únicas” que produzem consequências desejadas ou não por nós. Sobre a subjetiva temporalidade dos efeitos do fim dos “relacionamentos”, esclarece a psicóloga e psicoterapeuta Andrea Calçada, que possui formação em Gestalt:

– O SOFRIMENTO CAUSADO PELO TÉRMINO DE UM RELACIONAMENTO AMOROSO INDEPENDE DO TEMPO DE DURAÇÃO DESTE. ALÉM DISSO, HÁ UMA PREDOMINÂNCIA DE ATITUDES NEGATIVAS TANTO PARA HOMENS COMO PARA MULHERES, EMBORA EM INTENSIDADES DIFERENTES.

Os nossos “relacionamentos” terminam “apenas para os outros”. “Nunca para nós”, porque fazem parte das nossas histórias de vida. Um exemplo sublime e belo foi, e para sempre será esta inspiração de Vinícius de Morais (“Soneto do Amor Eterno”):

– “(…que)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Gosto deste “sentir” de Paulo Coelho:

– SEMPRE EXISTE NO MUNDO UMA PESSOA QUE ESPERA A OUTRA. E QUANDO ESSAS PESSOAS SE ENCONTRAM E SEUS OLHOS SE CRUZAM, TODO PASSADO E TODO FUTURO PERDE QUALQUER IMPORTÂNCIA E SÓ EXISTE AQUELE MOMENTO.

Agora, se você se preocupa em querer escolher as pessoas com quem deseja se relacionar, esclarece a doutora Vanda Lucio Di Yorio Benedito no seu livro “Terapia de Casal e de Família na Clinica Junguiana”, lançado no Brasil com direitos de edição reservados por Summus Editorial:

A ESCOLHA DO PARCEIRO, GERALMENTE, ENVOLVE UM COMPLEXO ARSENAL DE MOTIVAÇÕES. LIGADAS A VIVÊNCIAS EMOCIONAIS MUITO ÍNTIMAS E PROFUNDAS, (…) DE DIFÍCIL REPRESENTAÇÃO NO NÍVEL DA CONSCIÊNCIA. MISTURAM-SE DESEJOS DE VÁRIAS ORDENS, E QUANTO MAIS INCONSCIENTE O INDIVÍDUO ESTIVER DESSES DESEJOS, MAIOR A POSSIBILIDADE DE TAIS CONTEÚDOS SEREM ‘FISGADOS’ NUMA RELAÇÃO.

Em seguida, de modo conclusivo alerta a doutora Vanda:

– O INDIVÍDUO QUE NÃO CONSEGUE TOMAR PARA SI AQUILO QUE CONSTITUI PARTE DE SEU MUNDO INTERNO FICA PERDIDO DE SI MESMO, BUSCANDO ACHAR-SE NO OUTRO.

Agora, peço a sua atenção para este “sentir” do médico indiano Deepak Chopra, seguido das minhas considerações:

– SEJA QUAL FOR O RELACIONAMENTO QUE VOCÊ ATRAIU PARA DENTRO DE SUA VIDA, NUMA DETERMINADA ÉPOCA, ELE FOI AQUILO DE QUE VOCÊ PRECISAVA NAQUELE MOMENTO.

1.Todos nós temos uma inata capacidade interior de saber “o que queremos para nós mesmos”. Deepack Chopra se refere aos possíveis “relacionamentos” que (segundo ele), “atraímos” para dentro das nossas vidas. Concordo em parte, porque entendo que muitos deles nem sempre são antecedidos (“em nós” e “para nós”) por um sensório e consciente estado interior de “vontades” de realizações pessoais que, como desejamos, melhor atendam as nossas necessidades de “completudes existenciais e espirituais”. Eles simplesmente podem acontecer em nossas vidas, inclusive nos surpreendendo. Nesses casos, muitos atribuem ao “acaso” (mensagem 027) ou ao “destino” das pessoas. Mas sejam quais forem os nossos tipos de “relacionamentos”, eles devem ser por nós vivenciados e avaliados como experiências que estamos precisando.

2.Para os “relacionamentos” serem consolidados por buscas recíprocas de harmonização de entendimentos, devemos recorrer às conhecidas práticas de “autoconhecimento”. Nós necessitamos e precisamos conhecer “como somos para nós mesmos” e, principalmente, “como acreditamos ser para o outro”. O que não podemos é “impor” o que queremos ser para nos mesmos e para com quem estamos nos relacionando. A respeito, esclarece o doutor Júlio Furtado, que é professor e palestrante coach, com especialidade em Gestalt-terapia:

– NOS RELACIONAMENTOS SIGNIFICATIVOS DA NOSSA VIDA, O QUE VERDADEIRAMENTE IMPORTA (OU DEVERIA IMPORTAR) É COMO NOS ENCONTRAMOS INTIMAMENTE UNS COM OS OUTROS E NÃO O QUE ELES FAZEM OU PENSAM. A TOLERÂNCIA CONSTRUTIVA ACONTECE QUANDO DECIDIMOS ACEITAR O OUTRO SEM NECESSARIAMENTE CONCORDAR COM O QUE ELE DIZ OU FAZ, SENTE OU PENSA. OCORRE QUANDO, INDEPENDENTEMENTE DO QUE PENSA OU SENTE O OUTRO, EU O ACEITO SEM GERAR BARREIRAS DE AVERSÃO EM MINHA VIDA EMOCIONAL. AÍ ESTÁ OUTRO ELEMENTO FUNDAMENTAL NO DESENVOLVIMENTO DA TOLERÂNCIA CONSTRUTIVA: PRECISO SABER O QUE ME FAZ CONSTRUIR BARREIRAS DE AVERSÃO COM RELAÇÃO AO OUTRO PELO SIMPLES FATO DE ELE DISCORDAR DE MIM. (…) QUANDO CONSEGUIMOS ESCOLHER SER FELIZES AO INVÉS DE TERMOS RAZÃO É PORQUE ESTAMOS BEM PRÓXIMOS DA TOLERÂNCIA CONSTRUTIVA. CHEGAMOS LÁ QUANDO RESPEITAMOS E NÃO NOS DISTANCIAMOS DO OUTRO PORQUE ELE PENSA DIFERENTE E NOS CONFRONTA A PARTIR DISSO.

3.Ainda sobre as nossas necessárias buscas de “autoconhecimento” com a finalidade de fortalecer os nossos “relacionamentos”, complementa o astrólogo Oscar Quiroga, no seu horóscopo publicado nas edições dos dias 28 e 29 de setembro e 13 de outubro, do jornal Correio Braziliense:

I) Além do árduo e fundamental processo de autoconhecimento que todo ser humano precisa empreender, para se tornar destro na administração da complexidade da experiência de vida, a partir do momento em que se ingressa num relacionamento há de se agregar também a aventura do conhecimento do outro. Duas ou mais pessoas que se envolvem e dispõem ao relacionamento não podem continuar ensimesmadas no processo de autoconhecimento, porque se assim fosse, elas não se relacionariam, apenas se acompanhariam, e isso na melhor das hipóteses. Aventurar-se a conhecer as outras pessoas é um passo fundamental para a construção de relacionamentos. Conhecer o outro com imparcialidade de juízo, com aceitação das diferenças e estímulo a deixar todo mundo à vontade, só assim começa um bom relacionamento.

II) ALGO NOVO SE CRIA NO RELACIONAMENTO. Quando ingressas num relacionamento perdes de vez o direito de, depois, se nada der certo, voltar a tua vida anterior. Acontece que quando as pessoas se relacionam, isto é, constroem mutuamente um caminho para se conhecerem e adaptarem a um novo estilo de vida, elas não podem voltar atrás nem mesmo se esforçando para isso. É que um relacionamento não é a soma de duas ou mais pessoas, é algo novo que se cria, uma intersecção que não acontece por obra das forças da natureza, mas pelo empenho dos seres humanos envolvidos. Relacionamento não é nenhuma das pessoas envolvidas, relacionamento é algo novo que resulta desse empenho, e isso deixa uma marca que impede voltar atrás. Relacionamentos podem enriquecer ou empobrecer as pessoas envolvidas, mas nunca passam despercebidos, como se nada tivesse acontecido.

III) O DIGNO AUTOCONHECIMENTO – Autoconhecimento é bom e se deve respeitar quem se atreve a empreender esse caminho. Não é respeitável, porém, que o processo de autoconhecimento leve alguém a se ensimesmar tanto que perca de vista a aventura de conhecer também os outros, as pessoas com que se relaciona. Só por meio do conhecimento do outro nossa humanidade encontra a oportunidade de não se perder nas fantasias que serpenteiam na vida interior, algumas delas tão brilhantes que assumem formas aparentemente elevadas, espirituais até, mas que são ilusões que servem ao único objetivo de se encerrar dentro de si e nunca perceber que, do lado de fora, há pessoas que precisam de nossa atenção. Toma sempre cuidado para que a dignidade do processo de autoconhecimento não se converta num processo inconveniente.

O tema escolhido para esta mensagem é de uma singularidade relevante e especial para todos nós, porque considero serem os nossos “relacionamentos” fontes preciosas de “conhecimento” e de “satisfação” das nossas necessidades de completudes “existenciais” e “espirituais”. Para esta oportunidade, muitos outros enfoques poderiam ser trazidos para a sua apreciação, mas qualquer teorização será incompleta, ou até mesmo sem nenhum valor de ajuda, porque apenas cada um de nós podemos “sentir” os significados interiores de todas as nossas experiências “íntimas” e “pessoais” de “relacionamentos”, sejam de que natureza forem as condições receptivas dos nossos envolvimentos. Talvez tenha sido esse mesmo meu “sentir” que inspirou Jung a reconhecer que “a arte de viver é a mais sublime e a mais rara de todas as artes”.

Esta nossa jornada para o “autoconhecimento”, repetidas vezes vem sendo enriquecida pelos ensinamentos do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, diretor e fundador do Instituto Junguiano da Bahia. Para esta mensagem, selecionei este seu “sentir”:

– CADA HOMEM EXPERIMENTA SUA HISTÓRIA PESSOAL, MAS TAMBÉM A HISTÓRIA DA HUMANIDADE EM SI. O “EU” QUE LHE DÁ A IDENTIDADE É UMA BRICOLAGEM DE TUDO QUE EXISTE EM TODOS OS OUTROS HOMENS, E É A COMBINAÇÃO ENTRE ESSES FRAGMENTOS DA PSIQUE COLETIVA QUE FORMA O INDIVÍDUO COMO SINGULAR. (…) A REALIDADE OBJETIVA, QUE COMPARTILHAMOS COM O OUTRO, NOS ENGANA E ATÉ CONSEGUIMOS ABANDONAR AS CERTEZAS ABSOLUTAS. É SÓ DESSA FORMA QUE PODEREMOS COMPREENDER O OUTRO. DE ACORDO COM JUNG, NOSSA PSIQUE TRADUZ, FILTRA, ALEGORIZA, DESFIGURA E ATÉ FALSIFICA TUDO QUE NOS É TRANSMITIDO E NADA É ABSOLUTAMENTE VERDADEIRO, NEM MESMO ISSO É TOTALMENTE VERDADEIRO. VIVEMOS IMEDIATAMENTE APENAS NO MUNDO DAS IMAGENS.

Termino, com esta revelação do psicólogo junguiano e poeta Thiago Domingues, sobre a nossa “Percepção da Realidade”, desejando que você avalie a possibilidade de também aplicar aos seus “relacionamentos”:

– O MAIOR MÉRITO DE PENSADORES COMO SIGMUND FREUD E CARL JUNG FOI DEMONSTRAR QUE O MODO COMO VEMOS O MUNDO É ORIENTADO PELO INCONSCIENTE E NÃO PELO EGO CARTESIANO, CALCADO NO RACIONALISMO EXTROVERTIDO. LAWRENCE W. JAFFE SUSTENTA QUE, MESMO RECONHECENDO A SOBERANIA AINDA QUE LIMITADA DO EGO, ESTE PRECISA APRENDER A DIALOGAR CRIATIVAMENTE COM O INCONSCIENTE, COM O OBJETIVO DE CANALIZAR A AMPLIAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Por ordem de citação, a da doutora Andrea Calçada; do doutor Júlio Furtado; do doutor Thiago Domingues e do doutor Carlos São Paulo, foram reproduzidas das edições 133, 159, 152 e 154 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(266) Sentindo a importância dos significados das nossas percepções.

“A LINGUAGEM DA CONSCIÊNCIA É LITERAL, MAS A DA ALMA É SIMBÓLICA. QUANDO ALGUÉM CONTA AO ANALISTA O SEU SOFRIMENTO, ELE APENAS ESCUTA E PROCURA ENCONTRAR UM SIGNIFICADO DE COMO FORAM CONSTRUÍDAS AQUELAS IDEIAS POR TRÁS DESSE SIGNIFICADO. INCONSCIENTE SÃO ATIVIDADES MENTAIS, QUE ESTÃO CONDUZINDO NOSSOS ATOS, SEM QUE TENHAMOS CONSCIÊNCIA DESSAS AÇÕES.
São palavras do médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo. Foram escolhidas para iniciar esta mensagem sobre a importância dos significados das nossas “percepções”. A subjetividade desse tema merece atenção, porque muitas vezes sentimos “sensações” sem que haja uma aparente e imediata explicação de sua causalidade interior. É quando assim, reconhecemos para nós mesmos: QUE SENSAÇÃO ESTRANHA! Explica a doutora Daniela Benzecry, médica clínica, homeopata e analista junguiana, no seu belo livro “Sentimentos, valores e espiritualidade”, lançado no Brasil pela Editora VOZES:

– Jung definiu as funções psicológicas como modos de atividade psíquica pelos quais a energia psíquica se manifesta e, a partir de sua experiência, Jung concluiu que existem quatro funções psicológicas básicas, pois independentes e irredutíveis umas às outras, duas irracionais e duas racionais. A função sensação é a responsável por dizer que algo é, ela “proporciona a percepção de um estímulo físico” (JUNG, OC, vol. 6, § 889) e relaciona-se, segundo Jung, tanto aos estímulos externos, passando pelos órgãos dos sentidos (…), quanto aos estímulos internos que vêm do corpo e de seus órgãos. A sensação apenas diz que algo é, que existe, e por isso a reflexão não é necessária.

Certo é que o ser humano precisa conhecer a sua subjetividade interior, a sua psique, a sua capacidade transpessoal de expansão de consciência e, também, a sua sublime essência de espiritualidade. O querer entender os significados das nossas “percepções”, sejam elas de que natureza forem, deve ser buscado em todas as conhecidas práticas de “autoconhecimento”. Pergunto:

– COMO PODEMOS CONHECER OS SIGNIFICADOS DAS NOSSAS “PERCEPÇÕES SENSÓRIAS”?

Entendo ser possível somente por meio de um processo individual e personalíssimo de interiorização. É assim que podemos favorecer, para nós mesmos, o conhecimento subjetivo de uma “percepção sensória” emergente da nossa singularidade “existencial” e “espiritual”. Aliás, como acredito, talvez seja essa compreensão que devemos ter do “estado desperto” do Buda Sidarta Gautama.

Nos anos de 1891 a 1899, Freud intensificou seus estudos sobre a “percepção humana”. Dos seus ensinamentos, destaco as ‘percepções” que foram por ele denominadas “endopsíquicas” (que são as vindas da nossa “realidade externa”). Acontece que essas “percepções” também refletem “significados sensórios” da nossa “realidade inconsciente e psíquica” (exemplos: nossos “desejos” e preferências de recebimentos de “afetos”, dentre muitos outros).

Por sua vez também merece atenção esta interessante observação da doutora Michele Müller, que selecionei da sua abordagem sobre a Construção Abstrata da nossa Mente:

– Muitas teorias no início do século passado já relacionavam os processos cognitivos às sensações físicas, mas até pouco tempo atrás a visão mais aceita era de que corpo e mente agiam de forma separada, de que pensamento envolvia certas partes do cérebro e as percepções envolviam outras. Hoje sabemos que essa divisão não é bem definida. Temos consciência de uma parte muito pequena (…) do que se passa em nossa mente. Enquanto esses processos conscientes são lineares, geralmente seguindo uma sequência lógica, a mente segue vários caminhos paralelos simultaneamente, que caracterizam a forma como as pessoas interpretam e passam por movimentos, imagens e outras percepções.

Com relação ao “significado” das imagens que criamos com a intenção de interpretar os nossos sonhos, adverte o doutor Carlos São Paulo:

– Não se pode observar os sonhos com a lógica da consciência, mas com a linguagem metafórica do inconsciente.

Termino, com este “sentir” do astrólogo Oscar Quiroga:

– Durante a noite vagueias em dimensões ricas em significados que durante o dia terás de decifrar, porque pressentes ter acontecido algo importante e participado de experiências valiosas. Como farás isso contando apenas com teus recursos intelectual, emocional e físico? Nesse exercício de nada valerá impores tuas razões, não é assim que decifrarás coisa alguma, porque os significados oníricos resistem a qualquer tipo de análise, só te mostrarão a riqueza que guardam em si quando te renderes a eles e permitires que inundem teu ser. Pois bem, leva isso para a vigília também e na próxima vez que perceberes que novamente estás discutindo para ter a última palavra, procura te render momentaneamente às razões discordantes, as aceitando como hipóteses plausíveis, dignas de passarem pelo crivo da comprovação prática.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2. As citações do doutor Carlos São Paulo foram reproduzidas da sua coluna “Divã Literário”, publicadas nas edições 162, 161 e 126 da Revista PSIQUE, da Editora Escala. A da doutora Michele Müller, da sua abordagem também publicada na edição da 162 da referida revista. A mensagem do astrólogo Oscar Quiroga faz parte do seu horóscopo publicado na edição de 07/09/2019 do jornal Correio Braziliense.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(265) Sentindo sabedoria nas nossas escolhas.

*É NECESSÁRIO ESCOLHER, E MAIS NECESSÁRIO AINDA É ESCOLHER BEM. NÃO SE PODE FAZER TUDO ENTRE O CÉU E A TERRA, PORQUE HÁ UM CAMINHO DEFINIDO QUE É O MELHOR VOCÊ ABRAÇAR, ABSTENDO-SE DE SE DISTRAIR COM OUTRAS COISAS.”
São palavras do astrólogo Oscar Quiroga, em um dos signos do seu horóscopo publicado na edição 733, Ano 14, da “Revista do Correio”, do Jornal Correio Braziliense. Não é a primeira vez que ele enriquece a nossa jornada para o “autoconhecimento” (mensagens anteriores: 097, 122, 149, 152, 153, 154, 184, 196, 212, 248, 251, 253, 254, 255 e 257). Iniciado na escola de Yoga Suddha Dharma Mandalam, com formação superior Psicologia pela PUC-SP, Quiroga considera ser o despertar da nossa “consciência de espiritualidade” a maior experiência de transcendência do ser humano. Nesse horóscopo (a exemplo de todos que estão sendo divulgados pelo jornal Correio Braziliense), as suas previsões foram antecedidas por esta mensagem sobre a percepção das nossas vidas:

– O QUE É IMPORTANTE. Quem se esforçar diariamente para perceber a unidade da Vida que se manifesta por meio da diversidade de todas as vidas, cada vez terá menos tempo disponível ou inclinação a continuar se afligindo. E isso, não porque os motivos da aflição deixem de existir, mas porque o esforço dessa percepção nos conecta a uma realidade muito mais ampla e sofisticada. O espírito que buscamos também nos busca, é uma mutualidade que garante o sucesso dos esforços cotidianos de aproximar-se a essa percepção da Vida de todas as vidas. Não há nada mais importante do que isso para fazer a cada dia da existência, negligenciar essa prática é desvalorizar a oportunidade que representa o fato de termos nascido entre o céu e a terra. Todos negligenciamos por inércia, nossa luta é vencer e nos conectarmos com algo maior que nós.

Assim entendo o “sentir” de Quiroga, que selecionei para iniciar esta mensagem:

1. Sobre as nossas possibilidades de escolhas:
Nem sempre todas as possibilidades de escolhas serão importantes e decisivas, em termos de satisfação plena. Para Quiroga, é preciso “escolher bem”. Mas, no meu entender, o resultado desse “escolher bem” deve estar condicionado à uma necessária e prévia prática de “autoconhecimento” que favoreça a descoberta das nossas necessidades de completudes “existenciais” e “espirituais”. Isto porque, todos nós nascemos com uma “potencialidade desconhecida” que precisa ser manifesta em nós e, assim, ensejar a natural “percepção sensória” das nossas necessidades (sejam de que natureza forem). Isso é busca de “percepção interior”. Aliás, com enfoque para a singularidade das nossas vidas, essa nossa capacidade de “voltar-se para si mesmo” já foi assim explicada por Quiroga (horóscopo publicado em 26/05/2019, na edição 732, da revista acima citada):

– Uma única vida. Só se conhece o que se percebe e, por isso, nossa humanidade tem à disposição cinco órgãos de percepção objetivos e um de natureza subjetiva. Os cinco órgãos de percepção objetiva servem para captar a diversidade da manifestação. O único órgão de percepção subjetiva serve para unificar o que aparentemente está espalhado. É por isso que não te cabe alternativa a não ser continuar te surpreendendo com a perplexidade que te acomete ao não conseguires encontrar o fio da meada que faça ter sentido tudo que percebes objetivamente, mas que, também, ao utilizares o único órgão de percepção subjetiva, que é a mente, tenhas nela o ponto de apoio para descobrires que, por trás da aparente multiplicidade da manifestação e de sua incoerência, existe uma única Vida que alinhava todas as vidas.

2. Sobre o que podemos fazer nesta dimensão de vida, através das nossas desejadas escolhas:
Para Quiroga, não podemos fazer tudo entre o Céu e a Terra, porque há um caminho definido que é o melhor você abraçar. Nesse seu “sentir”, observa-se que ele está se referindo àquelas escolhas em que o resultado desejado efetivamente não será por nós alcançado. Realmente, muitas das nossas buscas de realizações de anseios podem estar para nós (mas não para todos) prejudicadas por circunstâncias de imprevisibilidades e, também, porque nem sempre dependem “apenas” e “exclusivamente” de nós. Acontece que Quiroga justifica o seu posicionamento pela impossibilidade de “não se “poder fazer tudo”, com base em uma necessária e subjetiva “opção de escolha”: a da existência de um melhor “caminho definido” para nós. Enganam-se os que pensam que podemos tudo.

Termino esta mensagem, convidando você pensar sobre este “sentir” do poeta Mario Quintana:

SÃO OS NOSSOS PASSOS QUE FAZEM OS CAMINHOS.

Notas:
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Muita paz e harmonia espiritual.

( 264) Sentindo a subjetividade do “tempo”, em nossas vidas.

“NA CONVIVÊNCIA, O TEMPO NÃO IMPORTA. SE FOR UM MINUTO, UMA HORA, UMA VIDA. O QUE IMPORTA É O QUE FICOU DESTE MINUTO, DESTA HORA, DESTA VIDA”
São palavras do poeta Mario Quintana (1906-1994). Esta não é a primeira vez que dedico mensagem à passagem ilusória do “tempo” em nossas vidas (as anteriores: 042, 109, 130 e 168). Concordo com o “sentir” de Mario Quintana, porque entendo que o “tempo” não existe. É uma abstrata e necessária condicionante do permanente fluir das nossas interações existenciais. Quanto ao que ficou em nós registrado (que prefiro chamar de “significado”) e dependerá exclusivamente da nossa valoração interior (inclusive de natureza espiritual). É essa valoração individual que, como acredito, poderá nos ajudar em nossas buscas de “autoconhecimento” conforme será sugerido no final desta mensagem.

Pergunto para você:

– COMO SOMOS SUBJETIVAMENTE INFLUENCIADOS PELO “TEMPO”?

Gosto desta explicação do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

– O que vivemos é o que experimentamos. O universo ou a psique não têm coisas, mas eventos. Nascemos, crescemos e envelhecemos. Isso é o tempo. O tempo medido em dias é imutável. Tem uma única direção, mas tem outro tempo que não segue essa lei. Tanto faz ir para a frente como para trás, é o tempo do inconsciente. E o espaço? Como é essa relação? Pensar no que se foi é trazermos sua presença para perto de nós. Isso condensa o passado e o presente deixando o ego alheio e aceitando uma realidade ininteligível.
O passado é uma experiência ilusória, em que a memória deixa o homem se ocupar como se estivesse no presente. Essa carga dificulta uma vida digna e com sentido. Precisamos deixar esse passado como um museu a contar nossas histórias sem o envolvimento das emoções desorganizadas e com a qualidade das ficções embelezadas por nossas fantasias. Pois todos aqueles fatos que a memória não se preocupa em pensar como a única verdade, cederão lugar à beleza da criação. E todos nós, não se sabe de que forma (ou sem forma), continuaremos. É tudo impreciso, mas não é preciso ser preciso, pois viver não é preciso.

Sobre o “tempo futuro”, esclarece o escritor Eduardo Shinyashiki, no seu artigo “Escolha seus sonhos”:

– Antecipar-se ao futuro, planejar e criar mecanismos que permitam conseguir as realizações que pretendemos são ações determinantes para que todos possam levar a vida que desejam e merecem.

Pergunto:

– AFINAL, O QUE É O TEMPO EM NOSSAS VIDAS?

Por se tratar de uma “sensação subjetiva” do ser humano, desde a Gécia Antiga existem várias respostas para essa pergunta. Do excelente artigo “Eixo Mente-Tempo” do doutor Daniel Lascani, pós-graduado em Psicologia Junguiana pela PUC-Rio, selecionei esta:

– Para o filósofo francês Henri Bergson (1859-1941), o tempo é um fenômeno mental e não espacial. É apenas uma percepção humana, uma construção psicológica. A consciência, através da memória, produz o tempo passado e, também, a noção de tempo futuro. Qualquer lembrança está presente, podendo ser atualizada em nosso cérebro, relativamente, em qualquer momento. O passado é representado por nossas lembranças, memórias, conhecimentos, habilidades, razões; nosso futuro são nossas esperanças, encantamentos, ansiedades, criações e emoções. Já o presente é apenas um constante sentir, através da consciência. Nossa mente cria essa divisão cartesiana entre passado, presente e futuro, que denominamos de tempo.

Complementa:

– A psique humana consegue, claramente, observar que o presente está sempre passando, que o passado está sempre presente, se acumulando, e que o futuro é um tempo presente que está sempre chegando, em cada instante no contínuo espaço-tempo. Tudo é um constante tempo-presente.

Pergunto:

– COMO A NOSSA RELAÇÃO COM O TEMPO, PODE INFLUENCIAR EM NOSSAS PRÁTICAS DE “AUTOCONHECIMENTO”?

No início desta mensagem, concordei com Mario Quintana em relação à importância do que guardamos com a passagem do “tempo” em nossas vidas. Mas, em todos os sentidos, os significados vão depender das nossas avaliações. Estendo que essa valoração interior influencia e também pode ajudar nas nossas buscas de “autoconhecimento”. Vejam estes dois exemplos: 1.Podemos ressignificar todas as nossas realidades (capacidade de imaginação, atribuída à região cerebral do córtex pré-frontal). 2.As repetições futuras de eventos semelhantes aos que já foram por nós vivenciados, certamente ensejam o surgimento de novas condições interiores de reavaliações com propósitos de “autoconhecimento”. Certo é que podemos aprender com todas as nossas experiências. Por sua vez, como ensina a doutora Michele Müller no seu interessante artigo “MENTE presente”, “o estar no momento de agora permite desligar a capacidade cerebral de alertar para as possibilidades que podem estar nos aguardando”.

Em seguida, esclarece:

– Muito antes do termo mindfulness ganhar popularidade no Ocidente, a psicóloga e pesquisadora Ellen Langer, do Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard, estudava o fenômeno da atenção plena. Quando a mente está presente, ela defende, nos tornamos sensíveis ao contexto. Mas não basta decidir estar presente: o domínio da atenção é uma habilidade que, como qualquer outra, precisa ser exercitada. Começa com a prática de perceber. (…) Trazer a mente para o presente envolve também o exercício da aceitação, outro conceito enraizado na filosofia oriental. Deixar de se apavorar com as possibilidades imaginárias depende de aceitarmos – e até apreciarmos – o incerto.

Termino, convidando você para pensar sobre este “sentir” do escritor Mia Couto:

– NÃO PRECISAMOS DE MAIS TEMPO. PRECISAMOS DE UM TEMPO QUE SEJA NOSSO.

Encontre o seu “tempo” e enriqueça as suas práticas de “autoconhecimento”.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações dos doutores Carlos São Paulo,Eduardo, Daniel e da doutora Michele Muller foram respectivamente reproduzidas das edições 124, 94, 106, 143 e 131 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

(263) Sentindo como fortalecer o nosso “acreditar”, em um atendimento médico-hospitalar (isso é “autoconhecimento”).

“O MÉDICO TRATA, A NATUREZA CURA”
São palavras reproduzidas desta citação de um dos livros do médico alemão Georg Groddeck (1866-1934), um analista notável, contemporâneo de Freud, que comparava os benefícios da Psicanálise aos ensinamentos de Jesus:

– QUANDO CONHECI SCHWENINGER, HÁ TRINTA E CINCO ANOS, OUVI DELE REPETIDAS VEZES DUAS FRASES QUE ELE APRESENTAVA COMO SENDO O ESPÍRITO DO MÉDICO: O MÉDICO TRATA, A NATUREZA CURA.

Delas tomei conhecimento com a leitura do artigo “DOENÇA como forma de EXPRESSÃO humana”, da médica endocrinologista Tatiana Hotimsky Millner, que foi detalhadamente desenvolvido com este seu entendimento:

– PRECISAMOS COMPREENDER A SUCESSÃO DE MAL-ENTENDIDOS QUE OCORRE ENTRE COMO O PACIENTE SE APRESENTA E COMO O MÉDICO O ENTENDE, QUE GERA CONSEQUÊNCIAS NA EVOLUÇÃO DE UMA DOENÇA, NO SEU TRATAMENTO, TAIS COMO: A BAIXA RESPOSTA AOS TRATAMENTOS CONVENCIONAIS, AS TROCAS CONSTANTES DE SINTOMAS, A REINCIDÊNCIA DA DOENÇA OU O ATAQUE À COMPETÊNCIA DOS MÉDICOS.

Em seguida, embasada na comprovação da sua experiência clínica, justifica a doutora Tatiana:

– Sempre me interessei pela interface corpo e mente, porém, para uma médica com formação tradicional, tem sido um desafio constante compreender o ser humano e suas manifestações em sua forma integral. Quando os pacientes chegam ao nosso consultório, noto, como médica, que as pessoas doentes procuram legitimamente encontrar soluções para seus incômodos. Às vezes, seus pedidos pedem respostas “milagrosas”. É o caso de quando nos delegam suas vidas, transferindo toda a responsabilidade do sucesso do tratamento, ou nos confiando seus dramas mais íntimos, e nos encarregando integralmente de seus sofrimentos. Anseiam por retornar ao seu estado anterior à doença, retomar seus afazeres como se não houvessem passado por nenhuma mudança imposta pela doença. Adoecer é encarado como um acidente indesejável em seu percurso de vida, como um atropelo do destino que prejudica seus projetos, sua rotina. (…) Também não é raro encontrar pessoas que chegam ao nosso consultório com alto nível de frustração com os tratamentos disponíveis, baixa adesão ao tratamento proposto, elevados graus de angústia e mudanças frequentes de médicos, além do consumo da medicação, na maioria das vezes, realizado de forma irregular.

No final do seu artigo, ela insere a seguinte pergunta [que foi adaptada ao estilo de subjetividade, predominante na comunicação desta jornada para o “autoconhecimento”]:

– QUAL É A IMPORTÂNCIA DE SE COMPREENDER AS FORMAS DE EXPRESSÃO DA MENTE COM O CORPO, NOS PACIENTES QUE NECESSITAM E PROCURAM UM ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR?

Para Jung, a “qualidade humana” do médico é o mais importante e decisivo para o seu desempenho profissional. Mas entendo que em toda relação “médico-paciente” deve fluir uma permanente vinculação de “responsabilidade” e de “confiança”. No entanto, precisamos reconhecer que o “emocional” do paciente, a sua história de vida, afetam o seu sistema fisiológico. Por sua vez, o “emocional” dos profissionais da saúde também pode prejudicar o alcance dos desejados ideais humanistas de atendimento (mensagens 101 e 249).

Na relação “médico-paciente”, muitas vezes uma palavra ouvida na consulta, ou mesmo o simples gesto de segurar nas mãos dos seus paciente, são muito mais importantes do que o resultado que se espera com a medicação prescrita. Isto porque todos os nossos interiores processos psíquicos se revelam, para nós, por meio da elaboração de imagens sensórias. São essas imagens que, em nós, vão perpetuar com novos significados: o da necessidade de se acreditar no profissional da saúde e, principalmente, de acreditar na nossa cura.

O enfoque do realista artigo da doutora Tatiana, centrado intrinsecamente no “psicossomático” do paciente, não se refere à visão que todos nós (no primeiro e nos atendimentos seguintes), criamos sobre necessária interação do profissional da saúde que nos assiste. Mas acredito que esse profissional, seja qual for a sua especialidade, tem condições de perceber a satisfação ou não, com a sua conduta, em termos de comprovação dos seus desejados vínculos mútuos de “empatias”. Explica a doutora Daniela Benzecry, médica clínica, homeopata e analista junguiana, no seu belo livro “Sentimentos, valores e espiritualidade’, lançado no Brasil pela Editora VOZES:

– Os sentimentos estão interferindo o tempo todo em nossas preferências, escolhas e julgamentos. Frases como “gostei de cara” e “nossos santos não bateram” refletem julgamentos e podem ser frutos, respectivamente, de simpatia e da antipatia, isto é, de sentimentos. A expressão “A primeira impressão é a que fica”, com frequência, também se trata de um julgamento pelo sentimento. O sentimento é julgamento.

Gosto deste “sentir” do neurologista e fisiologista italiano Paolo Mantegazza (1831-1910):

– ENTRE DOIS, ENTRE TRÊS, ENTRE MUITOS MÉDICOS BONS, ESCOLHI SEMPRE O QUE TIVER MAIS CORAÇÃO.

Entendo que essa escolha, também é uma prática de “autoconhecimento”, porque o paciente que precisa de cuidados médicos, primeiro deve “conhecer a si mesmo”.

Termino, com este ensinamento de Jung que, no meu entender, sempre deverá ser buscado pelos profissionais da saúde e pelos seus pacientes:

– QUANDO ESTIVERMOS DIANTE DE OUTRO SER HUMANO, DEVEMOS PROCURAR QUE OCORRA SOMENTE UM VERDADEIRO ENCONTRO DE ALMAS.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.O artigo da doutora Tatiana Hotimsky Millner (contendo a citação do médico Georg Groddeck), está publicado na edição 104 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(262) Sentindo, com o esplendor espiritual da vida, o fluir do nosso “existir”.

“AFINAL, SABER O SENTIDO DA SUA EXISTÊNCIA É, MAIS DO QUE UM CAMINHO PARA A FELICIDADE, UMA GARANTIA DE QUE SUA VIDA NÃO TERÁ SIDO EM VÃO”
São palavras de Lilian Graziano, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Psicoterapia Cognitiva Construtivista.

Nesta jornada para o “autoconhecimento, não é a primeira vez que a busca de um sentido para a nossa existência está sendo o tema escolhido para favorecer, em nós, o despertar interior da descoberta sensória das nossas subjetivas “necessidades de realizações”, inclusive de natureza espiritual, com a finalidade de nos ajudar encontrar um propósito para o nosso “viver”. Mas para mim, esta mensagem reveste-se de um significado muito especial. Explico: porque, desde fevereiro de 2006, com a publicação da sua primeira abordagem sobre “FELICIDADE”, na segunda edição da Revista PSIQUE, da Editora Escala, me tornei um seguidor da Doutora Lilian Gaziano, beneficiado com os seus profundos conhecimentos da Psicologia Positiva. Em 03 de setembro de 2015, manifestei este meu “sentir” sobre a necessidade de ser, por nós mesmos, elaborado o nosso “propósito existencial” (mensagem 121). Sustentei:

– Todos nós temos um “propósito existencial” de vida, a ser descoberto. Temos, portanto, um significado para o nosso “existir” e para o nosso “viver”. A descoberta desse “propósito existencial” envolve dimensões de origem transcendente. O que prevalece é que sabemos que existimos, mas não “para que existimos”. Acredito que se soubéssemos, o mundo seria melhor em todos os sentidos do nosso “viver”. (…) Entendo que o “propósito existencial” definidor do significado do nosso “existir” e “viver”, deverá ser buscado pelo ser humano “em si mesmo”. Isto porque, somos nós que elaboramos a subjetividade do sentido das nossas vidas. Nós somos os modeladores do nosso destino, porque somos responsáveis pelas nossas escolhas. Viver sem objetivos não é viver, porque a nossa essência “existencial” e “espiritual”, por si só, é sugestiva de necessidades de buscas de evolução e de aprimoramentos.

Esta mensagem me foi intuída pela leitura das considerações feitas pela doutora Lilian Graziano, publicadas em janeiro de 2013 na edição 85 da acima citada Revista PSIQUE. Estas duas perguntas mereceram a minha atenção:

– QUAL O SENTIDO DA SUA REALIDADE? / COMO UM JOVEM PODERIA, AOS 15 ANOS, SABER QUAL O SENTIDO DA SUA EXISTÊNCIA?

Responde a doutora Lilian, iniciando com este registro da história da humanidade:

– Na Grécia Antiga garotos eram educados para que, até seus 15 anos, fossem capazes não apenas de responder a essa pergunta [a segunda acima], mas também de apresentar uma sustentação oral que defendesse sua resposta diante de uma banca de notáveis do calibre, por exemplo, de Sócrates, Platão ou Aristóteles. Nada mal para um bando de garotos analfabetos! Sim, pois de acordo com esse sistema educacional, chamado Paideia, habilidades tais como leitura, escrita e até mesmo a nobre matemática eram consideradas secundárias; mera teknè, diriam os antigos. O objetivo da Paideia era moldar o caráter. “As letras virão com o tempo”, dizia Sócrates. Ser capaz de responder qual o sentido da sua existência nunca foi uma tarefa simples. Nem mesmo na Grécia Antiga! E é por isso que os gregos se dedicavam tanto à capacitação de seus jovens no sentido de torná-los homens-excelência, ou seja, homens de caráter. Contudo, o próprio conceito de caráter ia além da simples prática das virtudes. Tinha a ver com a realização das potencialidades individuais ou, para ser mais precisa, com o cumprimento do sentido da existência de cada indivíduo. Esse era o caminho que o jovem era ensinado a seguir. Esse era o conceito arcaico de sucesso, que em muito difere da visão distorcida que hoje perseguimos. Em outras palavras, podemos dizer que todo o sistema educacional da Grécia Antiga buscava o ser, ao passo que, hoje, nossa Educação valoriza o ter.

Em seguida, sugere a doutora Lilian:

– Para compreender a amplitude do que estou dizendo, faça a si mesmo a seguinte pergunta: Como eu seria hoje se tivesse me dedicado ao autoconhecimento metade do que me dediquei ao trabalho e às minhas conquistas profissionais?

Ela responde:

– Isso me faz lembrar de uma frase de Nietzsche que dizia que “quem tem por que viver pode suportar qualquer como”. Nesse sentido, se engana quem acredita que a pressão da vida moderna nos está adoecendo. A doença da modernidade é a anomia, ou seja, a falta de sentido. Talvez fôssemos mais resilientes se soubéssemos pelo que estamos lutando, se conhecêssemos qual é a nossa “causa”. Infelizmente, passamos a acreditar que somente os heróis lutam por uma causa. Com isso, nos acostumamos a uma vida sem sentido e nos esquecemos de que podemos ser heróis, ainda que isso nos custe a felicidade e até mesmo a saúde.

Termino, com este “sentir” de Jung:

– O INDIVÍDUO NÃO REALIZA O SENTIDO DA SUA VIDA SE NÃO CONSEGUIR COLOCAR O SEU “EU” A SERVIÇO DE UMA ORDEM ESPIRITUAL E SOBRE-HUMANA.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(261) Sentindo a necessidade interior de conhecer quem somos.

“O QUE SEI SOBRE MIM NUNCA É O QUE SOU INTEIRAMENTE. SOMOS MUITO MAIS DO QUE CONHECEMOS SOBRE NÓS MESMOS”
São palavras de Mario Jacoby (1925-2011), analista junguiano nascido em Lípsia, na Alemanha. Pergunto: O que sabemos sobre nós mesmos? Para que saber? São essas e muitas outras perguntas que nos ajudam ressignificar um novo sentido para a nossa própria existência, que melhor atendam as nossas necessidades. O que não devemos é simplesmente “viver por viver”, sem conhecer a nossa potencialidade interior, sem idealizar um propósito para o nosso “viver”. Talvez tenham sido essas buscas de “autoconhecimento” que, no meu entender, explicam este “sentir” de convencimento de Clarice Lispector: “A mais premente necessidade de um ser humano, era tornar-se um ser humano.”

Por sua vez, ensina Jung (OC 11/4, § 746):

– O HOMEM NÃO PODE AVANÇAR POR CONTA PRÓPRIA SE NÃO POSSUIR UM CONHECIMENTO MAIS APURADO A RESPEITO DE SUA PRÓPRIA NATUREZA.

Sobre o seu conceito de individuação (mensagem 057), esclarece Mario Jacoby:

– O processo de individuação pode ser descrito ou nomeado com outras palavras: torne-se quem você é, ou realize-se a si mesmo. Assim, você é algo ou alguém, mas deve se tornar um Si mesmo (Self). Quem ou o que é esse você mesmo, esse Si mesmo? (…) Visto como uma unidade psicossomática, meu Si mesmo abrange tudo que compõe minha pessoa. E, como humanos, desenvolvemos imagens e avaliações sobre nós mesmos. Gosto de mim mesmo? Não gosto de mim? Carregamos internamente “representações” de nós mesmos que geralmente influenciam nosso ser e nossas ações. (…)

As imagens que rodeiam o Si mesmo são de grande significado para o bem-estar ou mal-estar psíquico; representam os problemas de auto-imagem e autovalorização e têm papel central em muitas psicoterapias. Mas o emprego de Jung do termo Si mesmo (Self) envolve algo muito mais amplo. Quando falamos de experienciarmos a nós mesmos ou encontrarmos a nós mesmos, isso implica claramente que nossa consciência (com o Ego em seu centro) deseja, ou poderia experienciar ou aprender algo a partir do Si mesmo. Ou seja, o Si mesmo parece conter dimensões de si que somente podem ser observadas por meio da introspecção diferenciada e contínua.

O que sei sobre mim nunca é o que sou inteiramente. Somos muito mais do que conhecemos sobre nós mesmos. E em muitas situações constituímos um mistério para nossa própria consciência. A criança, por exemplo, é um Si mesmo vivente, apesar de que seu ego como centro da consciência ainda não tenha despertado. E chegamos aqui ao desenvolvimento que é estimulado e impulsionado pelo que denominamos Si mesmo. Podemos simplificar comparando o Sí mesmo a uma semente. Esta semente contém em si – como potencialidade essencial – a futura planta ou uma árvore. Poderíamos dizer que ela tem a potencialidade e a necessidade de crescer, de se transformar e se desenvolver em uma planta específica. Mas para tal suceder, necessita de um tipo especial de terra, temperatura, clima, tempo etc.; em outras palavras: um ambiente facilitador. (…) O ambiente é a condição para que o Si mesmo se desenvolva de acordo com sua estampa natural.

Termino esta mensagem convidando você “voltar-se para si mesmo” e, com sentimento de harmonização interior, “sentir” a sua singularidade espiritual de, nesta dimensão de vida, “ser humano”. Faço esse convite, inspirado neste ensinamento do poeta e filósofo Mark Nepo (mensagem 119):

– UMA FLOR FLORESCE NÃO PORQUE TEM UMA PLATEIA, MAS PORQUE É ASSIM QUE SE TORNA AQUILO PARA O QUAL FOI DESTINADA.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação de Mario Jacoby sobre o processo de individuação de Jung, foi reproduzida da sua entrevista concedida à jornalista Rose Campos e à psicóloga Liliana Liviano Wahba, publicada na edição 26 da Revista PSIQUE, lançada no Brasil pela Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

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