(300) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte V da 296).

“DA “JANELA DA VIDA” VEJO O PASSAR SIMBÓLICO DE UM TEMPO DE TRANSFORMAÇÕES, COM NUVENS COMPONDO NO CÉU DESENHOS IMAGINÁRIOS DE DUAS REALIDADES: UMA, MESCLADA PELOS SIGNIFICADOS SENSORIAIS DE PROJEÇÕES SUBJETIVAS DA NOSSA SINGULARIDADE EXISTENCIAL. NA OUTRA, COM DESENHOS EM SUAS NUVENS TAMBÉM ESPELHANDO AS INSISTENTES TENTATIVAS DE MUITOS QUE, “SEM VOLTAREM-SE PARA SI MESMOS”, FICAM PROCURANDO ENCONTRAR O QUE JÁ EXISTE DENTRO DELES, E DE TODOS NÓS, FORTALECIDO PELOS NOSSOS SENTIMENTOS HUMANISTAS DE SOLIDARIEDADE E DE VALORAÇÃO DAS NOSSAS VIDAS.”
São minhas palavras, que me foram intuídas logo depois da leitura desta explicação do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, na sua análise literária da obra “A Morte de Ivan Ilich”, lançada no Brasil pela Editora 34. Uma novela de Liev Tolstói, publicada pela primeira vez em 1886, marcada pelo enfrentamento de uma doença e possível morte que em Ivan despertou profundas reflexões sobre o que teve validade em sua existência:

– Para a Psicologia Analítica, “alma” é um conceito que define o modo como o EU se relaciona com o mundo interior, enquanto “persona” determina o modo com que esse mesmo EU se relaciona com o mundo exterior. O homem, em seu desenvolvimento, constrói um mundo interior que fala a linguagem dos símbolos e, por meio deles, relaciona-se com a natureza que nos habita e às suas exigências. Como o mundo externo que compartilhamos faz-nos reféns da razão e nos impede de ouvir os “murmúrios” da natureza que nos torna singular, muitos acabam seguindo o ritmo frenético dos “gritos” produzidos nesse mundo e se conduzem como manadas interessadas em realizar seus desejos ambiciosos de chegar ao sucesso em detrimento da alma. Quando estamos tensionados entre as exigências de ser um indivíduo singular, imprevisível, adaptado a si mesmo para decidir seus caminhos de acordo com a sua essência, e a decisão de realizarmos nossos desejos ambiciosos, no silêncio da noite, o EU cede lugar aos sonhos. Ao sonharmos que estamos mergulhando em águas escuras e profundas nos assombramos. No entanto, gostamos quando voamos nesses sonhos. É o voo que compensa a sensação desconfortável do confronto. Essa é também uma luta entre se proteger com uma máscara que induz o outro a ter uma ideia falsa da nossa importância no mundo, enquanto, por outro lado, uma natureza tenta realizar a sua verdade e seguir o caminho para onde sua alma aponte.

Certo é que quando mudamos a percepção das nossas “realidades”, elas também mudam para nós. Doutor em Física Teórica pela Universidade de Viena, ensina o escritor Fritjof Capra no seu livro “Sabedoria Incomum: Conversas com pessoas notáveis”, lançado no Brasil pela Editora Cultrix:

– O QUE ENXERGAMOS DEPENDE DO MODO COMO OLHAMOS; TODAS AS CONFIGURAÇÕES DA MATÉRIA REFLETEM AS DA NOSSA MENTE.

Gosto deste “sentir” da Psicóloga Cláudia Maria França Pádua, na sua inteligente e esclarecedora abordagem “As Profundezas do indivíduo”, sobre a percepção de mundo de Jung, explicada pelos seus arquétipos:

– O arquétipo representa um conteúdo inconsciente, o qual se modifica através de sua conscientização e também percepção, assumindo matizes variantes de acordo com a consciência individual na qual se manifesta. Os arquétipos de Jung, em sua teoria da psique, simbolizam as nossas motivações, encantamentos e valores intrínsecos com seus significados e personagens místicos, que se revelam em cada traço de personalidade, que residem no interior do nosso inconsciente coletivo. Esses arquétipos são expressos por símbolos oníricos, relacionados com as representações psíquicas, que se transformam em temas mitológicos. (…) Em nossa visão do mundo, devemos descobrir um ponto de vista, do qual seja possível encontrar um caminho que nos leve a perceber a real simbologia dos arquétipos do mestre Jung, onde nosso inconsciente guarda essas imagens seculares e as reproduz em nosso cotidiano com nossas simples atitudes e revelações de nosso caráter.

COMPLEMENTO:

Os nossos arquétipos se manifestam pelos seus significados simbólicos. Somos nós que podemos “construir” as realidades subjetivas do nosso “existir”. Também como acredito, os símbolos fazem parte do nosso processo de “autoconhecimento” e ajudam muito na ressignificação do nosso “viver”.

Termino, manifestando o meu entendimento de que para começar a preparar o individual e interior processo de criação do nosso futuro “pós-pandemia”, não podemos esquecer desta recomendação do sociólogo e filósofo Edgar Morin, feita em plena pandemia da Covid-19 na França (mensagem 295):

É PRECISO ESTAR ABERTO PARA O INCERTO, PARA O INESPERADO. É PRECISO SER SENSÍVEL AO FRACO, AO ACONTECIMENTO QUE NOS SURPREENDE.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações da análise literária do doutor Carlos São Paulo e a do artigo da psicóloga Cláudia Maria França Pádua, foram respectivamente reproduzidas da Edições 150 e 151 da Revista PSIQUE, da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(299) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte IV da 296).

“DEZEM QUE O “ACASO” NÃO EXISTE, MAS NOSSAS VIDAS ESTÃO CHEIAS DELES. PERGUNTO: COMO VOCÊ EXPLICA O “AGORA” DESTE NOSSO ENCONTRO? HÁ MUITO ESTOU CONVENCIDO DE QUE AS NOSSAS RESPOSTAS PROCURADAS, PERMANECEM ESPERANDO DENTRO DE NÓS PARA SEREM DESCOBERTAS PELOS NOSSOS DESEJOS DE NECESSIDADES. NA JANELA DA VIDA, PODEMOS CONTEMPLAR DUAS REALIDADES: OLHANDO DE DENTRO PARA FORA, APRENDEMOS COM OS SIGNIFICADOS DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS DE INTERAÇÕES NO MUNDO EXTERIOR. OLHANDO DE FORA PARA DENTRO, CONHECEMOS A NOSSA SUBJETIVIDADE INTERIOR. MAS DE QUALQUER LADO DA JANELA DA VIDA, SOMOS TODOS PARTES DE UMA TOTALIDADE MAIOR E UNIVERSAL. NA JANELA DA VIDA, AS PAISAGENS DOS NOSSOS SENTIMENTOS COMPÕEM O “BELO” DOS HORIZONTES POR NÓS ALCANÇADOS COM AMOR, UNIÃO, RESPEITO E SOLIDARIEDADE. UM NOSSO “DESPERTAR INTERIOR”, QUE TAMBÉM PODE SER EXPLICADO POR ESTE “SENTIR” DO POETA MARK NEPO: O DESPERTAR NÃO É UM OBJETIVO, MAS UMA CANÇÃO QUE SEGUE ENTOANDO, ASSIM COMO OS PÁSSAROS CANTAM AO PRIMEIRO RAIAR DO DIA.”
São minhas palavras, que me foram intuídas para iniciar esta mensagem. No final da anterior, antecipei que neste nosso encontro faria algumas considerações sobre os dois temas relevantes estudados pela doutora Michele Müller e pelo médico e psicoterapeuta junguiano, Carlos São Paulo:

No seu artigo “Comunicação Energética”, a doutora Michele explica a relação entre o “coração” e a “inteligência intuitiva”, com a existência de um campo magnético em que o “coração” produz uma poderosa energia eletromagnética que se expande para o nosso ambiente externo, com informações sensoriais do nosso estado emocional. Trata-se, portanto, de uma nova modalidade de comunicação interpessoal. A minha “percepção intuitiva” sempre foi muito intensa, contendo, inclusive, em algumas circunstâncias, conteúdos sugestivos de orientações comportamentais e de iniciativas que mereceram a minha atenção. Por exemplo: a proposta de criação deste blog (mensagem 001) foi por mim recebida por intuição. Em muitos momentos da minha vida marcados por indecisões, tenho sido muito ajudado por este conselho da minha mãe: “ESCUTE SEMPRE O SEU CORAÇÃO”.

Sobre a análise literária do doutor Carlos São Paulo (com destaque para as imagens recebidas do nosso mundo interior pelos olhos internos”), este meu comentário é em forma de agradecimento. Seus conhecimentos sobre a “psique humana”, engrandecem esta jornada para o “autoconhecimento”, fortalecem e consolidam o meu propósito de querer ajudar as pessoas.

Para esta mensagem, peço a sua atenção para as seguintes considerações:

É muito importante conhecer e interpretar os estímulos que recebemos das nossas realidades, bem como as suas consequentes reações emocionais. Mas não podemos é esquecer deste ensinamento do filósofo estoico Epicteto, na sua obra The Enchiridon (135 a.C.):

– O SER HUMANO NÃO É AFETADO PELAS COISAS, MAS PELA VISÃO (PERCEPÇÃO) QUE ELES TÊM DELAS.

Aprendi com o doutor Carlos São Paulo (na sua análise literária da obra “Iemanjá”, escrita por Edsoleda Santos e publicada pela Editora Solisluna), que a linguagem inconsciente é estranha ao “EU”. Nela, seus conteúdos ficam envolvidos e trazem da profundidade as pistas para se chegar à compreensão de como agimos nas diversas situações de nossa existência. Complemento: são elas favorecem revelações do mosaico oculto e subjetivo da “psique humana”.

Termino esta mensagem, com esta explicação do doutor Eduardo Shinyashiki, mestre em Neuropsicologia e liderança educadora, sobre as “distorções cognitivas” que podem influenciar as experiências subjetivas das nossas realidades (selecionadas e por mim numeradas):

1. Nossa mente tende a confirmar a imagem pré-constituída que temos da realidade, tende a encontrar coerência entre o próprio mundo interior e a realidade externa, pois o primeiro objetivo da mente não é a verdade ou a felicidade, mas é encontrar essa coerência. As convicções, as lembranças das experiências passadas, as crenças, os julgamentos, todos os atos mentais são um esforço da nossa mente para dar significado à realidade e tentar compreendê-la.

2. Nos estudos atuais da Psicologia e da Neurociência nos é mostrado que não é a situação externa em si que determina as nossas reações emotivas, pois o mesmo tipo de evento pode ter consequências emocionais diferentes e muito variáveis entre as pessoas. Entre os eventos e as nossas reações intervêm os pensamentos, as convicções, as experiências, as modalidades com as quais interpretamos aquilo que observamos e nos acontece no mundo.

3. A mente confirma a imagem que tem da realidade por meio das distorções cognitivas que são, por sua vez, opiniões e julgamentos formulados com base nas informações que temos e que muitas vezes não têm base real com os fatos.

4. A Psicologia Cognitiva definiu como distorções cognitivas as modalidades interpretativas que distorcem a realidade e que são a base dos pensamentos automáticos e disfuncionais que caracterizam o diálogo interno negativo. (…) Se a atenção estiver direcionada ao negativo, a pessoa focará naquilo que pode dar errado. O ponto não é eliminar as distorções cognitivas, pois, como vimos, elas podem ser positivas, mas é importante saber que elas existem e temos que ficar atentos aos mecanismos que podem desencadear, afetando situações de nossa vida.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações do doutor Eduardo Shinyashiki foram reproduzidas do seu artigo “Rigidez e inflexibilidade MENTAL”, publicado na Edição 149 da Revista PSIQUE, da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual

(298) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte III da 296).

“A VIDA É O NOSSO “SENTIR”. SOMOS VIAJANTES DAS REALIDADES DEFINIDAS PELAS MATIZES SENSORIAIS DOS NOSSOS DESEJOS E NECESSIDADES DE COMPLETUDES DO NOSSO EXISTIR. MAS OS NOSSOS SENTIMENTOS DE VALORAÇÃO DA VIDA (SEJAM EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS FOREM), MANIFESTAM-SE EM NÓS COM ESSÊNCIA DE ESPIRITUALIDADE. COM ELES, NÃO HÁ LIMITES PARA A EXPANSÃO DA NOSSA CONSCIÊNCIA. COM ELES VENCEREMOS A PANDEMIA!”
São minhas palavras, que me foram intuídas sobre a finalidade desta série de mensagens que tem por objetivo mostrar para você que nós temos condições de individualmente criar (para nós) o nosso “pós-pandemia”. Foi mais um “despertar interior” que em mim acontece naturalmente sem depender, necessariamente, da situação que estou vivenciando. Explica a doutora Michele Müller, pesquisadora com especialidade em Neurociências, Neuropsicologia Educacional e Ciências da Educação:

– A intuição nos permite entrar em contato com sentimentos e percepções geralmente escondidos sob o produto desordenado do pensamento. Ao possibilitar o acesso a esses processos subconscientes, entrega um cenário mais rico e confiável nas tomadas de decisões. Oferece modos mais criativos e menos automáticos de reagir às situações e torna as interações sociais mais gratificantes.
Hoje a neurociência reconhece o cérebro como parte de um sistema e, ao invés de contrariar, está conseguindo compreender a sabedoria por trás da antiga e universal relação entre o coração e a inteligência intuitiva.

Agora peço a sua atenção para esta importante informação da doutora Michele:

– O coração é a nossa mais poderosa fonte de energia eletromagnética. O campo magnético que ele produz é cem vezes mais forte que o gerado pelo cérebro e pode ser detectado por magnetômetros a metros de distâncias. Ou seja, esse campo envolve e afeta todas as células do corpo e se expande para o ambiente externo, enviando informações sobre o nosso estado emocional.
Esse conhecimento permite o entendimento da comunicação interpessoal a partir de uma nova perspectiva. Já sabemos que a linguagem verbal representa apenas parte daquilo que expressamos – geralmente a que mais temos controle consciente. Somos dotados de uma sensibilidade notável para decodificar fatores como expressões faciais, gestos e tom de voz e, em um nível subconsciente, interpretá-los como confiáveis e familiares ou estranhos e ameaçadores. Agora podemos envolver a comunicação em um novo campo, que opera longe da consciência, mas de forma impactante: o energético, ou eletromagnético.

Complemento com esta “BELA” parte da análise literária do médico e psicoterapeuta Carlos São Paulo, sobre o livro “O Momento Mágico”, escrito por Márcio Leite (vencedor em 2009 do Prêmio Sesc de Literatura), publicado pela Editora Record. Um romance que conta a história de Adalberto, um idoso de 88 anos, portador de uma doença degenerativa, que se dá conta de que sua vida chegou ao fim:

– Depois de velho, os olhos não permitem que se enxergue bem o mundo lá fora. Na contrapartida, os “olhos internos”, envolvidos com os eventos, podem nos fazer ver com mais nitidez o mundo interior. A evolução esperada é que possamos olhar para os eventos que passaram em nossas vidas de forma mais amadurecida do que na época em que ocorreram. Assim, as vistas ruins fariam o idoso enxergar o mundo de forma melhor. (…) Em nossas vidas certamente houve muitos eventos em que enfrentaríamos os conflitos com mais sabedoria. Dessa forma, nos processos analíticos, podemos revisitar esse passado com segurança e participar desse processo de ressignificação de vivências para transformá-lo. Aí, o espaço-tempo se relaciona com a matéria sofrendo suas reflexões. (…) O que vivemos é o que experimentamos. O universo ou a psique não tem coisas, mas eventos. Nascemos, crescemos e envelhecemos. Isso é o tempo. O tempo medido em dias é imutável. Tem uma única direção, mas tem outro tempo que não segue essa lei. Tanto faz ir para frente como para trás, é o tempo do inconsciente.

Termino com este “sentir” de Steve Jobs, esperando você no nosso próximo encontro quando serão comentados os temas relevantes desta parte da mensagem 296:

TENHA CORAGEM DE SEGUIR O QUE SEU CORAÇÃO E SUA INTUIÇÃO DIZEM. ELES JÁ SABEM O QUE VOCÊ REALMENTE DESEJA. TODO RESTO É SECUNDÁRIO.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações do artigo “Comunicação Energética”, da doutora Michele Müller, e da referida análise literária do doutor Carlos São Paulo, foram respectivamente publicadas nas Edições 141 e 124 da Revista PSIQUE, da Editora Escala.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(297) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte II da 296).

“MUITOS SÓ ESTÃO QUERENDO SABER COMO SERÁ O “PÓS-PANDEMIA”, REFERINDO-SE APENAS ÀS NOSSAS REALIDADES EXTERIORES. ESQUECEM QUE SOMOS NÓS QUE CRIAMOS, PARA NÓS MESMOS, TODAS AS REPRESENTAÇÕES DAS NOSSAS EXPERIÊNCIAS DE INTERAÇÕES EXISTENCIAIS, SEJAM ELAS DE QUE NATUREZA FOREM. A FILOSOFIA DO “BUDISMO” ESTÁ EMBASADA NA “IMPERMANÊNCIA” DE TUDO. A VIDA É UM PERMANENTE E MANIFESTO CICLO DE TRANSFORMAÇÕES. TRANSFORMAR É EVOLUIR, MAS SEMPRE NO SENTIDO DAS NOSSAS ESCOLHAS (PARA MELHOR OU NÃO). GOSTO MUITO DESTE “SENTIR” DE PAULO COELHO: “CONHECIMENTO SEM TRANSFORMAÇÃO NÃO É SABEDORIA”.
São minhas palavras em resposta de agradecimento ao comentário recebido de uma seguidora, sobre a primeira parte desta mensagem. Começo desenvolvendo a proposta deste nosso encontro, pedindo a sua atenção para esta pergunta:

– COMO ENTENDER A PERCEPÇÃO DAS NOSSAS REALIDADES?

A psicologia, a psicanálise e as neurociências sempre estiveram voltadas para o conhecimento da percepção humana, observando e estudando as influências sensoriais recebidas das nossas realidades externas e das relações do indivíduo “consigo mesmos”. Selecionei as seguintes informações:

1. Na sua análise literária do livro “O Homem da Areia”, do escritor alemão E. T. Hoffmann (1776-1822), o médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo explicou que para Jung, fatores interiores em conjunção com fatores exteriores, registrados pela percepção, recebem forma e sentido ao formar imagens. Portanto, todo psiquismo humano se revela por imagens sensoriais.

2. Ao comentar o livro “Extraordinário”, da escritora R. J. Palacio (um best-seller que conta a história do menino August Pulman Auggie, vítima de preconceitos por causa da sua deformidade facial), o doutor Carlos São Paulo reafirmou:

Na Psicologia de C. G. Jung, cada sujeito precisa se relacionar com o mundo externo e objetivo se adaptando a ele; mas também existe um mundo interno e subjetivo, repleto de experiências do ser humano e de nossas próprias vivências guardadas, com diversas tonalidades afetivas que também exigem que possamos nos relacionar e nos adaptar a ele.

A estrutura da relação para com o mundo mais profundo de nossa natureza, o mundo interior, foi chamada de “alma”. E são esses conteúdos existentes na “Alma” que, ao se manifestarem, sofrem a ação da consciência, separando-os em opostos irreconciliáveis. No mundo da “Alma”, tudo está unido. É nele que nossos ancestrais sentiram que Deus criou os céus, a Terra, e contemplou o universo como o todo belo. Na “Alma” não há separação entre o perfeito e o imperfeito, existe o ser. É ao passar pela consciência que esse ser pode se transformar no belo, com as suas formas harmônicas e proporcionais, ou em sua oposição, a feiura.

O menino August Auggie, diante dos colegas que o isolam, convive com um conceito sobre si mesmo, o de alguém que assombra os outros. Com o amor manifestado por sua família, nutre seu valor interior e aos poucos é notado por sua capacidade carismática, até adquirir uma nova percepção do outro sobre si e conseguir fazer os amigos enxergarem um outro tipo de beleza. É o casamento da beleza do fazer com a beleza do ser. Auggie são todas as pessoas que ficam mergulhadas na escuridão de um eu que imagina sua imagem mostrada ao mundo em colisão com o ideal de uma sociedade. O sentimento de assombrar o outro, ser motivo de risos, acontece até essas pessoas encontrarem a capacidade de amar a si mesmas, para ser possível serem vistas em sua essência.

3. No seu artigo “Eu e eu mesmo”, Uwe Herwic, coordenador de trabalho sobre a regulação das emoções, do Hospital Psiquiátrico Universitário de Zurique, explica que o nosso cérebro possui circuitos especializados que fazem a distinção entre o recebimento de estímulos internos e externos. De acordo com as suas pesquisas, o cérebro precisa de mecanismos para descrever a nós mesmos, onde estamos, o que fazemos, quem somos e como nos sentimos. Resumindo: Todos nós precisamos de um nível básico de “autopercepção” para sobreviver.

4. No seu artigo sobre “A fisiologia da percepção”, o professor de neurobiologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, esclarece no seu artigo sobre “A fisiologia da percepção” que as nossas mensagens sensoriais são transformadas quase que instantaneamente em percepções conscientes. Mas para compreender os mecanismos das nossas percepções é necessário conhecer as propriedades dos neurônios envolvidos.

Considerando a necessidade de ser mantida uma padronização de espaço, espero você na continuação da mensagem. Motivado pela lição de vida transmitida pela história do menino Auguggie, termino pedindo a sua atenção para este “sentir” da doutora Michele Müller, incentivadora desta nossa jornada para o “autoconhecimento”:

A BELEZA PODEMOS APRENDER E ENSINAR A ENXERGAR PARA QUE ENTÃO POSSAMOS ENCONTRAR FORMAS DE EXPRESSÁ-LA. E ASSIM COMO TODO O UNIVERSO DO LADO DIREITO [DO NOSSO CÉREBRO], ELA SE EXPANDE PARA MUITO ALÉM DAS PALAVRAS, TORNA QUALQUER EXPLICAÇÃO LIMITADA, TRAZ SENTIDO PARA A VIDA E ENGRANDECE A EXISTÊNCIA.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.As citações das análises do doutor Carlos São Paulo, foram reproduzidas da sua coluna “Divã literário”; do “sentir” da doutora Michele Müller. do seu artigo “Palavras não alcançadas”, respectivamente publicados nas Edições 101, 143 e 144 da Revista PSIQUE, da Editora ESCALA.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(296) Sentindo, para o seu “pós-pandemia”, que já podemos modular a percepção dos nossos sentimentos (Parte I).

“SE VOCÊ AFIRMASSE QUE NÃO É CAPAZ DE NOTAR A SI MESMO NO ATO DE CONHECER, EU PODERIA ARGUMENTAR QUE, PRESTANDO MAIS ATENÇÃO, VOCÊ CONSEGUE.”
São palavras do neurocientista António Damásio, no seu livro “O mistério da Consciência – do corpo e das emoções ao conhecimento de si”, lançado no Brasil pela Editora Companhia Das Letras, com tradução de Laura Teixeira Motta. Foram escolhidas para iniciar esta vigésima mensagem da série sobre a pandemia da Covid-19 porque, decorridos seis meses, acredito que muitos de nós já temos melhores condições de fazer uma imersão subjetiva de “avaliação” e de “conhecimento” das nossas atuais condições de interações sensoriais e existenciais, com maior atenção para as fragilidades emocionais de superações em todos os sentidos desta nossa preocupante experiência de vida. Pela relevância dos temas e da necessidade de ser mantida uma padronização de espaço, esta mensagem será dividida em partes.

Todos nós passamos por um marcante processo de transformações interiores, muitas delas inconscientes. São mudanças que nos deixam preocupados, fragilizando-nos emocionalmente e podendo, inclusive, nos levar a estados depressivos, de estresse e ansiedades. Muitos dos nossos anseios de realizações pessoais foram adiados. Precisamos começar a idealizar e fortalecer o nosso futuro “pós-pandemia” com sentimentos e práticas permanentes de “VALORAÇÃO DAS NOSSAS VIDAS”, de “SOLIDARIEDADE SOCIAL”, de “UNIÃO”, de “IGUALDADE” e “RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA”. Foi essa experiência de um novo “viver” que motivou esta mensagem. Nós somos responsáveis pelo renascer de uma nova realidade mais humanistas para todos nós. A Covid-19 não vai acabar as nossas “BUSCAS DE FELICIDADES”. Tenho pensado muito nestas partes da análise do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo, sobre o livro “7 Maneiras de Ser Feliz – Como Viver de Forma Plena”, do escritor e filósofo francês Luc Ferry, conhecido humanista e defensor de uma espiritualidade laica (que foram por mim numeradas):

1. [A obra de Luc Ferry], faz-nos um convite à reflexão para entendermos o quanto uma vida plena e gratificante depende de nosso amadurecimento. Trata-se da maturidade para saber que o mais importante não é o acontecimento em si, mas o que não conhecemos em nós mesmos, que nos faz reagir com tanto sofrimento, e a nossa capacidade em contemplar todos os lados dessa realidade.

2. Essa obra nos convida a reflexões a fim de que encontremos respostas para perguntas como: ser feliz é um estado em que nos encontramos ou uma forma de viver? Tem alguma receita para se conseguir? Existe alguma coisa que nos deixe satisfeitos de forma duradora? Como experimentar os acontecimentos em nossa vida sem que esses nos retirem o direito de ser feliz?

3. Possuímos um eu para nos relacionar com o mundo em volta e, também, com aquele outro mundo interno, criado a partir do que vai se organizando com nossas experiências, misturadas às respostas coordenadas pela nossa constituição biológica.

4. O mundo externo pode nos envolver em eventos que não atendem às nossas expectativas e nos conduzem a um estado de insatisfação muitas vezes desproporcional ao acontecimento. Essa insatisfação pode nos trazer um sofrimento maior do que deveria, caso não houvesse despertado experiências antigas, situadas em memórias emocionais que, embora sejam acontecimentos diferentes, guardam entre si alguma semelhança.

5. O mundo moderno disponibiliza processos psicoterapêuticos de insights que propiciam a possibilidade de compreendermos quando o sofrimento é neurótico (assim chamado aquele que altera a realidade por reagirmos de forma desproporcional aos acontecimentos) e nos ajuda a estabelecer essa relação com o eu mais profundo para percebermos que aquela infelicidade experimentada também aponta para oportunidades disfarçadas e nos lança a um nível de consciência mais acima.

6. Para Luc Ferry, a felicidade é, ao mesmo tempo, provisória e frágil. Não depende só de um trabalho sobre nós mesmos e de nossa eventual harmonia interior. Está amplamente ligada aos outros, em particular às pessoas que amamos. Não importa o que façamos, em algum dia estaremos separados daqueles que gostamos.

7. A busca contemporânea pela felicidade tem feito muitos leitores de sites e de obras de autoajuda, que mostram caminhos como se todos pudessem calçar o mesmo par de sapatos. Essas leituras cooperam com uma sociedade que nos cobra para vivermos sorrindo e satisfeitos. Muitos entendem que não podem mergulhar na relação com o seu eu mais profundo, para buscarem conviver com as dores e tomarem consciência de si, pois temem um rótulo de deprimidos. Esses, muitas vezes, são medicados sem participarem de um processo psicoterapêutico que os leve aos insights, ou procuram terapias “festivas”, que prometem mudanças com uma variedade de processos em que o indivíduo não toma consciência do que é preciso e, como mágica, tentam evitar a experiência da realidade, que é necessária a cada humano.

8. Quando a ilusão da felicidade aparece em uma sociedade nessa forma de tirania, somos levados a participar de um círculo vicioso em que a própria exigência de satisfação plena faz acentuar o mal-estar natural de experiências com o destino., que segue acontecendo sem obedecer aos desejos e planos. Esses esforços em ser feliz nos deixam infelizes, pois se tornam extenuantes. O que nos livra da angústia da existência é a lucidez.

9. Nessa obra de Luc Ferry, somos levados a uma reflexão sobre sete verbos:
amar, admirar, emancipar-se, ampliar os horizontes, aprender, cria e agir. Entendemos que o amor dá sentido à nossa vida. Pode nos deixar loucos de felicidade, mas também tristes e desesperados com a perda de alguém amado.

Termino a primeira parte desta mensagem, com esta síntese do pensamento de Immanuel Kant (1724-1804):

“NOSSA SENSIBILIDADE É A CAPACIDADE DE SENTIR AS COISAS DO MUNDO. NOSSO ENTENDIMENTO É A CAPACIDADE DE PENSAR SOBRE AS COISAS. UMA “COISA EM SI” (ALGO CONSIDERADO EXTERIOR À MENTE) PODE NÃO TER NADA A VER COM ESPAÇO, TEMPO OU QUALQUER UM DE NOSSOS CONCEITOS. EXISTEM DOIS MUNDOS: O MUNDO DA EXPERIÊNCIA SENTIDA POR NOSSOS CORPOS E O MUNDO DAS COISAS EM SI”.

Espero você, com a continuação desta mensagem.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação da análise do doutor Carlos São Paulo, foi reproduzida da sua coluna “Divã literário”, publicada na Edição n. 167 da Revista PSIQUE, da Editora ESCALA. A síntese do pensamento do filósofo Immanuel Kant, do “O Livro da Filosofia”, publicado pela Editora GLOBO.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(295) Sentindo Edgar Morin, para criar a “realidade subjetiva” do nosso pós-pandemia.

“PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E O ISOLAMENTO SOCIAL NOS IMPÕE DESCONSTRUÇÕES: A DESCONSTRUÇÃO DA CRENÇA EM VERDADES ABSOLUTAS NA CIÊNCIA, DA OBSTINAÇÃO POR GARANTIAS E CERTEZAS, E DA PESQUISA SEM CONTROVÉRSIAS.”
São palavras do sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, em entrevista concedida ao jornal CNRS da França. Nesta jornada para o “autoconhecimento” é a segunda vez que a ela me reporto, por ter sido mais uma valiosa oportunidade de se conhecer a “essência subjetiva” das suas consistentes e primorosas análises. Como leitura complementar, sugiro a do nosso primeiro encontro (mensagem 286). Nesta oportunidade, acrescento e registro este meu sentimento: na condição privilegiada de seu seguidor (para mim, um dos pensadores mais influentes da atualidade), aprecio, me emociono e aprendo muito com o seu modo de transmitir “sabedoria interior” e experiências de vida. O subjetivo Edgar Morin, assim concebe a “subjetividade humana”:

– O INDIVÍDUO É A AUTOAFIRMAÇÃO DO “EU” DA SUBJETIVIDADE. OU SEJA, ONDE ELE É PLENAMENTE ELE MESMO.

No dia 8 do mês passado ele completou 99 anos de idade. Um ser iluminado e muito consciente da sua missão de querer mostrar a importância de serem por nós criadas as nossas “realidades subjetivas”. São elas que “despertam” em nós a necessidade de descobertas de “significados” para os nossos propósitos de vida, em qualquer circunstância do nosso existir (inclusive durante a pandemia – mensagem 290). Sei que são muitas, as minhas “realidades” ainda não alcançadas; conhecidas apenas pelo meu “imaginário”. Mas vou continuar com as minhas buscas, motivado por este expressivo “sentir de Platão (427 a.C):

– VIVEMOS NO MUNDO DO IRREAL ONDE TUDO O QUE VEMOS É SOMENTE UMA SOMBRA IMPERFEITA DE UMA REALIDADE MAIS PERFEITA.

O que me intuiu esta mensagem foi esta “percepção” de Edgar Morin, transmitida no seu livro “Conhecimento, Ignorância, Mistério”, recentemente lançado pela Editora Bertrand Brasil, com tradução de Clóvis Marques:

– SÓ PODEMOS APREENDER O REAL POR MEIO DAS REPRESENTAÇÕES E INTERPRETAÇÕES. A REALIDADE DO MUNDO EXTERIOR É UMA REALIDADE HUMANIZADA: NÃO A CONHECEMOS DIRETAMENTE, MAS POR MEIO DO NOSSO ESPÍRITO HUMANO, TRADUZIDA/RECONSTRUÍDA NÃO SÓ PELAS NOSSAS PERCEPÇÕES, COMO TAMBÉM PELA NOSSA LINGUAGEM, NOSSAS TEORIAS OU FILOSOFIAS, NOSSAS CULTURAS E SOCIEDADES. NESSA ÓTICA, NOSSOS SENTIMENTOS VIVIDOS, SUBJETIVOS, NOS PARECEM MAIS REAIS QUE TUDO. PARA NÓS, HUMANOS, A AFETIVIDADE, QUE É A PRÓPRIA SUBJETIVIDADE, É O NÚCLEO DURO DA NOSSA REALIDADE.

Maravilha. Maravilha. É apenas o que consigo dizer!

Realmente é fato incontroverso o reconhecimento de que o “real” não existe, sem a modelação interior das nossas percepções sensoriais. Além disso, as suas possíveis “representatividades cognitivas” também não serão a mesma para todos, porque, cada um de nós, tem a sua singularidade existencial e a de natureza espiritual. Talvez tenha sido por isso que na referida entrevista, Edgar Morin afirmou que ninguém conhece diretamente a realidade do mundo exterior, mas somente por meio do nosso “espírito”.

O que também despertou a minha atenção, foi Edgar Morin ter sustentado que os nossos “sentimentos vividos”, “subjetivos”, nos parecem mais reais que tudo (o que para mim, explica o comportamento de muitos que em determinadas circunstâncias se acham “os donos da verdade”). Em sintonia com esse entendimento de Edgar Morin, gosto do alcance conclusivo desta explicação da Doutora Daniela Benzecry, médica clínica e analista junguiana:

– A DEFINIÇÃO DO SENTIMENTO COMO ALGO SUBJETIVO APONTA PARA OUTRA CARACTERÍSTICA IMPORTANTE A RESPEITO DA FUNÇÃO SENTIMENTO: ELA REVELA ASPECTOS DO MUNDO ÍNTIMO DA PESSOA. O SENTIMENTO ESPELHA O MUNDO INTERNO DO INDIVÍDUO E, AO VISAR UMA ACEITAÇÃO OU REJEIÇÃO SUBJETIVA, É DETERMINANTE PARA ADAPTAÇÃO DO MUNDO INTERNO EM INTERAÇÃO COM O EXTERNO.

A doutora Daniela tocou em um ponto muito importante (infelizmente, ainda presente nesta pandemia), relacionado à experiência que enseja a escolha de opções pessoais de interações que envolvem um “conflito interior” de duas realidades (a individual e a coletiva). Refiro-me ao uso obrigatório de mascara, determinado com amparo legal pelas autoridades competentes. Explico: Na referida entrevista Edgar Morin manifestou o seu entendimento de que “os nossos sentimentos nos parecem mais reais que tudo” (realidade pessoal e subjetiva de cada indivíduo). No entanto, como entendo, nas simultâneas interconexões externas de interações coletivas e sociais, a decisão individual não usar mascara nunca pode se sobrepor à necessária e inquestionável de proteção da saúde de todos. Resumindo: Independente do nosso “querer” todos nós precisamos, com a prática das nossas ações, “RESPONSABILIDADE SOCIAL”.

Agora, peço a sua atenção para este precioso ensinamento de Edgar Morin, por ele manifestado muito antes desta pandemia:

– O DESTINO DA HUMANIDADE É DESCONHECIDO, MAS SABEMOS QUE O PROCESSO DE EXISTIR MODIFICA-SE.

Ora, sendo o nosso futuro uma “realidade ainda desconhecida”, de acordo o “sentir” de Edgar Morin todos nós devemos, ou precisamos, começar a construir mentalmente uma nossa nova e interior “realidade subjetiva” para nos fortalecer no nosso “pós-pandemia”. Foi o que também aprendi com este “pensar” de Fernando Pessoa (1888-1935):

– A VIDA É PARA NÓS O QUE CONCEBEMOS DELA.

Notas:

1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação da explicação da doutora Daniela Benzecry, foi reproduzida do seu livro “Sentimentos, valores e espiritualidade/Um caminho junguiano para o desenvolvimento espiritual”, lançado no Brasil pela Editora VOZES.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(294) Sentindo, nesta pandemia, a triste necessidade de aprender com as “perdas humanas”.

“A APRENDIZAGEM – QUE NOS ALARGA O ENTENDIMENTO, QUE NOS TORNA SERES COMPASSIVOS, EM COMUNHÃO COM OS DEMAIS -, MUITAS VEZES SÓ SE DÁ POR MEIO DAS PERDAS.”
São palavras do escritor João Anzanello Carrascoza (que já enriqueceu a nossa jornada para o “autoconhecimento” – mensagem 185), em entrevista à Revista Cult sobre o seu livro “Espinhos e Alfinetes”, composto de onze contos, que trata da finitude da nossa existência. Um ser humano que engrandece a literatura brasileira contemporânea com o seu instigante domínio introspectivo da arte da escrita, o que lhe permite mostrar muitas das matizes ocultas do seu “mundo interior”. São pessoas como ele que conseguem despertar em nós, necessidades de reflexões sobre as difíceis experiências com as nossas”perdas”. Pergunto:

NESTA TRISTE E PREOCUPANTE REALIDADE DA PANDEMIA, O QUE PODEMOS APRENDER COM AS PERDAS HUMANAS?

Muito antes desta pandemia, em outubro de 2017, sobre a necessidade de entender a finitude humana em qualquer circunstâncias do nosso “viver”(para tentar enfrentar e diminuir um pouco o nosso sofrimento e fortalecer as nossas condições de superação), em artigo sobre longevidade esclarece a Psicóloga Ligia Py, que também possui especialização em Gerontologia:

– Somos todos aprendizes até o fim da vida. A aprendizagem é um processo contínuo de construção da nossa identidade, jamais concluída. Aprendemos com os outros, com a família, com os amigos, a escola, a rua, a mídia. A sociedade, a cultura e tanto mais. E aprendemos muito com as nossas experiências de sucesso e de fracasso. Nesse percurso, vamos nos construindo como pessoas, como seres de relação com os outros e podemos (ou não) cultivar uma competência para buscar valores essenciais para nós mesmos, para conviver com os demais, reconhecendo e quiçá valorizando as diferenças. E que estejamos abertos aos sonhos, às surpresas, empenhando-nos para nos recriar a cada vez que sucumbirmos à adversidades. Se desenvolvermos essa competência, na velhice pode haver uma possibilidade ampliada de enfrentar as dificuldades, que não são poucas. (…) O empenho em assegurar um aprendizado que leve em conta a finitude das pessoas e das coisas tende a inspirar respeito e valoração às pessoas nas suas diferenças, à vida como a aventura finita e única a que todos temos direito, à natureza, que é a nossa morada.

Volto às palavras do início desta mensagem: Carrascoza (de acordo com o alcance do meu “sentir” com essência de “espiritualidade interior”), manifesta o seu entendimento de que todas as nossas “perdas”, sejam elas de que natureza forem, pelos seus significados e abalos emocionais deixados em nós, fazem surgir uma espécie de consequente e natural necessidade de “querer encontrar” uma explicação (mas não de aceitação) que nos ajude fortalecer as nossas condições de superação. Inclusive, provocando em muitos, um também “querer saber” qual é o sentido das nossas “vidas”.

Certo é que muitas das “aprendizagens” que nesta pandemia podem ser recebidas com o crescente número de “perdas humanas”, precisam ser ressignificadas por cada um de nós. Trago para espiritualmente energizar esta mensagem, este recente e “BELO” exemplo da atriz Denise Fraga que também já enriqueceu a nossa jornada para o “autoconhecimento” (mensagem 054):

A COMPLEXIDADE DESTES TEMPOS TRAZ A OPORTUNIDADE DO ENCONTRO, E TENHO SIDO UMA BOA CONSELHEIRA DE MIM MESMO, FAZENDO COM QUE O MEU OTIMISMO SEJA MAIOR DO QUE A MINHA ANSIEDADE.

Agora vamos conhecer um pouco do olhar interior da “Sensibilidade da Alma” do escritor João Anzanello Carrascoza, sobre as nossas “perdas”, nesta dimensão de vida (tema muito presente na sua produção literária). Destaco da sua entrevista publicada em outubro de 2017, da edição edição 117 da Revista da Cultura, da Livraria Cultura (mensagem 185), o seguinte:

1. Sobre se todos nós estamos sempre perdendo.
Carrascoza. É inevitável. O primeiro instante de sua vida é o que você ganhou, mas perdeu também, porque ele vai desaguar no fim. E no fim é a mesma coisa, ao mesmo tempo que se ganha se perde. A morte pode ser a perda, mas, se há crença em uma continuação, é um ganho.

2. Sobre o que subjetivamente representa para você, a perda do outro.
Carrascoza. Perder o outro é perder um pouco de si também, que desaparece e com ele vai junto uma forma de você entender sua própria existência. Você fica sem o ganho dessa presença, uma visão de você por meio de outro, uma mediação de tua existência.

3. Sobre se a morte é um elemento que, de alguma forma, está tão presente em seus livros.
Carrascoza. Sim, a morte está presente pelo aspecto físico ou, às vezes, ela é simbólica. E, também é brusca, marcante, muito forte, porque enseja outro ciclo, destina outros rumos para aqueles que estavam vivendo. Então é também uma transformadora muito vigorosa, vem realmente para a metamorfose. Isso me interessa assim como o tempo, já que a morte é o limite do tempo. Acho que quase sempre o tempo figura nos meus textos como personagem, ele está ali organizando a história com o narrador ou com personagens secundárias. E, curiosamente, narro muito no presente, porque as coisas estão acontecendo à nossa vista. Então perceba que, no mesmo momento que elas acontecem, nós já estamos perdendo-as. Esse minuto, no momento em que ele se concretiza e a gente o vive plenamente, já e perdido.

4. Sobre se quando você era criança, as histórias da pessoas, da família já o instigavam.
Carrascoza. Sim, sempre me desafiou, me encantou, me moveu, digamos que me estimulou a não deixar as coisas se perderem, saírem das minhas vistas e das minhas mãos. Desde pequeno eu pensava nisso também, vivia um fato e já lembrava, porque o resgate da memória ia me consolidando também como um sujeito que constrói sua subjetividade e pode alterá-la, pode aprimorá-la. É como se fosse um aprendizado. Acho que relembrar o que foi vivido te traz encanto, saudade, inquietação, alegria, mas não é só isso. É uma forma de você também aprender sobre si e constituir também sua escrita. Porque cada um de nós, e acredito nisso, é um texto o tempo todo sendo refeito, são as narrativas que criamos para nós.

5. Sobre a finitude da existência humana.
Carrascoza. (…) Acredito que a finitude uma hora vem e você não tem tempo de fazer coisas, de avisar pessoas, de se despedir nem nada. Então, escrever para mim é justamente tentar viver o instante da melhor forma possível, me entregar a ele sabendo que uma hora eu não o terei. E escrevendo posso ter aqueles com quem vivi de uma outra forma, constituído por esse arcabouço da memória. Mas isso faz com que eu valorize justamente o momento presente nas histórias que escrevo.

Termino esta mensagem, com este “sentir” desse escritor que está me ensinando fortalecer a caminhada do meu “existir espiritual”:

ESTAMOS AQUI, AQUI QUE ESTAMOS E É ISSO QUE NÓS FAZEMOS, NÓS VIVEMOS, ESTAMOS FAZENDO A NOSSA JORNADA.

Hoje, completando onze anos da elevação espiritual de Sônia, dedico esta mensagem às minhas filhas e netos que estão dando sentido ao meu “viver”.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2. A citação da Psicóloga Ligia Py, foi reproduzida artigo “A Explosão dos Conhecimentos”, de Renato Rocha Mendes, e também a entrevista do escritor João Carrascoza (na íntegra, no link indicado nas notas da mensagem 185) foram publicadas na edição 117, de outubro de 2017, da Revista da Cultura, da Livraria Cultura.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(293) Sentindo, na pandemia, o poder de transformação interior das nossas “realidades”.

“TUDO O QUE VOCÊ PODE IMAGINAR É REAL”
São palavras do gênio da pintura, Pablo Picasso (1881-1973). Como estudioso da História da Arte em todas as suas formas de expressão, considero Picasso “eterno”, “imortal”. A sua inspiração, em todas as fases das suas criações, continuará sempre sendo transmitida pela magia da intemporalidade do ‘BELO” em nossas vidas. E ele tinha consciência disso, quando manifestou este seu “sentir”: “Para mim não existe passado nem futuro na arte. Se uma obra de arte não vive sempre no presente, está fora de questão. A arte dos gregos, dos egípcios e dos grandes pintores , que viveram noutras épocas, não é uma arte do passado; talvez esteja hoje mais viva do que nunca. A arte não se desenvolveu a partir de si própria, mas as ideias dos homens mudam, e com elas a sua forma de expressão.”

Nesta jornada para o “autoconhecimento” (com sua proposta de criação definida na mensagem 001), uma boa parte da essência do enfoque desta mensagem já é conhecida dos meus seguidores. Em março de 2018 desenvolvi algumas considerações sobre as percepções subjetivas das nossas realidades “existenciais” e “imaginárias”, iniciando com este “sentir” de Rousseau (1712-1778), um dos principais filósofos do iluminismo (mensagem 246):

– O MUNDO DA REALIDADE TEM SEUS LIMITES, O MUNDO DA IMAGINAÇÃO NÃO TEM FRONTEIRAS.

Motivado pelos sentimentos e emoções de Picasso, pergunto:

– COMO VOCÊ ESTÁ SE SENTINDO NESTA PANDEMIA? VOCÊ ESTÁ PRESTANDO ATENÇÃO NOS SIGNIFICADOS DAS SUAS PERCEPÇÕES SENSORIAIS? SERÁ MESMO QUE SÃO REAIS AS PROJEÇÕES RECEBIDAS DO NOSSO IMAGINÁRIO? COM ESTA PANDEMIA, VOCÊ ESTÁ MUDANDO A SUA MANEIRA DE SENTIR-SE E DE SE EXPRESSAR?

No meu artigo sobre “A Percepção da Arte” (publicado no Brasil em 1999, na Edição Primavera, n. 30, da Revista “VENTURA”), desenvolvi considerações sobre Filosofia e história da arte, com ênfase para a compreensão do mecanismo psíquico estimulado pela visão do “BELO”. Vejam, que interessante: Platão e Aristóteles, preconizavam a beleza como sendo uma “virtude moral”. Kant, defendia que um objeto era “BELO” quando satisfazia um “desejo desinteressado”. Para ele, os fundamentos da resposta do indivíduo à beleza existiam em sua “estrutura de pensamento”. Mas no final do século XIX outros filósofos alemães, como Friedrich Hegel, Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, rompendo essa linha de evolução sobre o “entendimento do belo”, sustentavam que a arte é a “realização plena da vida”, podendo qualquer experiência gerar algo belo. Com a nova realidade do início do século XX, surgiu o movimento abstracionista provocando profundas mudanças de estilo na arte. Foi quando Paul Klee passou a conceber uma nova realidade artística, totalmente diferente da observação na natureza, e dedicou toda a sua carreira à busca do ponto de encontro entre a “realidade e o espírito”.

Certo é que pelo fluir do nosso “existir”, todos os momentos são únicos, assim como também são as realidades. Perceber é “sentir” as “representações sensoriais” dessas realidades. (interiores e exteriores, objetivas e subjetivas). Em síntese: Perceber e “reconstruir” (está provado por estudos neurofisiológicos dos processos neuronais de percepção).

Termino esta mensagem, com este “sentir” do neurocientista António Damásio:

OS NOSSOS SENTIMENTOS DIZEM O QUE PRECISAMOS SABER.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação sobre a temporalidade da arte, foi reproduzida da obra “PICASSO”, de Ingo F. Walther, lançada do Brasil pela Editora TASCHEN, que recomendo a leitura para todos os amantes da “ARTE”.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(292) Sentindo, na pandemia, um renascer de mais união e solidariedade universal.

“A REALIDADE DEIXA MUITO ESPAÇO À IMAGINAÇÃO.”
São palavras de John Lennon (1940-1980). Desconheço em que momento da sua vida foram por ele externadas. Escolhi para iniciar esta mensagem porque, como desejo, podem ser aproveitadas para explicar uma das possíveis consequências das nossas experiências de “realidades”, sejam elas desejadas ou não. Refiro-me à nossa capacidade cognitiva de “imaginar”. Um exemplo atual de querer saber como poderá ser a mudança de uma “realidade indesejada”, decorre dos nossos estados de incertezas desta triste e preocupante “pandemia”, em que muitos já estão perguntando: Como será o nosso novo normal do “pós-pandemia”? Respondo com esta síntese do meu “sentir”:

– Todos nós estamos passando por um subjetivo processo de “transformação interior”. Estamos vivenciando, em todos os sentidos, necessárias mudanças restritivas das nossas liberdades de interações. As antigas e costumeiras “ações individuais”, determinantes das escolhas do nosso modo de viver “para nós mesmos” e “para o outro”, foram radicalmente modificadas com a chegada da pandemia. Volto à pergunta que podemos fazer para o nosso “imaginário”:

– COMO SERÁ O NOVO NORMAL DO “PÓS-PANDEMIA”?

Da entrevista publicada na edição de ontem do jornal “O Estado de São Paulo”, destaco,em síntese, estas respostas do Filósofo Mario Sergio Cortella:

1. Sobre o que podemos levar de bom deste momento, apesar do senhor não acreditar em uma “conversão súbita no pós-pandemia?
Cortella. Se não formos tolas e tolos, nós vamos aprender que algumas coisas que são deixadas num plano secundário nos fazem falta. Eu utilizo bastante uma frase do Benjamin Disraeli (escritor e político britânico, 1804-1881) que diz que a vida é muito curta para ser pequena. Por isso, a amizade, amorosidade, a solidariedade, a sexualidade, a religiosidade e a fraternidade são essenciais para não apequenar a nossa vida. Mesmo se aprendermos isso, não acho que sairemos desse movimento pandêmico nos abraçando em larga escala, como se fez no fim da Segunda Guerra. Ali, as pessoas se abraçaram e se juntaram. Mas meses depois já estavam se desligando de novo. Nós nos esquecemos de algumas lições com velocidade.

2. Sobre como não se desesperar neste momento?
Cortella. A forma é nos lembrarmos de que o hoje é um esforço coletivo para enfrentar aquilo que nos ameaça e, se nós tivermos decência, seremos solidários o suficiente para que, quando terminada a pandemia, não tenhamos vergonha por não termos feito o que precisávamos fazer. Os antigos, meus avós e meus pais, diziam: “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe”. (…) E não é por convenção, mas porque contém sabedoria. É difícil, é duro, porque é algo que nos agonia, mas não é uma impossibilidade. Se nos juntarmos, conseguimos não nos desesperar. O desespero vem quando a gente tem a percepção do abandono, quando a gente se sente no Grande Sertão sem Veredas. Nesse sentido, a possibilidade do encontro, seja de ideias ou de sentimentos, a empatia, a compaixão e a capacidade de uma palavra que nos aproxima amenizam um pouco aquele que é o modo desalento.

3. Sobre se o ser humano se adapta a tudo?
Cortella. Uma das coisas mais fortes é a capacidade humana não de adaptação stricto sensu, mas de integração. Adaptar-se significa ser parte, enquanto integrar-se é fazer parte. A nossa postura na vida é muito mais de fazermos parte, de fazermos um ambiente. Portanto, é muito mais autoral, muito mais protagonista. Mas entendendo aquilo que você indica, isto é, se nós temos flexibilidade para lidar com situações, sem dúvidas. (…) Nós somos capazes de flexibilidade. Isso é uma vantagem imensa para a nossa sobrevivência. Afinal de contas, é só imaginarmos o número de vezes na vida que nós tivemos de alterar alguns dos caminhos que estávamos fazendo. Ainda bem que, como nós não nascemos prontos, dá para a gente inventar a trajetória numa parte do final.

Agora preste atenção à esta mensagem do astrólogo Oscar Quiroga, publicada na mesma edição do jornal “O Estado de São Paulo”:

– A tensão do humano.
O ser humano que tu és transita simultaneamente por dois mundos completamente diferentes, a subjetividade de tua alma e a objetividade de tua personalidade. São percepções distintas, expressões diferenciadas e necessidades específicas de cada um desses mundos, portanto, não há como isso deixar de ser uma experiência tensa. Embora a tensão pareça ser algo que tu deverias extinguir, se nenhuma tensão tivesses de administrar, tu não serias humano. O próprio ato de caminhar, sem ir mais longe, requer tensão, porque o corpo humano não caminha por si só, requer a administração equilibrada entre o cair e o se sustentar em pé. Por isso, deixa de lado a fantasia de que deverias experimentar a paz do relaxamento, e começa a desenvolver destrezas para administrar com alegria todas as tensões de tua experiência.

É claro que a parte conclusiva desse “sentir” de Quiroga, não se aplica à realidade desta pandemia. Não temos condições de sentir alegria nestes momentos difíceis. Foi por mim reproduzido nesta mensagem, para reforçar este meu entendimentos:

– Todos nós estamos sempre interpretando “percepções sensoriais” e construindo as nossas realidades. Elas são representações elaboradas pela natureza dos significados recebidos de todas as nossas interações de envolvimentos, sejam eles objetivos, conscientes ou subjetivos, de origens abstratas. Sugestão de leitura complementar (mensagem 290). Acrescento que para o neurobiologista Wolf Singer, fundador do Instituto de Estudos Avançados Frankfurt (IEAF), os conhecimentos recebidos das nossas “experiências subjetivas” são os mais importantes porque surgem da nossa introspecção e das nossas interações presenciais com o ambiente.

Termino esta mensagem, com este meu “sentir”:

NOSSOS MOMENTOS SÃO ÚNICOS, ASSIM COMO SÃO TODAS AS NOSSAS REALIDADES. NESTA PANDEMIA PRECISAMOS CONHECER A ESSÊNCIA HUMANISTA DOS NOSSOS SENTIMENTOS E EMOÇÕES. ASSIM, CONSEGUIMOS “SENTIR” EM NÓS UM RENASCER DE MAIS UNIÃO E SOLIDARIEDADE UNIVERSAL.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.A citação do entendimento do neurobiologista Wolf Singer, foi reproduzida do seu livro “Cérebro e Meditação / Diálogo entre o Budismo e a Neurociência”, elaborado com a participação do monge budista Matthieu Ricard, lançado no Brasil pela Editora ALAÚDE, com tradução de Fernando Santos, que recomendo a leitura.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

(291) Sentindo na pandemia, como a “canção da vida” nós devemos escutar.

“O [NOSSO] TEMPO É AGORA PURA LEITURA DE SINAIS E ELABORAÇÃO COGNITIVA ABSTRATA. (…) PORÉM, QUANDO A MEDIDA DE TEMPO TORNA-SE PURA LEITURA DE NÚMEROS, SEQUENCIA ININTERRUPTA MAS DESCONTINUA DE SINAIS, VIBRAÇÃO ELETRÔNICA DE REGULARIDADES IMUTÁVEIS, ENTÃO O PONTO ASSUME O PREDOMÍNIO, MODIFICANDO PROFUNDAMENTE NOSSA EXPERIÊNCIA DE DURAÇÃO, DA CONTINUIDADE, DA RELAÇÃO ENTRE O ANTES E O DEPOIS.
São palavras do sociólogo e psicólogo italiano Alberto Melucci (1943-2001), reproduzidas do seu livro “O Jogo do EU: a Mudança de si em uma Sociedade Global”, traduzido e publicado no Brasil pela Editora Unisinos, de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Como ainda não consegui adquirir um exemplar, dele tomei conhecimento através do artigo “A medida do EU”, da jornalista Cristina Tavelin, sobre o desafio de se equilibrar, em uma sociedade contemporânea, o “tempo social” com as nuances do “tempo subjetivo”. A maior parte da sua análise está fundamentada no entendimento de Melucci sobre a difícil tentativa de responder “QUEM SOU EU ?” e “COMO ME TORNO QUEM SOU ?”, com ênfase para a identidade do indivíduo nas suas relações “consigo mesmo”, com o “outro”, com o “tempo”, e com as “mudanças aceleradas” nas nossas ambientações sociais.

Melucci foi um estudioso da experiência sensorial da passagem do “tempo” em nossas vidas. No seu artigo “Juventude e Contemporaneidade”, ele explica a percepção do “tempo” nas sociedades:

– Existe particularmente uma clara separação entre tempos interiores (tempos que cada indivíduo vive sua experiência interna, afeições, emoções) e tempos exteriores marcados por ritmos diferentes e regulado pelas múltiplas esferas de pertencimento de cada indivíduo. A presença dessas diferentes experiências temporais não é novidade, mas certamente em uma sociedade rural ou mesmo na sociedade industrial do século XIX, existiu certa integração, certa proximidade entre experiências subjetivas e tempos sociais, entre vários níveis dos tempos sociais. Em sistemas mais altamente diferenciados, a descontinuidade tornou-se experiência comum. Tais mudanças refletem tendências amplas no sentido de uma extensão artificial das dimensões subjetivas do tempo por meio de estímulos particulares ou de situações construídas.

No artigo “Juventude, tempo e movimentos sociais”, publicado em 1997 na edição n. 5 da Revista Brasileira de Educação com tradução de Angelina Teixeira Peralva, Melucci esclarece:

– A MANEIRA COMO A EXPERIÊNCIA DO TEMPO É VIVENCIADA VAI DEPENDER DE FATORES COGNITIVOS, EMOCIONAIS E MOTIVACIONAIS OS QUAIS GOVERNAM O MODO COMO O INDIVÍDUO ORGANIZA O SEU “ESTAR NA TERRA”.

Cabe registrar que os entendimentos de Melucci e Cristina, mencionados no início desta mensagem, pertencem a épocas de um passado que não conheceu nenhuma pandemia como a atual da Covid-19.

Esta mensagem foi motivada pela minha preocupação com a “construção subjetiva” de como, cada um de nós, está sentindo o seu “tempo”, a si próprio (self as known) e a sua adaptação às realidades desta pandemia. Começo lembrando este entendimento da psicóloga e psicoterapeuta Andreia Calçada, formada pela UERJ (mensagem 287):

– A FORMA COMO UM INDIVÍDUO PENSA SOBRE SI MESMO E O MUNDO QUE O CERCA DETERMINA O QUE SENTE E A FORMA COMO REAGE.

Nesta pandemia em que todos nós estamos experimentando realidades em um mundo de incertezas globalizadas e conhecendo o triste e crescente número de perdas de vidas, precisamos reinventar novos olhares interiores para “nós mesmos” e, assim, enriquecer o verdadeiro sentido da nossa existência.

Inspirado nas perguntas de Melucci que foram destacadas no início desta mensagem, responda, silenciosamente, para você:

– QUEM EU ESTOU ME SENTINDO SER” E COMO ESTOU ME TORNANDO SER, PARA CONSOLIDAR A PLENITUDE DE POSSIBILIDADES DA MINHA MISSÃO DE SER HUMANO ?

Há muito o meu caminho já foi escolhido e iniciado: vivo intensamente o “TEMPO SUBJETIVO” das minhas percepções interiores (sejam elas “intuitivas” ou de outras origens “inconscientes”). Refiro-me ao “TEMPO” das minhas “EMOÇÕES” e “SENTIMENTOS”. Ao “TEMPO ESPIRITUAL” da minha “ESSÊNCIA DE SER HUMANO”, nesta dimensão de vida. Ao “TEMPO DO MEU EXISTIR”, determinante e indicador do sentido da fluidez do meu “viver”. Assim tem sido a “SINFONIA DIVINA” que da minha caminhada e principalmente nesta pandemia. É a minha “CANÇÃO DA VIDA”, que aprendi escutar com este ensinamento do médico e psicoterapeuta junguiano Carlos São Paulo:

– PRECISAMOS APRENDER A NÃO VALORIZAR, APENAS, AS NOTAS EMITIDAS DURANTE A EXECUÇÃO DA MÚSICA DA VIDA, MAS, TAMBÉM, O SILÊNCIO ENTRE ELAS, POIS A MELODIA RESULTANTE DESSA FORMA DE RELAÇÃO É QUE TORNA POSSÍVEL O VERDADEIRO SENTIDO DA EXISTÊNCIA.

Assim respondo a pergunta que foi feita para você:

“ESTOU ME SENTINDO SER” TUDO QUE SOU, “PARA ME TORNAR A SER” MAIS HUMANISTA E SOLIDÁRIO QUE TODOS DIZEM QUE JÁ SOU.

Notas:
1.A reprodução parcial ou total, através de qualquer forma, meio ou processo eletrônico, dependerá de prévia e expressa autorização do autor deste espaço virtual, com indicação dos créditos e link, para os efeitos da Lei 9610/98, que regulamenta os direitos de autor e conexos.
2.Os artigos “A medida do EU”, da jornalista Cristina Tavelin e “Juventude e Contemporaneidade”, do sociólogo e psicólogo Alberto Melucci, foram respectivamente publicados na edição n. 118, Ano IX, da Revista PSIQUE, da Editora Escala, e da “Coleção Educação para Todos”, vol 16, Edições MEC/UNESCO.
3.Havendo, neste espaço virtual, qualquer citação ou reprodução de vídeos que sejam contrários à vontade dos seus autores, serão imediatamente retiradas após o recebimento de solicitação feita em “comentários” no final de cada postagem, ou para edsonbsb@uol.com.br

Muita paz e harmonia espiritual.

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